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CAPÍTULO V - TÉCNICAS DE RESOLUÇÃO DE CIRCUITOS ELÉTRICOS

C o n s i d e r a ç õ e s i n i c i ai s : De ve re mos ini c ialment e comp ree nder q ue “resol ve r ” um


circuito el étrico , si gnifica a dete r mina ção de to das as s uas te nsõ es e t oda s as
s u a s c o r r e n t e s ; p a r a t a n t o , q u a l q u e r q u e s e j a o m é t o d o u ti l i z a d o , t o r n a - s e
funda men tal o do mí nio da 1 0 Lei de Oh m e das L eis de Kirchoff. Ve remos a s eguir
os pri ncip ais mét od os de res olução de circuit os elétric os:

1)Re soluç ã o po r as soci ação sér i e p a r a le lo : T a l p r o c e s s o , u t i l i z a a a p l i c a ç ã o d o s


con ceitos d e r esi st o res equi val ente s d e a s s o c ia ç õ e s s é r ie -p a r a le lo , r e d u z i n d o -se o
circuito p ropos to a u ma úni ca malh a: gerado r-resisto r, dete r mina ndo a co rrent e
princip al do circ uit o e p oste r iormen te vol tand o-se ao ci rc uito o rigi n al.

Em principio somente é possível a utilização direta deste processo em circuitos


que poss ua m u m ú ni c o g e r a d o r de te nsão; Daremos a s eguir u m exe mplo prátic o
da apl icaç ão des te process o, através d a res oluç ão de u m circuito :

Resol v er complet a me nte o c i rcuito ab aixo :

Co mec e mos entã o a resol v er as assoc i ações i m ediatas e a red esen har o ci rc uito;
Not e mos que R 1 e s t á e m s é r i e c o m R 2 ; R 8 e m s é r i e c o m R 1 0 ; e ai n d a R 5 e m s éri e
c o m R 6 ; r esol v en do es t as pr i m e ir a s a s s o c ia ç õ e s , e r e d e s e n h a n d o o c i rcu i t o
tere mos:

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Obs erva r ent ão q ue a gora R S 1 es t á e m p ara l el o c o m R 3 ; e q u e R S 2 e s t á e m


paral elo c om R 9 ; p orta nto te m-s e:

12  4 20  5
RP1   3 ; RP2   4 : Red esenha nd o o ci rcuit o te m-se :
12  4 20  5

Not e mos que a gora te m-se a série d e R p 1 c o m R 4 e aind a a séri e de R p 2 c o m R 7 ;


resol ve nd o e redes enhan do obte m -se:

Veri fica mos en tão que R S 4 e s tá e m pa ral el o c o m R S 5 ( o b s e r v e q u e R S 4 e R S 5 estã o


conecta do s entre o s mes mo s pontos A e B ) port anto , encont ran do o resi st o r
equi val ent e pa ralel o :

10  15
RP   6 ; re des enhan do o circui to te m-se :
10  15

Tendo -se reduzi do f i nal men te o circuit o a u ma ú n i ca malha , calcula - se a corre nte,
dete r mina ndo-s e o sentido da mes m a (le mb ra mos q ue resistore s são bi polos
p a s s i vos , port anto c om tens ão e corren t e ao c ont rário):

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Volt a mos agora p asso a p asso pa ra o circu i t o ori ginal , do fi m para o co meç o:
Le mbrand o que o resistor eq uivalen te de 10  , vei o da s érie d e 4  c o m 6  , e
lembra nd o que e m resisto res e m sé rie te m-se a mes m a co rren te i re mos te r:

Aplica ndo -se a Lei de Oh m, i ndi vidu al me nte p ara cada re sistor, e mais u ma vez,
lembra nd o que e m resisto res tensã o e corre nte s ão ao con trári o t ere mos :

Volt e mos agora mai s um p as s o, obse r va ndo q u e o resist or de 6  foi gerado pela
a s s o c i a ç ã o e m p a r a l e l o d e 1 0  c o m 1 5  e le mb ran do que nu ma associaç ão e m
paral elo t emos a mesma ten s ão ;se le mb rarmos que a tensão no resistor de 6  é
de 60 V s entido de A  B, e ntão co nc luire mos que sej a no resis to r de 1 0  , seja
no resisto r de 15  a tensão ta mbé m s erá de 60 V sentid o de A  B, no es q ue ma
que era a nteri or a esse. No resisto r d e 4  tud o conti nua igual por não ter h avi do
mu danç as:

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A s c o r r e n t e s I 1 e I 2 são facil me nte de t erminá v ei s pela apl icação direta da Le i de


Oh m nos resisto res de 15  e 10  , uma vez con hecida a t ensão de 60V; vol ta ndo-
se mais u m passo , ou seja: ma nten do -se as condições s obre o re sistor de 4  , e
notan do q ue o resi stor de 1 5  vei o d a s éri e d e 3  c o m 12  ( P o r t a n t o a m e s m a
corre nte de 4A) e ainda q ue o resi stor de 1 0  veio da série de 4  c o m 6 
(portant o a mes m a corre nte d e 6A) , e ainda co m a a plic ação cons eqüen te d a Lei
de Oh m s obre os re sistores d as séri es obte re mo s :

Volt e mos mais u m passo manten do as condiç ões sobre os resi stores q u e não
sofre ra m mu danç as e not and o que o resistor de 3  f o i o r i g i n a d o p el a a s s o c i a ç ã o
em parale l o de 1 2  c o m 4  (po rtan to, a tens ão sob re estes resi stores s e rá de
12V) e ai nda n ota ndo q ue o resist or de 4  f oi ori gina do pel a associaçã o e m
paral elo d o resisto r de 5  co m o resist or de 2 0  (port ant o sendo a tensão s o bre
e s t e s r e s i s t o r e s d e 2 4 V ) C o m a s t e n s õ es c o n h e c i d a s f a c i l m e nt e d e t e r m i n a m os as
corre ntes I 3 , I 4 , I 5 , I 6 sobre os resist ore s atra vés da Lei de Oh m:

Co mo últ i mo pass o, fin al m ente volt emos ao circuit o origi nal mante n do as
condiçõ es sobre os resisto re s que nã o muda ra m e obse rvand o qu e o resist or d e
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12  f oi g erad o p el a s ér i e d e 8  c o m 4  (po rt anto, a c orre nte n estes resi stores


será d e 1,0A) qu e o resist or de 20  foi o ri ginad o pe la série de 12  c om 8 
(portant o, sendo a corre nte n estes resi stores de 1,2A), e fi nal men te notan do q ue o
r e s i s t o r d e 4 , 0  (q ue est á e m s érie c om o g erador) foi origin ado pela ass o ciaçã o
em séri e de 3  c o m 1  (se ndo p ort a nto a c orrente nest es resist o res de 10 A). A
s u b s e q u e nt e a pl i c a ç ã o d a L ei d e O h m f o r n e c e :

VE RI FI CA ÇÃ O P O S SÍV EI S:

a) Pode mos inicial me nte verificar a Le i dos Nós para cada Nó ; ou se ja:

Nó A: Ent ra m 10 A; sae m 1 A, 3A , 4 ,8 A e 1, 2A . Obs erve que 1+ 3 + 4,8 + 1,2 =


10A (so m a das que ent ra m = soma das que sa e m )

Nó C: En t ra m 3 A e 1A; s ae m 4A (veri fic ado)

Nó D: En t ra m 4 A e 6A; s ae m 10A (ve rif icado)

Nó E: En t ra m 4 ,8A e 1,2 A; sa em 6 A (ve rificad o)

b) Pode mos ta mb é m verific a r a L ei d as Malh a s para ca da mal ha, efet uan d o a


circuitaç ã o das mes mas :

- Malh a CBAC: + 4 + 8 - 12 = 0 (ve rific ada)

- Malh a CADC: + 12 + 3 0 - 10 0 +1 0 + 4 8 = 0 (ve ri ficada )

- M a l h a D A E D : - 1 0 + 1 0 0 - 3 0 - 2 4 - 3 6 = 0 ( v e ri fi c a d a )

- M a l h a A F E A : - 1 4 , 4 - 9 , 6 + 2 4 = 0 ( v e ri f i c a d a )

- Malh a BAF EDCB (mal ha e xt erna ) + 8 - 14 ,4 - 9, 6 - 36 + 4 8 + 4 = 0 (verific ad a)

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2 - GERADORES REAIS E EQUIVALÊNCIAS: (Equivalência Northon-Thevenìm)


Uma outra ferramenta poderosa utilizada na resolução de circuitos elétricos, é
baseada no princípio da equivalência de geradores, ou na Equivalência Northon-
Thevenìm, que consiste em substituir a associação em série de um gerador de
tensão com um resistor, pela associação em paralelo de um gerador de corrente
com o mesmo resistor. Demonstremos então a equivalência, imaginando
inicialmente um gerador de tensão de valor E (Qualquer), associado em série com
um resistor de valor R e determinando a curva característica (i x v) do bipolo
equivalente. Analogamente imaginemos um gerador de corrente de valor I ,
associado em paralelo com um resistor de valor r e também determinemos a curva
característica (i x v) do bipolo equivalente; teremos:
R.i
A A

R Ii iv Ii
ir
+
E I ir
- iv iv

B B
a) - Gerador de tensão ; b) - Gerador de corrente
em série com um resistor R : em paralelo com um resistor r :
v
v = E - R . i  ; I  i  
r

 se: i  0  v  E se: i  0  v  r  I
 
  ;  
 E  se: v  0  i  I
se: v  0  i 
 R

De posse das equações características de cada bipolo equivalente determinemos


então as curvas características dos mesmos. Observando-se que as equações são
lineares, as curvas poderão ser obtidas a partir de dois pontos para cada equação
(V. Acima) :

a) - Curva Característica de b) - Curva Característica de


um Gerador de tensão um Gerador de corrente
em série com um resistor R em paralelo com um resistor r
ii ii

E
I
R

E Iv R.I Iv

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Para que exista equivalência entre os dois bipolos em qualquer circunstância, é


necessário que as duas curvas características sejam absolutamente iguais. Nestas
condições , como estamos lidando com retas, bastará impor que dois pontos de uma
curva característica sejam idênticos a dois pontos da outra ;ou seja:
E
 I ; e ainda : E  r .I
R

donde, combinando as equações obtemos: R = r ; e ainda: E = R . I

Portanto, se entre dois pontos “A” e “B” de um circuito, tivermos um gerador de


tensão em série com um resistor, poderemos substituir esta associação, entre os
mesmos pontos por um gerador de corrente associado em paralelo com o mesmo
resistor, da forma como se segue:

A A

R
+ E
E R
- R

B B

De maneira análoga, se entre dois pontos “A” e “B” de um circuito, tivermos um


gerador de corrente em paralelo com um resistor, poderemos substituir esta
associação, entre os mesmos pontos por um gerador de tensão associado em série
com o mesmo resistor, da forma como se segue:

A A

Ir
+
I ir Ir . I
-

B B

Exercício de Aplicação: Para o circuito a seguir, pede-se determinar a tensão V


indicada entre os pontos “A” e “B” pelo utilização do processo de equivalência de
geradores:

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6 2

+ 3
12V +
- V 8V
+ -
9V
-

Considerando-se que entre os pontos A e B temos um gerador de tensão de 12V em


série com um resistor de 6 ; ainda que temos um gerador de 9V em série com um
resistor de 3, e finalmente também temos um gerador de 8V em série com um
resistor de 2, poderemos entender o circuito equivalente com sendo:

2A 6 3A V 3 2 4A

A
Determinando o resistor equivalente em paralelo
da associação, e ainda substituindo os três
9A 1 V = 9V
geradores de corrente por um único equivalente,
facilmente determina-se a tensão entre os
pontos “A” e “B” : B

Ao voltarmos para o circuito original, com o conhecimento da tensão entre os pontos


“A” e “B”, facilmente determinamos todas as tensões e correntes restantes; de fato:
3V 1V
0,5A A 0,5A

6 2
12V 3
+ 0V
9V 8V +
- 9V
0A 9V -
+
9V -

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