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CEPI PROFESSORA LÁZARA DE FÁTIMA E SILVA FLORES

ELETIVAS I – SER GOIANO & UAI FILMES: ESTRELANDO AS


GOIANIDADES
PROFESSORES: RUBIA CRISTINA; ELSON LUCAS
Hoje vamos falar sobre a cultura popular no estado de Goiás. Que nada mais é que um
conjunto de manifestações produzidas e vivenciadas pelo povo goiano. Os hábitos,
costumes, festas, danças, músicas, arte, saberes, literatura e contação de histórias, são
transmitidas das gerações mais velhas para as mais novas. Algumas festas religiosas,
estão diretamente ligadas à cultura popular brasileira e estão associadas aos elementos da
cultura indígena, europeia e africana presentes em vários países.
O goiano traz muito consigo a cultura dos povos indígenas, afinal, foram os primeiros
habitantes desta terra. Eles não possuíam uma organização do tempo e não utilizavam o
calendário para marcar os dias ou meses, e nem o relógio para marcar as horas. Eles
tinham uma maneira própria de marcar o tempo. A passagem dos dias não era registrada
em horas, mas sim de acordo com a posição do sol, e a passagem do tempo (semanas,
meses), por meio dos fenômenos naturais, como a chuva e o frio e pela agricultura. O
tempo indígena foi construído por eles próprios, e à medida que o tempo passava, faziam
registros do tempo vivido ou tempo histórico, desde o seu nascimento até a sua morte.
Isso explica o fato do goiano ser tão íntimo da natureza e suas ações. O homem do campo
goiano, sabe como poucos, a época boa para plantio e colheita, o movimento de chuva
conforme as formigas por exemplo. A fase da lua que é melhor para o plantio da
mandioca, é a lua minguante… Você sabia disso??
Mas, afinal, o que é ser goiano?
É um povo misto de agrário e urbano, roça e cidade, curral e concreto…Nós de Goiás nos
tornamos desbravadores natos. Goiás e Minas Gerais são muito próximos e assim sua
gente é muito parecida UAI SÔ…, temos a mesma ausência do mar, o mesmo Luar do
sertão, montanhas e minérios e achamos as coisas um “trem-bão” em cada coisa “boa
demais da conta”. Mas o ouro nos legou heranças provinciais distintas. Portanto, para
falar de Goiás é fundamental notar que temos particularidades históricas que não nos
deixam ser um mero reflexo das transformações ocorridas em nível nacional. Nem por
isso somos tão distintos. Num passado distante, quando o ciclo do ouro passou a ser
decadente, nos colocou como atrasados, por algum tempo. Aos poucos a “goianice” que
era o termo usado como negatividade para falar dos goianos, foi dando espaço para a
“goianidade” após os anos 30, assim foi-se misturando o velho e novo, o antigo e o
moderno, o rural e o urbano, o atraso e o progresso foram escrevendo a história goiana.
Hoje, somos a modinha lusitana nos saraus da Cidade de Goiás, o traço europeu nas
óperas dos barracões de Pirenópolis, somos ainda a herança espanhola ou portuguesa das
cavalhadas, a viga mestra do cristianismo na procissão do fogaréu na Cidade de Goiás e
somos mais ainda nós, os goianos, os homens pardos de que nos falou Luiz Palacin, na
catira, nas folias de reis e do divino ou na dança do congado de Catalão.
De acordo com o Sr Ceary, meu saudoso pai, citado na obra “Tocadores homem, terra,
música e cordas”, sobre a Folia de Santos Reis, ele dizia: “É outra história, essa é mais
antiga. Veja o senhor: eu tô com 62 anos, comecei eu tinha seis para sete anos. Comecei
a acompanhar a folia de Santo Reis, batendo pandeiro, cantando aquelas vozes lá mais
atrás, cinco, seis, oito voz e aí foi me passando pra frente. Achou por bem até que a gente
decorou alguma coisa sobre nascimento, padecimento de Cristo que faz parte da folia e a
inteligência foi abrindo a cabeça, com o poder de Santos Reis.”
O capitão Ceary faleceu há 6 anos e sua última ação, foi deixar organizado o giro, o
percurso por onde a Folia de Reis deveria percorrer. Hoje a tradição de toda sua vida é
seguida por sua filha caçula, minha irmã Jacyara Hosana. Bem gente, mas já que tristeza
não paga dívida, bora prosear mais um pouquinho e compreender que o povo goiano
passou a ser afro musical, euro musical, pardo musical, goianos musicais e assim,
começamos a falar a mesma linguagem de outros povos. E, hoje a nossa goianidade, nossa
tradição, é querida e respeitada.
Você já observou que tem algumas palavras e expressões que são usadas apenas por nós?
Se bem que aí tem um casamento perfeito entre os mineiros e os goianos, porque tem
muitas expressões que são usadas pelos dois estados.

Vamos ver quantas palavras goianas você usa no seu dia a dia? Assinale abaixo:

Agora, produza um dicionário goiano bem bonito:


Crie uma capa com algum desenho relativo à cultura goiana;
Crie um mini texto falando sobre o linguajar goiano, explicando sobre as
variedades linguísticas;
Escolha entre 10 a 20 palavras goianas e monte o seu minidicionário goianês;
Ilustre seu minidicionário com desenhos relativos aos costumes e hábitos goianos;
Faça margens;
Coloque seu nome e o nome da Eletiva.
Deixa eu te falar - Com a variação Ow, deixa eu te falar. Introdução goiana para um
assunto sério. Nunca, mas nunca mesmo, chegue para um goiano falando diretamente o
que você tem que falar. Primeiro você tem que dizer "ow, deixa eu te falar", para
prepará-lo para o assunto. Em Goiás você precisa seguir o ritual de uma conversação.
Ex.: "E aí, bão? E o Goiás, hein? Perdeu! Tem base? É por isso que eu torço pro Vila.
Oww, deixa eu te falar, lembra aquele negócio que eu te pedi…" A forma abreviada é te
falar.
Deixa eu te perguntar - A mesma coisa que deixa eu te falar, mas usado, obviamente,
quando você vai perguntar algo.
Chega dói - Chega a doer. Ex.: Deixa eu te falar, essa luz é tão forte que chega dói a
vista. Na verdade essa forma pode ser usada com quaisquer outros verbos combinados
com o verbo "chegar". Ex.: chega arranha, chega machuca, chega engasga.
Chega doeu - Chegou a doer, ou seja, o passado de chega dói.
Uai - Palavra que normalmente não tem sentido, mais ou menos como o tchê do gaúcho.
Usado normalmente em respostas. Ex.: Pergunta: Goiano, você vai à festa hoje?;
Resposta: Uai, vou!
Nota: Dá impressão que o uai é parecido com o ué usado em outras regiões. Mas o ué
muitas vezes é usado no caso de a pessoa achar a pergunta estranha. Quem não conhece
pode ficar revoltado com o uso do "uai" já que parece que as pessoas estão insinuando
que você pode estar perguntando alguma idiotice. Só que as pessoas falam uai por falar.
Encabulado - Impressionado. Ex.: Estou encabulado que você nunca tenha ouvido
alguém falar "chega dói" antes.
Bão? - Goianês para "Tudo bem?" Também é usada a forma bããããão?
Tá boa? - Goianês para "Tudo bem?" usado para mulheres. Em outras regiões do Brasil
seria interpretado de outra forma…
Bão mesmo? - É comum usar o "mesmo?" depois de coisas como "e aí, tá bom/bão",
como se pedisse uma confirmação de que a pessoa tá bem e não apenas fingindo que
está bem.
Piqui - Pequi, fruto típico de Goiás, bastante usado na culinária goiana.
Mais - substituto goiano da conjunção "E". Ex.: Eu mais fulano estamos no Goiás.
No Goiás - Em Goiás.
Na Goiânia - Em Goiânia.
Pit Dog - Uma espécie de filho bastardo de uma lanchonete com uma barraquinha de
cachorro-quente. Apesar desse nome estranho, os sanduíches são muito bons!
Queijim - Rotatória.
Tem base? - Expressão tão goiana que existe até em slogan impresso em bandeiras e
camisetas exaltando o Estado: "Sou goiano. Tem base?". Pode ser traduzido como
"Pode uma coisa dessas?", só que usado com muito mais frequência.
Mandruvá - Mandorová.
Coró - mesmo que mandruvá.
Dar rata - Algo como cometer uma gafe. Ou seja, dar rata é o goianês para "fazer algo
errado"
Calçada - Pode significar: 1. Lugar para estacionar carros; 2. Local onde se colocam as
mesas dos botecos e restaurantes. Note que não existe, em Goiás, calçada no sentido de
lugar para pedestre, pois não sobra espaço para pedestres entre os carros e as mesas.
Anêim - Algo que parece ter vindo de "Ah, não!", que virou "Ah, nem!" Mas, às vezes,
é simplesmente usado na frase com um sentido de desagrado. Quando vejo escrito por
aí, vejo o povo escrevendo "anein", "aneim", "anêim" e outras variantes. Ex.: se eu ia
viajar com a turma e de repente não posso mais, alguém exclama: "Anêeeim! Que
pena!"
Arvre - Árvore (isso me lembra "As arvres somos nozes")
Arvrinha - Árvore pequena.
Arvrona - Árvore grande.
Madurar - Amadurecer.
Corguim - Lê-se córrr-guim. Diminutivo de corgo.
Corgo - Lê-se córrr-go. Córrego.
Quando é fé - Algo como de repente, ou até que. Ex.: "Estava no consultório do
dentista, ouvindo aquele barulhinho de broca, e quando é fé sai um menininho chorando
de lá."
Num dô conta - Pode ser traduzido como Não consigo, não sei, não quero, não gosto,
etc. No resto do País, não dar conta é usado mais no sentido de "não aguentar". Por
exemplo: Não dei conta do recado, ou Não dou conta de comer isso tudo sozinho. Já
aqui em Goiás é usado para quase tudo. Ex.: Num dô conta de falar inglês ("não sei falar
inglês"); Num dô conta de continuar em Goiânia nas férias ("Não quero/não aguento
continuar em Goiânia nas férias); Num dô conta de imprimir usando esse programa
("não sei imprimir usando esse programa").
De sal - Salgado. Ex.: Pamonha de Sal. (Eu jurava que era de milho... dãã)
De doce - Se "de sal" é salgado, então "de açúcar" é doce, certo? Errado! Em Goiás as
coisas não são doces, elas são de doce.
Trem – é uma herança do povo mineiro lá de Minas Gerais. A palavra Trem para os
goianos, significa qualquer objeto ou coisa. Um trem qualquer…
“Demais da Conta” – quando tem muito trem, aí é demais da conta, é uma grande
quantidade… Gosto de você demais da conta.
“Custoso ou Custosa” – Eita menino custoso… atrevido, que não sossega
“Gueroba” – também conhecida como guariroba, é uma palmeira, um palmito do
cerrado, de sabor amargo é muito apreciada na culinária de Goiás.
“Chamar o Juca” – segura aí, chama ele não porque eu vou entender que você tá
querendo vomitar.
“Zureta” – Ana, larga de ser zureta criatura… Eu disse que a Ana é uma pessoa
estabanada.
“Uai” – Vixeeeeeee, agora o trem ficou bão…O uai, também é uma herança do povo
mineiro, é um vício de linguagem, você acredita? UAI então ta bão ne?
Espia: é o mesmo que “olha”. No lugar de falar “olha ali“, o goiano fala “espia ali“, ou
“dá uma espiada nisso“.
Estrovar: é o mesmo que incomodar, atrapalhar.
Frito: o frito pode ter dois sentidos que são bastante usados em Goiás. Quando alguém diz
que está frito, significa que está encrencado. No entanto, a palavra ainda pode dar sentido a
uma pessoa que está ligada, enérgica.
Goiano do pé rachado: quando você escuta alguém falando isso, quer dizer que a pessoa
é goiana com orgulho!
Larga mão: segundo o dicionário goiano, quando alguém fala pra você largar mão, quer
dizer que é pra deixar aquilo pra lá, esquecer a história.
Lascado: se alguém está lascado, quer dizer que essa pessoa está ferrada, com problemas.
Fez alguma coisa que não era pra ter feito.
Madurar: mais uma palavra para o jeitinho goiano de dizer que algo amadureceu.
Massa: essa também é uma expressão que diz muito sobre nossa terrinha. Praticamente
todo goiano do pé rachado tem o costume de dizer isso. Quando algo é bom ou legal, então
é massa! E se for muito bom ou muito legal, então é massa demais!
Mocorongo: o mocorongo é aquela pessoa boba, distraída.
Negócio: o negócio é o mesmo que dizer “coisa”. “Cadê o negócio que eu te pedi?“.
Ou quá?: é o mesmo que dizer “ou não?”, “ou o que?”. Se você pergunta “você vai ou
não?”, o goiano pergunta “você vai ou quá?“.
Ridico: para o dicionário goiano, a pessoa ridica é aquela pessoa egoísta, que não se importa
com os outros. Mas também é possível usar o “verbo” ridicar. “Tá ridicando comida
mesmo?”. Nesse caso, é a pessoa que não quer compartilhar algo.
Sô: o sô é uma expressão usada em diversas regiões do interior, mas também é bem comum
em Goiás. Normalmente está sempre acompanhada por alguma frase. “Uai, sô… Num vi
não”, ou “bão demais da conta, sô”.

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