ANÁLISE DE

CIRCUITOS
ELÉTRICOS

Jordana Leandro
Seixas
Fontes dependentes
ou controladas
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Definir fonte dependente ou controlada.

 Determinar os tipos de fontes dependentes ou controladas.
 Analisar circuitos com fontes dependentes.

Introdução
Com o avanço tecnológico, os computadores estão cada vez mais mo-
dernos. Desde a sua quinta geração, são constituídos por componentes
eletrônicos, especialmente por circuitos integrados. Cada circuito inte-
grado (CI) presente nos computadores apresenta milhões de transistores
e cada um desses transistores apresenta um modelo de fonte depen-
dente (seja de tensão ou de corrente). Este modelo facilita a análise de
circuitos elétricos para diversos outros dispositivos eletrônicos, a saber,
amplificadores operacionais.
O transistor surgiu com o intuito de substituir as antigas válvulas
eletrônicas, que serviam para regular o fluxo dos elétrons. Com a des-
coberta dos transistores, foi possível desenvolver televisores, celulares,
computadores, videogames e outros equipamentos eletroeletrônicos.
Neste capítulo, você vai aprender a definição de fontes dependentes
ou controladas que, assim como as fontes independentes, são muito
importantes na teoria dos circuitos elétricos, especialmente em circuitos
eletrônicos. Você vai também identificar os tipos de fontes dependentes
e analisar circuitos que as utilizam.
2 Fontes dependentes ou controladas

Fonte dependente ou controlada

Antes de iniciarmos os estudos sobre fontes dependentes ou controladas,
vamos definir uma fonte elétrica de forma geral. Basicamente, uma fonte
elétrica é um dispositivo capaz de converter energia não elétrica em energia
elétrica e vice-versa. Por exemplo, uma pilha ou bateria, quando se descarrega,
converte energia química em energia elétrica; da mesma forma, quando ela
se carrega, converte energia elétrica em química. Um dínamo é uma máquina
que converte energia mecânica em elétrica e vice-versa. Ele funciona no modo
gerador quando converte energia mecânica em energia elétrica, e no modo
motor, quando converte energia elétrica em energia mecânica. Saiba que essas
fontes podem liberar ou absorver energia elétrica, de forma a manter a tensão
ou a corrente elétrica.

Fontes de tensão
O trabalho realizado por um dispositivo utilizado para separar as cargas opostas
(negativas e positivas) ocorre nos terminais da bateria ou do gerador. Esses diferen-
tes valores de energia por carga criam uma diferença de potencial (ou tensão). Essa
tensão fornece algo como “pressão elétrica”, que move os elétrons pelo circuito. Por
exemplo, as baterias e os geradores elétricos realizam um trabalho para separar as
cargas opostas. O trabalho realizado pelas baterias químicas é, geralmente, mas nem
sempre, realizado pela desintegração química do zinco ou do chumbo em ácido, com
a energia armazenada nas ligações químicas sendo convertida em energia potencial
elétrica. Sabe-se que a duração de uma bateria química depende do tempo em que
ela fornece sua energia para os componentes de circuitos. Já os alternadores dos
automóveis separam as cargas por indução eletromagnética (HEWITT, 2015).

Podemos definir uma fonte de tensão ideal como um elemento de circuito

que tem uma tensão estabelecida nos seus terminais independentemente da
corrente que flui neles. Já a fonte de corrente ideal é um elemento de circuito
que tem uma corrente estabelecida em seus terminais independentemente
da tensão que flui neles. Esses elementos de circuito são modelos simplifi-
cadores idealizados de fontes de tensão e correntes reais, e não existem na
prática. Grande parte da arte da engenharia elétrica, que você aprenderá por
experiência, está em saber quando e como resolver problemas difíceis usando
modelos simplificadores.
 Fontes dependentes ou controladas 3

As fontes de tensão e de corrente ideais podem sem classificadas de duas

formas: como fontes independentes e fontes dependentes. Na fonte de tensão
ou de corrente independente, já são determinados os valores da tensão e da
corrente. Já a fonte dependente ou controlada é uma fonte de tensão ou uma
fonte de corrente na qual a grandeza fornecida é determinada por uma tensão
ou corrente presente em outro lugar do circuito.
Os símbolos de circuitos para as fontes ideais independentes são mostrados
na Figura 1. Podemos notar que o símbolo de um círculo é utilizado para
representar uma fonte ideal independente, especificando-se o valor da tensão
e a polaridade de referência para a fonte de tensão ideal independente, exibida
na Figura 1a. Similarmente, especifica-se o valor da corrente e sua direção
de referência para a fonte de corrente ideal independente, como mostrado na
Figura 1b.
Os símbolos de circuitos para as fontes ideais dependentes são mostrados
na Figura 2. Podemos notar que o símbolo de um losango (ou diamante) é
utilizado para representar uma fonte ideal dependente, especificando-se o valor
da tensão e a polaridade de referência para a fonte de tensão ideal dependente,
cuja tensão depende de outra grandeza, tensão ou corrente, existente em outro
lugar do circuito, conforme mostra a Figura 2a. Da mesma forma, especifica-
-se o valor da corrente e sua direção de referência para a fonte de corrente
ideal dependente, na qual a corrente depende de outra grandeza, tensão ou
corrente, existente em outro lugar do circuito, como mostrado na Figura 2b.

+
v - i

(a) (b)

Figura 1. Simbologia para (a) fonte de tensão ideal independente e (b) fonte de corrente
ideal independente.
Fonte: Adaptada de Nahvi, Edminister (2014, p. 16).
4 Fontes dependentes ou controladas

+
v - i

(a) (b)

Figura 2. Simbologia para (a) fonte de tensão ideal dependente e (b) fonte de corrente
ideal dependente.
Fonte: Adaptada de Nahvi, Edminister (2014, p. 16).

Circuitos elétricos e sobrecarga

A eletricidade das residências é alimentada por dois fios denominados linhas. Essas
linhas apresentam resistência muito baixa e estão dispostas em circuitos paralelos,
conectando as lâmpadas e as tomadas da residência. Já que as lâmpadas e as tomadas
estão conectadas em circuito paralelo, elas apresentam o mesmo valor de tensão no
circuito, normalmente 110 ou 220 V. Um erro bastante comum nas residências é quando
se conecta mais dispositivos ao circuito — por exemplo, ligar liquidificador, geladeira
e ferro de passar na mesma tomada por meio de uma extensão —, ocasionando mais
caminhos para a corrente percorrer, diminuindo a resistência total e gerando uma
sobrecarga no circuito, pois a soma dessas correntes é igual à corrente da linha, que pode
ultrapassar os limites de segurança. O calor gerado por um circuito sobrecarregado
pode provocar um incêndio.

Tipos de fontes dependentes ou controladas

Na Figura 3, podemos visualizar os quatro tipos diferentes de fontes contro-
ladas, a saber:

 Fonte de corrente controlada por corrente: é uma fonte de corrente

dependente ou controlada por uma corrente, exibida na Figura 3a.
 Fontes dependentes ou controladas 5

 Fonte de corrente controlada por tensão: é uma fonte de corrente de-

pendente ou controlada por uma tensão, exibida na Figura 3b.
 Fonte de tensão controlada por tensão: é uma fonte de tensão dependente
ou controlada por uma tensão, exibida na Figura 3c.
 Fonte de tensão controlada por corrente: é uma fonte de tensão depen-
dente ou controlada por uma corrente, exibida na Figura 3d.

gvx + +
Kix Kvx rix
- -

(a) (b) (c) (d)

Figura 3. Os quatro tipos diferentes de fontes dependentes: (a) fonte de corrente controlada
por corrente; (b) fonte de corrente controlada por tensão; (c) fonte de tensão controlada
por tensão; (d) fonte de tensão controlada por corrente.
Fonte: Adaptada de Hayt Jr., Kemmerly e Durbin (2014, p. 20).

Nas Figuras 3a e c, a constante K é adimensional. Na Figura 3b, g é um

fator de escala com unidade A/V; na Figura 3d, r é um fator de escala com
unidade V/A. A corrente de controle ix e a tensão de controle vx precisam ser
determinadas no circuito.
Estudar fontes dependentes é bem curioso; às vezes custamos a entender,
inicialmente, como uma fonte de tensão pode depender de uma corrente fluindo
em outra parte do circuito, ou como uma fonte de corrente pode depender
de uma tensão presente em outro local do circuito. No entanto, essas fontes
não têm a mesma função que as fontes independentes — de alimentar um
circuito elétrico independentemente da tensão ou corrente em outro local do
circuito. Elas são usadas como modelos elétricos equivalentes para diversos
dispositivos eletrônicos, como transistores, amplificadores operacionais e
circuitos integrados. Quando as fontes dependentes estão presentes na análise
de um circuito, devemos escrever as equações algébricas similarmente aos
circuitos que só têm fontes independentes. Porém, muitas vezes é preciso
complementar com equações adicionais para facilitar o entendimento — exceto
quando a tensão ou a corrente de controle já seja uma das incógnitas descritas
no sistema de equações.
6 Fontes dependentes ou controladas

Teste de interconexões de fontes ideais independentes e dependentes

Na Figura 4, podemos utilizar as definições de fontes ideais independentes e de-
pendentes para identificar as interconexões possíveis de serem realizadas e aquelas
que violam as restrições exigidas pelas fontes ideais.
O circuito (a) não é possível de ser realizado, pois a fonte de tensão independente e
a fonte de tensão dependente fornecem tensões diferentes aos terminais a-b: a fonte
independente fornece 5 V, mas a fonte dependente fornece 15 V.
O circuito (b) é possível de acontecer. A fonte independente fornece 5 V aos terminais
a-b e a fonte de corrente fornece corrente aos mesmos terminais. Como se trata de fontes
ideais, a fonte de tensão ideal fornece a mesma tensão independentemente da corrente,
e a fonte de corrente ideal fornece a mesma corrente independentemente de tensão.
O circuito (c) é possível de acontecer. A fonte de corrente independente fornece
corrente aos terminais a-b, e a fonte de tensão dependente fornece tensão aos mesmos
terminais. Como se trata de fontes ideais, a fonte de corrente ideal fornece a mesma
corrente independentemente da tensão, e a fonte ideal de tensão fornece a mesma
tensão independentemente da corrente.
O circuito (d) não é possível de ser realizado, pois a fonte de corrente independente e
a fonte de corrente dependente fornecem correntes diferentes aos mesmos terminais
a-b; a fonte de corrente independente fornece 2 A, mas a fonte de corrente dependente
fornece 6 A na direção contrária.

a a

+ vs = 3 vx + + is = 3vx
- - -
vx = 5 V vx = 5 V
b b
(a) (b)

a a

vs = 4 ix + is = 3 ix
-
ix = 2 A ix = 2 A
b b
(c) (d)

Figura 4.
Fonte: Adaptada de Nilsson e Riedel (2009, p. 17).
 Fontes dependentes ou controladas 7

Análise de circuitos com fontes dependentes

Para entender melhor como resolver problemas envolvendo fontes dependentes,
vejamos o Exemplo 1, que apresenta uma aplicação da lei de Ohm e das leis
de Kirchhoff para determinar uma tensão desconhecida.

Exemplo 1 – Use as leis de Kirchhoff e a lei de Ohm para determinar a tensão v0,
exibida na Figura 5.
Solução:
Analisando o circuito da Figura 5, observe que há dois percursos fechados, o percurso
da esquerda, em que circula a corrente iS, e o percurso da direita, em que circula a
corrente i0. Encontrando o valor da corrente i0, podemos calcular o valor de v0.
Para cada percurso fechado, aplicamos a lei de Kirchhoff para a tensão (LKT) e
encontramos duas equações algébricas. Temos:
 Para o percurso fechado da esquerda: 10 = 6is
 Para o percurso fechado da direita: 3is = 2i0 + 3i0
Observe que temos duas equações e duas incógnitas, i0 e is. Logo, podemos encontrar
as correntes:
 is = 1,67 A
 i0 = 1 A
Agora, para encontrarmos v0, vamos aplicar a lei de Ohm sobre o resistor 3 Ω. Então,
obtemos:
v0 = 3i0 = 3(1) = 3 V

2

is i0
+
+ +
10 V 6 3 is 3 v0
- -
-

Figura 5. Circuito contendo uma fonte de tensão controlada por corrente.

Fonte: Adaptada de Nilsson e Riedel (2009, p. 28).
8 Fontes dependentes ou controladas

Vejamos outro problema envolvendo fontes dependentes no Exemplo 2,

aplicando dessa vez a lei de Kirchhoff das correntes (LKC) para a solução
do problema.

Exemplo 2 – Encontre a tensão v na Figura 6, aplicando a lei de Kirchhoff das correntes

(LKC) para as correntes que deixam o nó superior.
Solução:
Aplicando-se LKC ao nó superior, obtemos:

Aplicando-se a lei de Ohm ao resistor de 6 Ω, temos:

Substituindo o valor da corrente i1 na primeira equação, obtemos:

Assim, v = 12 V

+ i1

4A v 6 2i1 2

Figura 6. Circuito contendo uma fonte de corrente controlada por corrente.

Fonte: Adaptada de Johnson, D. E., Hilburn e Johnson J. R. (1994, p. 49).

O problema do Exemplo 3 apresenta duas fontes independentes e uma fonte

de tensão controlada por corrente.
 Fontes dependentes ou controladas 9

Exemplo 3 – Encontre a tensão v e a potência p entregue ao resistor de 3 Ω no circuito

da Figura 7.
Solução:
Aplicamos LKC ao nó superior (denominado nó A), tomamos o nó inferior como o nó
terra e denominamos iA a corrente que passa pelo resistor de 3 Ω. Dessa forma, teremos:
I – iA + 6 = 0 → iA = 6 + i
A tensão v sobre o resistor de 3 Ω, aplicando a Lei de Ohm, será v = 3iA
Substituindo o valor de iA em v teremos v = 3iA = 3(6 + i) = 18 + 3i → v = 18 + 3i
Observe que v está em função de i. Encontrando o valor da corrente i encontramos
o valor de v.
A diferença de potencial (ddp) no nó A será chamado de vA . Logo, podemos obter
a ddp vA , com relação ao nó inferior, que é o terra, a partir de dois ramos:
 1o ramo: vA = 12 – 1i = 12 – i
 2o ramo: vA = v + 2i
Igualando-se os valores de vA em ambos os ramos e substituindo-se o valor de v =
18 + 3i, obteremos o valor da corrente i:
1º ramo = 2º ramo => 12 – i = v + 2i → v= 12 –i – 2i → v = 12 – 3i.
Como v = 18 + 3i podemos substitui-lo na expressão anterior e obter:
v = 12 – 3i→ 18 + 3i = 12 – 3i → 6i = 12 – 18 → i= –1A.
i = 1A
Substituindo o valor de i em v, teremos:
v = 18 + 3i = 18 + 3(–1)
v = 15V
A potência entregue ao resistor de 3 Ω em função da tensão e resistência será:

p = 75W

i 12 V
A
- +
+
v 3
1 - 6A
+
2i V
-

Figura 7. Circuito contendo uma fonte de tensão controlada por corrente.

Fonte: Adaptada de Johnson, D. E., Hilburn e Johnson J. R. (1994, p. 98).
10 Fontes dependentes ou controladas

1. Encontre o valor da tensão V no resistor R3 para o circuito abaixo.

R1 R2
400 Ohms B 600 Ohms C

V1 + +
1V I R3
8I V 5k
-

a) 20 V d) 40 V
b) –20 V e) –40 V
c) 25 V
2. Encontre o valor da tensão V no resistor R3 para o circuito abaixo.
R1 R2
15k E 733 Ohms C

V1 I
+ + R3
2V 20I R4
V 0.005V 60k 40k
- -

a) 72 V d) 94 V
b) –72 V e) –57 V
c) –54 V
3. Encontre a corrente que passa pelo resistor de 10 Ω no circuito abaixo.
i1 6 10  i

+ - 5i1 V +
5V 25 V
- + -

a) 4 A. d) –5 A.
b) 3 A. e) –4 A.
c) 5 A.
 Fontes dependentes ou controladas 11

4. Encontre a tensão V sobre o resistor de 6 Ω no circuito abaixo.

i1 i

2 3

+ v_1 +
9V + v1 4  18  6 v
- 3 A
- -

a) –5 V. d) –8 V.
b) 8 V. e) 5 V.
c) 7 V.
5. Encontre a corrente i que passa pelo resistor de 6 Ω no circuito abaixo.
2

+
4i V 6 10 cos 2 t A
-

a) 4 cos(2t) A d) 2 cos(2t) A
b) –3 cos(2t) A e) 5 cos(2t) A
c) –5 cos(2t) A

HAYT JR., W. H.; KEMMERLY, J. E.; DURBIN, S. M. Análise de circuitos em engenharia. 8.

ed. Porto Alegre: AMGH, 2014.
HEWITT, P. G. Física conceitual. 12. ed. Porto Alegre: Bookman, 2015.
JOHNSON, D. E.; HILBURN, J. L.; JOHNSON, J. R. Fundamentos de análise de circuitos
elétricos. 4. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1994.
NAHVI, M.; ADMINISTER, J. A. Circuitos elétricos. 5. ed. Porto Alegre: Bookmann, 2014.
NILSSON, J. W.; RIEDEL, S. A. Circuitos elétricos. 8. ed. São Paulo: Pearson, 2009.
12 Fontes dependentes ou controladas

Leituras recomendadas
BOYLESTAD, R. L. Introdução a análise de circuitos. 12. ed. São Paulo: Pearson, 2011.
SADIKU, M. N. D.; ALEXANDER, C. K.; MUSA, S. Análise de circuitos elétricos com aplicações
Porto Alegre: AMGH, 2014.
SEDRA, A. S.; SMITH, K. C. Microeletrônica. 5. ed. São Paulo Pearson, 2007.
 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.