Você está na página 1de 1

Oh, maldito impulso impetuoso! Saia de mim, mas não me deixe!

Mata-me, mas não me


tires
a vida enquanto com vida eu estiver, porque viver a morte é pior do que de fato
morrer. Tu mentes e ainda tentas me enganar,
cegando-me com a ilusória luz de saber quem sou, quando, na verdade, apenas tu
sabes. Cego, contudo, não foi a cegueira que
me impediu de ver; foi a verdade que se escondeu de mim. Enxergo tudo, mas tudo se
perde em meio ao todo. Confundo-me
com o que me mostras, enxergo, mas não nada vejo. Eu imploro! Não tires a
totalidade da
minha existência, superpondo-a com a irrealidade de ser e a surrealidade de não
ser. Não me deixes existir de forma vazia,
de forma impulsiva. Não preenchas o meu nada com o teu, ainda que aparente ser nada
demais. Creio que não agradar-te-ia
não ter a mim, pois, assim, também não serias. Do mesmo modo, também não agradar-
me-ia não ter a mim mesmo, estando perdido na
superficialidade da minha parcial profundidade, sem saber que sou eu, quem tu és.

Você também pode gostar