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No rescaldo da 2.ª Guerra Mundial, o domínio colonial das potências europeias, sobre os
territórios africanos e asiáticos, começou a ser posto em causa. Isso obrigou à formação de
um grande movimento ideológico e político para obter a independência daqueles territórios.
Assim, Cabo Verde, Guiné, S. Tomé e Príncipe, Angola, Moçambique, o chamado "Estado da
Índia" (constituído por Goa, Damão e Diu), Macau e Timor eram ainda pertença portuguesa.
Em 1955, data da entrada de Portugal na ONU, foi recomendado ao governo tornar as suas
colónias independentes, algo que não foi aceite. Para tentar contornar a situação o regime
declarou as colónias como "províncias ultramarinas" e concedeu a cidadania aos seus
habitantes. Tal medida foi reprovada internacionalmente pela Assembleia-Geral das Nações
Unidas.
O Império Português foi o último a ser afetado, viu perder a primeira parcela após a guerra
de pequena duração, na qual as forças portuguesas presentes em Goa, Damão e Diu não
conseguiram evitar a invasão daqueles territórios, por forças indianas, consideravelmente
mais fortes.
1-O imobilismo do Governo de Lisboa, que permaneceu sempre nas mesmas posições
relativamente ao problema da "questão colonial" e da sua descolonização, quer no fim da II
Guerra Mundial, quer depois da Conferência de Bandung, em 1955, mas principalmente após
o início do processo de Independência Africana.
2-A incapacidade de diálogo e de resposta aos pedidos feitos pelos Movimentos de Libertação
que se verificaram nas diferentes colónias portuguesas, nos meados dos anos 50.
3-Apoios internacionais, materiais de origens várias e constituição dos territórios dos vários
países recém-chegados à independência.
4- Pela necessidade de travar "ventos" socialistas vindos de Leste, Oliveira Salazar parte com
rapidez para a batalha política sem grandes demoras pois havia necessidade de evitar
tensões em África.
As ligações destes quatro fatores levaram ao recurso da via das armas, uma vez que não
havia outra alternativa para os Movimentos de Independência.
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A UPA, aproveitando-se da recém-declarada independência do Congo ex-belga, ocupou todo
o território daquela colónia.
No continente africano, apenas Cabo Verde e S. Tomé e Príncipe ficaram imunes à guerra.
Na Ásia não chegou a existir conflito armado. Em Timor os movimentos independentistas só
surgiram após o 25 de Abril de 1974.
Ora perante tal situação, Oliveira Salazar reagiu, em 1961, ao esmagar a tentativa golpista
do general Botelho Moniz, decidindo enviar tropas para Angola, "rapidamente e em força".
Foi o que aconteceu em 1974, perto de 70 000 soldados portugueses estavam em Angola,
sendo alguns africanos, face à incapacidade da população portuguesa de poder assegurar
todos os recursos humanos nesta guerra.
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Os responsáveis militares portugueses, nas vésperas de 25 de Abril de 1974, consideraram a
hipótese de uma derrota militar na Guiné, caso o PAIGC passasse a utilizar aviões Mig nas
suas operações militares.
Em Setembro de 1964, a FRELIMO, liderada por Samora Machel iniciou as acções armadas
em Moçambique, muito activas e violentas no distrito de Cabo Delgado, zona a partir da qual
começa a expandir-se para Sul.
Em primeiro lugar, a Guerra Colonial, a partir de 1964, foi uma forte fonte de desgaste para
o Estado Novo, desenvolvendo-se em três palcos de operações distintos, e pelos meios
militares e financeiros exigidos.
Em segundo lugar, a guerra originou uma gradual consciencialização política dos militares do
Quadro Permanente, através do contacto com oficiais milicianos cada vez mais hostis à
continuidade da guerra, e por se sentirem os únicos responsáveis pela União Indiana.
Finalmente, à medida que a guerra se prolongava era cada vez mais óbvio, para a maioria da
população portuguesa, a ausência da vitória militar em qualquer das três frentes de
combate, e a própria "questão colonial" só acabaria por uma solução negociada ou pelo
derrube do regime, que a converteu na única razão de sobrevivência.
A Guerra que Oliveira Salazar entendeu como "desígnio patriótico" foi o início do fim do
regime saído da Ditadura Militar de 1926. Por outro lado, Portugal desde o início da guerra
colonial ficou cada vez mais sozinho a nível internacional, começando a ser atacado e
hostilizado pelos adversários do regime. Paulatinamente, ficava abandonado pelos Aliados da
OTAN e pela própria Espanha, com quem Portugal, pela voz de Oliveira Salazar, entrou em
divergência, aquando do seu último encontro com General Franco, em 1963, na cidade de
Mérida.
As três frentes de guerra provocaram fortes abalos nas finanças do Estado, desgastando,
simultaneamente, as forças armadas, e isolava cada vez mais Portugal no panorama político
mundial.
Em 1973, os refratários chegaram a ser cerca de 22 por cento do total dos mancebos que se
deveriam apresentar às inspeções militares.
Em 1973, a guerra colonial provocou cerca de 800 mortos em combate, o maior número por
ano desde 1961. Na verdade, na Guiné, em Angola e em Moçambique as populações
africanas do interior resistiram sempre, e às vezes pela força das armas, à presença militar e
administrativa de Portugal. Só nos meados da década de 1970 tal resistência acabou.
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No período chamado "Marcelista", ou seja, o assumir de Marcelo Caetano à Presidência do
Conselho de Ministros, em 1968, por consequente exoneração de Oliveira Salazar do cargo, a
Guerra Colonial manteve os mesmos contornos e as três frentes de batalha, constituindo um
pesado custo para a Nação. Todavia, Marcelo Caetano definiu-a como uma "Questão
fundamental do País."
A queda do Regime
O golpe de Estado do 25 de Abril de 1974, levado a cabo por militares dos três ramos das
Forças Armadas, dirigidos pelo MFA pôs fim a 41 anos de Estado Novo e a 48 anos de
Ditadura em Portugal.
A Guerra Colonial foi uma das motivações do MFA para preparar um golpe de Estado contra o
regime. O sinal utilizado pelos golpistas foi uma canção de Paulo de Carvalho "E Depois do
Adeus" transmitida pela Emissora Nacional e "Grândola, Vila Morena" de José Afonso,
transmitida pela Rádio Renascença. Estava assim iniciado o chamado golpe de Estado.
O golpe de Estado teve uma execução eficaz, baseada em princípios militares muito simples,
tais como a surpresa, coordenação e concentração de forças. Foram seus principais mentores
Otelo Saraiva de Carvalho e o Capitão Salgueiro Maia, sendo este último o responsável pela
tomada do Quartel do Carmo onde estava refugiado Marcelo Caetano, que iria legitimar o
poder ao General António de Spínola. Assim terminava o Estado Novo.
Nos anos de 1974 e 1975, as várias colónias tornaram-se independentes, regressando para
Portugal cerca de 1 milhão de pessoas (os retornados), cuja integração, apesar das
dificuldades do período revolucionário que então se vivia, se fez pacificamente.