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E. E.

Componente Curricular: Tradições Culturais | Professora:

ARTE EFÊMERA
Arte efêmera é um conceito curatorial utilizado para denominar instalações, happenings
e performances que não têm pretensão de ser perenes e se opõem às formas mais
tradicionais da arte, como a pintura ou a escultura. Um quadro, por exemplo, permanece
existindo depois de ser pintado, já no happening a arte só existe durante o período em que
é realizada pelo artista, podendo ser exposta posteriormente em galerias e museus
somente por meio de fotos e vídeos. A arte efêmera nega a ideia de duração e
cristalização dos objetos artísticos. No lugar do trabalho projetado e realizado pelo artista,
do qual o público só conhece a versão final, o que é exibido é o projeto em processo de
realização, de forma que a própria noção de obra, como objeto plenamente realizado, é
posta em xeque.

O público passa a ter papel ativo nos processos propostos pelos artistas. Em diversas
instalações a obra depende da interação com o público. No lugar da contemplação,
vivencia-se um acontecimento. As propostas de arte efêmera ampliam os horizontes da
obra de arte ao serem realizadas em espaços não institucionais, como ruas, praças e
parques; e ao utilizarem materiais diversos, como terra, folhas, detritos etc. Valem-se,
muitas vezes, do corpo do artista e do público.

Nas décadas de 1950 a 1970, as artes visuais passam por transformações diversas. O
movimento Neodadaísmo ou Neo-Dada, o Grupo Fluxus, e o músico americano John
Cage (1912-1992), entre outros, passam a subverter as maneiras tradicionais de
realização e exposição da arte. Se os museus, no início da década de 1960, começam a
abrigar as chamadas instalações, os espaços fora das instituições de arte transformam-se
em locais de manifestações artísticas.

O grupo Fluxus, fundado pelo artista lituano George Maciunas (1931-1978) e composto da


artista plástica japonesa Yoko Ono (1933) e do poeta inglês Dick Higgins (1938-1998),
entre outros, evidencia em seus trabalhos a constante mutação da natureza e conta com
a participação de outros artistas ou do público em seus procedimentos. Uma de suas ideias
principais é a de que a vida pode ser vivida como arte.

No Brasil, as formas de arte que se encaixam nesse conceito surgem no final da década de
1960 e na década de 1970. Influenciada pelos movimentos artísticos europeus e
americanos, parte dos artistas brasileiros passa a questionar escolas e museus e propor
novas formas de arte. Soma-se a essa influência o cenário político do Brasil (1964). A
repressão, a violência e a censura no país geram resposta por parte de um grupo de
artistas, cujas obras têm caráter contestatório não apenas em seu conteúdo, mas
também em sua forma.
Em 1966, por exemplo, Hélio Oiticica (1937-1980) publica o texto A Nova Objetividade
Brasileira, no qual afirma nova maneira de fazer arte, chamada pelo artista de antiarte.
Embora o texto não seja um manifesto de movimento específico das artes plásticas
brasileiras, ele expõe novos conceitos presentes em trabalhos de diversos artistas
contemporâneos de Oiticica, como Luiz Aphonsus Guimarães (1948), Marcello Nitsche
(1942), Wesley Duke Lee (1931-2010), Lygia Pape (1927-2004), Nelson Leirner
(1932), Cildo Meireles (1948) e os portugueses radicados no Brasil Antonio Manuel
(1947) e Artur Alípio Barrio (1945).
De modo geral, esses artistas têm uma nova postura em relação à arte: recusam a obra
como contemplação passiva do espaço representado, priorizam o processo de criação em
detrimento da forma final da obra, entendem o momento da arte como campo da
experiência, partem da ideia de que o homem, por meio da experiência artística, pode sair
da alienação, realizam trabalhos coletivos e passam a solicitar a participação do público.
Dentre esse novo conceito, alguns de seus trabalhos encaixam-se no conceito de arte
efêmera.

Todos esses trabalhos têm duração rápida e exibem uma arte que, em vez de ser objeto,
é acontecimento. O artista deixa de ter a função de construtor em obras de arte efêmera.

O crítico de arte Frederico Morais, que acompanha de perto os artistas das décadas de
1960 e 1970 no Brasil, afirma que suas propostas são de “desarrumar o arrumado,
destrabalhar o trabalhado, destruir o construído”.

Caça-palavras
As palavras deste caça-palavras estão escondidas na horizontal, vertical, diagonal e com
palavras ao contrário.

G A X O S I A N O I C I D A R T F U N Ç Ã O
A O T E J B O P Ú B L I C O D S U E S U M C
M A T E R I A I S S A I R E L A G H U T O F
A I C N Ê I R E P X E E T A E Y D H U T N T
D U R A Ç Ã O R Á P I D A T M I L O C L C B
S E J S N E S C U L T U R A R U G M E M O H
I I O Ã Ç A T U M Á D C E N S U R A S N C H
L D H R O T U R T S N O C L T C T R S S O L
P I N T A D O O I T L Y E H A N N L A I N C
A I C N E D I V E I L D O L C R O N V S C M
T R A A A O S S E C O R P K S H T D I W E F
O S G N I N E P P A H E A E O I A I S H I D
A R E M Ê F E D O V I T A I A O H H S E T I
D E T R I M E N T O Ã Ç A R E T N I A T O O
W E S U X U L F O R R E T Á R A C O P E A A
E D E O P U R G L O D E S T R A B A L H A R
ANTIARTE DESARRUMAR EXPERIÊNCIA INTERAÇÃO PASSIVA
ARTISTA DESTRABALHAR FLUXUS JOHNCAGE PINTADO
ATIVO DETRIMENTO FUNÇÃO MATERIAIS PLÁSTICA
CARÁTER DURAÇÃORÁPIDA GALERIAS MUSEUS PROCESSO
CENSURA EFÊMERA GRUPO MUTAÇÃO PÚBLICO
CONCEITO ESCULTURA HAPPENINGS NEODADA TRADICIONAIS
CONSTRUTOR EVIDENCIA HOMEM OBJETO YOKOONO

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