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REVISTA DE FFLCH-USP

HISTÓRIA 1998

MANOEL BOMFIM E A IDEOLOGIA DO


IMPERIALISMO NA AMÉRICA LATINA

José Maria de Oliveira Silva


Departamento de Ciências Sociais – UFS

RESUMO: Este artigo discute divergências entre intelectuais brasileiros sobre a política norte-americana para a América
Latina a partir das críticas de Manoel Bomfim ao imperialismo norte-americano e europeu. Analisa sua concepção sobre
a Doutrina Monroe e a idéia de solidariedade entre os países latino-americanos como fator de resistência.

ABSTRACT: This article examines the divergences among Brazilian intelectuals about American foreign policy for Latin
America considering Manoel Bomfim’s criticism against American and European imperialism. It discusses his conception
of the Monroe Doctrine and of the Latin American countries’ solidarity as a factor of resistance.

PALAVRAS-CHAVE: Imperialismo, Nacionalismo, América Latina, Manoel Bomfim, Doutrina Monroe

KEYWORDS: Imperialism, Nationalism, Latin America, Manoel Bomfim, Monroe Doctrine

Nós outros, argentinos, peruanos, brasileiros,


chilenos – que somos dos chamados latino –
americanos nunca pensamos em América Lati-
na (BOMFIM. O Brasil na América, 1929, p. 11).

Na primeira parte de sua obra sobre a América tas pelos governos, economistas, sociólogos e jorna-
Latina (1905) – “A Europa e a América Latina” – o listas europeus como localidades com muitas riquezas,
escritor sergipano se referia criticamente às represen- um continente extenso, mas que estavam sujeitas à uma
tações ideológicas comuns na imprensa européia so- política de crises violentas, lutas armadas, com um
bre as Repúblicas latino-americanas. Elas eram vis- povo rebelde e ingovernável e estadistas desonestos.
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Apoiando-se numa visão racista e, ao mesmo tem- que nasciam na América continuavam a ser vistos co-
po, ameaçadora, a ideologia imperialista afirmava ser mo inferiores racial e culturalmente.
inconcebível que “milhões de preguiçosos, mestiços No contexto de uma afirmação de uma identidade
degenerados, bulhentos e bárbaros se digam senhores continental, a linguagem americanista de Manoel
de imensos e ricos territórios” enquanto que a Europa Bomfim em muito se assemelhava a de José Martí
‘rica’, ‘sábia’, e ‘civilizada’ se comprimia em peque- contra a opiniões do jornal The Manufaturer que, nes-
nos territórios” (BOMFIM, 1905, p.1-4). se período, retratava os cubanos, estabelecidos na
Manoel Bomfim era natural de Aracaju (1868). América do Norte, como um “povo de vagabundos
Após realizar seus estudos iniciais na sua terra natal, míseros ou pigmeus imorais”, “inúteis verbosos”, in-
ingressa na Faculdade de Medicina da Bahia, transfe- capazes de ação”, “povo efeminado” (MARTI, apud
rindo-se daí para curso semelhante no Rio Janeiro. RETAMAR, 1985, p.52-57).
Participante das lutas políticas de sua época desde estu- O livro do escritor sergipano, publicado em 1905,
dante, colabora no Correio do Povo, dirigido pelo seu A América Latina, ao contestar a visão pessimista e
amigo Alcindo Guanabara. Como intelectual, adota os preconceitos racistas sobre o Povo e a Nação ameri-
postura radical no enfrentamento de questões canden- canos aparecia aos olhos de nacionalistas brasileiros
tes nos inícios da República, sobretudo, com a crítica como “uma resposta ao conceito do estrangeiro so-
ao racismo (e seus desdobramentos, entre os quais, o bre nós” (VICTOR, 1905, p.610-612). Incentivado
imperialismo) e em defesa da educação popular. Ques- pelo ideal do movimento jacobino “A América para
tões que serão retomadas nas suas diversas obras sobre os americanos”, que aparecia como epígrafe do jor-
assuntos educacionais, e, sob viés nacionalista, na nal desse agrupamento político no Rio de Janeiro, o
trilogia publicada nos anos vinte, O Brasil na América, debate sobre o imperialismo dividia as opiniões de re-
O Brasil na História, O Brasil Nação. publicanos, monarquistas, liberais, socialistas, anar-
Para Bomfim, a condenação do povo latino-ame- quistas, que muitas vezes, manifestavam opiniões
ricano tinha uma dupla causa: uma causa intelectual, idênticas sobre a Doutrina Monroe, o Panamericanis-
fruto do desconhecimento da realidade latino-america- mo e os monopólios estrangeiros. Havia um certo
na, de sua história, do seu passado colonial; e uma silêncio, entretanto, segundo Bomfim, entre intelectu-
causa interesseira visando a conquista do território. A ais e políticos nacionalistas com relação às possibili-
imagem das repúblicas latino-americanas se asseme- dades de unidade entre os povos da América Latina.
lhava a do estudante “indisciplinado e relapso”, à quem Segundo Leroy Beaulieu, um dos primeiros a
o mestre escola chamava constantemente atenção: teorizar sobre as noções de colônias de povoamento
e colônias de exploração que serviu de modelo para
Se você me ouvisse, se não fosse um malandro, faria isto e mais várias interpretações sobre os diferentes sistemas
isto e isto (...) mas você não presta para nada (...) . Nunca fará nada! coloniais (NOVAIS, 1977, p.12-13) e defensor do
Nunca saberá Nada! Nunca será nada! (BOMFIM, 1905, p.2-3).
neo-colonialismo francês na África, o perigo para a
América Latina não estava na possibilidade de uma
Embora o primeiro aspecto, a causa intelectual, conquista européia, mas era representado pelo cresci-
não fosse evidente, pois o autor desconhecia a grande mento da imigração e capitais da América do Norte.
curiosidade e as contribuições de naturalistas, viajan- Para enfrentar essa ameaça, os países latino-ameri-
tes e exploradores estrangeiros do século passado, as canos deveriam manter a ordem interna (uma vez que
imagens reafirmavam a ideologia do colonizador: os a instabilidade democrática era freqüente), a paz en-
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tre todas as Repúblicas, aprofundando os relaciona- O México deprime, oprime e tem por vezes, invadido a
mentos comerciais e financeiros com a Europa Guatemala, que tem sangrentíssimas guerras com a república do
(LEROY-BEAULIEU, 1902, p.305-306) Salvador, inimiga rancorosa de Nicarágua, feroz, adversária de
Honduras, que não morre de amores pela República de Costa Rica
Por outro lado, o Brasil, durante todo o século
(...). A Colômbia e a Venezuela odeiam-se de morte. O Equador é
XIX, não participara dos vários Congressos sobre a
a vítima, nunca resignada, ora das violências colombianas, ora
unidade da América Latina. Algumas explicações tra- das pretensões do Peru. E o Peru? Já não assaltou a Bolívia, já
dicionais sobre esse isolamento assinalam que era de- não se uniu depois a ela numa guerra injustíssima ao Chile? E o
vido à forma monárquica do regime, às diferenças da Chile, já não invadiu duas vezes a Bolívia e o Peru, não fez um
língua, às ligações da família real com a Áustria, aos horroroso morticínio de bolivianos e peruanos na última guerra,
problemas de limites e à escravidão. Para alguns his- talvez a mais sangrenta deste século? E o Chile, não tem somente
toriadores, fatores geográficos ou étnicos tinham afas- estes inimigos: o seu grande adversário é a República Argentina
(PRADO, 1980, p.18-19).
tado a possibilidade de uma política de unificação do
Continente (NORMANO, s.d., p.148-149). Uma das
tentativas em que se discutiu o processo de unifica- Não era de se estranhar, portanto, que as elites
ção no século passado deu-se por iniciativa de libe- políticas brasileiras e mesmo alguns intelectuais de
rais chilenos, quando foi criado a União Americana, tendências socialistas como Lima Barreto e Euclides
logo após a intervenção francesa no México (25 de da Cunha se sentissem “envergonhados” quando o Brasil
maio de 1862). O objetivo inicial era organizar socie- era comparado no estrangeiro com uma “República dos
dades patriotas nos vários países hispano-americanos, Caudilhos” da América hispânica (SEVCENKO,1985,
divulgar o processo de independência através de cor- p.45). O primeiro, redigindo um rascunho de carta a
respondências, ensaios e outros documentos e lutar Rui Barbosa em 25 de agosto de 1909, afirmava:
pela união desses Estados. Estabelecendo-se por meio Queira, Senhor Conselheiro Rui Barbosa, aceitar
de uma Junta, além do Chile, outras instituições simi- os meus parabéns e o voto ardente que faço pela vitó-
lares surgiram na Bolívia, Peru, México. ria do seu nome nas urnas.
Para o autor da América Latina a política externa É em nome da liberdade, da cultura e da tolerância,
brasileira durante o Império tinha sido anti-america- que um “rôto” como eu, se anima a lhe declarar tão gran-
na e imperialista. Nesse sentido, crítica o imperialis- des sentimentos de suas ambições políticas, que consis-
mo brasileiro com o envolvimento na Guerra contra tem simplesmente em não desejar para o Brasil o
o Paraguai como um “crime” contra o povo america- regímen do Haiti, governado sempre por manipansos de
no (BOMFIM, 1931, p.305, v.1). No entanto, com a farda, cujo culto exige sangue e violência de tôda a or-
emergência de tantas guerras, envolvendo os países dem, Isaías Caminha (BARRETO, 1961, p.194)
do Continente, não era um contra-senso pensar na A solidariedade sul-americana aparecia como um
possibilidade das nações americanas viverem como sonho irrealizável e “perigoso”. Como o Brasil, per-
“irmãs”? O “inimigo” externo parecia a vários inte- guntava o próprio Euclides da Cunha, poderia se ali-
lectuais desses países que estava mais próximo, nas nhar com países mergulhados em conflitos e revoltas,
fronteiras, e não na Europa. Uma visão que Eduar- sem perspectivas de progresso, como era o caso do
do Prado, escrevendo nessa época (1893), explora Paraguai “convalescente”, da Bolívia “dilacerada
quando afirma que a fraternidade americana era uma pelos motins e pelas guerras”, ou ainda com o Uruguai e
“mentira”, em função das “lutas” e dos conflitos com o Peru? (CUNHA, 1975, p.109). A solidariedade
entre estas nações: Continental, à qual Bomfim ingenuamente reconhecia
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como sendo um dos fatores de resistência à qualquer in- progresso e a sua raça para garantir a Doutrina
vasão estrangeira, era anulada não só pelos conflitos bé- Monroe na América do Sul (BANDEIRA, 1978, p.171).
licos entre esses países e pressões das grandes potências, Nos Congressos pan-americanos a imagem da “amea-
mas também por uma visão cultural homogeneizadora ça” aos países do sul era substituída pela linguagem
que expressava sentimentos questionadores sobre a soli- diplomática de Washington, que por meio de tratados e
dariedade entre os latino-americanos. promessas enfatizavam os compromissos da Doutrina
Desde meados do século passado, os movimen- Monroe e o espírito pan-americano de “ideais comuns
tos de unidade americana não obtém sucesso a nível e aspirações comuns” (LIMA, 1971, p.517; 1953).
governamental. A Argentina, que vangloriava-se de Na primeira Conferência Pan-americana, realiza-
possuir cerca da metade dos recursos econômicos da da em Washington sob a presidência de Blaine, o
América do Sul e “sentir-se européia e não america- Chile não quis participar temendo discussão sobre os
na”, aproximava-se cada vez mais dos países europeus incidentes com o Peru. Até 1899, data do primeiro
(sobretudo da França, Espanha, Itália, Alemanha), ao congresso pan-americano, os Estados Unidos já ti-
mesmo tempo em que, incentivada pelos investimen- nham transformado Porto Rico numa colônia, toma-
tos ingleses, não pensava numa política de unidade do posse da região do Caribe, Cuba tinha ficado su-
com os outros países sul-americanos, mas na hegemo- jeita ao direito de intervenção nos seus assuntos. Além
nia sobre o Continente (NORMANO, s.d., p.154). disso, através do Tratado de Hay-Pauncefote os Es-
Alguns escritores argentinos, bastante conhecidos, tados Unidos asseguraram o direito a um canal atra-
como Alejandro E. Bunge e José Ingenieros, defen- vés do istmo, motivando a “revolução local” e a sepa-
diam a liderança de seu país frente à seus dois rivais, ração do Panamá na Colômbia. No outro extremo, os
o Brasil e o Chile, com argumentos de que o clima e americanos expandiam seus interesses para a região
a raça eram empecilhos ao primeiro, e, o pequeno ter- do Oriente. Anexavam as Ilhas do Havaí, as Filipinas,
ritório e os interesses voltados para o Pacífico impedi- enviando ainda tropas para ajudar as legações de Pe-
am a hegemonia chilena no Continente. quim na guerra dos boxers.
Ao publicar as estatísticas sobre o crescimento Para “assegurar a paz no hemisfério ocidental”,
argentino para o ano de 1906, o jornal La Prensa como falava Theodore Roosevelt, os Estados Unidos
destacava argumentos sobre a superioridade nacional. desde a guerra com a Espanha até os anos de 1903/
Contrapondo-se ao maior território do Brasil, afirma- 1904 desenvolveram uma política agressiva quanto a
va que este fator era compensado “...pela terra mais América Latina (PERKINS, 1964; PEREYRA, 1969).
rica dos Pampas, pelo clima argentino mais salubre, Com o conflito Venezuelano, que serve a BOMFIM
por um número maior de imigrantes europeus e um como ponto de partida para o seu questionamento
índice mais rápido de desenvolvimento econômico da sobre a Doutrina Monroe, o governo americano esta-
área do Prata”. Além disso, a Argentina possuía “mais beleceu um Novo Corolário aos princípios de 1823 e
estradas de ferro, mais linhas telegráficas, mais na- tornava pública a política do big-stick. Nela vinha
vios de guerra e mais comércio do que o seu maior expressa uma nova postura com relação aos países
vizinho” (BURNS, 1978, p.390). americanos: as nações que cumpriam com suas obri-
Dois anos antes, sentimentos idênticos tinham gações e compromissos políticos e sociais nada teriam
sido expressos pelo presidente Theodore Roosevelt a temer de uma possível interferência norte-america-
com objetivos de melhorar as relações com a Argentina. na. As que tinham um “mau procedimento”, gover-
Ela era na sua visão a “Nação eleita” devido ao seu nos desonestos, poderiam forçar os Estados Unidos
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a intervirem. Com isso, atribuía-se à nação americana pólo, os vales profundos dos Andes, as planuras do amazonas, a
o papel de polícia de todo o hemisfério ocidental vastidão dos pampas e o infinito dos mares. Ele queria que o bico
(LEUCHTENBERG, 1976, p.158; BELLOTO e adunco daquele pássaro apocalíptico rasgasse os inimigos, e que
as garras colossais se apoderassem de todo o continente de
CORRÊA, 1979).
Colombo. Blaine no poder, era uma ameaça para toda a América
Reservando-se o direito de intervenção nos paí-
(PRADO, 1980, p.90-91).
ses latino-americanos, em função de sua “anarquia”
social e política, o Corolário Roosevelt fez crescer os Do ponto de vista econômico, um dos fatores que
temores de uma possível invasão do Continente. impedia a expansão da ideologia pan-americana e a
Quando aplicado pela primeira vez em 1905 na Repú- hegemonia norte-americana na região eram os gran-
blica Dominicana o big stick, obrigou o governo lo- des investimentos britânicos. No período de 1885 a
cal a assinar com os Estados Unidos um protocolo em 1913 cerca de 60% desses investimentos dirigiam-se,
que responsabilizar-se-ia pela coleta dos direitos adu- especialmente, para o Brasil e a Argentina (que teve
aneiros e pagamentos dos credores, mantendo 45% duplicado os seus empréstimos a partir de 1895), de
para as despesas com a administração pública. acordo com a Tabela I.
As várias ações anteriores de desembarque de tro-
pas para a proteção dos interesses norte-americanos na A rivalidade com a Argentina, acabou motivando
Nicarágua (1894, 1896, 1898), no Panamá (1895, 1903), no país uma maior aproximação e aliança com o go-
em Cuba (1898), Colômbia (1902), Honduras (1903), e verno americano. Em 1886 o senador Frye apresenta-
a tomada de Porto Rico (1898), Nicarágua (1900), Cos-
ta Rica (1900), e a imposição da Emenda Platt, permi-
Tabela I
tindo a intervenção armada em Cuba (1902), evidenci-
Investimentos Britânicos na América Latina no perío-
avam ainda mais aqueles temores (SODRÉ, 1987).
do de 1885 a 1913.
De um modo geral, eram poucos os escritores e
políticos brasileiros que criticavam os avanços do Ano América Latina Brasil (milhões Brasil (%) Argentina
(milhões de Libras) de Libras) (%)
imperialismo norte-americano naqueles países. Em
1885 246,6 47,6 19,3 18,6
1894 o governo brasileiro erguia no Rio de Janeiro
um monumento a James Monroe e apreendia o livro 1895 552,5 93,0 16,8 34,6
de Eduardo Prado, A Ilusão Americana. Tais fatos
ampliam a polêmica sobre a Doutrina Monroe. Nacio- 1905 688,3 122,9 17,9 36,8

nalista, contrário às aproximações do governo de


1913 1.177,5 254,8 21,6 40,7
Floriano Peixoto com os Estados Unidos, Eduardo
Prado, numa imagem ímpar sobre o pan-americanis- Tabela construída a partir de Sérgio Silva. Expansão Cafeeira e Origens da Indús-
tria no Brasil. São Paulo, Alfa Omega, 1976, p.36-38.
mo de Blaine (Ministro das Relações Exteriores),
desnudava os interesses daquela ideologia: va no Congresso americano um projeto para a cria-
ção da União Aduaneira Americana, sendo no ano
Ele (Blaine, J.M.) imaginava a águia americana pairando de seguinte proposto pelo presidente Cleveland o
polo a polo, com as asas poderosas expandidas. A águia simbóli-
Zollverein ao Brasil. O interesse americano era pene-
ca ele não via protegendo os fracos com a sua sombra, como acre-
trar o mercado brasileiro, superar a concorrência com
dita a ingenuidade de alguns sul-americanos. Ele queria que ela
dominasse, que o seu olhar perscrutasse as solidões geladas do os ingleses e dominar as relações econômicas e co-
merciais (BANDEIRA, 1978, p.137).
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A partir da instalação da República o novo gover- “imprestáveis”, “ingovernáveis” e não tinham condições
no, contrário ao domínio hegemônico da Inglaterra, de serem soberanos, devendo ser tutelados politicamen-
voltava-se para os Estados Unidos, que já era o maior te. Adequando-se ao papel de salva-guarda do hemisfé-
comprador dos produtos brasileiros desde a década rio ocidental, Theodore Roosevelt, como presidente, ao
de 1870. O pan-americanismo tomava corpo, apesar mesmo tempo que pressionava a Colômbia para obter
das manifestações nacionalistas que pregavam a um acordo sobre a fortificação e administração ameri-
expropriação das companhias estrangeiras, a luta con- cana da zona do canal, referia-se aos colombianos como
tra o capital externo. Rui Barbosa, embora criticado sendo “aquelas criaturas desprezíveis de Bogotá”, “es-
pelos positivistas Miguel de Lemos e Teixeira Mendes, ses corruptos idiotas e homicidas” que mereciam uma
transpõe para a Constituição do país elementos da Cons- “boa lição” (LEUCHTENBERG, 1976, p.150).
tituição americana (a começar pela nova denominação Na sua interpretação era uma e mesma ameaça: o
de Estados Unidos do Brasil). Com a consolidação da imperialismo europeu ou o norte-americano. Na críti-
República, ao vencer os monarquistas e as oligarquias ca à Doutrina Monroe, afirmava:
aliadas ao capital inglês, Floriano Peixoto abre caminho
para maior influência dos Estados Unidos. “Proteção” já é meia conquista, e um povo ou uma nação só
A aproximação e o apoio político dos Estados se pode considerar livre e soberano quando por si mesmo se ga-
rante, e é bastante forte para defender-se e bastante caracterizado
Unidos ao seu governo quando da revolta da Armada
e culto para não se deixar assimilar ou eliminar. As nações da
em 1893, produziram dividendos econômicos. O ca-
América Latina não podem aceitar, contentes ou resignadas a ab-
pital americano foi favorecido nas questões tarifárias sorção progressiva da nossa soberania por parte dos mesmos Es-
e nas concessões importantes que permitiram a ampli- tados Unidos (BOMFIM, 1905, p.342).
ação de suas atividades no país (SINGER, 1975). Pas-
sada a fase dos governos militares, de Deodoro e Muito embora, fossem constantes as críticas nos
Floriano, a ideologia do pan-americanismo retraiu, fa- jornais à criação da Embaixada em Washington
ce aos novos avanços imperialistas na América Cen- (1902), esse fato aproxima, ainda mais, o governo bra-
tral e no Pacífico. sileiro dos Estados Unidos. O novo embaixador Joa-
Em fins de 1902 a Alemanha e a Inglaterra bloque- quim Nabuco, que, no passado, durante a intervenção
iam a Venezuela, obrigando-a ao pagamento das dívi- americana em 1893, fora um crítico feroz daquele
das atrasadas. Esse comportamento dos países euro- país, passa a ser um dos mais ardorosos defensores
peus recebeu protestos do Ministério das Relações da Doutrina Monroe (NOGUEIRA, 1984, p.202). Na
Exteriores do Brasil, do Barão do Rio Branco, que carta em que agradece a Graça Aranha as felicitações
cobrou um posicionamento dos E.U.A. No entanto, pela sua nomeação, escrevia:
a Inglaterra e a Alemanha já haviam consultado se-
Ninguém é mais do que eu partidário de uma política exteri-
cretamente o Departamento de Estado americano or baseada na amizade íntima com os Estados Unidos. A Doutri-
sobre a operação, assegurando que não era sua inten- na de Monroe impõe aos Estados Unidos uma política externa
ção a conquista do território. que se começa a desenhar, e, portanto, a nós todos também a nos-
Para Bomfim, o papel de salva-guarda da sa. Em tais condições a nossa diplomacia deve ser principalmente
Grande República não era de interesse das nações feita em Washington. Uma política assim valeria o maior dos exér-
sul-americanas, pois o governo dos Estados Unidos citos e a maior das marinhas (...). Para mim a Doutrina de Monroe
(...) significa que politicamente nós nos desprendemos da Europa
manifestava idêntica opinião à dos europeus. Os sul-
tão completamente e definitivamente como a lua da terra. Nesse
americanos também eram vistos por aqueles como
sentido é que sou Monroista (NABUCO, 1929, p.408).
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Por outro lado, desde que assume o Ministério das princípios da Doutrina Monroe. Alberto Torres, por
Relações Exteriores, Rio Branco atrai para a sua polí- exemplo, inicialmente, era simpático ao pan-ameri-
tica o apoio de vários intelectuais. Além de Joaquim canismo. Colaborando com o Itamarati, no tempo do
Nabuco, destacado para Washington, essa “elite” inte- Barão do Rio Branco, manifestava-se favorável à
lectual era formada por nomes como Alberto Torres, Doutrina Monroe, por entender que algumas nações
Rui Barbosa, Euclides da Cunha, Graça Aranha, americanas, através dos princípios de 1823, estariam
Arthur Orlando, Araripe Jr., Oliveira Lima, Lúcio a “salvo” das potências européias. Defendia, mesmo
Mendonça, Lauro Muller, entre outros (SEVCENKO, como necessário, a intervenção passageira dos Esta-
1985, p.72). No Ministério (1902 /1912), Rio Bran- dos Unidos para evitar o “anarquismo” nos países
co tinha como política associar-se aos Estados Unidos latino-americanos. Por isso, junto com Rui Barbosa,
“em pé de igualdade” para ter o campo livre para combate a Doutrina Drago. Revendo as suas posições
exercer a hegemonia na América do Sul, e, para con- mais tarde, em vários artigos denuncia o pan-
trabalançar o poderio americano, unia-se ao Chile e americanismo e a Doutrina Monroe, atrelando-os à
a Argentina. Essa política pró-americana de Nabuco política de dominação dos países latino-americanos
e Rio Branco foi decisiva para a intervenção brasileira e de hegemonia imperialista (LIMA SOBRINHO,
no Acre, sem que houvesse o impedimento dos EUA. 1968, p.434-450). O imperialismo, nesse caso, apare-
Na 3ª Conferência pan-americana, realizada no ce criticado nos limites do liberalismo reformista,
Rio de Janeiro em 1906, em apoio àquela política, Rio como um fenômeno que deve ser rejeitado pelos pre-
Branco manifestou o desejo de incorporar uma moção juízos causados ao país: a crescente desnacionaliza-
de repúdio dos delegados contra a propaganda anti- ção da economia e a exploração intensiva das rique-
ianque. Sua proposta, redigida por Nabuco, entretanto zas naturais (MARSON, 1979).
não foi apresentada, por faltar unanimidade entre os No entanto, ao contrário do que afirma J. Norma-
delegados (CALMON, 1943, p.90). no sobre o nacionalismo anti-ianque dos intelectuais
Porém, enquanto Oliveira Lima era mais cauteloso latino-americanos, qualificando-o uma simples “rea-
na adesão ao princípio da Doutrina Monroe, critican- ção psicológica” contra os Estados Unidos, caso de
do os excessos de Joaquim Nabuco, Artur Orlando Rubén Dario, Calderon, Manoel Ugarte e devido a
nesse mesmo ano, concordava com este sobre a acei- uma visão pessimista da América Latina, entre outros,
tação do pan-americanismo: a de Bunge, Ingenieros, Calderon, Bomfim, Monteiro
Lobato, Blanco Fombona, Arguedas, podemos dizer
Pan-americanismo, no bom sentido da palavra (...) não quer que no caso do escritor sergipano há também outras
dizer dominação da América do Norte sobre a América do Sul; razões. Nos seus escritos, não se vincula aos pessi-
traduz idéia muito mais nobre e elevada, qual a de articulação das
mistas, que aceitavam como fato dado a ingovernabi-
três Américas em uma vasta federação ou comunhão internacio-
lidade da América Latina e o seu atraso. Sua ideolo-
nal de interesses políticos, econômicos e morais, com o fim de
garantir à civilização futura seu pleno desenvolvimento, levar a gia de emancipação econômica e libertação da voca-
expansão simultânea da economia e da justiça ao coração do ção agrícola do país, aproximavam-no, algumas ve-
mundo inteiro (CALMON, 1943, p.81-82). zes, das teses dos industriais nacionalistas. Críticos
da produção exclusiva do café para a exportação, os
Não se pode dizer também que havia nesse grupo industrialistas, através do Manifesto da Associação
de intelectuais e burocratas do Ministério das Rela- Industrial (1881), redigido pelo médico e parlamentar
ções Exteriores uma adesão permanente e total aos Antonio Felício dos Santos, denunciavam o livre-
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cambismo como responsável pela dependência da na- rica Latina. Há uma consciência latino-americana em
ção aos interesses externos. gestação. A América Latina é percebida como o “que
No eixo dessas reivindicações de uma política de não é Europa”, “anglo-saxão”, “norte-americano”. E,
defesa do sistema protecionista como sendo de “bom esta forma de pensar, originária nos inícios do século
senso” para o governo, apelava-se para a moralização XIX, quando intelectuais latino-americanos se opõem
das classes pobres através do trabalho e para as ima- ao colonialismo, se explicita nesse contexto com a
gens do Brasil como “país novo” e com um grande denúncia do imperialismo ianque (BOSI, 1981, p.5).
futuro. O exemplo era os Estados Unidos da América Por outro lado, a política econômica imperialista já
do Norte (MANIFESTO, 1881). Autores como se fazia presente em amplas extensões da região. O ca-
Alcindo Guanabara (a quem Manoel Bomfim dedi- pitalismo alemão se apoderava das melhores terras pro-
caria em 1923 a obra Pensar e Dizer), Barata Ribei- dutoras da Guatemala e do comércio do café; as com-
ro, Ozório de Almeida, Lauro Muller, exploravam a panhias americanas da produção açucareira de Cuba e
idéia de que a miséria do país era fruto não só de sua o governo de Boston estendia o seu império sobre a pro-
economia essencialmente agrícola, mas também da dução de banana na América Central, em Porto Rico,
drenagem para fora da Nação de todas as suas rique- Haiti, São Domingos (HALPERIN-DONGHI, 1972).
zas. Para eles, as medidas governamentais não podi- Na década de vinte o escritor socialista José Mariá-
am ser prejudiciais à sociedade como um todo, como tegui explicava com maior clareza que a existência do
tinham sido as emissões inflacionárias da década de pan-americanismo era algo exclusivamente diplomático.
noventa. O governo deveria estabelecer, sobretudo, A submissão dos intelectuais e do país aos interesses do
uma tarifa alfandegária protecionista, a abolição de capital ianque deviam-se ao predomínio da moeda, das
impostos interestaduais, a melhoria dos transportes técnicas e das mercadorias norte-americanas. Segundo
e redução dos fretes (LUZ, 1975, p.77). ele: “...a mais incipiente perspicácia descobre facilmente
Havia ainda entre os nacionalistas, uma consciên- no pan-americanismo uma túnica do imperialismo nor-
cia, como a manifestada por José Veríssimo, de que a te-americano. O pan-americanismo não se manifesta
política externa americana e a Doutrina Monroe esta- como ideal natural do Continente. Manifesta-se antes,
vam subordinadas aos interesses das grandes corpo- inequivocadamente como um ideal natural do Império
rações econômicas e financeiras. Não tinham ilusões, Ianque” (BELLOTO e CORRÊA, 1982, p.131).
como afirmava Veríssimo, sobre o que já era uma idéia Por outro lado, a imagem de Bomfim sobre o im-
corrente em parcela da intelectualidade latino-ame- perialismo era original, apesar de suas ambigüidades.
ricana, quanto as reais intenções do pan-america- Identificava-o ao “polvo” (“polvo capital”), que se en-
nismo: “A América para os Americanos... do Norte” riquecia às custas das populações atrasadas. A África
(VERÍSSIMO, apud PEREIRA, 1963, p.82). A frase serve-lhe de exemplo, para mostrar a natureza desse
também é citada em Bomfim, retomando os argumen- imperialismo.
tos do escritor Quezada: “Es...una invención norte
americana que, en 72 años, no ha tenido aplicación Para se garantir, trazem governos, autoridades, leis, fuzis, ca-
prática. La América para los americanos se dice, pero nhões e soldados; o braço, o trabalhador será tirado das populações
naturais; a teoria das raças inferiores justificará todas as opressões e
se agrega flegmáticamente del Norte....Esta és la ge-
cativeiros mais ou menos disfarçados, que nos serão impostos.
nuina interpretación” (BOMFIM, 1905, p.13).
Nas raízes do pensamento desses intelectuais na- E, completava o seu pensamento sobre a opres-
cionalistas está presente uma forma de pensar a Amé- são do trabalhador,
José Maria de Oliveira Silva / Revista de História 138 (1998), 83-92 91

Senhores do Transvaal, os ingleses reconheceram que era “implacável”, como ocorrera na resistência dos para-
preciso obrigar os cafres a trabalhar para eles ingleses, nas mi- guaios ante “mais da metade da América do Sul”, ou,
nas. como fariam? O cafre não se preocupa de riqueza, e despre- dos “jagunços” no Brasil, que resistiram até à morte
za o salário: impuseram-lhe então, um imposto de captação,
(BOMFIM, 1905, p.345). Retomava, desse modo, ao
pesadíssimo, e o cafre para ter a soma é obrigado a trabalhar,
valorizar romanticamente a resistência e as suas formas,
quando não é condenado (BOMFIM, 1905, p.352).
o velho espírito jacobino dos tempos em que (1886) fora
Assim, no âmbito das relações internacionais, a secretário e redator do jornal jacobino República:
nação dominadora não vinha ocupar outras nações
com um “intuito humanitário” ou com o objetivo de Será uma resistência desorganizada, muitas vezes, mas por
isto mesmo permanente, irredutível, garantida pelas condições
trazer-lhes “o bem, a civilização e a paz” (BOMFIM,
gerais de vida, mais propícia do que eram às dos portugueses e
1905, p.352). Por outro lado, nem mesmo as “clas-
espanhóis, investidos pelas hostes de Bonaparte. A organização
ses dominantes” do país seriam beneficiadas com a econômica é tão rudimentar, e a barbária é tal e o clima tão favo-
agressão imperialista, pois, perderiam seus privilégios. rável, que o viver eternamente em guerrilhas parecerá uma
Essa sua visão, que não dava conta das relações des- delícia (BOMFIM, 1905, p.345, grifos nossos).
sa classe com a burguesia imperialista, enfatizava uma
possível aliança nacional contra o invasor: Na sua análise, ainda que enfatize de maneira
romântica o ideal de solidariedade latino-americana
E esta desigualdade não existirá somente para os desgraça- e a resistência ao imperialismo, não desconhecia, por
dos, que serão reduzidos ao trabalho obrigatório, a reclusão por outro lado, as razões sobre a natureza do atraso do
vagabundagem e desterrado de um ponto para outro do território, Continente. Este não era fruto de nenhum dos fato-
arrancados ao meio e aos costumes que estavam adaptados. Não; res apontados pela ideologia liberal e a imperialista:
ela existirá para todos (BOMFIM, 1905, p.353).
“as revoluções freqüentes”, “a instabilidade dos gover-
Embora critique na sua obra O Brasil Nação nos”, “a irregularidade do câmbio”, “a falta de bra-
(1931) a colaboração de classes e o imperialismo ços” (BOMFIM, 1905, p.19). O atraso latino-ameri-
monopolista, em face à possibilidade de uma invasão cano estava ligado ao seu passado, aos “males” im-
estrangeira admitia que a resistência popular acaba- plantados pelo colonialismo metropolitano e preser-
ria unindo a todos, até mesmo “o mais desabusado vados pela ação conservadora das classes dirigentes.
comunista” (BOMFIM, 1905, p.349) que não aceita- Males, que, no contexto atual, reforçam diversas repre-
va o ideal de pátria. A rebeldia, segundo ele, fazia parte sentações da opinião pública européia e norte-americana
da tradição popular e ainda que a dominação se esten- sobre a América Latina como o continente da “miséria”,
desse além das costas marítimas, a luta seria “feroz”, da “fome” e da “doença” (TOURAINE, 1989, p.20).

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