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CENTRO UNIVERSITÁRIO NOSSA SENHORA DO PATRÓCINIO

FACULDADE DE ENGENHARIA E ARQUITETURA


ENGENHARIA ELÉTRICA

VINICIUS MENDONÇA ZANONI

RETIFICADOR CONTROLADO DE MEIA ONDA


CONVERSOR CA/CC

SALTO
2018
VINICIUS MENDONÇA ZANONI

RETIFICADOR CONTROLADO DE MEIA ONDA


CONVERSOR CA/CC

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à Banca Examinadora do Curso
de Engenharia Elétrica da Faculdade de
Engenharia e Arquitetura, do Centro
Universitário Nossa Senhora do Patrocínio,
como requisito parcial para a obtenção do
Grau de Bacharel em Engenharia Elétrica.

Orientador: Prof. Flavio Ramires

SALTO
2018
RETIFICADOR CONTROLADO DE MEIA ONDA
CONVERSOR CA/CC

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Banca Examinadora do Curso de Engenharia
Elétrica na Faculdade de Engenharia e
Arquitetura do Centro Universitário Nossa
Senhora do Patrocínio, como requisito parcial
para a obtenção do Grau de Bacharel em
Engenharia Elétrica.

Orientador: Prof. Flavio Ramires

Aprovado em Dezembro de 2018.

BANCA EXAMINADORA ou WORKSHOP

___________________________________________________________________
Prof.
Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio

___________________________________________________________________
Prof.
Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio

___________________________________________________________________
Prof.
Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio
DEDICATÓRIA

Ao professor Flavio Ramires pelo apoio e


orientação. Ao meu filho e minha família pelo
apoio e incentivo na realização deste
trabalho.
AGRADECIMENTO

Agradeço a Deus, fonte de toda sabedoria,


pela força e pela coragem que me
concedeu, também pela minha família e
meu filho, incentivo e apoio incondicional, e
meu muito obrigado.
EPÍGRAFE

“O único lugar aonde o sucesso vem antes do trabalho é no dicionário.”


Albert Einstein
RESUMO

ZANONI, Vinicius Mendonça. IMPLEMENTACÃO DE UMA FONTE DE TENSÃO


AJUSTÁVEL BASEADA EM UM RETIFICADOR DE MEIA ONDA MONOFÁSICO COM
TIRISTOR, COMTROLADO PELO CI TCA 785. Trabalho de Conclusão de Curso-
Bacharelado em Engenharia Elétrica, Centro Universitário Nossa Senhora Do
Patrocínio, Salto 2018.
As maior parte das distribuidoras de energia elétrica fornecem tensão alternada
senoidal de 60Hz, mas muitos aparelhos, máquinas e equipamentos necessitam de
tensão continua para operar. Diante disso este trabalho tem o objetivo de estudar e
executar uma fonte regulável baseada em um retificador totalmente controlado de meia
onda com tiristor disparado através do CI TCA 785 ao qual gera pulsos sincronizados
com a rede CA.
Palavra-chave: Conversor CA-CC, Retificador Monofásico, meia onda
Controlada, Eletrônica de Potência, Controlador De Fase.
ABSTRACT

ZANONI, Vinicius Mendonça. IMPLEMENTATION OF A CONTROLLED


VOLTAGE SOURCE BASED ON A SINGLE-PHASE RECTIFIER WITH THYRISTOR
OF HALF WAVE, WITH COMBINED BY IC TCA 785. Graduation Course in Electrical
Engineering, University Center Nossa Senhora Do Patrocínio, Salto 2018.
Most electric power distributors provide 60Hz sine-wave voltage, but many
appliances, machines and equipment require continuous voltage to operate. Therefore,
this work has the objective of studying and executing an adjustable source based on a
fully controlled half-wave rectifier with thyristor triggered through the TCA 785 IC to
which it generates pulses synchronized with the AC network.
Keywords: AC-DC Converter, Single Phase Rectifier, Controlled Half Wave,
Power Electronics, Phase Controller.
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 11

1.1 JUSTIFICATIVA ................................................................................................. 12

1.2 OBJETIVOS ....................................................................................................... 12


1.2.1 Objetivo geral .................................................................................................... 12
1.2.2 Objetivos específicos ....................................................................................... 12

1.3 METODOLOGIA ................................................................................................ 13

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.............................................................................. 14

2.1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 14

2.2 TIRISTORES ..................................................................................................... 14

2.3 MODELO IDEAL DO TIRISTOR ...................................................................... 16


2.3.1 Curva característica do tiristor .......................................................................... 16
2.3.2 Efeitos das capacitâncias ................................................................................... 20
2.3.3 Disparo do tiristor ............................................................................................... 21

3 CONVERSORES CONTROLADOS ....................................................................... 22

3.1 RETIFICADORES ............................................................................................... 22


3.1.1 Retificador controlado de meia onda com carga resistiva pura .......................... 22
3.1.2 Retificador controlado de meia onda com carga indutiva (RL) ........................... 24
3.1.3 Retificador controlado de meia onda com diodo de circulação ........................... 26
3.1.4 Retificador monofásico controlado onda completa com terminal central e
carga resistiva pura. ...................................................................................................... 28
3.1.5 Retificador monofásico controlado onda completa com terminal central e
carga indutiva (RL). ....................................................................................................... 30
3.1.6 Retificador monofásico controlado onda completa com terminal central e
diodo de circulação. ...................................................................................................... 31
3.1.8 Retificador monofásico controlado de onda completa em ponte com carga
indutiva (RL). ................................................................................................................. 34
3.1.9 Com diodo de circulação .................................................................................... 37

4 CONTROLE UTILIZANDO TCA-785 ...................................................................... 40

4.1 INTRODUÇÃO AO CI TCA-785 .......................................................................... 40


4.1.1 Diagrama elétrico e pinagem do TCA 785. ......................................................... 41
4.1.2 Análise interna e funcionamento. ....................................................................... 42
4.1.3 Acoplamento magnético ..................................................................................... 52
4.1.4 Circuitos de disparo com acoplamento magnético ............................................. 52

5 CIRCUITO PROPOSTO ......................................................................................... 57

5.1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 57

5.2 ESCOLHA DO SCR (TIRISTOR) ........................................................................ 57

5.3 PROJETO DO CIRCUITO DE ACIONAMENTO ................................................. 58


5.3.1 Dimensionamento do resistor de calibração da Rampa ..................................... 58

5.4 DIMENSIONAMENTO DO CIRCUITO DE ÂNGULO DE DISPARO .................. 60

6 RESUSLTADOS EXPERIMENTAIS DO PROTÓTIPO .......................................... 62

6.1 CIRCUITO COMPLETO DO PROTÓTIPO DO RETIFICADOR ......................... 62

6.2 PROTÓTIPO DO RETIFICADOR DE MEIA ONDA CONTROLADO .................. 63

6.3 OPERAÇÃO EM MALHA ABERTA .................................................................... 64

7 CONCLUSÃO ......................................................................................................... 74
11

1 INTRODUÇÃO

Atualmente muitos aparelhos, máquinas e equipamentos utilizam tensão


contínua, necessitando a conversão da tensão alternada para tensão contínua. Essa
conversão é feita através de conversores CA-CC, também conhecidos como
retificadores. Os retificadores podem fornecer uma tensão contínua de saída fixa ou
ajustável, dependendo da aplicação.
O diodo é utilizado quando não é necessário variar o valor médio da tensão
de saída. Mas, quando é necessário controlar a tensão de saída utilizam-se
transistores ou tiristores. Desta forma, classificamos os retificadores em não
controlados, onde apenas o diodo realiza a retificação, e em controlados, ao qual se
faz o uso de dispositivos controláveis (tiristores ou transistores). Ha ainda
retificadores híbridos que mesclam dispositivos controlados e não controlados
(POMILIO, 2006). Em muitas aplicações é necessário controlar o valor médio da
tensão de saída dos retificadores. Destacam-se aplicações tais como carregamento
de baterias, controle de velocidade de motores CC, acionamento de algumas
máquinas CA e retificação em sistemas de transmissão em corrente contínua. O
controle da tensão de saída se torna possível através dos retificadores controlados
por fase, nos quais o tiristor é o elemento retificador. Hoje em dia, retificadores a
tiristor são utilizados principalmente em aplicações de alta potência, devido a sua
robustez em comparação com demais alternativas.
O primeiro dispositivo capaz de realizar a retificação controlada era uma
válvula com um determinado tipo de gás em seu interior chamada de Thyratron,
mas, as válvulas de modo geral, traziam muitas limitações, (DIAS, 2010). Com o
desenvolvimento dos semicondutores surgiu o tiristor, o que representou um grande
avanço para a eletrônica de potência. Os tiristores são uma família de dispositivos
semicondutores formados por quatro camadas, de estrutura PNPN, contendo três
terminais: anodo, catodo e gatilho. O tiristor ligado por um pulso enviado ao gatilho,
no qual, pode-se controlar o ângulo de disparo deslocando este pulso no tempo.
Portanto esse trabalho propõe a elaboração de uma fonte de tensão ajustável
12

baseada em um retificador monofásico de meia onda com tiristor, controlado através


do CI TCA 785.
1.1 JUSTIFICATIVA

Os retificadores controlados com tiristores são amplamente utilizados em


aplicações industriais e comerciais, principalmente no acionamento de máquinas CC
com velocidade variável. Assim, justifica-se o estudo e a execução destes
conversores estáticos.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo geral

Este trabalho tem por objetivo geral estudar e projetar uma fonte de tensão
regulável baseada em um retificador monofásico de meia onda com tiristor. O
projeto consiste na execução de um retificador monofásico regulável de meia onda
com carga resistiva utilizando tiristor. O tiristor será acionado através do circuito
integrado TCA 785, o qual gera pulsos de disparo em sincronia com a tensão de
rede. O ajuste do ângulo de disparo e consequentemente da tensão de saída, é feito
através da regulagem da tensão de referência no pino 11 do TCA 785.

1.2.2 Objetivos específicos

Através deste trabalho busca-se alcançar os seguintes objetivos específicos:

 Realizar um estudo sobre o funcionamento dos retificadores


controlados com tiristores a fim de adquirir embasamento teórico
para a confecção do circuito;
13

 Apresentar a fundamentação teórica elaborada por meio de revisão


bibliográfica;
 Confeccionar a placa do retificador de meia onda controlável;
 Analisar os resultados obtidos.

1.3 METODOLOGIA

O planejamento é indispensável na elaboração de qualquer projeto eletrônico,


pois, permite identificar quais esforços serão necessários em cada etapa e quais os
possíveis problemas serão enfrentados na execução do circuito. No intuito de
alcançar todos os objetivos, este trabalho foi dividido nas seguintes etapas:

 Etapa 1: Nesta etapa serão estudados textos acerca dos


retificadores, dando sustentação teórica ao trabalho.
 Etapa 2: Cálculos dos componentes utilizados na confecção do
circuito.
 Etapa 3: Nesta etapa será feito o desenho elétrico e a confecção
das placas para a execução do circuito.
 Etapa 4: Testes e ajuste da placa eletrônica.
 Etapa 5: Nesta etapa será feita a análise dos resultados obtidos
verificando se os objetivos desse trabalho foram alcançados.
 Etapa 6: Na ultima etapa será feita a redação do relatório final.
14

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 INTRODUÇÃO

Um retificador é uma estrutura que converte tensão alternada em tensão


contínua. Podem-se classificar os retificadores através do número de fases da
tensão alternada de entrada (monofásico, trifásico, hexafásico, etc.); da capacidade
de ajustar a tensão de saída (controlado, não-controlado ou semi-controlado); e por
meio da configuração dos dispositivos retificadores (meia onda, ponte completa).

2.2 TIRISTORES

O termo tiristor refere-se a uma família de dispositivos semicondutores


compostos por quatro camadas do tipo PNPN. Os tiristores podem conduzir altas
correntes e bloquear tensões de valores elevados sendo ideais para aplicações de
alta potência. Alguns membros dessa família são: o TRIAC, DIAC, GTO, MOS e o
SCR.
O SCR (silicon controlled retifier) é o elemento mais importante dessa família,
sendo este termo muitas vezes usado como sinônimo de Tiristor. Os SCRs são
amplamente utilizados em aplicações de eletrônica de potência, sendo o controlador
elétrico de uso mais difundido (AHMED, 2000).
Os tiristores possuem três terminais, que são: anodo, catodo e gatilho. A figura 1
mostra a simbologia do dispositivo, as suas camadas e os terminais.
15

Figura 1: Simbologia do SCR e suas junções.


Fonte: (SANTOS 2013).

Para que um tiristor conduza e necessário que se aplique uma corrente no


gatilho, gerada pela diferença de potencial entre o gatilho e o catodo, quando
a tensão entre anodo-catodo for positiva. A partir do momento que o tiristor está no
estado ligado, não e necessário manter um sinal no gatilho para que haja corrente
entre o anodo e o catodo. Os tiristores são desligados somente quando a corrente
no anodo for interrompida ou menor que certo valor, chamado de corrente de
manutenção (HART, 2012).
Segundo (JÚNIOR, 2005), pode-se destacar algumas características dos
tiristores:

 São chaves estáticas biestáveis, ou seja, trabalham em dois


estados: não condução e condução, com a possibilidade de
controle da entrada em condução;
 Em muitas aplicações podem ser modelados como chaves ideais,
mas há limitações no uso deste modelo na prática;
 São semicondutores de silício. O silício é empregado devido a sua
alta capacidade de potência e capacidade de suportar altas
temperaturas;
16

 Possuem resistência elétrica variável com a temperatura;


 São aplicados em fontes de tensão reguladas, controles de motores
e relés, Choppers (variadores de tensão CC), Inversores CC-CA,
Ciclo-conversores (variadores de frequência), carregadores de
baterias, circuitos de proteção, controles de iluminação,
aquecedores e de fase, entre outras.

2.3 MODELO IDEAL DO TIRISTOR

No modelo ideal, mostrado na figura 2, desde que não haja sinal de


disparo no gatilho, o tiristor ´e capaz de bloquear altos valores de tensão
reversa e direta. Quando acionado pelo gatilho, passa para o estado ligado e
funciona como um diodo ideal, ou seja, bloqueia valores altos de tensões reversas e
conduz correntes elevadas sem perdas quando polarizado diretamente.

2.3.1 Curva característica do tiristor

O modelo ideal muitas vezes não é suficiente para descrever o


comportamento do tiristor, dessa forma, é necessário considerar mais parâmetros
para sua modelagem.
A figura 3 mostra a curva característica do tiristor. Ao se aplicar uma tensão
positiva entre o anodo e o catodo, as junções J1 e J3 ficam diretamente polarizadas
e a junção J2 fica reversamente polarizada. Desta forma, o tiristor encontra-se no
estado desligado e apenas uma pequena corrente de fuga flui entre o anodo e o
catodo. Quando essa tensão direta (𝑉𝐴k) atinge o valor da tensão de ruptura direta
(𝑉𝐵O), ocorre a chamada ruptura por avalanche, promovendo o movimento
livre dos portadores de carga e consequentemente uma grande corrente entre anodo
e catodo, fazendo com que o tiristor passe para o estado ligado.
O tiristor continua no estado ligado enquanto há fluxo de portadores na junção
J2. Dessa maneira, para que o tiristor se mantenha no estado ligado é
17

necessário que a corrente de anodo esteja acima do valor conhecido como


corrente de travamento (𝐼L), caso contrario, o dispositivo desliga quando a tensão 𝑉𝐴k
for reduzida. Assim, 𝐼L é a mínima corrente de anodo para que o tiristor continue no
estado de condução imediatamente após ter sido ligado.

Figura 2: Curva ideal do tiristor.


Fonte: (AHMED, 2000).

Uma região de depleção aparece em torno de J2 caso a corrente direta de


anodo esteja abaixo da corrente de manutenção (𝐼H). Portanto, pode-se definir a
corrente de manutenção (𝐼H) como a m´mínima corrente necessária para manter o
tiristor no estado de condução. A corrente de travamento (𝐼L) é maior que a corrente
de manutenção (𝐼H).
Quando o tiristor é reversamente polarizado pela aplicação de uma tensão
positiva entre o catodo e o anodo, apenas a junção J2 está diretamente polarizada e
o tiristor entra no estado de bloqueio reverso. Uma corrente de fuga reversa flui
através do dispositivo.
Ligar o tiristor aplicando uma tensão direta maior que 𝑉𝐴k danifica o
componente, (RASHID, 1999). Por isso, usualmente o tiristor ´e ligado aplicando
uma tensão positiva entre o gatilho e o catodo e assim, desde que a corrente de
anodo seja maior que 𝐼H, o dispositivo ficará ligado ainda que o sinal de gatilho seja
removido. Esse comportamento do tiristor pode ser entendido através do modelo de
dois transistor exibido na figura 4.
18

Figura 3: Curva característica do tiristor.


Fonte: (AHMED, 2000).

(a) Estrutura Básica (b) Modelo equivalente

Figura 4: Modelo com dois transistores de um tiristor.


Fonte: (RASHID, 1999).
19

Nos transistores, a corrente de coletor (𝐼𝐶) é dada pela equação 2.1.

𝐼𝐶 = 𝛼𝐼𝐸 + 𝐼𝐶𝐵O (2.1)

(𝐼𝐸) é a corrente de emissor, (𝐼𝐶𝐵) é a corrente de fuga da junção base -


coletor e a constante 𝛼 é definida pela relação 2.2

𝛼 (2.2)

Analisando a figura 4, nota-se que a reação de corrente de anodo (𝐼𝐴) e a


corrente 𝐼𝐶 do transistor pode ser relacionada por 2.3.

𝐼 𝛼 𝐼 𝐼 (2.3)

Já para a corrente de coletor é dada pela equação 2.4.

𝐼𝐶 𝛼 𝐼 𝐼 (2.4)

Como a corrente 𝐼𝐴 é a soma das correntes 𝐼𝐶1 e 𝐼𝐶2 , tem-se a equação 2.5.

𝐼 𝐼 𝐼

=𝛼 𝐼 𝛼 𝐼 𝐼 𝐼 (25)

Ao aplicar uma corrente de gatilho 𝐼G, a corrente de catodo passa a ser


expressa pela relação 2.6.

𝐼 𝐼 𝐼 (2.6)
20

Assim, resolvendo a equação (2.5) para 𝐼𝐴 obtêm-se a equação 2.7.

𝐼 (2.7)

Por meio da equação observa-se que há um efeito regenerativo ou de


realimentação positiva, pois, 𝛼1 varia com a corrente de emissor 𝑄1, 𝐼𝐴; e 𝛼2 varia
com a corrente de emissor de 𝑄2: 𝐼K = 𝐼𝐴 + 𝐼G. Desta maneira, quando a corrente de
gatilho 𝐼G aumenta, imediatamente 𝐼𝐴 também aumenta e eleva os valores de
𝛼1 e 𝛼2, onde o aumento do valor dessas constantes aumenta ainda mais 𝐼𝐴.
Uma vez que a soma de 𝛼1 e 𝛼2 se aproxima da unidade , o denominador da
equação tende a zero, resultando em uma grande corrente de anodo e assim, o
tiristor e disparado com uma pequena corrente de gatilho.

2.3.2 Efeitos das capacitâncias

As capacitâncias das junções influenciam a curva característica do tiristor no


regime transitório. Uma vez que o tiristor esteja no estado de bloqueio, a aplicação
de uma tensão com crescimento rápido causa um grande fluxo de corrente através
das capacitâncias das junções. Se expressa a corrente na junção 2 através da
equação 2.8.

𝐶 𝑉 𝑉 𝐶 (2.8)

Portanto, se a taxa de crescimento da tensão for elevada, 2 será

ocasionando altas correntes de fuga 𝐼𝐶𝐵1 e 𝐼𝐶𝐵2. Como visto na equação 2.7,
valores elevados de 𝐼𝐶𝐵1 e 𝐼𝐶𝐵2, podem fazer com que (𝛼1 + 𝛼2) tenda a unidade,
levando ao disparo indesejado do dispositivo.
21

2.3.3 Disparo do tiristor

O tiristor é disparado quando a corrente de ânodo assume valores acima da


corrente de manutenção ( 𝐻). Além do disparo pela injeção de sinal no gatilho, o
tiristor pode ser disparado de outras formas, o que geralmente é indesejado, pois
pode danificar o dispositivo.

 Disparo por sobretensão: Se a tensão direta entre o anodo e catodo


assumir valores acima da tensão de ruptura direta, 𝑉𝐵O, o tiristor é disparado
mesmo sem a aplicação de corrente no gatilho. Na prática, esse método de
disparo é raramente utilizado, pois pode levar a destruição do componente.
 Disparo por variação de tensão: Pode haver o efeito de cargas ou
descargas entre as junções, fazendo com que circule corrente no ânodo
mesmo com a ausência de sinal de disparo gatilho. Esse disparo
normalmente é indesejado e é evitado utilizando um circuito Snubber.
 Sobretemperatura: O aumento de temperatura pode aumentar a corrente de
fuga no tiristor, o que pode levar o denominador da equação 2.7 tender a
zero, causando assim o disparo. Este tipo de disparo deve ser evitado, pois
danifica o dispositivo.
 Incidências de Luz ou radiação: O tiristor pode entrar em condução caso
seja permitida a entrada de luz ou radiação no dispositivo. Um dispositivo
chamado LASCR, faz uso dessa propriedade, permitindo o disparo por luz e
pelo gatilho.
 Disparo por corrente no gatilho: Quando o tiristor está diretamente
polarizado, o disparo pode ser feito pela injeção de corrente no gatilho, a qual
é a gerada através da aplicação de tensão entre o gatilho e o catodo. Quanto
maior a corrente no gatilho, menor será a tensão de bloqueio direto como se
pode ver na figura 5.
22

Figura 5: Efeitos da corrente no gatilho na tensão de bloqueio.


Fonte: (RASHID, 1999).

3 CONVERSORES CONTROLADOS

3.1 RETIFICADORES

Um retificador é um circuito que converte tensão alternada em tensão


contínua. Classificam-se os retificadores através do numero de fases da rede de
alimentação (monofásico, trifásico, hexafásico, etc.); da capacidade de ajustar a
tensão de saída (controlado, não controlado ou semicontrolado); e por meio da
configuração dos dispositivos retificadores (meia onda, ponte completa).

3.1.1 Retificador controlado de meia onda com carga resistiva pura

O circuito de um retificador controlado de meia-onda com carga resistiva pura


é demonstrado na figura 6a. Durante o semiciclo positivo da tensão de alimentação,
o SCR estará diretamente polarizado e conduz se o pulso de acionamento for
aplicado ao gatilho (Gate). O período que vai de 0 a t0, na figura 6b, representa o
tempo no semiciclo positivo quando o SCR está bloqueado e durante o período t0 a
23

π o SCR conduz. O SCR estando habilitada em t0, uma corrente fluirá na carga e a
tensão de saída v0 será igual à tensão de entrada. No tempo t = π, a corrente cai
naturalmente à zero, uma vez que o SCR estará inversamente polarizado. Durante o
semiciclo negativo, o dispositivo bloqueará o fluxo de corrente e não haverá tensão
na carga. O SCR ficará desabilitado até que um novo pulso seja aplicado novamente
no gatilho em t0 + 2π. O ângulo mensurado em (Graus) é chamado, ângulo de
disparo ou ângulo de retardo (α), esse ângulo é denominado ângulo de condução
(θ), (BARBI, 2005). Portanto, conclui-se que a partir da variação do ângulo de
disparo, varia-se a tensão na carga. A tensão média na carga pode ser calculada
pela seguinte expressão (3.1):

(3.1)

Onde: Vm = Tensão de Pico


Vomed = Tensão média na carga

Figura 6 a: Retificador monofásico de meia onda, carga resistiva.


FONTE: (AHMED, 2000, p. 183).
24

Figura 6b: Formas de onda para retificador meia onda, carga resistiva.
FONTE: (AHMED, 2000, p. 183).

3.1.2 Retificador controlado de meia onda com carga indutiva (RL)

Um retificador de meia-onda com uma carga RL é mostrado na figura 7a. O


SCR é acionado com um ângulo de disparo igual a α, mas a corrente na carga
aumentará aos poucos, pois a indutância forçará a corrente a se atrasar em relação
à tensão. Sendo a tensão na carga (v0) positiva, o SCR estará polarizado
diretamente e o indutor irá reter energia. Sendo a tensão negativa, o SCR estará
inversamente polarizado e neste momento a energia armazenada no campo
magnético do indutor retornará e irá manter uma corrente direta sobre a carga. A
corrente flui sobre a carga até β (denominado ângulo de extinção), quando então o
SCR será bloqueado, sendo assim, no intervalo π+β a tensão na carga assume
valores negativos, (AHMED, 2000). As formas de onda para tensão e corrente de
saída são representadas na figura 7b. A tensão média na carga pode ser calculada
pela seguinte expressão (3.2).
25

𝑉 (3.2)

Onde: Vm = Tensão de Pico


Vomed = Tensão média na carga
β = Ângulo de extinção
α = Ângulo de disparo

O ângulo de extinção pode ser calculado pela seguinte expressão (3.3),


(BARBI, 2005).

𝛼 (3.3)

E pela seguinte expressão (3.4), (BARBI, 2005).

(3.4)

Mas além das equações acima citadas, existe outro método para encontrar o
valor do ângulo de extinção, que é pelo ábaco de Pushlowski, (BARBI, 2005).

Figura 7a: Retificador monofásico de meia onda, carga (RL).


FONTE: (AHMED, 2000, p. 188).
26

Figura 7b: Formas de onda para retificador meia onda, carga (RL).
FONTE: (AHMED, 2000, p. 183).

3.1.3 Retificador controlado de meia onda com diodo de circulação

Para cortar a porção negativa da tensão de saída retirando a dependência


entre a carga e o ângulo de extinção usa-se um diodo de retorno, como se pode
observar nas figuras 8a e 8b. O SCR fica bloqueado nos intervalos de 0 a α até o
momento em que é enviado pulsos no gatilho do SCR. Durante o intervalo α a π a
tensão na carga é a mesma da fonte, com o indutor armazenando energia. No
semiciclo negativo o SCR é bloqueado e o diodo de retorno é polarizado
diretamente, permitindo que haja um caminho para a energia armazenada no
indutor, porém, a corrente que circula pelo diodo decai exponencialmente e a tensão
na carga continua nula.
27

Este circuito opera em um sistema conhecido como condução descontínua,


mas isso caso o valor do ângulo de disparo seja muito elevado ou a constante seja

muito pequena, fazendo com que a corrente se anule antes do próximo disparo,
(BARBI, 2005). Sendo assim, pode-se calcular a tensão na carga pela seguinte
expressão (3.5).

𝑉 𝛼 (3.5)

Figura 8a: Retificador monofásico de meia onda, carga (RL) com diodo de circulação.
FONTE: (AHMED, 2000, p. 189).
28

Figura 8b: Formas de onda para retificador meia onda, carga (RL).
FONTE: (AHMED, 2000, p. 189).

3.1.4 Retificador monofásico controlado onda completa com terminal central e


carga resistiva pura.

O circuito de um retificador monofásico controlado com terminal central e


carga resistiva é encontrado na figura 9a. O controle de fase, tanto da parte positiva
como da negativa da alimentação AC, agora é possível, o que aumenta a tensão DC
e reduz a ondulação quando comparado com os retificadores de meia-onda.
Durante o ciclo semiciclo positivo da tensão de entrada, o SCR1 fica
diretamente polarizado. Se for aplicado um sinal no gatilho em α, o SCR1 ficará
habilitado. A tensão de saída (v0) seguirá a tensão de entrada. A corrente na carga
tem a mesma forma de onda da tensão na carga. Em π, quando a corrente se tornar
29

nula, o SCR1 passará, de maneira natural, para o estado desligado. Durante o


semiciclo negativo, o SCR2 ficará diretamente polarizado. O SCR2 será disparado
somente em (π + α). A tensão de entrada será seguida mais uma vez pela tensão de
saída. Em 2π a corrente que passa pelo SCR2 cai a zero, neste momento o
dispositivo passará para o estado desligado. O SCR1 será acionado novamente em
(2π + α) e o SCR2 em (3π + α). É desta maneira que o ciclo se repetirá, (BARBI,
2005). As formas de onda resultantes de tensão e corrente são apresentadas na
figura 9b.

Figura 9a: Retificador monofásico de onda completa com terminal central.


FONTE: (AHMED, 2000, p. 190).

Figura 9b: Formas de onda.


FONTE: (AHMED, 2000, p. 191).
30

3.1.5 Retificador monofásico controlado onda completa com terminal central e


carga indutiva (RL).

As formas de onda para tensão e corrente quando a carga indutiva presente


no circuito é altíssima, de tal maneira que a corrente na carga seja sempre contínua
é apresentada na figura 10.
O período de condução de SCR1 é de 180º, de α a (π +α) e sua tensão na
carga segue a tensão de entrada. No instante (π +α), o SCR1 é desligado (uma vez
que a tensão de alimentação aparece de imediato e aplica uma polarização
inversa) e o SCR2 é disparado. O período de condução do SCR2 é de 180º,
iniciando em (π +α) e terminando em (2π +α). Durante este período o SCR 2 fornece
potência à carga. A tensão de saída estará em seu máximo positivo quando α = 0º,
será zero quando α = 90º e estará em seu máximo negativo em α = 180º, (BARBI,
2005).

Figura 10: Formas de onda


FONTE: (AHMED, 2000, p. 192).
31

3.1.6 Retificador monofásico controlado onda completa com terminal central e


diodo de circulação.

O acréscimo de um diodo de retorno ligado em paralelo com a carga indutiva


(circuito apresentado na figura 11a) irá alterar as formas de onda de corrente e
tensão da figura 11b. No circuito citado a tensão na carga tende a ser negativo,
desta maneira, o FWD fica diretamente polarizado e entra em condução. Assim
sendo, a tensão na carga fica estacionada em zero volt. A corrente quase constante
(quase plana) na carga é mantida pela corrente de retorno que passa pelo diodo,
(BARBI, 2005).

Figura 11a: Retificador de onda completa, terminal central com diodo de circulação.
FONTE: (AHMED, 2000, p. 200).
32

Figura 11b: Formas de onda


FONTE: (AHMED, 2000, p. 200).

3.1.7 Retificador monofásico controlado de onda completa em ponte com


carga resistiva pura.

O circuito e as formas de onda de um retificador monofásico controlado de


onda completa em ponte com carga resistiva é demonstrado nas figuras 12a e 12b.
No circuito em questão, o SCR1 e o SCR4 disparam em 𝜔 = α, fazendo com que a
tensão de saída acompanhe a tensão de entrada decaindo até a zero em 𝜔 = π,
exatamente no momento em que o SCR1 e o SCR4 são desabilitados. Já o SCR2 e
o SCR3 são disparados no semiciclo negativo, em 𝜔 = π + α. Ambos SCR’s (2 e 3 ),
contribuem para que a tensão na carga seja sempre positiva. A tensão na carga
pode ser calculada pela seguinte expressão (3.6), como também se pode calcular a
tensão RMS pela expressão (3.7), (BARBI, 2005).

𝑉 𝛼 (3.6)
33

𝑉 √ (3.7)

Figura 12a: Retificador de onda completa em ponte.


FONTE: (AHMED, 2000, p. 201).

Figura 12b: Formas de onda.


FONTE: (AHMED, 2000).
34

3.1.8 Retificador monofásico controlado de onda completa em ponte com carga


indutiva (RL).

O circuito e as formas de onda de um retificador monofásico controlado de


onda completa em ponte com carga (RL) é demonstrado nas figuras 13a e 13b. O
SCR1 e o SCR4 são disparados em 𝜔 = α, dessa forma a tensão de saída passa a
ser a mesma que da entrada, mas devido à carga ser indutiva a corrente se atrasa
em relação à tensão fluindo até 𝜔 = β, exatamente no momento em que os SCR’s
são desabilitados, (BARBI, 2005).

Figura 13a: Retificador de onda completa em ponte carga (RL).


FONTE: (AHMED, 2000, p. 2004).
35

Figura 13b: Formas de onda


FONTE: (AHMED, 2000, p. 201).

Já os SCR’s (2 e 3) são disparados em 𝜔 = β + π, posteriormente são


desabilitados no momento que a corrente na carga é inexistente, ocorrendo em 𝜔 =
β + 2π.
Anteriormente, no retificador controlado de meia onda, a tensão de saída é
dependente do ângulo de extinção β e o mesmo ocorre com o retificador controlado
de onda completa como podemos ver na seguinte expressão (3.8).

𝑉 𝛼 (3.8)
36

Independentemente do valor do ângulo de disparo o valor da tensão de saída


RMS é constante, e equivalente ao valor da tensão RMS de entrada se a corrente de
saída for contínua, e pode ser definida pela seguinte expressão (3.9).

𝑉 √ ∫ 𝑉 𝜔 𝜔 (3.9)

O valor do ângulo de extinção pode ser calculado pela seguinte expressão


(3.10) ou através do ábaco de Puschowski, (BARBI, 2005).

𝛼 (3.10)

E pela seguinte expressão (3.11), (BARBI, 2005).

(3.11)

Esse sistema opera tanto em modo contínuo como no modo descontínuo.


Quando o valor da indutância for baixo e o ângulo de disparo for mantido alto, a
corrente consequentemente se anulará antes do próximo SCR ser disparado. Assim,
existe um período em que nenhum SCR está habilitado e o retificador trabalha em
modo descontínuo. Já em casos que o valor da indutância é alto e o valor do ângulo
de disparo é baixo, a corrente na carga não se anula antes do próximo disparo dos
SCR, fazendo com que o retificador trabalhe em modo contínuo. A figura 13c
demonstra um retificador trabalhando em modo contínuo.
37

Figura 13c: Formas de onda


FONTE: (AHMED, 2000, p. 205).

3.1.9 Com diodo de circulação

Caso um diodo seja adicionado ao circuito em paralelo com a carga, o modelo


poderá operar apenas como retificador, pois o diodo não permitirá o aparecimento
de valores negativos de v0 na carga. Podemos observar na figura 14a, o acréscimo
do diodo de retorno (D) no circuito do retificador em ponte. A inclusão do diodo de
retorno possibilita um novo caminho para o fluxo de corrente na carga. Neste
momento existem três caminhos possíveis: SCR1 e SCR4, SCR2 e SCR3 e o novo
caminho, através do diodo D, (BARBI, 2005).
38

Figura 14a: Retificador de onda completa em ponte com diodo de circulação.


FONTE: (AHMED, 2000, p. 209).

No momento em que os valores de v0 se tornarem negativos, o diodo D estará


diretamente polarizado e a tensão fornecida à carga será zero. Desta maneira, as
porções negativas de v0 na figura 8c serão substituídas por v0 = 0, como podemos
ver na figura 14b.

Figura 14b: Formas de onda


FONTE: (AHMED, 2000, p. 210).
39

Durante esse intervalo, a corrente na carga se dá através de D e as correntes


no SCR e a corrente da fonte são nulas. Então podemos deduzir que SCR 1 e SCR4
em série, estão inversamente polarizados e passam para o estado desligado.
Sabemos que SCR2 e SCR3 já estão desligados, pois vs é negativa. È desta forma
que a corrente na carga, é transferida para o diodo de retorno.
40

4 CONTROLE UTILIZANDO TCA-785

4.1 INTRODUÇÃO AO CI TCA-785

Com a evolução tecnológica ocorrida no período entre décadas de 70 e 80, e


coma necessidade de redução de espaço físico ocupado pelos dispositivos de
disparo de chaves estáticas, foi criado um circuito integrado capaz de satisfazer a
maioria das aplicações industriais no ramo de eletrônica de potência e controle de
potência.
Este circuito eletrônico foi batizado com o apelido de TCA 780 e o seu
sucessor de TCA 785. Trata-se de um circuito integrado analógico monolítico,
desenvolvido para controlar o ângulo de disparo de tiristores, triac’s, e transistores
continuamente entre 0º e 180º. O ponto de chaveamento é regulado por alguns
componentes ligados externamente aos seus pinos que permitirão um grande
número de opções de funcionamento, em espaço reduzido. Dentre as principais
características, destacam-se:

 Largo campo de aplicações devido à possibilidade de controle


externo;
 Operação em circuitos trifásicos empregando 3 CI’s;
 Compatível com LSL – (lógica digital de elevada imunidade a
ruídos);
 Duração de pulso de disparo controlado por apenas um
capacitor externo;
 Detecção de passagem de tensão por 0 volts;
 Indicado para aplicação de conversores tensão – frequência
(VCO);
 Possibilidade de inibição de pulsos de disparo;
41

4.1.1 Diagrama elétrico e pinagem do TCA 785.

Figura 15: Diagrama de blocos TCA785


FONTE: (ALMEIDA, 2013, p. 110).

Tabela 1: Pinagem TCA785


FONTE: (SIEMENS, 2005).

Pino Função
1 O V - Terra.
2 Saída complementar de Q2 – coletor aberto Imáx. 1,5 mA.
3 Saída QU - coletor aberto.
4 Saída complementar de Q1 - coletor aberto Imáx. 1,5 mA.
5 Detector de zero para sincronização.
6 Inibidor de disparo – levando a 0 V.
7 Saída QZ- soma lógica NOR de A1 e A2
8 Tensão estabilizada interna – 3,1 V.
9 RR – controla a corrente de carga de cp (20 k ≤Rp ≤500K).
10 CR – capacitor de formação da rampa (Cp ≤ 500 nF).
11 Tensão de controle – é comparada à tensão da rampa.
12 Capacitor de controle da largura do pulso de disparo (+ 500 μs/nF).
13 Comutação para pulso longo dos pinos 2 e 4 comuta com 0 V.
14 Saída Q1 – semiciclo negativo – seguidor de emissor – Imáx. 55 mA.
15 Saída Q2 – semiciclo positivo – seguidor de emissor – Imáx. 55 mA.
16 Alimentação – 8 V ≤ Vcc ≤ 18 V.
42

4.1.2 Análise interna e funcionamento.

O circuito interno será explicado apenas para fixar o conceito do disparo por
pulsos. Além disso, o conhecimento de como o TCA 785 funciona, ajudará a
entender os circuitos de disparo e como projetá-los. A figura 10 mostra uma parte do
diagrama de blocos do TCA785.

Figura 16: Detalhe parcial do TCA785


FONTE: (ALMEIDA, 2013, p. 111).

Todo circuito de disparo, em retificadores controlados, deve ser sincronizado


com a rede, ou ocorrerá o disparo aleatório dos tiristores, uma vez que cada pulso
será aplicado em um instante diferente, que não está relacionado com a tensão da
rede. Um ponto de referência para sincronismo é a passagem da rede por zero. Isto
ocorre cada 8,33ms aproximadamente para redes de 60Hz. No TCA 785, existe um
detector de passagem por zero, que gera um pulso de sincronismo toda vez que a
tensão da rede passa por zero. A amostra do sinal da rede C.A de sincronismo é
recebido no pino 5. Esta amostra é obtida através de um Circuito Ceifador (um
resistor em série com dois diodos contrapostos em paralelo), como mostra a figura
17a, (ALMEIDA, 2014).
43

Figura 17a: Circuito de conexão das referencias de sincronismo


FONTE: (ALMEIDA, 2013, p. 111).

O sinal no pino 5 tem uma forma de onda próxima a uma onda quadrada,
com amplitude que variam de +0,7Vp até -0,7Vp e a passagem por 0V tanto na
borda de subida como na de descida determinará o início da rampa, como pode-se
ver na figura 17b.

Figura 17b: Referência detector passagem por zero


FONTE: (ALMEIDA, 2013, p. 112).

A fonte de alimentação para os circuitos internos é de 3,1V, regulada pelo


próprio TCA785, a partir da tensão de alimentação do circuito integrado (Vs). Isto
permite que o CI possa ser alimentado com diversos níveis de tensão (8V ≤ Vs ≤
44

18V). A tensão de 3,1V que é disponível externamente no pino 8, podendo ser


filtrada (por C8) para reduzir a ondulação e também pode ser utilizada para alimentar
um potenciômetro da tensão de controle (potenciômetro que varia o ângulo de
disparo), valor de tensão que é fornecida ao pino 11.
A base de sincronismo é um gerador de rampa, cuja característica é ajustada por
RR e CR, nos pinos 9 e 10. O gerador de rampa fornece uma tensão que varia
linearmente com o tempo. Ou seja, a tensão dobra se o intervalo de tempo dobrar.
Em outras palavras, a tensão cresce proporcionalmente ao aumento do tempo,
como se vê, no exemplo.

Figura 18: Saída do gerador de rampa


FONTE: (ALMEIDA, 2013, p. 112).

Pelo gráfico da figura 18, quando a variação de tempo for de 0,1s (por
exemplo, de 0s a 0,1s ou de 0,2s a 0,3s), a variação de tensão será sempre a
mesma (0,1V). No TCA785, ocorre justamente o descrito acima. O capacitor C R é
carregado linearmente através de uma fonte de corrente constante, cujo valor pode
ser controlado por RR, segundo a expressão (4.1), (SIEMENS, 2005).
45

𝐼 (4.1)

Sendo: K = 1,1 e VCCint = 3,1V

Os valores mínimo e máximo de ICR, respectivamente, 10µA e 1000µA, devem


ser observados. O mesmo ocorre com RR, que deve estar entre 3kΩ e 300kΩ e em
série com o mesmo geralmente existe um trimpot que permite regular a inclinação da
rampa, nos permitindo ajustar a amplitude da rampa entre seus valores máximos e
mínimos. Um valor desejável para essa calibração é que o mesmo seja igual à faixa
de ajuste da tensão de controle do pino 11.
Portanto, a tensão VCR da rampa, no capacitor CR, cresce linearmente com o
tempo, conforme a expressão (4.2).

𝑉 (4.2)

Para o correto funcionamento do circuito, devem ser considerados os valores


mínimo e máximo de CR, respectivamente, 500pF e 1µF. Um valor elevado de CR
tornaria a descarga do mesmo muito lento, comprometendo o novo ciclo de carga e
consequentemente, o sincronismo do disparo. A tensão da rampa VCR é comparada
com a tensão de controle VC, no pino 11 do TCA785.

Figura 19a: Conexão dos terminais do comparador


FONTE: (ALMEIDA, 2013, p. 114).
46

Figura 19b: Comportamento do sinal do comparador


FONTE: (ALMEIDA, 2013, p. 114).

No instante t0, correspondente ao ângulo de disparo α em relação ao sinal da


rede, quando as tensões se igualarem (VCR = VC), a mudança de estado na saída VD
do bloco A1 (Comparador de Disparo), indicará ao bloco Lógico de Formação de
Pulsos, que um pulso de disparo deve ser acoplado a uma de suas saídas. O
Comparador de Disparo é nada mais e nada menos que um amplificador operacional
que se baseia em um amplificador diferencial que opera em malha aberta, com um
ganho em torno de 106, portanto qualquer diferença de tensão na entrada do mesmo
levará a saída à saturação.
A tensão da rampa VCR está limitada a (VS – 2) V, ou seja, 2V abaixo da
tensão de alimentação. O capacitor continua a se carregar até que, no próximo
cruzamento por zero, o Detector de Passagem por Zero informe o evento ao
Registrador de Sincronismo. Este registrador irá gerar um pulso de sincronismo que
saturará T1. Com T1 saturado, o capacitor do pino 10 (CR) irá descarregar
rapidamente, reduzindo o valor de tensão da rampa do valor máximo para zero. A
informação de passagem por zero só é liberada após a descarga de CR, que é
monitorada pelo bloco A2 (Monitor de Descarga de CR), que avisa ao registrador de
sincronismo e o mesmo inibe o transistor de descarga, assim o processo de carga
do capacitor se reinicia automaticamente a fim de gerar uma nova rampa. O TCA785
47

possui uma saída Q1(pino14) e Q2(pino 15) defasadas em 180º. Enquanto Q1 serve
para disparar um SCR no semiciclo positivo, Q2 pode ser usada para disparar um
segundo SCR no semiciclo negativo. Com as informações dos circuitos anteriores, o
bloco Lógico de Formação dos Pulsos encarrega-se de colocar nas saídas a forma
de pulso selecionada. A duração dos pulsos depende de C12 e do coeficiente β,
conforme a tabela abaixo.

Tabela 2: Relação entre C12 e o coeficiente β


FONTE: (ALMEIDA, 2013, p. 115).

C12 Aberto 150pF 220pF 330pF 680pF 1000PF Curto


β=620µs/nF 30µs 93µs 136µs 205µs 422µs 620µs 180° - ∞

Com o pino 12 aberto, assim que a rampa se igualar à tensão de controle


(pino11), será acoplado um pulso de duração β = 30µs na saída Q2 (pino 15), se a
tensão da rede estiver no semiciclo positivo. Caso a tensão da rede esteja no
semiciclo negativo, o pulso será acoplado na saída Q1 (pino14). Se o pino 12 estiver
em curto-circuito com o terra, a largura dos pulsos será fixa, estendendo-se do
instante do disparo até o início do próximo semiciclo. Com isso, consegue-se um
pulso longo, de duração 180º - α, que é utilizado para garantir o disparo do tiristor
em aplicações com carga indutiva. Para cada valor de C12 mostrado na tabela, têm-
se pulsos com outras durações, dadas pelo parâmetro β. A figura seguinte mostra a
formação dos pulsos em duas opções de duração dos mesmos.
48

Figura 20: Comportamento dos pulsos para o pino 12.


FONTE: (ALMEIDA, 2013, p. 116).

O TCA785 tem outras opções para os pulsos de saída. As saídas Q 1 (pino 4) e


Q2 (pino 2) são complementares (com sinal lógico invertido) em relação às saídas Q1
(pino 14) Q2 (pino 15), respectivamente. A figura 21a mostra os pulsos Q1, Q2 e os
seus complementares
49

Figura 21a: Comportamento dos pulsos para os pinos 15, 14,2 e 4.


FONTE: (ALMEIDA, 2013, p. 119).

são saídas em coletor aberto, ou seja, com transistores internos que


recebem sinais nas suas respectivas bases, mas que só conduzirão quando
polarizados corretamente, através dos resistores externos R2 e R4, como no circuito
da figura 21b.

Figura 21b: Conexão dos terminais de saída dos pinos 2 e 4.


FONTE: (ALMEIDA, 2013, p. 117).
50

Os valores de R2 e R4 devem ser corretamente calculados, levando-se em


conta que a corrente máxima de saída nos coletores dos transistores é de 10mA. O
aterramento do pino 13 resulta em pulsos de longa duração (180º - ∞) nas saídas
, de modo semelhante ao que ocorre com o pino 12 para as saídas Q1 e Q2.
Existem, ainda duas saídas auxiliares QU (pino 3) e QZ (pino 7), também em coletor
aberto.
A saída QU é análoga à saída Q1, diferindo apenas pelo fato de que, em QU a
duração do pulso é constante e igual a 180º (8,33ms em 60Hz). A saída QZ é igual a
uma associação lógica NOR das saídas Q1 e Q2, sendo útil no disparo de Triac’s. Na
figura 22 estão ilustradas as formas de onda das saídas QU e QZ.

Figura 22: Formas de onda das saídas para os pinos 3 e 7.


FONTE: (ALMEIDA, 2013, p. 120).

Uma opção muito importante no TCA785 é a possibilidade de bloqueio das


saídas. As saídas estarão liberadas apenas se o pino 6 tiver tensão superior à 4V.
Por outro lado, estará garantido o bloqueio dos pulsos se a tensão no pino 6 for
inferior a 2,5V. Quando há defeito em um equipamento que use tiristores, ou no
51

sistema por ele controlado, é muitas vezes interessante bloquear o funcionamento


dos tiristores. A ideia é que um alarme, que indique uma condição defeituosa, possa
atuar no pino 6 do TCA785, evitando causar maiores danos ao equipamento ou ao
sistema.
A condição de bloqueio no pino 6 pode ser feita com uma chave de operação
manual, comum contato de relê ou ainda, usando a saída de um transistor NPN.

Figura 23: Circuito de ligação do pino 6 para sistema de bloquio do TCA785


FONTE: (ALMEIDA, 2013, p. 121).

Enquanto não chegar nenhum sinal de bloqueio, o transistor permanece


cortado, fazendo com que a tensão no pino 6 seja de 5V, deixando as saídas do
TCA785 liberadas. Com o sinal de bloqueio, o transistor satura e a tensão no pino 6
cai abaixo de 2,5V, bloqueando as saídas do TCA785. Para que o circuito satisfaça
essas condições é necessário utilizar as seguintes expressões (4.3), (4.4) e (4.5).

𝐼𝐵 (4.3)

𝐼 𝐼𝐵 (4.4)

𝐶 (4.5)
52

4.1.3 Acoplamento magnético

Não é apropriado que as saídas dos pulsos de disparos dos pinos 14 e 15 do


TCA785 sejam ligadas diretamente aos Gates dos tiristores, portanto utilizam-se
transformadores de pulso, provendo uma isolação galvânica entre o circuito de
disparo e o circuito de potência, o qual pode estar manipulando mesmo correntes de
até centenas de amperes, tendo-se assim um acoplamento indutivo. Os
transformadores garantem a isolação de dois ou mais enrolamentos com relação de
1:1. Nos transformadores podem-se utilizar núcleos toroidais de ferrite, em que o
mesmo reduz a dispersão do campo magnético como podemos visualizar na figura
24.

Figura 24: Campo magnético em um núcleo EE e em um núcleo toroidal.


FONTE: (SANTOS, 2009).

4.1.4 Circuitos de disparo com acoplamento magnético

Um dos principais requisitos é o acoplamento entre os enrolamentos primário


e secundário, sendo assim necessário que o tempo de subida do pulso de saída não
seja reduzido pelo transformador assim como o tempo de descida.
53

Figura 25a: Relação de transformação de tensão.


FONTE: JOÃO A. NEVES: Eletrônica Industrial.

Sendo assim, existem duas constantes de tempo. A primeira é referente à


subida do potencial L2/R2, onde L2 é a indutância de dispersão refletida no primário e
R2 a resistência total do circuito secundário. Más vale lembrar que devemos reduzir
ao máximo o valor de L2 para que 𝐼 seja máximo.
Já a segunda constante, é referente à descida do potencial L M/R1, onde LM é a
indutância de magnetização do primário e R1 a resistência. Essa constante é
caracterizada por ter a capacidade de transmitir sinais de longa duração.
Para dimensionar o circuito magnético do transformador devemos nos basear na
formula a seguir:

𝑉 (4.6)

Onde: V = Tensão do primário


t = Tempo de duração do sinal
n1 = Número de espiras do primário
Ø = Fluxo magnético (limitado pelo material utilizado)
54

Na necessidade de um sinal de longa duração (~1ms), n1. Ø é maior, o que


tornará os valores de LM e L2 elevados. Consequentemente o transformador para
sinais longos será maior e o seu tempo de subida menos apropriado.
Para um transformador com valores fixos de n1 e Ø, aumenta-se a duração do sinal
adicionando um resistor no primário do transformador para reduzir a tensão.
Uma segunda alternativa para sinais longos é colocar um capacitor na base
do transistor para amortecer as bordas do pulso de entrega ao primário do
transformador fazendo com que o pico de tensão na saída do secundário seja
menos agudo e mais longo como podemos ver na figura 25b/25c:

Figura 25b: Circuito para disparo de longa duração com capacitor.


FONTE: JOÃO A. NEVES: Eletrônica Industrial.

Figura 25c: Formas de onda.


FONTE: JOÃO A. NEVES: Eletrônica Industrial.
55

O disparo por pulsos muitas vezes é mais conveniente que por disparo CC,
pois há redução na potência dissipada na junção Gate-Cátodo e, há possibilidade de
obter isolação entre o circuito de disparo e a etapa de potência. Mas em casos de
cargas indutivas, há um intervalo entre o momento do disparo e o momento em que
o SCR entrará em condução. Consequentemente devemos manter o pulso aplicado
ao Gate por um tempo razoável, mas isso acarretará em pulsos longos tendendo a
saturar o núcleo do transformador de pulsos.
Uma terceira alternativa é o disparo por pulsos de alta frequência, esse
sistema permite que o núcleo do transformador de pulsos não seja saturado. Nesta
situação o pulso longo é transformado em um trem de pulsos de alta frequência,
conforme a figura 25d/25e:

Figura 25d: Formas do pulso desejado


FONTE: (ALMEIDA, 2013, p. 105).

Figura 25e: Formas de trem de pulso


FONTE: (ALMEIDA, 2013, p. 105).

A tensão VGD é o pulso tensão de gatilho desejada. Trata-se de uma tensão


de baixa frequência, que tende a saturar o transformador e distorcer a tensão
56

aplicada ao gatilho. A tensão VGP é uma tensão com envoltória VGD e possui alta
frequência quando há necessidade de se aplicar pulso no gatilho. Para exemplificar
este método, vejamos a figura 25f a seguir:

Figura 25f: Circuito Gerador de trem de pulso


FONTE: (ALMEIDA, 2013, p. 106).

O circuito acima utiliza o CI 555, montado na sua configuração astável que


gera um sinal de alta frequência (5 a 10 kHz) em sua saída pino 3, cujo valor
depende de R1, R2 e C1. Após passar pela porta lógica AND, o sinal é amplificado
pelo transistor e acoplado ao SCR através do transformador de pulso. O diodo D1
evita que apareçam sobre tensões no transistor, quando este cortar. Neste instante,
57

a energia armazenada no núcleo do transformador é dissipada pelo resistor de 33Ω.


No secundário do transformador, D2 retifica os pulsos, impedindo que seja aplicada
tensão negativa ao gatilho do SCR.

5 CIRCUITO PROPOSTO

5.1 INTRODUÇÃO

Após o estudo teórico dos modelos de retificadores citados anteriormente,


serão apresentados no capítulo a seguir, métodos e materiais utilizados para a
elaboração de um retificador totalmente controlado de meia onda .

5.2 ESCOLHA DO SCR (TIRISTOR)

O objetivo deste trabalho é desenvolver uma ponte retificadora controlada de


onda completa, operando em 60 HZ e com uma tensão de entrada de 220 VCA. Para
atender as especificações foi escolhido o SCR TIC 126D. Abaixo na figura 26,
mostra o encapsulamento do SCR TIC 126D e na tabela 3 estão algumas
informações retiradas da folha de dados do fabricante (LIMITED, 2001).

Figura 26: Encapsulamento TIC126D e Simbologia


FONTE: (LIMITED, 2001).
58

Tabela 3: Dados do TIC 126D


FONTE: (LIMITED, 2001).

Descrição Valor Unidade


Tensão de Ruptura Direta 400 V
Tensão de Ruptura Reversa 400 V
Corrente de Manutenção 100 mA
Corrente Típica de Disparo 5 mA
Corrente Média de Anodo Admissível 7,5 A
Degrau de Tensão Máxima (dv/dt) 400 V/µs

5.3 PROJETO DO CIRCUITO DE ACIONAMENTO

5.3.1 Dimensionamento do resistor de calibração da Rampa

Como dito anteriormente, VCRmax está limitada a (VS – 2) V e a alimentação


do circuito será de 12VCC, portanto:

𝑉𝐶 𝑉

𝑉𝐶

𝑉𝐶 𝑉𝐶𝐶

Para o Pino 10 foi escolhido um capacitor de 0.047 µF. Com esses valores e
substituindo nas expressões (13) e (12), podemos encontrar a corrente máxima de
descarga do capacitor CR e dimensionar o resistor RR para o pino 9. O período (t) da
rampa em CR é de 8,33 ms, (equivalente a ½ período de 60Hz).

𝐼𝐶

𝐼𝐶 𝐴
59

Substituindo o valor de ICRmax na expressão (12), obtemos o valor da resistência RR.

Para uma ampla faixa na calibração da rampa, foi inserido um resistor de


22KΩ(R4) em série com um potenciômetro de 100KΩ(RV2), 39,56KΩ acima do valor
calculado, como mostra a figura a 27.

Figura 27: Circuito de Disparo TCA 785


FONTE: Autoria Própria.
60

5.4 DIMENSIONAMENTO DO CIRCUITO DE ÂNGULO DE DISPARO

Através da formula a seguir (5.1), pode-se calcular a corrente que circula


através do potenciômetro (RV1), sabendo-se que a tensão máxima em (RV1) é de
10 VCC, com uma resistência de 10kΩ como mostra a figura 28.

𝑉 𝐼 (5.1)

𝐼 𝐴

Figura 28: Controle em Malha Aberta


FONTE: Autoria Própria.

Através da Lei de Kirchhoff, pode se concluir que a tensão sobre o resistor


(R2) é de 2 VCC, como demonstrado na formula (5.2).
61

𝑉𝐶𝐶 𝑉 𝑉 (5.2)

𝑉 𝑉𝐶𝐶

𝑉 𝑉𝐶𝐶 𝑉𝐶𝐶

𝑉 𝑉𝐶𝐶

Conhecendo os valores de corrente e tensão sobre R2, pode-se determinar


sua resistência através da formula (5.3).

𝑉 𝐼 (5.3)

𝑉
𝐼

Para descrever a tensão aplicada no pino 11 do TCA 785, será utilizada a


formula (5.4) do divisor de tensão.
Como a tensão aplicada no pino 11 é comparada com a rampa do pino 10,
pode-se ajustar o ângulo de disparo e a tensão de saída do retificador como
demonstra a tabela 4.

𝑉𝐶 (5.4)

Tabela 4: Saída do Retificador


FONTE: Autoria Própria.

Resistência Tensão de Ângulo de Tensão Média de


RV1 Controle Disparo Saída
10000 Ω 10 V 180° 0V
3333 Ω 7,5 V 135° 8,5 V
1428 Ω 5V 90° 23,1
526 Ω 2,5 V 45° 48,8 V
0Ω 0V 0° 57,1 V
62

6 RESUSLTADOS EXPERIMENTAIS DO PROTÓTIPO

6.1 CIRCUITO COMPLETO DO PROTÓTIPO DO RETIFICADOR

Figura 29a: Circuito completo do protótipo


FONTE: Autoria Própria.

Figura 29b: Circuito completo da fonte 12 VCC


FONTE: Autoria Própria.
63

6.2 PROTÓTIPO DO RETIFICADOR DE MEIA ONDA CONTROLADO

Para este trabalho, todo circuito foi construído em placa universal, tanto a
fonte 12 Vcc, como também o circuito de acionamento e potência, conforme mostra
a figura 30.

Figura 30: Retificador totalmente controlado utilizando CI-TCA785


FONTE: Autoria Própria.

Tabela 5: Características do Retificador Controlado


FONTE: Autoria Própria.

Descrição Valor Unid.


Tensão entrada 127 V
Frequência 60 Hz
Tensão Média Máxima 57,5 V
Corrente Média Máxima 5 A
Potência Máxima 287,5 W
64

6.3 OPERAÇÃO EM MALHA ABERTA

Foi testado o sincronismo do TCA785 (pino5), em relação à tensão da rede,


que entrega uma tensão senoidal com 180 𝑉 de pico a uma frequência de 60hz. O
teste á realizado comparando a onda de sincronismo ceifada com a tensão da rede,
como pode ser visto na figura 31. Se ambos os cruzamentos por zeros forem
coincidentes, o circuito estará em sincronia, caso contrário, o sistema apresentará
um erro no ângulo de disparo proporcional ao tempo de atraso dos cruzamentos.

Figura 31: Leitura da comparação entre a tensão de entrada e a onda no pino 5.


FONTE: Autoria Própria.

Por meio da figura 32 observamos que a rampa sobre o capacitor 𝐶1 tem


início quando ocorre o primeiro cruzamento por zero da tensão de sincronismo,
aumentando linearmente até um novo cruzamento por 0 𝑉 . A figura 33 mostra os
pulsos gerados nos dois semiciclos, defasados em180∘.
65

Figura 32: Leitura da comparação entre a rampa do capacitor C1 e a onda no pino 5.


FONTE: Autoria Própria.

Figura 33: Leitura dos pulsos de saída do CI TCA 785


FONTE: Autoria Própria.
66

Também foi testado o comportamento da rampa de sincronismo e da tensão


de controle do pino11. A excursão do sinal de controle da base da onda triangular
até o topo, indica que podemos controlar o ângulo de disparo de 0° até 180° em
relação à onda de sincronismo do pino 5. Verificamos através das figuras 34 e 35
um comportamento satisfatório do circuito, no qual a tensão no pino 10 e a tensão
no pino 11 variam de 0 𝑉 até 10 𝑉

Figura 34: Leitura da rampa de sincronismo com a tensão de controle no valor máximo.
FONTE: Autoria Própria.
67

Figura 35: Leitura rampa de sincronismo com a tensão de controle a 0 V.


FONTE: Autoria Própria.

Ao ajustarmos a tensão de referência para10 𝑉, o cruzamento com a rampa


de sincronismo, figura 36, gera um ângulo de disparo de 180° e uma tensão média
de saída de 0 𝑉 , como demonstra a figura 37.

Figura 36: Leitura rampa de sincronismo com o pulso no pino 15.


FONTE: Autoria Própria.
68

Figura 37: Leitura saída do circuito.


FONTE: Autoria Própria.

Figura 38: Leitura da tensão contínua na saída do circuito.


FONTE: Autoria Própria.
69

O mesmo procedimento foi realizado para os ângulos de disparo de 0°,


obtendo a comparação demonstrada na figura 39 com a tensão de saída média
máxima, teoricamente de 127 VCA, como visto na figura 40.

Figura 39: Leitura da rampa de sincronismo com o pulso em 0°.


FONTE: Autoria Própria.

Figura 40: Leitura da saída do circuito com ângulo de 0°.


FONTE: Autoria Própria.
70

Figura 41: Leitura da tensão contínua na saída do circuito.


FONTE: Autoria Própria.

Por fim, foi realizado um terceiro teste para tensão de controle ajustada em
metade do valor máximo da rampa de sincronismo, ou seja, tensão de controle igual
a 5 𝑉 , resultando em um ângulo de disparo de 90∘ demonstrado na figura 42. Como
relatado anteriormente, quando a rampa de sincronismo atinge o mesmo valor da
tensão de controle no pino11, é gerado um pulso no pino 15 quando a senoide da
rede está em seu semiciclo negativo e outro pulso no pino 14 quando a rede está em
seu semiciclo positivo, como podemos observar na figura 43, ocasionando na saída
um valor de tensão média de 24,0 𝑉, conforme mostra a figura 44.
71

Figura 42: Leitura da rampa de sincronismo com a tensão de controle em 5V.


FONTE: Autoria Própria.

Figura 43: Leitura da rampa de sincronismo com o pulso em 90°.


FONTE: Autoria Própria.
72

Figura 44: Leitura da saída do circuito com um ângulo de 90°.


FONTE: Autoria Própria.

Figura 45: Leitura da tensão contínua na saída do circuito.


FONTE: Autoria Própria.
73

7 CONCLUSÃO

O objetivo principal deste trabalho foi a implementação de uma fonte regulável


baseada em um retificador monofásico de meia onda com tiristor. Para esse fim,
primeiramente foi feito um estudo sobre o comportamento dos tiristores e das
diferentes configurações dos conversores CA/CC. Posteriormente, iniciou-se o
projeto dos circuitos de acionamento, potência, e controle. Após a fundamentação
teórica e o projeto dos circuitos, o próximo passo foi confecção do protótipo, a fim de
obter os resultados práticos.
O conversor operando em malha aberta alcançou desempenho satisfatório,
sendo possível o ajuste da tensão de saída através da variação do ângulo de
disparo 𝛼. No entanto, houve dificuldade na aferição do angulo 𝛼. Para melhorar o
desempenho do retificador, uma alternativa seria fazer o tratamento de ruídos e o
controle de maneira digital. De maneira geral, os objetivos deste trabalho foram
alcançados, no qual o protótipo conversor CA/CC obteve resultados condizentes
com a teoria.
74

REFERÊNCIAS

AHMED, A. Eletrônica de Potência. 1. ed. [S.l.]: Pearson Prentice Hall, 2000. V. 1.

ALMEIDA, L.A.de. Eletrônica industrial: Conceitos e aplicações com SCRS e


TRIACS. 1. ed. [S.l.]: JohnWileyeSonsInc,2014.x

BARBI, I. Eletrônica de Potência. 5. ed. [S.l.: s.n.],2005.

DIAS, B. Cérebro eletrônico. 2010. Disponível em: <http://www.osetoreletrico.com.


br/ web/a-empresa/452-cerebro-eletronico.html>.

HART, D. W. Eletrônica de Potência: análise e projetos de circuitos. 1. ed. [S.l.]:


AMGH editora, 2012.

POMILIO, J. A. Eletrônica de Potência - Cap.3. 2006. Disponível em: <http://www.


dsce.fee.unicamp.br/~antenor/pdffiles/eltpot/cap3.pdf>.

RASHID, M. H. Eletrônica de Potência: Circuitos, Dispositivos e Aplicações. 1.


ed. [S.l.]: Makron Booksl, 1999. V. 1.

SANTOS, E. Toroídes. 2009. Disponível em: <http://engenhariaeletricaa.blogspot.


com. br /2009/01/toroides.html>.

SANTOS, G. V. SCR- Retificador Controlado de silício: funcionamento básico.


2013. Disponível em: <http://eletronicaemcasa.blogspot.com.br/2013/08/ Como-
funciona-um-SCR.html>.

SIEMENS. Phase Control IC: Tca785. [S.l.], 2005. 15p.

Natale, Ferdinando; Eletrônica Industrial: Teoria e Práticas de Laboratório


Aplicada. 1ª Edição São Paulo: Érica, 1994.

LIMITED, P. I. TIC 126 SERIES: Silicon controlled rectifiers. [S.l.], 2001.6p.

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