NEUROFUNCIONAL
DO PACIENTE
NEUROLÓGICO
CRÍTICO
Elaboração
Produção
APRESENTAÇÃO....................................................................................................................................................................................... 4
INTRODUÇÃO.............................................................................................................................................................................................. 7
UNIDADE I
AVALIAÇÃO INICIAL DO PACIENTE CRÍTICO.............................................................................................................................................................. 9
CAPÍTULO 1
AVALIAÇÃO DO SISTEMA CARDIOVASCULAR E DA HEMODINÂMICA........................................................................................... 11
CAPÍTULO 2
AVALIAÇÃO DO SISTEMA PULMONAR........................................................................................................................................................ 41
CAPÍTULO 4
AVALIAÇÃO DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL..................................................................................................................................... 64
UNIDADE II
QUANTIFICAÇÃO DOS PARÂMETROS AVALIATIVOS........................................................................................................................................... 77
CAPÍTULO 1
ELETROENCEFALOGRAMA............................................................................................................................................................................. 77
CAPÍTULO 2
AVALIAÇÃO DO FLUXO CEREBRAL............................................................................................................................................................. 85
CAPÍTULO 3
OUTROS TESTES E ESCALAS FUNCIONAIS............................................................................................................................................ 97
UNIDADE III
AVALIAÇÃO DO PACIENTE COM MORTE ENCEFÁLICA...................................................................................................................................... 110
CAPÍTULO 1
APRESENTAÇÃO DA NOVA RESOLUÇÃO Nº 2.173/17......................................................................................................................... 112
CAPÍTULO 2
DIRETRIZES PARA A AVALIAÇÃO E VALIDAÇÃO DO POTENCIAL DOADOR DE ÓRGÃOS EM MORTE ENCEFÁLICA....... 122
REFERÊNCIAS....................................................................................................................................................................................... 136
APRESENTAÇÃO
Caro aluno
Conselho Editorial
4
ORGANIZAÇÃO DO CADERNO
DE ESTUDOS E PESQUISA
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto
antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para
o autor conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma
pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em
seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas
experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para
a construção de suas conclusões.
Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam
para a síntese/conclusão do assunto abordado.
5
Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa
Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/
conclusões sobre o assunto abordado.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando
o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
6
INTRODUÇÃO
A fisioterapia neurológica intensiva vem crescendo com o passar dos anos. No entanto,
é uma especialidade relativamente nova. O fisioterapeuta atua na prevenção, reabilitação
e alta do paciente. Nesse sentido, existe a necessidade de maiores habilidades para a
avaliação à beira do leito, para que uma conduta terapêutica possa ser realizada de
maneira mais assertiva, promovendo a evolução desses pacientes de um modo prático
e da maneira mais rápida possível.
Para tanto, é de extrema importância a avaliação desses pacientes, para que o fisioterapeuta
possa elaborar o plano de tratamento. Desse modo, uma avaliação criteriosa e bem
realizada evita a utilização de protocolos e técnicas desnecessárias e inadequadas,
reduzindo possíveis agravamentos. Sabemos que a realização de uma avaliação breve
e completa permite ao profissional explorar diversos órgãos e sistemas, como, por
exemplo, o sistema cardiopulmonar, tegumentar, musculoesquelético e neuromuscular.
A partir daí, o fisioterapeuta pode elaborar um plano de tratamento eficaz de acordo
com as necessidades individuais de cada paciente.
Objetivos
» Aprofundar o nosso conhecimento em relação à descrição da avaliação
inicial do paciente crítico.
Avaliação - alterações de
fisioterapêutica na UTI função: descritas
como deficiências ou
Conceitos de: disfunção.
funcionalidade e - alterações de
incapacidade em mobilidade:
saúde: limitações de
mobilidade.
Instrumentos
Função respiratória
Parâmetros de avaliação:
- ausculta respiratória; Função mental
- padrão muscular ventilatório;
- frequência respiratória;
- Escala de Ramsay;
- saturação periférica de oxigênio - Escala de RASS;
(SpO2); - escala de coma de
- força muscular respiratória; Glasgow;
- Pico de Fluxo Expiratório (PFE) e - escalas para avaliação da
Pico de Fluxo de Ttosse (PFT); presença de delirium.
- Capacidade Vital (CV).
Função cardiovascular
9
CAPÍTULO 1
Avaliação do Sistema Cardiovascular
e da Hemodinâmica
Avaliação cardiovascular
Antes de iniciarmos o nosso estudo, é importante relembrar alguns aspectos importantes
do sistema cardiovascular. A função cardiovascular é definida pela capacidade que esse
sistema apresenta para suprir todas as necessidades metabólicas de todos os tecidos e
órgãos do nosso corpo, impedindo que ocorra algum desequilíbrio entre a oferta e o
consumo de oxigênio. Nesse sentido, casos em que o consumo de oxigênio torna-se
maior que a oferta, o paciente entra em anaerobiose, levando ao risco de morte.
11
Unidade I | AVALIAÇÃO INICIAL DO PACIENTE CRÍTICO
Nessa etapa, devem ser coletados todos os detalhes sobre os sintomas do paciente e
avaliados todos os sinais por ele apresentados, visando a elaboração de uma conduta
terapêutica eficaz que atenda às necessidades do paciente.
Figura 2. Esquema de avaliação realizada com o paciente em repouso, destacando o momento da avaliação inicial e diária,
com os principais objetivos de cada uma delas.
Avaliação em repouso
Exame físico
O exame físico é de fundamental importância para a avaliação e deve ser realizado de
maneira bem completa, considerando os fatores mais relevantes no paciente. Esse exame
é a associação e observação de dados referentes à doença de cada paciente, estando
relacionada ao tipo de tórax, padrões respiratórios, sedação, orientação temporal e
espacial do paciente, bem como aos sinais clínicos que o paciente apresenta. Além
disso, o exame físico deve seguir uma sequência, para que não passe despercebido
12
AVALIAÇÃO INICIAL DO PACIENTE CRÍTICO | Unidade I
Avaliação das estruturas em geral Cabeça, ouvido, olhos, nariz, garganta, pescoço, tórax, abdome
Nesse sentido, o exame físico geral de um paciente crítico necessita de uma observação
ampla e bem criteriosa que deve ser realizada pelo fisioterapeuta. Esse exame é
subdividido em inspeção estática e inspeção dinâmica. Dessa maneira, vamos nos
aprofundar nesses dois subtipos de inspeção.
Inspeção estática
A inspeção estática deve ser iniciada pela observação dos membros inferiores (MMII).
Começando pelos pés, o fisioteraputa deve se atentar ao aspecto das unhas, observando
se elas estão quebradiças e se apresentam alterações de coloração. Esses aspectos devem
ser observados, pois podem ser indicativos de algumas patologias. Por exemplo, unhas
frágeis e quebradiças podem indicar uma insuficiência vascular periférica, que ocorre na
presença de doenças como vasculopatia diabética, arterosclerose obliterante periférica
entre outras. Além disso, a coloração azulada ou arroxeada das unhas pode apontar
13
Unidade I | AVALIAÇÃO INICIAL DO PACIENTE CRÍTICO
uma alteração na circulação, denominada cianose periférica, que ocorre pela extração
insuficiente de oxigênio pelos tecidos (PASCHOAL, 2010, p. 79).
Outro local que deve ser bem observado durante a inspeção é a região dos meléolos.
Pacientes com insuficiência cardíaca associada a alterações do retorno venoso podem
apresentar edemas nessa região. Isso ocorre por se tratar de uma região mais distal em
relação ao coração, que é submetida a pressões elevadas. Ainda, se os edemas estiverem
relacionados a fatores cardíacos, comumente são apresentados bilateralmente.
O recurso da palpação também pode ser utilizado pelo fisioterapeuta para identificar a
presença de edemas que não estão evidentes durante a inspeção. No caso dos edemas,
deve se apertar a região com o polegar e retirar rapidamente. Deve-se observar o tempo
que a região comprimida demora para voltar ao seu estado inicial. Caso demore um
certo tempo para voltar, é indicativo da presença de edema na região (PASCHOAL,
2010, p. 79).
Ainda nos MMII, ao observar a região das coxas do paciente é preciso atentar para
a presença cicatrizes decorrentes da retirada da veia safena para procedimentos de
revascularização miocárdica. Na região abdominal, deve-se observar o perímetro
abdominal, uma vez que, essa medida está relacionada com o aparecimento de doenças
cardiovasculares. É importante também observar a presença de ascite (edema na região
abdominal) que é também sugestivo de insuficiência cardíaca. As membranas serosas,
como o peritônio, as pleuras e o pericárdio são regiões que podem acumular líquido
em consequência do aumento da pressão hidrostática dos vasos sanguíneos quando
está associada a uma insuficiência cardíaca descompensada.
15
Unidade I | AVALIAÇÃO INICIAL DO PACIENTE CRÍTICO
Outras variáveis cardiovasculares podem estar alteradas durante o repouso, que podem
ser indicativas de alterações na função cardiovascular. Dessa forma, no exame físico
inicial, devem ser coletados os dados referentes à história clínica e ao uso de medicações,
visto que esses fatores podem influenciar no sistema cardiovascular. Algumas alterações
nesse sistema só podem ser identificadas durante o esforço. No entanto, em pacientes
críticos, não é possível a identificação no leito.
Outras ferramentas também podem ser utilizadas para avaliar o sistema cardiovascular.
O índice de percepção do esforço ou dispneia aos esforços (Escala de Borg) (Tabela 2)
e o equivalente metabólico (MET). Medidas mais específicas como saturação venosa
central, lactato sanguíneo, consumo máximo de oxigênio, concentração de hemoglobina,
também podem ser utilizadas para complementar a avaliação e auxiliar na elaboração
da conduta terapêutica.
Classificação
Classificação verbal
numérica
0 Absolutamente nada
1 Muito fraco
2 Fraco
3 Moderado
5 Forte
7 Muito forte
10 Extremamente forte
# Máximo
Inspeção dinâmica
Em suma, no paciente crítico, são avaliados os movimentos da caixa torácica por meio
da frequência respiratória.
Palpação
Como falamos anteriormente na inspeção estática, a palpação pode ser utilizada para
confirmar a presença de edemas identificados inicialmente pela inspeção. Além disso,
a palpação deve ser realizada na parede torácica, no pescoço, na cintura escapular, nos
membros superiores (MMSS) e na coluna vertebral, com o objetivo de detectar e avaliar
regiões dolorosas, abaulamentos e depressões. Essa avaliação por meio da palpação é
de suma importância, visto que, após algumas doenças, os pacientes podem apresentar
dores e alterações em determinadas regiões. Por exemplo, após um infarto agudo do
miocárdio, os pacientes geralmente apresentam dor residual na parede torácica e dor
muscular nessa área. Dessa maneira, a palpação auxilia no diagnóstico, podendo assim
diferir essa dor muscular de uma possível angina. Ainda, as dores musculares nessa
região podem influenciar a expansibilidade torácica (PASCHOAL, 2010, p. 87).
Em pacientes com alterações cardiovasculares, a palpação deve ser realizada até a região
da panturrilha, visando avaliar alterações associadas a insuficiência vascular periférica,
como dores e alguns sinais inflamatórios. A palpação dos pulsos periféricos também
17
Unidade I | AVALIAÇÃO INICIAL DO PACIENTE CRÍTICO
deve ser realizada (carotídeo, femural, radial e pedioso) com o objetivo de observar
a eficiência circulatória. Além disso, alguns frêmitos cardíacos podem ser detectados
durante a palpação, na região do pescoço que identificam a presença de distúrbios
valvares, como, por exemplo, a estenose aórtica. No entanto, nesses casos, a ausculta
cardíaca é a ferramenta mais eficiente para detecção.
Além do exame físico, composto pela inspeção estática, dinâmica e da palpação, alguns
fatores cardiorrespiratórios são essencias na avaliação fisioterapêutica do paciente em
repouso.
Frequência cardíaca
A frequência cardíaca (FC) é definida pelo número de vezes que o coração bate por
minuto, ou seja, quantos batimentos cardíacos acontecem no intervalo de um minuto.
Os valores são expressos em batimentos por minuto (bpm). Assim, durante a avaliação
da FC, o fisioterapeuta deve contar o número de vezes que o coração do paciente
bate durante um minuto. Esse valor comumente é medido por meio da sensação dos
pulsos periféricos. No entanto, mesmo com a praticidade para realizar essa coleta, a
mensuração da FC dos pulsos periféricos pode não identificar determinadas doenças
cardíacas arrítmicas, onde o valor da FC dos pulsos periféricos não apresenta o mesmo
valor quando comparada a mensurações realizadas por meio da ausculta cardíaca ou
do exame eletrocardiográfico. Nessas situações, é importante realizar a mensuração da
FC concomitantemente, ou seja, pela ausculta cardíaca associada ao pulso periférico,
para identificar quantas vezes os batimentos que não acontecem ao mesmo tempo
foram sentidos pela presença de pulso periférico. Dessa maneira, quanto maior a
diferença entre os valores, a doença cardíaca apresenta maior gravidade. Para tanto,
também podem ser utilizados os frequencímetros cardíacos que apresentam uma boa
praticidade e confiabilidade (PASCHOAL, 2010, p. 89).
No entanto, para essa avaliação, é importante que alguns cuidados sejam tomados.
Para que seja realizada uma boa aferição da FC, o paciente deve estar posicionado em
supino. Se possível, manter o paciente nessa posição por três minutos antes da aferição.
Desse modo, a posterior comparação dos valores aferidos podem ser influenciados
18
AVALIAÇÃO INICIAL DO PACIENTE CRÍTICO | Unidade I
Outro aspecto que deve ser observado é o estilo de vida. Se o sujeito tem o hábito de
praticar atividade física, especialmente exercícios aeróbicos, a FC de repouso desse
paciente apresentará valores mais baixos em comparação aos sujeitos da mesma faixa
etária que não realizam atividade física. Essa redução pode ser de aproximadamente 20
bpm em sujeitos jovens. Isso ocorre devido a um processo de adaptação. Entretanto,
ainda não há um consenso na literatura relacionada a esse aspecto (alguns autores
relacionam esse fato a uma origem intrínseca cardíaca e outros relacionam a mecanismos
autonômicos, como diminuição da atividade simpática e aumento da atividade
parassimpática cardíaca).
Além disso, existem outros fatores que podem influenciar os valores da FC de repouso,
como o processo de envelhecimento, que também acarreta uma redução da FC.
Pressão arterial
Para que o sangue circule e chegue a vários órgãos e tecidos é preciso uma força
propulsora originada do coração que é responsável por impulsionar esse líquido para o
continente vascular de maneira suficiente para atingir a demanda metabólica do nosso
organismo. Esse esforço realizado pelo coração promove uma determinada pressão
19
Unidade I | AVALIAÇÃO INICIAL DO PACIENTE CRÍTICO
Dessa maneira, a PA sistólica (PAS) está relacionada à força de implusão do sangue pelo
ventrículo esquerdo por meio da artéria aorta e vai para a grande circulação, já a PA
diástólica (PAD) está relacionada à fase da diástole, ou seja, o relaxamento ventricular.
Da mesma maneira que na aferiação da FC, a aferição da PA também deve ser realizada
de maneira criteriosa para que determinados fatores não promovam interferências no
resultado final. Comumente, a PA é aferida na posição supina ou sentada. Em nosso
caso, na avaliação de pacientes críticos, a aferição é realizada na posição supina.
Nesse sentido, vamos relembrar alguns aspectos da aferição da PA. É importante que
o esfigmomanômetro seja do tamanho adequado, e deve ser posicionado 2/3 a partir
da região abaixo da axila até o cotovelo. O manguito deve ser insuflado rapidamente
para que as artérias sejam ocluídas. Observamos que isso ocorre quando percebemos
a ausência de pulsos e o desaparecimento de ruídos, que são detectados pela ausculta
realizada com um estetoscópio posicionado sobre a artéria examinada. Posteriormente,
é realizada a desinsuflação de maneira lenta, para que o profissional posss[a auscultar
a presença de um primeiro batimento que representa a PAS. A partir daí, serão
auscultados os demais batimentos até um momento em que eles não serão mais ouvidos.
O último batimento auscultado na desinsuflação do manguito refere-se ao valor da
PAD (PASCHOAL, 2010, p. 92).
20
AVALIAÇÃO INICIAL DO PACIENTE CRÍTICO | Unidade I
Nesse sentido, de acordo com o valor da SpO2, o fisioterapeuta pode elaborar e aplicar
uma conduta terapêutica mais apropriada e com maior segurança em relação ao estado
21
Unidade I | AVALIAÇÃO INICIAL DO PACIENTE CRÍTICO
individual de cada paciente. Além disso, a SpO2 pode ser um parâmetro para promover
alterações na conduta terapêutica, em relação a sua elevação ou redução.
Para que a SpO2 seja mensurada, é preciso de um oxímetro de pulso que deve ser
colocado no dedo indicador do paciente. Em segundos É realizada a leitura no próprio
aparelho.
Ausculta cardíaca
A ausculta cardíaca é realizada pelo fisioterapeuta com o objetivo de detectar alguma
anormalidade no funcionamento do coração, como alterações da fonese, do ritmo e
da FC, como veremos mais adiante.
Para que a ausculta cardíaca possa ser realizada, existem alguns procedimentos e
métodos que precisam ser seguidos. Para tanto, o ambiente deve ser silencioso e o
fisoterapeuta precisa ter o conhecimento dos locais específicos para realizar a ausculta.
Nesse sentido, as principais áreas a serem focadas pelo fisioterapeuta durante a ausculta
cardíaca são (Figura 3) (PASCHOAL, 2010, p. 96):
22
AVALIAÇÃO INICIAL DO PACIENTE CRÍTICO | Unidade I
Figura 3. Indicações de focos ou áreas para o posicionamento do estetoscópio durante a realização da ausculta cardíaca
Foco tricúspide
Foco mitral
É importante também que o paciente esteja posicionado de uma maneira que facilite
o procedimento. Para a ausculta do foco aórtico, pulmonar e tricúspide, fica mais
fácil a ausculta com o paciente sentado, com as mãos apoiadas nos joelhos. Já para
a ausculta do foco mitral, o melhor posicionamento é o decúbito lateral esquerdo,
com o membro superior esquerdo apoiando a cabeça. No entanto, frente ao paciente
crítico, na UTI, nem sempre é possível esse posicionamento descrito (PASCHOAL,
2010, p. 98).
23
Unidade I | AVALIAÇÃO INICIAL DO PACIENTE CRÍTICO
Fonese
Podemos citar como exemplo as doenças do miocárdio que provocam uma redução da
massa muscular contrátil, o que acontece após um infarto, e resulta na redução da fonese
cardíaca. Por outro lado, na insuficiência cardíaca congestiva observamos a hiperfonese
cardíaca, por meio da compensação quando existe uma ativação neuroendócrina
(PASCHOAL, 2010, p. 100).
Uma vez detectadas alterações na fonese, deve ser investigado se ela está relacionada
com modificações de ritmo e da FC, para que a disfunção possa ser identificada. Para
tanto, também podem ser realizados exames mais específicos.
Sopros
Nesses casos, o fisioterapeuta deve estabeler uma relação entre o problema que o
paciente apresenta e o seu grau de disfunção ou limitação física. Esse aspecto, influencia
diretamente a elaboração de condutas terapêuticas, uma vez que as disfunções cardíacas
podem interferir de maneira significativa em fatores hemodinâmicos.
24
AVALIAÇÃO INICIAL DO PACIENTE CRÍTICO | Unidade I
Vamos apontar, abaixo, a descrição dos sons cardíacos mais frequentes relacionados
a lesões valvares, segundo Paschoal (2010, p. 101):
1. Sopro da estenose aórtica: nessa condição, o sangue é ejetado pelo
ventrículo esquerdo (VE) e, ao passar por uma pequena abertura na
aorta, causa um forte ruído que pode ser ouvido a vários centímetros
do paciente. As vibrações podem, também ser apalpadas com a
mão sobre a região mais alta do pescoço. Essas vibrações recebem
o nome de frêmito.
Ritmo cardíaco
O ritmo cardíaco é definido como a estabilidade no comportamento do ciclo cardíaco
com o paciente em uma situação controlada, em repouso ou durante o exercício físico
realizado de maneira constante. Em um ritmo regular, existem apenas diferenças de
milésimos de segundo de intervalo entre os batimentos cardíacos, que podem ser
detectados apenas por exames eletrocardiográficos (PASCHOAL, 2010, p. 102).
Dessa maneira, o ritmo cardíaco normal está associado a um sistema especializado que
produz e distribui os estímulos elétricos por meio do músculo cardíaco, promovendo
uma resposta muscular, a sístole e a diástole. Esse sistema especializado é denominado
sistema de inervação intrínseca cardíaca, composto pelo nódulo sinoatrial (NSA)
considerado o marcapasso cardíaco. O estímulo originado pelo NSA é levado pelas
fibras internodais, gerando a contração atrial.
direito e esquerdo nos ventrículos para chegar até a musculatura ventricular por meio
das células de Purkinje. Para finalizar esse trajeto, acontece a estimulação das fibras
miocárdicas ventriculares e origina-se uma resposta mecânica, a contração ventrícular
(sístole) (Figura 4).
Fibras de
Nódulo sinoatrial (NSA) condução
(marcapasso) atrial
Fascículo
atrioventricular
(Feixe de His)
Ramos subendocárdicos
(Fibras de Purkinje)
Sugiro que assistam ao vídeo do Prof. Daniel Lago Borges sobre a avaliação da
função cardiovascular em pacientes críticos:
https://www.youtube.com/watch?v=M7hnQZE9zmk.
Avaliação hemodinâmica
Monitorizar significa prevenir, avaliar, avisar, agir. Dessa maneira, a avaliação ou
monitorização pode ser definida como uma avaliação composta por métodos de
parâmetros clínicos e laboratoriais que, mensurados de maneira objetiva, possibilitam
a vigilância contínua de todo o organismo, coletando dados que irão auxiliar tanto
no diagnóstico, quanto na tomada de decisão da conduta a ser aplicada. Já a palavra
hemodinâmica está relacionada ao estudo dos movimentos e pressões da circulação do
26
AVALIAÇÃO INICIAL DO PACIENTE CRÍTICO | Unidade I
sangue que também ocorrem por meio da avaliação metódica de parâmetros clínicos
e laboratoriais que vão possibilitar a monitorização contínua do corpo, de maneira
invasiva ou não invasiva (Figura 5).
27
Unidade I | AVALIAÇÃO INICIAL DO PACIENTE CRÍTICO
A pressão arterial não invasiva (PANI) é utilizada para aferir a pressão arterial, como
falamos anteriormente. De maneira simples, PANI pode ser definida como a medida
da força exercida pelo sangue nos vasos sanguíneos periféricos. A partir daí, podemos
utilizar três medidas: Pressão arterial sistólica (PAS), pressão arterial diastólica (PAD)
e pressão arterial média (PAM) (Figura 6).
Pressão de pulso
Pressão média
Pressão (mmHg)
80 Pressão diastólica
40
t1 t2
Tempo
A PAM representa a área sob a curva da pressão arterial (área sombreada) dividida pela duração do ciclo cardíaco (t - t) Fonte: Berne, Levy
(2009, p. 339).
28
AVALIAÇÃO INICIAL DO PACIENTE CRÍTICO | Unidade I
A pressão de pulso é definida como a PAS menos a PAD e tem apenas um fator
fisiológico, o débito sistólico, que está relacionado com a variação do volume sanguíneo
arterial (fator físico) durante a sístole ventricular, que, seguido de outro fator físico, a
complacência arterial, determina a PA de pulso (BERNE; LEVY; 2009, p. 339).
A aferição pode ser realizada manualmente, pela palpação ou pelo método oscilométrico
(Figura 7).
Pressão do manguito
110
100
90
Pressão (mmHg)
80
70
60
Oscilações na pressão do manguito
50
40
Sistólica
30 Média Diastólica
20
10 Método oscilométrico
0
Sistólica
200
29
(mmHg)
60
Média
Sistólica
30 Média Diastólica
P
20
10 Método oscilométrico
0
Sistólica
200
40
No entanto, na terapia intensiva, a PANI não é o método mais eficaz para aferição da
pressão, uma vez que a mensuração pode apresentar diversos viéses, como a presença de
edema no membro, mau posicionamento, presença de oscilações nos índices pressóricos,
bem como a presença de arritmias cardíacas podem influenciar a monitorização.
Além disso, em pacientes obesos e em pacientes que estão em ventilação mecânica, o
processo de aferição da PANI sofre maiores influências, tornando a medida imprecisa.
Dessa maneira, estudos apontam que em pacientes críticos instáveis, é preconizada a
monitorização invasiva da PA (SCHETTINO et al., 2012, p. 299).
Frequência cardíaca
30
AVALIAÇÃO INICIAL DO PACIENTE CRÍTICO | Unidade I
Tabela 4. Valores de FC
Idade FC
Adultos 60 a 100 bpm
Eletrocardiografia
31
Unidade I | AVALIAÇÃO INICIAL DO PACIENTE CRÍTICO
O coração bate de maneira ordenada, ou seja, ocorre a contração dos átrios, chamada
de sístole atrial e em seguida ocorre a contração dos ventrículos, a chamada sístole
ventricular e durante a diástole, as quatro câmaras do coração se relaxam. A condução
do sinal eletrocardiográfico é formada pelo NSA, pelas vias intermodais atriais, pelo
NAV, pelo feixe de His e pelas fibras de Purkinje. Como apontamos anteriormente, o
NSA é o marcapasso natural e determina a taxa de batimentos cardíacos. Os impulsos
que são produzidos no NSA percorrem por meio das vias atriais para o NAV, vão para
o feixe de His, para as fibras de Purkinje e são distribuídos por toda a musculatura
ventricular. Na figura 8, podemos observar o caminho percorrido pelo sinal elétrico
em cada ponto do coração (Figura 8).
Figura 8. Sistema de condução do coração; à esquerda, os potencias de ação típicos para cada parte do coração, e sua
correlação com a atividade elétrica adquirida na pele (ECG).
Aorta
Potencial de ação
Nódulo sinoatrial
Veia cava superior
Músculo atrial
Vias intermodais
atriais Feixe comum
Braços do feixe
Nódulo
átrio-ventricular Fibras de Purkinje
Músculo ventricular
Feixe de His
Grande parte dos equipamentos de ECG detectam o sinal por meio de eletrodos não
invasivos. Esses eletrodos não provocam dores, choques elétricos, bem como não
apresentam risco de infecção. Esses sinais podem ser gravados no papel ou digitalizados
para análise posterior (SCHWARZ, 2009).
Para tanto, existem algumas maneiras para o posicionamento dos eletrodos para a
realização do ECG. O registro unipolar pode ser realizado pelo sistema de Goldberger
e de Wilson e o registro unipolar, pelo sistema de Einthoven.
Além disso, por meio do ECG, pela análise das flutuações do potencial elétrico, é
possível obter uma percepção valiosa da orientação anatômica do coração, do tamanho
das câmaras cardíacas, dos distúrbios no ritmo de condução, dos danos isquêmicos
no miocárdio (extensão, tamanho, localização e progresso), efeitos de concentrações
elevadas ou alteradas de eletrólitos e da influência de determinados fármacos (BERNE,
LEVY, 2009, p. 311).
33
Unidade I | AVALIAÇÃO INICIAL DO PACIENTE CRÍTICO
Temperatura
Hipotermia ≤ 35ºC
Frequência respiratória
34
AVALIAÇÃO INICIAL DO PACIENTE CRÍTICO | Unidade I
Idade FR
Recém-nascidos 40 a 45 irpm
Lactentes 25 a 35 irpm
Pré-escolares 20 a 35 irpm
Escolares 18 a 35 irpm
Adultos 16 a 20 irpm
Oximetria de pulso
35
Unidade I | AVALIAÇÃO INICIAL DO PACIENTE CRÍTICO
Detector de
luminosidade Fonte luminosa
Diurese
Essa variável é um marcador clínico de lesão renal aguda. A redução do débito urinário
em pacientes críticos na UTI é sugestiva de piora e agravamento do quadro clínico do
paciente. Uma das causas que influencia na redução do volume urinário é a hipoperfusão
sistêmica.
Capnografia
Perfusão periférica
Para avaliar a perfusão periférica é utilizada a técnica de enchimento capilar. Pode ser
realizada executando uma pressão nas extremidades, mais comumente na base das
unhas, de maneira que, a coloração se modifique de rosada para esbranquiçada. Ao
retirar a pressão, a coloração deve retornar ao normal em um período menor ou igual
a dois segundos. Se o tempo para coloração retornar foi maior que dois, isso indica
que a perfusão periférica está alterada, de modo que a perfusão e a oxigenação estão
acontecendo de maneira inapropriada.
36
AVALIAÇÃO INICIAL DO PACIENTE CRÍTICO | Unidade I
Esse procedimento é indicado quando é preciso coletar medidas a cada batimento cardíaco
pois, de acordo com cada doença, podem ocorrer alterações agudas e significativas nos
níveis pressóricos. Pode ser indicado também para pacientes com hipertensão ou
hipotensão grave até pacientes que precisam de coletas repetidas de sangue arterial
(SCHETTINO et al., 2012, p. 300).
Bolsa de pressão
Sistema de
fluxo
automático e
transdutor
Linha arterial
Solução salina estéril
37
Unidade I | AVALIAÇÃO INICIAL DO PACIENTE CRÍTICO
vezes a PAD mais a PAS dividido por três (PAM = PAS (2x PAD) /3). Seu valor normal
está entre 70 e 105 mmHg (PRESTO e PRESTO, 2007, p. 131).
Os valores normativos da PVC estão entre 2 e 6 mmHg, de modo que podem sofrer
influência de volemia, função cardíaca, vasoconstrição periférica e aumento da resistência
vascular pulmonar (SCHETTINO et al., 2012, p. 301).
Alguns fatores podem aumentar a PVC, como a sobrecarga de hidratação, cor pulmonale,
doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), insuficiência tricúspide, tamponamento
cardíaco, embolia pulmonar, aumento da pressão abdominal. Em contrapartida, a
hipovolemia e uma vasodilatação periférica, como, por exemplo, a sepse, podem
diminuir a PVC (PRESTO; PRESTO, 2007, p. 133).
No entanto, quando utilizado, é preciso que os dados de cada paciente sejam interpretados
em relação à mensuração da POAP, para que dados hemodinâmicos não sejam coletados
de maneira inadequada e não sirvam de base para elaboração de condutas terapêuticas
inadequadas (ROCHA; MENEZES; SUASSUNA, 2010).
O débito cardíaco (DC) é definido como o volume de sangue que é bombeado pelo
coração por um período de um minuto (GYUTON, 2011, p. 241). O DC pode ser
modificado pela alteração na frequência cardíaca (FC) ou pelo volume de sangue que é
39
Unidade I | AVALIAÇÃO INICIAL DO PACIENTE CRÍTICO
ejetado pelos ventrículos em cada batimento cardíaco, sendo esse volume denominado
débito sistólico (DS). Dessa maneira, matematicamente o DC pode ser expressado pelo
valor da frequência cardíaca multiplicada pelo DS. Assim: DC = FC x DS.
Algumas das variáveis que citamos nesse capítulo podem ser monitorizadas por
meio de um monitor cardíaco multiparamétrico de alta qualidade que mostra em
seu visor os valores de FC, o traçado do ECG, PANI, SpO2, capnografia e FR. Dessa
maneira, fica mais fácil a visualização e monitorização das variáveis.
40
CAPÍTULO 2
Avaliação do Sistema Pulmonar
Exame do tórax
De maneira didática, o tórax pode ser dividido em três partes: face anterior, posterior
e lateral, como podemos observar na figura 11. Um tórax normal apresenta uma
relação morfológica entre as suas faces anteroposterior e lateral, de modo que a face
lateral deve ser duas vezes maior que a face anteroposterior (PRESTO; PRESTO,
2007, p. 64).
Figura 11. Regiões torácicas. (A) Face anterior: (1) região supraclavicular; (2) região clavicular; (3) região infracravicular;
(4) região mamária; (5) região inframamária; (6) região supraesternal; (7) região esternal superior; (8) região esternal
inferior. (B) Face posterior: (1) região supraescapular; (2) região supraespinhosa; (3) região infraespinhosa; (4) região
interescapulovertebral; (5) região infraescapular. (C) Face lateral: (1) região axilar; (2) região infra-axilar.
41
Unidade I | AVALIAÇÃO INICIAL DO PACIENTE CRÍTICO
A B
Dessa maneira, alguns achados clínicos durante o exame físico são sugestivos de
determinadas doenças respiratórias, como veremos a seguir.
43
Unidade I | AVALIAÇÃO INICIAL DO PACIENTE CRÍTICO
Manifestação pleural
Via Aérea
Manifestações das - Dor torácica
vias aéreas
- Tosse
- Hemoptise
- Chiadeira do tórax Manifestações
Alvéolo funcionais
Pleura - Dispneia
- Cianose
Capilar
Tosse
A tosse é definida como um reflexo de defesa que tem como objetivo limpar as vias
aéreas inferiores. Já o espirro também é um reflexo parecido com o da tosse, no
entanto, tem como objetivo limpar as fossas nasais e a nasofaringe. A tosse pode
ser caracterizada pelo seu tipo: seca ou produtiva e eficaz ou ineficaz. A tosse seca
ou improdutiva é caracterizada pela ausência de secreção. Por outro lado, na tosse
produtiva ocorre a presença de muco ou secreção que pode ser expectorada ou não.
Em relação à tosse produtiva, é preciso definir algumas características (PRESTO;
PRESTO, 2007, p. 66):
44
AVALIAÇÃO INICIAL DO PACIENTE CRÍTICO | Unidade I
A tosse seca pode ser característica do início de processos inflamatórios, como, por
exemplo, na asma, pleurites entre outros.
» Fase irritativa: acontece um estímulo irritativo nas vias aéreas por meio de
fatores mecânicos, químicos, térmicos ou inflamatórios. Assim, os impulsos
aferentes se deslocam até o bulbo e o reflexo da tosse acontece.
45
Unidade I | AVALIAÇÃO INICIAL DO PACIENTE CRÍTICO
Hemoptise
Chiadeira torácica
O som da chiadeira torácica é parecido com o sibilo, de modo que, pode ser ouvido
pelo próprio paciente. A chiadeira torácica é característica da obstrução do fluxo de ar
especialmente das vias aéreas centrais. Esse som é originado da passagem do fluxo aéreo
por uma via aérea que apresenta uma redução de calibre, além de ser característica de
pacientes com crise asmática.
46
AVALIAÇÃO INICIAL DO PACIENTE CRÍTICO | Unidade I
Dor torácica
Somente a pleura parietal tem inervação sensitiva, oriunda dos norveos intercostais.
Dessa maneira, a dor pleural tende a piorar com os movimentos ventilatórios, é
localizada e do tipo pontada, uma vez que, pode acompanhar o trajeto das costelas,
de onde vem a sua inervação. Essa dor acontece devido a uma tração mecânica da
pleura, como em aderências pleurais de um pulmão em colapso, geralmente devido
a uma inflamação ou irritação, como ocorre nas pneumonias e pleurites (PRESTO;
PRESTO, 2007, p. 68).
Dispneia
Além disso, as mudanças de decúbito também podem provocar a dispneia. Dessa maneira,
algumas terminologias podem ser definidas (PRESTO; PRESTO, 2007, p. 69):
Cianose
48
AVALIAÇÃO INICIAL DO PACIENTE CRÍTICO | Unidade I
Padrão ventilatório
Para a avaliação do padrão ventilatório, devem ser observados alguns fatores: a FR, o
volume corrente (profundidade), o ritmo respiratório e a expansibilidade pulmonar.
Para que possamos identificar o tipo respiratório, é importante observar com atenção o
movimento do tórax e do abdome, buscando identificar em quais regiões os movimentos
são mais amplos. Nesse sentido, de acordo com a expansão do tórax, os movimentos do
padrão ventilatório podem ser divididos em apical, diafragmático ou misto (Figura 15).
Figura 15. (A) Padrão ventilatório diafragmático. (B) Padrão ventilatório apical. (C) Padrão ventilatório misto. A mão em
negrito mostra onde o movimento ventilatório predomina
A B C
49
Unidade I | AVALIAÇÃO INICIAL DO PACIENTE CRÍTICO
Cheyne-Stokes
Esse padrão ventilatório também pode ser chamado de dispneia periódica. O paciente
apresenta ciclicamente incursões respiratórias que tendem a se tornar profundas até
atingirem uma amplitude máxima, seguida de uma redução gradativa de movimentos
podendo acontecer apneia, caso em que o paciente fica sem respirar por alguns
segundos e sucessivamente essa sequência é repetida. Podemos apontar que o padrão
Cheyne-Stokes é demonstrado em ciclos com apneias e ventilação com aumento dos
volumes e a FR aumentando e diminuindo de maneira gradativa.
Biot
51
Unidade I | AVALIAÇÃO INICIAL DO PACIENTE CRÍTICO
Kussmaul
Suspirosa
Ventilação apnêustica
Ventilação paradoxal
52
AVALIAÇÃO INICIAL DO PACIENTE CRÍTICO | Unidade I
Expansibilidade torácica
Durante o movimento respiratório, na inspiração, os pulmões realizam um movimento
nas quatro primeiras costelas. Dessa maneira, também existe uma tendência no aumento
do diâmetro anteroposterior, mas o movimento lateral praticamente não acontece.
A quinta e a sexta costelas tendem a se movimentar aumentando o diâmetro
anteroposterior e látero-lateral do tórax. Já entre a sétima e a décima costelas, nas
bases do pulmão, o movimento é basicamente látero-lateral.
53
Unidade I | AVALIAÇÃO INICIAL DO PACIENTE CRÍTICO
Frêmito toracovocal
O frêmito toracovocal refere-se às vibrações que o terapeuta percebe na parede torácica
quando o paciente emite algum som. O terapeuta deve posicionar uma de suas mãos
no tórax do paciente e solicitar que o paciente pronuncie palavras como trinta e três.
As regiões do tórax anterior, lateral e posterior devem ser palpadas utilizando sempre
a mesma mão e realizar comparações entre os tórax direito e esquerdo. Os sons podem
ser classificados como normal, reduzido ou ausente. Quando o frêmito toracovocal
está aumentado, está relacionado com a transmissão de vibrações através de um meio
sólido, como, por exemplo, nas consolidações pulmonares. Quando está reduzido
ou ausente, está relacionado com a presença de ar ou de líquido em uma quantidade
anormal nos pulmões, como ocorre no enfisema pulmonar. No entanto, alguns fatores
extrapulmonares podem influenciar e reduzir o frêmito toracovocal, como sujeitos
com um timbre de voz débil, hipertrofia muscular acentuada do tórax e obesidade
(PRESTO; PRESTO, 2007, p. 73).
Percussão
A percussão é utilizada para avaliar o tecido pulmonar por meio de som de uma
vibração palpável, de maneira comparativa. O terapeuta deve utilizar o seu dedo médio
do membro superior dominante para percutir sobre o dedo médio da outra mão.
Para que a técnica seja eficaz, é preciso realizar golpes rápidos e fortes, evitando
estruturas ósseas. A percussão pulmonar pode apresentar alguns sons (Figura 20)
(PRESTO; PRESTO, 2007, p. 73):
54
AVALIAÇÃO INICIAL DO PACIENTE CRÍTICO | Unidade I
Som claro
pulmonar
Som claro
pulmonar
Macicez
Som
Macicez timpânico
Ausculta pulmonar
A ausculta pulmonar é o método de excelência na exploração clínica do tórax, no exame
dos pulmões e do coração. Para que a ausculta possa ser realizada, o paciente deve
estar com o tórax descoberto. Se possível, deve-se pedir ao paciente para que respire
mais profundamente com os lábios entreabertos. Esse método tem como objetivo
identificar os sons normais e patológicos que acontecem no interior dos pulmões
durante a inspiração e a expiração e é realizado por meio do estetoscópio.
Figura 21. Comparação entre o som grave (linha tracejada) e som agudo (linha contínua). Verifique que o som grave tem
comprimento de onda maior que o agudo, porém a frequência e a amplitude são menores que a do som agudo.
Figura 22. Áreas de ausculta pulmonar no tórax anterior (esquerda) e posterior (direita). Ápices com ausculta de ruído
broncovesicular (1), ápices com ausculta de murmúrio vesicular (2), terço médio (3) e bases (4).
Figura 23. Pontos de ausculta no tórax, anterior (esquerda), lateral (centro), posterior (direita).
56
AVALIAÇÃO INICIAL DO PACIENTE CRÍTICO | Unidade I
Sons fisiológicos
Os ruídos que são audíveis em grande parte do tórax são gerados pela turbulência do
ar que está circulando que entra em contato com saliências ou bifurcações brônquicas,
como ao passar por cavidades de tamanhos diferentes, como dos brônquios para os
bronquíolos ou ao contrário. Esses ruídos são denominados murmúrios vesiculares
(MV).
Som broncovesicular
Nesse caso, somam-se as características da respiração brônquica com o MV. Assim, a
intensidade tanto da inspiração quanto da expiração apresentam magnitudes iguais,
57
Unidade I | AVALIAÇÃO INICIAL DO PACIENTE CRÍTICO
nos dois casos mais fortes do que no MV, entretanto não atingem a intensidade da
respiração brônquica. O som broncovesicular é auscultado na região esternal superior,
ao nível da terceira e da quarta vértebras dorsais.
Os sibilos também são oriundos de vibrações das paredes das vias aéreas e do fluxo
de ar. Estão presentes tanto na inspiração quanto na expiração. São múltiplos e estão
espalhados por todo o tórax, além de serem característicos de doenças que acometem
a árvore brônquica, como asma e bronquite (PORTO, 2008, p. 330).
Os estertores são sons anormais descontínuos que podem ser audíveis na inspiração
ou na expiração e podem ser finos ou grossos.
58
AVALIAÇÃO INICIAL DO PACIENTE CRÍTICO | Unidade I
Atrito pleural
59
Unidade I | AVALIAÇÃO INICIAL DO PACIENTE CRÍTICO
Esse esforço inspiratório (PImáx) e expiratório (PEmáx) deve ser mantido por
aproximadamente 1,5 segundos e a maior pressão negativa/positiva que foi sustentada
por um segundo deve ser registrada. O paciente repete essa manobra por cinco vezes
com intervalos de descanso de 1 minuto. Os valores de normalidade da mensuração
da força muscular respiratória estão na tabela abaixo (Tabela 7) (BESSA; LOPES;
RUFINO, 2015).
60
AVALIAÇÃO INICIAL DO PACIENTE CRÍTICO | Unidade I
Capacidade vital
A mecânica pulmonar ocorre por meio de suas propriedades elásticas e do seu volume.
A mensuração do volume pulmonar possibilita a caracterização do estado fisiopatológico
oriundo de anormalidades no sistema pulmonar.
A capacidade vital (CV) é definida como a quantidade máxima de ar que pode ser
movimentada para dentro e para fora dos pulmões, por meio da inspiração máxima.
Está relacionada ao maior volume de ar mobilizado. Dessa maneira, a CV refere-se
à soma do volume de reserva inspiratória de ar corrente e do volume de reserva
expiratório. É mensurado por meio da ventilometria e seus volumes normais estão
61
Unidade I | AVALIAÇÃO INICIAL DO PACIENTE CRÍTICO
Ventilação mecânica
A ventilação mecânica (VM) convencional refere-se ao suporte ventilatório que
pode ser total ou parcial ofertado ao paciente através de uma cânula orotraqueal ou
nasotraqueal, por traqueostomia ou por meio de máscaras de ventilação não invasiva,
acopladas a um ventilador, ou seja, um equipamento que leva um volume de gás até
os pulmões (SCHETTINO, 2012, p. 236).
A ventilação mecânica não invasiva (VNI) com pressão positiva consiste no suporte
ventilatório por meio de uma máscara ou algum outro dispositivo que substitui o
tubo traqueal como interface entre o paciente e o ventilador mecânico. Essa ténica é
utilizada para ofertar ao paciente um suporte ventilatório parcial, ou seja, o paciente
não pode estar dependente do suporte ventilatório para a manutenção da vida, uma vez
que precisa suportar a desconexão da máscara por alguns períodos de tempo. Nesses
casos, o paciente deve apresentar um nível de consciência bom (alerta), cooperativo
e apresentar uma tosse eficaz para que tanto a segurança quanto a permeabilidade da
via aérea sejam mantidas.
Existem vários tipos de interfaces (máscaras) que podem ser utilizadas na VNI.
Os principais modos ventilatórios utilizados na VNI são: pressão contínua na via
aérea (CPAP), pressão de suporte (PS), pressão controlada (PC) e ventilação assistida
proporcional (PAV) associadas a pressão positiva ao final da expiração (PEEP).
A VNI é utilizada no tratamento da agudização da DPOC, na insuficiência respiratória
hipoxêmica, edema pulmonar cardiogênico e no desmame da ventilação mecânica. Suas
contraindicações são em pacientes com choque, síndrome coronária aguda, arritmias
graves, redução do nível de consciência e distensão abdominal (SCHETTINO, 2012,
p. 261).
» PAS<90 mmHg;
» PAD<60 mmHg;
» vômitos;
» intolerância a VNI.
Para tanto, o ventilador mecânico pode ser regulado por diferentes modos ventilatórios.
No entanto, existem alguns parâmetros que são universais e precisam ser ajustados em
todos os modos ventilatórios, como a fração inspirada de oxigênio (FiO2), a PEEP e a
sensibilidade do aparelho a fluxo ou a pressão. Entre os modos ventilatórios podemos
apontar: ventilação controlada a volume, pressão de suporte, ventilação mandatória
intermitente sincronizada e pressão contínua em vias aéreas. Nesse sentido, a escolha de
cada modo ventilatório deve ser realizada de acordo com doença que levou o paciente
a necessitar do uso de VMI (SCHETTINO, 2012, p. 238).
Sugiro que assistam o vídeo do Prof. Daniel Lago Borges sobre a avaliação da
função respiratória em pacientes críticos:
https://www.youtube.com/watch?v=yrUQ4h7Lig0.
63
CAPÍTULO 4
Avaliação do Sistema Nervoso Central
Grande parte dos pacientes neurológicos críticos que estão internados em UTIs
apresentam duas características: alteração do nível de consciência e do exame neurológico
e melhora ou piora da doença que determina as modificações na condição neurológica
apresentada. Assim, a avaliação do sistema nervoso central (SNC), ou seja, do estado
neurológico do paciente na UTI é muito importante, pois, por meio dessa avaliação é
possível detectar qualquer alteração hemodinâmica ou neurológica, com o objetivo de
prevenir ou diagnosticar condições que possam provocar lesões cerebrais secundárias ou
até mesmo agravar alguma lesão já existente. Deve ser realizada de maneira cuidadosa e
criteriosa, uma vez que auxilia na tomada de decisão de uma conduta terapêutica ou de
intervenção para que possa ser assertiva e modifique de maneira positiva o desfecho final
da doença. Em relação ao ponto de vista fisiopatológico, as lesões encefálicas podem ser
classificadas em lesão cerebral primária ou secundária. A lesão cerebral primária está
diretamente relacionada com a lesão que deu início ao dano neuronal e é considerada
irreversível. Já a lesão cerebral secundária está relacionada com o comprometimento
do metabolismo cerebral provocando isquemia e hipóxia tecidual, uma vez que,
ocorre de maneira frequente. Está relacionada com o desequilíbrio entre a oferta e
o consumo cerebral de oxigênio. Essas alterações decorrentes de lesões primárias ou
secundárias podem ser de natureza sistêmica (febre, hipotensão, hipoxemia e anemia)
ou intracranianos (hipertensão intracraniana, crises convulsivas, edema cerebral,
disfunção mitocondrial, excitotoxicidade além de outros). É importante ressaltar que
um dos principais cuidados com o paciente neurológico crítico está relacionado à
prevenção de lesões secundárias no SNC que predizem maior morbidade e mortalidade
nessa população.
64
AVALIAÇÃO INICIAL DO PACIENTE CRÍTICO | Unidade I
Exame neurológico
O exame físico é uma excelente ferramenta, pois sua realização não necessita da
utilização de equipamentos complexos e pode ser repetida conforme a necessidade de
avaliação da evolução do paciente. Essa avaliação deve ser direcionada para estruturas
neurológicas que se encontram em risco associadas a uma avaliação global, realizada
por meio da Escala de coma de Glasgow, que aprofundaremos a seguir; a resposta
motora a estímulos verbais e dolorosos; avaliação dos reflexos do tronco cerebral e; a
avalição da função motora por meio da força muscular.
65
Unidade I | AVALIAÇÃO INICIAL DO PACIENTE CRÍTICO
» Coma: paciente não desperta, uma vez que a diminuição do nível de vigília
está em seu estado mais grave.
Para realizar essa avaliação, existem diferentes escalas que podem ser utilizadas.
Vamos apontar aqui a escala de coma de Glasgow original, atualizada e modificada e
as escalas de sedação de Ramsay e de RASS (PRESTO; PRESTO, 2007, p. 83).
A Escala de coma de Glasgow é utilizada para realizar essa avaliação, baseada em três
critérios: abertura ocular, resposta verbal e resposta motora. Foi desenvolvida em 1974
e apresenta três itens com seus respectivos escores: quanto maior a pontuação, melhor
66
AVALIAÇÃO INICIAL DO PACIENTE CRÍTICO | Unidade I
Obedece a comandos 5
Confuso 4
Resposta verbal Palavras inapropriadas 3
Sons incompreensíveis 2
Nenhuma 1
Obedece a comandos 6
Localiza a dor 5
Retirada a dor 4
Resposta motora
Flexão anormal (decorticação) 3
Extensão anormal (descerebração) 2
Nenhuma 1
Espontânea, forte 4
Espontânea, fraca 3
Tosse
Na aspiração 2
Nenhuma 1
67
Unidade I | AVALIAÇÃO INICIAL DO PACIENTE CRÍTICO
Obedece a comando 5
Movimentos propositais 4
Procedimentos de
Flexão não proposital 3
enfermagem
Extensão não proposital 2
Nenhuma 1
Obedece a comando 5
Espontânea (intubado) 4
Respiração Trigger no modo A/C 3
Brigando com ventilador 2
Sem esforço ventilatório 1
Essa escala foi atualizada em 2018 e foram incluídos o critério “não testável” e a
avaliação da reatividade pupilar (Tabela 11). Nesse caso, a pontuação da reatividade
pupilar é subtraída da pontuação final (BRENNAM et al., 2018). Assim: Pontuação
final = Abertura ocular (1 a 4) + Resposta verbal (1 a 5) + Resposta motora 1 a
6) – Reatividade pupilar (0 a 2).
Orientado e conversando 5
Desorientado 4
Palavras 3
Resposta verbal
Sons 2
Nenhuma 1
NT NT
Ao comando 6
Localiza a dor 5
Flexão normal 4
Resposta motora Flexão anormal 3
Extensão 2
Nenhuma 1
NT NT
68
AVALIAÇÃO INICIAL DO PACIENTE CRÍTICO | Unidade I
Ainda, de acordo com Schettino et al. (2012), a escala de Glasgow apresenta algumas
limitações:
• pacientes com prévia deficiência visual, auditiva ou motora;
• politraumatizados.
A escala de Ramsay é a mais utilizada para classificar o nível de sedação com escores que
variam de 1 a 6 para graduação da ansiedade, agitação e até mesmo coma irresponsivo.
Foi desenvolvido por Ramsay em 1974 e apresenta definições simples e intuitivas
que permitem a facilidade de aplicação na beira do leito de maneira rápida, além de
apresentar sensibilidade e especificidade. Ela é considerada padrão de referência para
avaliar a sedação (Tabela 12) (MENDES et al., 2008).
69
Unidade I | AVALIAÇÃO INICIAL DO PACIENTE CRÍTICO
70
AVALIAÇÃO INICIAL DO PACIENTE CRÍTICO | Unidade I
Avaliação pupilar
A avaliação pupilar é composta pela observação do tamanho, simetria e reatividade das
pupilas a luz. No geral, a pupila tem formato circular, é centrada e com diâmetro entre 2
e 4 milímetros. É importante lembrar que o diâmetro pupilar é resultante do equilíbrio
entre o funcionamento dos dois sistemas autônomos, simpático e parassimpático.
Os pacientes no estado de coma comumente apresentam alterações pupilares decorrentes
de lesões hemisféricas. De acordo com a avaliação pupilar, podemos encontrar algumas
irregularidades (Figura 20) (PORTO, 2008, p. 462):
O exame da pupila é realizado por meio de um feixe luminoso emitido por uma
lanterna de bolso e pela convergência ocular. O terapeuta posiciona o feixe de luz em
uma pupila e observa a resposta em ambos os lados. A contração da pupila na qual
o feixe de luz foi projetado é denominado reflexo fotomotor direto e a contração da
pupila contralateral (oposta) ao estímulo é denominada reflexo fotomotor consensual.
Quando se aproxima dos olhos um objeto e as pupilas se contraem normalmente, é
denominado reflexo da acomodação.
D E D E
D E D E
71
Unidade I | AVALIAÇÃO INICIAL DO PACIENTE CRÍTICO
Figura 25. Teste muscular manual realizado com o paciente deitado. (A) Grau 0, (B) Grau I/II, (C) Grau III, (D) Grau IV/V.
A B
72
A B AVALIAÇÃO INICIAL DO PACIENTE CRÍTICO | Unidade I
C D
A MRC pode apresentar pontuações que variam de 0, quando não há uma contração
visível, até 5, quando a força muscular vence a resistência máxima, ou seja, movimento
muscular normal. Nesse caso, são avaliados seis grupos musculares, bilateralmente
(totalizando doze grupos musculares). A pontuação total se encontra ente 0 e 60 pontos.
Uma pontuação menor que 48 indica uma fraqueza muscular adquirida na UTI e está
relacionada a desfechos negativos.
Dinamometria
Para mensurar a força muscular de maneira mais objetiva, podem ser utilizados os
dinamômetros, pois esses equipamentos quantificam a força por meio de uma variável
numérica. Em pacientes internados na UTI, os dinamômetros que são comumente
utilizados são o handheld e o dinamômetro de preensão palmar (handgrip). É um método
sensível para identificar alterações de força ao longo do tempo e apresenta valores de
referência para os dois tipos.
Handheld
Esse método é mais sensível para identificar a fraqueza muscular bem como para avaliar
a progressão da reabilitação da força muscular (Figura 27). É um método de fácil e
rápida aplicabilidade. Já está bem demonstrado na literatura que a força de preensão
manual está diretamente relacionada à força muscular global e à capacidade física.
74
AVALIAÇÃO INICIAL DO PACIENTE CRÍTICO | Unidade I
Figura 27. Teste de força de preensão palmar por meio do dinamômetro handgrip.
A PIC em níveis normais é pulsátil e oscila de acordo com os ciclos cardíaco e respiratório.
O valor normal da PIC é <10 mmHg, da pressão carotídea é 90 mmHg, da pressão
arteriolar é 60 mmHg, e da pressão jugular é de 3 mmHg. A pressão de perfusão cerebral
(PPC) refere-se à pressão carotídea menos a PIC.
75
Unidade I | AVALIAÇÃO INICIAL DO PACIENTE CRÍTICO
Sugiro que assistam o vídeo do Prof. Daniel Lago Borges sobre a avaliação da
função neuromioarticular, que engloba os aspectos da avaliação do SNC e também
a avaliação do tônus muscular em pacientes críticos:
https://www.youtube.com/watch?v=ZT08vLwYYG0.
76
QUANTIFICAÇÃO
DOS PARÂMETROS UNIDADE II
AVALIATIVOS
CAPÍTULO 1
Eletroencefalograma
Definição e conceito
Hans Berger realizou o primeiro registro de um sinal de encefalografia em um ser
humano, em 1929. O eletroencefalograma (EEG) é a mensuração da atividade elétrica
através da superfície do crânio possibilitando a visualização da atividade generalizada
do córtex cerebral. Os registros elétricos na superfície externa da caixa craniana
apontam que existe uma atividade elétrica contínua no encéfalo. As características da
intensidade e os padrões da atividade são demonstrados pelos níveis de excitação em
diversas regiões do SNC que são resultado de diferentes condições, como, por exemplo,
sono e vigília, bem como situações patológicas, como nos casos de doenças encefálicas,
como epilepsias e psicoses. Dessa maneira, o registro da modulação desses potenciais
elétricos é denominado EEG (GUYTON, 2011, p. 763).
O registro do EEG é simples, realizado por meio de um método não invasivo e indolor.
Os eletrodos são fios condutores acoplados ao escalpo e possuem um adesivo condutor
de uma conexão de baixa resistência. Assim, vários eletrodos são fixados em pontos
específicos da cabeça (posições padronizadas) e são conectados a amplificadores e
aparelhos para registro. Alterações na voltagem, ou seja, dezenas de microvolts de
amplitude, são mensuradas pelos pares de eletrodos em diferentes regiões encefálicas.
Dessa maneira, um registro de EEG é composto por um conjunto de vários traçados
irregulares que ocorrem simultaneamente, apontando as alterações da voltagem entre
os pares de eletrodos (BEAR, 2017, p. 648).
77
Unidade II | QUANTIFICAÇÃO DOS PARÂMETROS AVALIATIVOS
ossos do crânio e as camadas da pele para que possam atingir os eletrodos (Figura 28).
Assim, o sinal elétrico de um neurônio isolado não pode ser visualizado, uma vez que
é preciso que ocorra a ativação conjunta de milhares de neurônios subjacentes para
que o sinal de EEG gerado seja de um tamanho relativamente grande para que então
possa ser visto. Assim, a amplitude do sinal do EEG depende da sincronia da atividade
neuronal subjacente. Desse modo, quando um conjunto de neurônios são excitados de
maneira simultânea, os pequenos sinais são somados para promover um grande sinal
na superfície. Bear explica a figura abaixo da seguinte maneira:
Neste caso, a sinapse ativa está na parte superior do dendrito. Quando o
axônio aferente dispara, o terminal pré-sináptico libera glutamato, o qual abre
canais de cátions. A corrente positiva flui para dentro do dendrito, deixando
uma leve negatividade no líquido extracelular. A corrente difunde-se pelo
dendrito e escapa de suas partes mais profundas, deixando o líquido levemente
positivo naqueles locais. O eletrodo do EEG (que forma um par com um
segundo eletrodo, localizado a uma certa distância) mede esse padrão por meio
de espessas camadas de tecidos. Somente com a contribuição das pequenas
voltagens de milhares de células é que o sinal pode ser suficientemente
intenso para ser detectado na superfície do escalpo. (Observe que, por
convenção, nos registros de EEG, plotam-se para cima os sinais de valor
negativo) (BEAR, 2017, p. 648).
Figura 28. Geração de campos elétricos muito pequenos por correntes sinápticas em células piramidais.
Amplificador do EEG
Eletrodo do EEG
Escalpo
Crânio
Dura-máter
Aracnoide
Espaço
subaracnóideo
Pia-máter
Sinapse ativa
Axônio aferente
Axônio
aferente
78
QUANTIFICAÇÃO DOS PARÂMETROS AVALIATIVOS | Unidade II
O número de canais utilizados no EEG pode ser variável, uma vez que, para a detecção
de crises de epilepsia são utilizados entre 16 e 21 canais; já para identificar o padrão
de surto-supressão em situações de coma barbitúrico, apenas dois eletrodos são
necessários.
Figura 29. Posições padrão para colocação dos eletrodos para o EEG.
Cz
Direita
Amplificador
C3 A2
F3 P3
Fp1 F8 T4
T3 T6
F7 T5 O1
Fp2 F4 C4 P4 O2
50 µV
Cz
Fp1 F3 C3 P3 O1
F7 1s
T3 T5
A1
Esquerda
Ondas cerebrais
As ondas elétricas do EEG são observadas em relação a frequência (Hertz ou ciclos/
segundo) e amplitude, que está relacionada à voltagem, como demonstrado na figura
25. No entanto, essas ondas cerebrais sofrem grandes influências do comportamento,
como, por exemplo, dos níveis de atenção, estados de sono ou vigília e também
79
Unidade II | QUANTIFICAÇÃO DOS PARÂMETROS AVALIATIVOS
» Ondas delta: são ondas lentas, com frequência <4 Hz, apresentam grande
amplitude e são características do estado de sono profundo, anestesia,
de diversos estados patológicos como isquemia, intoxicações exógenas e
alterações metabólicas de alta gravidade.
80
QUANTIFICAÇÃO DOS PARÂMETROS AVALIATIVOS | Unidade II
Delta
Teta
Alfa
Beta
1s
Podemos observar na figura 31, o registro de um EEG normal. O exame foi realizado
em um sujeito acordado e quieto. Os primeiros registros, ou seja, nos primeiros
segundos podemos observar uma atividade alfa normal, com frequências entre 8 e 13
Hz, apresentando maior amplitude nas áreas occipitais. Podemos observar também que,
na metade do registro, o sujeito abriu os olhos, fato apontado pelos grandes artefatos
de piscadela no traçado de cima, indicado pelas setas e pela supressão das ondas alfa
(Figura 31).
1 2 3 4 5 6 7 8 9
50 µV
Posições dos
eletrodos Ondas alfa Ondas beta
81
Unidade II | QUANTIFICAÇÃO DOS PARÂMETROS AVALIATIVOS
de neurônios devem disparar sincronicamente, uma vez que, somente assim ocorre a
soma dos potenciais de cada neurônio individual, resultando no sinal suficiente para
ser captado por meio do EEG. Assim, a intensidade das ondas que são registradas
pelo EEG é determinada pelo disparo síncrono de vários neurônios e não pelo nível
total de atividade elétrica encefálica. Além disso, fortes sinais neurais que não foram
sincronizados são anulados no registro das ondas cerebrais devido à oposição das suas
polaridades. Quando o sujeito está com os olhos fechados, são detectadas ondas alfa,
com uma descarga elétrica de maneira sincronizada de diversos neurônios e frequência
aproximada de 12 Hz. Entretanto, quando o sujeito abre os olhos, ocorre um aumento
da atividade neural, diminuindo a sincronização (ou seja, a dessincronização aumenta)
e anulando as ondas cerebrais (Figura 32).
Figura 32. Substituição das ondas alfa pelas ondas beta assincrônicas de baixa voltagem quando os olhos estão abertos.
Interpretação do EEG
Ainda existe uma grande dificuldade em relação à interpretação do EEG pela equipe
multidisciplinar no ambiente de terapia intensiva, gerando uma dependência dos
especialistas para analisar e interpretar os resultados. Atualmente, vêm surgindo
formas mais simplificadas de interpretação baseadas em interfaces mais fáceis de
visualizar por meio da encefalografia quantitativa, que transforma os sinais do EEG
em medidas de frequência e de amplitude relacionadas ao tempo. Esses resultados
podem ser expressos no formato de gráficos de tendência ou de barras, contendo os
valores em porcentagem do aparecimento das ondas captadas, bem como sua relação,
possibilitando uma maior facilidade de compreensão. No entanto, mesmo que a equipe
consiga analisar esses dados, o traçado tradicional e a consulta ao especialista devem ser
levados em consideração para a tomada de decisão terapêutica, sendo assim analisados
a presença de artefatos no traçado, bem como a validação da análise quantitativa.
82
QUANTIFICAÇÃO DOS PARÂMETROS AVALIATIVOS | Unidade II
Índice Bispectral
O índice bispectral (BIS) é derivado da análise eletroencefalográfica e tem sido amplamente
utilizado no ambiente de terapia intensiva para monitorização de pacientes em sedação.
Esse índice é expresso por um valor numérico que pode variar entre 0 e 100, resultante
da avaliação e da análise de três aspectos de onda do EEG: o espectro, a dominância
de tempo e o alcance espectral. É realizado também por meio do posicionamento
de eletrodos na região fronto-temporal do paciente (Figura 33). Essa medida não
apresentava correlações com as escalas de sedação, no entanto, atualmente, com a
correção dos softwares, esse método é bastante utilizado no ambiente hospitalar de
terapia intensiva (Tabela 15) (SCHETTINO et al., 2012, p. 856).
83
Unidade II | QUANTIFICAÇÃO DOS PARÂMETROS AVALIATIVOS
20 - 40 Hipnose profunda
http://files.bvs.br/upload/S/0101-8469/2015/v51n1/a4729.pdf.
YOUNG, G. B.; MANTIA, J. Continuous EEG monitoring in the intensive care unit.
In: Handbook of Clinical Neurology. Elsevier, 2017. p. 107-116.
https://jintensivecare.biomedcentral.com/track/pdf/10.1186/s40560-018-0310-z.
84
CAPÍTULO 2
Avaliação do Fluxo Cerebral
85
Unidade II | QUANTIFICAÇÃO DOS PARÂMETROS AVALIATIVOS
FSC (ml/100/g/min)
53
PAM
(mmHg)
50 150
Além disso, é por meio do FSC que o encéfalo é nutrido e recebe o oxigênio para suas
células. Outro fator também pode influenciar na mensuração do FSC, o metabolismo
cerebral. A variável relacionada com a medida do metabolismo cerebral é a taxa
metabólica cerebral de oxigênio, que está relacionada à quantidade da oferta e ao
consumo de nutrientes e oxigênio. A diferença arteriovenosa de oxigênio também é
outra variável que influencia o FSC e seu cálculo é realizado baseado na diferença entre
a quantidade de oxigênio do sangue que chega e sai do cérebro por meio das artérias
carótidas e pelo sangue que sai pela jugular. Possibilita então a avaliação da necessidade
de captação de oxigênio pelos tecidos do cérebro (FLORES, 2011).
Nesse sentido, quando houver uma redução da oferta de oxigênio ao cérebro vai ocorrer
uma hipóxia relacionada a disfunções respiratórias, ou uma isquemia, relacionada a
disfunções circulatórias que promovem uma redução do FSC. Em ambos os casos
ocorre uma elevação da taxa metabólica cerebral de oxigênio, uma vasodilatação,
aumentando o volume de sangue no cérebro e a PIC. A isquemia pode ser caracterizada
pelo resultado da diminuição do FSC abaixo das necessidades metabólicas do tecido.
86
QUANTIFICAÇÃO DOS PARÂMETROS AVALIATIVOS | Unidade II
<18 ml Abole a atividade EEG espontânea, metabolismo anaeróbio, infarto se durar mais que 4 horas
<15 ml Abole potenciais evocados somatossensoriais, infarto se durar mais que 3,5 horas
Nesse sentido, uma diminuição da PPC promove uma elevação da PIC, que, por sua
vez, provoca um estímulo ao centro vasomotor resultando em uma elevação da PAM
com o objetivo de manter a PPC. Esse mecanismo é denominado reflexo de Cushing.
Dessa maneira, quando ocorre o aumento da PA secundária, a HIC associada a bradicardia
e modificações do padrão respiratório, denomina-se tríade de Cushing.
Outro mecanismo chamado cascata vasodilatadora também pode acontecer. Quando a
PPC é diminuída em valores críticos, <60 mmHg, ocorrerá uma isquemia tecidual
que acarretará uma acidose tecidual levando a uma vasodilatação, de acordo com o
grau de integridade do mecanismo de autorregulação. Essa vasodilatação promove a
elevação do volume de sangue no cérebro secundário à PIC. Aspectos importantes
da cascata vasodilatadora são a lesão isquêmica e a reperfusão, podendo resultar em
morte encefálica pela HIC refratária (SCHETTINO et al., 2012, p. 833).
Em pacientes com AVC, ocorre uma elevação do volume cerebral e, por consequência,
o aumento da PIC. No entanto, esse fato não ocorre pela presença do aumento da
resistência vascular cerebral (RVC), que compensa o aumento da PPC.
Além disso, existe outro termo que está relacionado a essas condições. A reatividade
cerebral ao CO2 (RC) expressa o percentual de alteração que ocorre no FSC desencadeado
por meio da alteração da PaCO2 a cada 1 mmHg. O valor normativo em seres humanos
em condições normais é 3%. No entanto, a RC é diferente da autorregulação, sendo a
autorregulação um mecanismo adaptativo, e as variações de CO2 geram modificações
no FSC sem nenhuma compensação fisológica aparente.
Dessa maneira, como já apontamos, a manipulação da PaCO2 pode ser perigosa, uma
vez que pode promover uma redução do FSC. Essa variável também está relacionada
88
QUANTIFICAÇÃO DOS PARÂMETROS AVALIATIVOS | Unidade II
Potássio
Adenosina
Prostaglandinas
O mecanismo de ação das prostaglandinas ainda não está bem compreendido, contudo,
sabe-se que apresentam um papel modulador do FSC. Prostaglandinas E2 e prostaciclina
são vasodilatadores potentes que se encontram em níveis elevados após a hipertensão
arterial.
Óxido nítrico
89
Unidade II | QUANTIFICAÇÃO DOS PARÂMETROS AVALIATIVOS
Além disso, existe outra maneira de avaliação do equilíbrio entre a oferta e o consumo
de oxigênio, por meio da medida de extração cerebral de oxigênio (ECO2) que é realizada
90
QUANTIFICAÇÃO DOS PARÂMETROS AVALIATIVOS | Unidade II
pela diferença entre a SaO2 e a saturação venosa jugular de oxigênio (SjO2). Na tabela
abaixo, podemos observar a interpretação da SjO2 (Tabela 17).
SjO2 Interpretação
90-100 Morte encefálica, hipotermia, malformação arteriovenosa
Além disso, podemos encontrar situações onde a SjO2 está diminuída ou que a ECO2
esteja elevada e vice-versa. Dessa maneira, Schettino et al. explicam as consequências
dessas alterações:
SjO2 (<55%) ou ECO2 (>42%): Revela desequilíbrio entre oferta e consumo
cerebral de oxigênio. Isso pode ocorrer por aumento do metabolismo
(isquemia relativa) ou por redução do FSC (isquemia absoluta). Nunca
se deve esquecer de excluir um erro de aferição e certificar-se de que o
conteúdo arterial de oxigênio está adequado (SaO2>90% e Hb>10 g/dl).
Em geral, as causas mais frequentes de SjO2 baixa são PPC<70 mmHg ou
PaCO2 <30 mmHg.
atualmente foi relatado que o lactato produzido pelas células da glia também pode
ser utilizado pelos neurônios como fonte de energia. Podemos citar como exemplo
de um metabolismo cerebral reduzido de modo global, os casos de traumatismo
cranioencefálico grave, nos quais o metabolismo se encontra reduzido entre 30 e 50%
com uma TCMO2 média de 1,74 ml/100g/min. Podemos observar na tabela 18, um
breve resumo das principais variáveis hemometabólicas (Tabela 18).
Variáveis Comentário
VN = 50 ml/100g/min
FSC
Não subestimar a importância da RVC
SaO2 VN = 98-100%
SjO2 VN = 65%
VN = 6,7 ml/dl
Diferença arteriovenosa jugular de
O2 Aumento dessa variável representa hipoperfusão relativa, enquanto a
diminuição indica hiperperfusão relativa
VN = 9,8 ml/dl
Diferença arteriovenosa jugular de
glicose Aumento dessa variável representa hipoperfusão relativa, enquanto a
diminuição indica hiperperfusão relativa
VN = 26-36%
ECO2 Aumento dessa variável representa hipoperfusão relativa, enquanto a
diminuição indica hiperperfusão relativa
Doppler transcraniano
O doppler transcraniano (DTC) é um método realizado por meio da emissão de
pulsação de ondas de baixa frequência com o objetivo de identificar e analisar o fluxo
de sangue do cérebro, bem como o sentido e a velocidade da circulação sanguínea nos
vasos e nas cavidades cardíacas. É um método não invasivo e possibilita o estudo da
hemodinâmica cerebral, e, assim, fornece parâmetros que auxiliam o diagnóstico e o
acompanhamento da evolução de quadros de vasoespasmo de maneira rápida e segura
sem trazer nenhum risco ao paciente neurológico crítico que se encontra no leito.
92
QUANTIFICAÇÃO DOS PARÂMETROS AVALIATIVOS | Unidade II
O primeiro registro de DTC foi realizado na década de 1980 e foi apontado como
um método poderoso para auxiliar o diagnóstico de doenças vasculares cerebrais.
Assim, é realizado o acesso aos vasos intracranianos por meio de regiões em que o
osso da calota craniana é mais fino, ou por meio dos forames naturais. No entanto,
cerca de 10% dos pacientes, especialmente do gênero feminino e idosas, a qualidade
da insonação é ruim, devido ao espessamento ósseo. Esse acesso ocorre por meio de
um transdutor de baixa frequência (2 mHz), que emite ondas de ultrassom pulsátil.
Comumente, as janelas acústicas utilizadas na realização do DTC são: transtemporal
(localizada acima do arco zigomático), transorbitária e transforaminal (forame magno).
Através desses pontos, é possível obter os registros da velocidade do fluxo sanguíneo
das artérias: carótida interna (ACI), cerebral anterior (ACA), cerebral média (ACM),
cerebral posterior (ACP), comunicante anterior (ACoA), comunicante posterior
(ACoP), oftálmica (AO), vertebral (AV) e basilar (AB) (RANDOVIC, SCAFF, 2001).
Todas as artérias responsáveis pela circulação de sangue do encéfalo compõem o
polígono de Willis (Figura 36).
Artéria cerebral
anterior
Artéria comunicante
anterior
Artéria cerebral
média
Artéria carótida
interna
Artéria comunicante
posterior
Artéria cerebral
posterior
Artéria cerebelar
superior
Artéria basilar
Artérias vertebrais
Para que as artérias sejam identificadas de maneira correta, através dos sinas obtidos,
diversos parâmetros podem ser utilizados como a janela acústica utilizada, a angulação
do transdutor, a profundidade da amostra de sinal que foi registrado, a direção do fluxo
93
Unidade II | QUANTIFICAÇÃO DOS PARÂMETROS AVALIATIVOS
sanguíneo e o contorno da onda que foi obtido por meio da análise espectral. Dessa
maneira, os achados utilizados na interpretação do DTC são a velocidade média de
fluxo obtida durante o registro e o índice de pulsatilidade. O índice de pulsatilidade
refere-se ao grau de variabilidade da velocidade máxima de fluxo que acontece durante
as diferentes fases do ciclo cardíaco, demonstrando a resistência periférica do órgão
suprido pela artéria que está sendo analisada. A velocidade do sangue é elevada durante
a sístole e reduzida durante a diástole, sendo que as células centrais do vaso apresentam
maior velocidade em compração com as células da periferia, gerando o espectro
de velocidade do fluxo. Esse espectro é semelhante à forma da curva de pressão da
monitorização invasiva da PA (Figura 37).
» ACM: 41 a 67 cm/seg;
» ACA: 36 a 64 cm/seg;
» ACP: 31 a 49 cm/seg;
» ACI: 30 a 54 cm/seg;
» AV: 27 a 45 cm/seg;
Contudo, essa técnica pode apresentar algumas limitações. Uma delas é na determinação
da velocidade do fluxo, de modo que a acurácia da medida é dependente do ângulo
94
QUANTIFICAÇÃO DOS PARÂMETROS AVALIATIVOS | Unidade II
Em casos de HIC, o DTC também pode identificar algumas alterações em suas ondas.
Ocorre o aumento da PIC, redução da PPC, diminuindo a velocidade do fluxo,
influenciando os valores da velocidade diastólica e o aumento da RVC, evidenciadas
pelo aumento do índice de pulsatilidade.
Por fim, o DTC também apresenta alterações em casos de morte encefálica, identiificado
pelo fluxo sistólico intracraniano de pequena intensidade e saída de fluxo na fase
diastólica, ou seja, um fluxo retrógrado. O DTC apresenta uma sensibilidade acima
de 90% e uma especificidade de 100% para morte encefálica (SCHETTINO et al., 2012,
p. 857).
Oximetria cerebral
A oximetria cerebral tem como objetivo avaliar a oxigenação cerebral de maneira
não invasiva. O sensor é posicionado na região frontal da cabeça, sobre a pele.
O mecanismo de funcionamento da oximetria cerebral ocorre por meio da emissão de
luz através do escalpe e do crânio que chega até o córtex cerebral, onde será refletido pela
95
Unidade II | QUANTIFICAÇÃO DOS PARÂMETROS AVALIATIVOS
96
CAPÍTULO 3
Outros Testes e Escalas Funcionais
Avaliação da dor
A percepção de dor é resultante de experiências multidimensionais individuais frente
a vários estímulos que podem ou não resultar em uma lesão tecidual. Dessa maneira,
diferentes protocolos de avaliação da dor podem ser utilizados. Em pacientes que são
capazes de verbalizar e apresentam a preservação da cognição, a mensuração é fácil
de ser realizada, sendo o paciente capaz de descrevê-la. Em contrapartida, pacientes
críticos, internados em UTI, que se encontram em diferentes condições podem impedir
a verbalização da presença ou da ausência da dor. Isso pode ocorrer por alterações no
nível de consciência, efeitos de alguns medicamentos sedativos e também pela utilização
da ventilação mecânica. Dessa maneira, a mensuração da dor pode ser realizada apenas
de maneira indireta (OLIVEIRA et al., 2019).
Alguns fatores podem desencadear a dor em pacientes críticos na UTI, como, por
exemplo aspiração traqueal, mudanças de decúbito, curativos, traumas, lesão cirúrgica,
sondas, cateteres, drenos, úlceras, punções, entre outros. Além disso, quando essa dor não
é adequadamente controlada, podem ocorrer alterações respiratórias, hemodinâmicas
e metabólicas que, por consequência, podem levar a outras alterações (FORTUNATO
et al., 2013).
A escala visual/verbal numérica (EVN) tem como objetivo atribuir valores numéricos
para mensurar a intensidade da dor e é de fácil aplicabilidade. No entanto, para sua
97
Unidade II | QUANTIFICAÇÃO DOS PARÂMETROS AVALIATIVOS
aplicação o paciente deve estar consciente de seus pensamentos e ações, uma vez que
deve atribuir um valor de varia entre 0 e 10, sendo que, 0 está relacionado com a
ausência de dor e 10 à maior dor imaginável (Figura 39) (FORTUNATO et al., 2013).
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Para sua aplicação não é necessário apresentar uma escala ao paciente, ou seja, o terapeuta
pode apenas verbalizar, o que torna mais fácil e simples de aplicar em sujeito com baixa
escolaridade ou alterações visuais. É importante deixar claro que essa escala deve ser
aplicada em pacientes sem alterações cognitivas que podem estar na UTI aguardando
algum procedimento cirúrgico, por exemplo.
A escala visual analógica (EVA) é semelhante à EVN, no entanto, para sua aplicação
deve-se ter contato visual com o paciente. Nessa escala o paciente aponta ao terapeuta
o grau da sua dor. Essa escala consiste em uma régua numérica com 10 centímetros
dividida em dez espaços que variam de 0 a 10, podem possuir cores para ficar mais
fácil o entendimento. O paciente deve entender que uma extremidade da régua indica
ausência de dor e a outra indica dor máxima (Figura 40).
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Assim como a EVN, para a aplicação da EVA o paciente precisa estar consciente,
orientado e com uma boa capacidade cognitiva, fatores que dificultam sua aplicabilidade
na UTI. Mas pode ser utilizada com as mesmas indicações da EVN. Nesse sentido, devido
98
QUANTIFICAÇÃO DOS PARÂMETROS AVALIATIVOS | Unidade II
A Behavioral Pain Scale (BPS), ou escala comportamental de dor é utilizada para avaliar a
dor em pacientes sedados e inconscientes sob ventilação mecânica. Essa escala apresenta
uma boa acurácia, além de ser de fácil e rápida aplicabilidade: em média, 5 minutos.
Estudos realizados com a população brasileira demonstraram que a BPS é adequada
para a avaliação da dor em pacientes críticos.
Essa escala é composta pela avaliação de três aspectos: expressão facial, movimentos
corporais e tolerância a ventilação mecânica. Cada item foi categorizado em quatro
possibilidades de descrição do comportamento, sendo a pontuação 1 indica ausência
de dor e a pontuação 4 indica máxima dor. A pontuação total pode variar entre 3 (sem
dor) e 12 (dor máxima) (Tabela 20).
Sem movimento 1
Movimentação Movimento parcial 2
dos membros
superiores Movimentação completa dos dedos 3
Permanentemente contraídos 4
Tolerante 1
Conforto com Tosse, mas tolerante a ventilação mecânica a maior parte do tempo 2
o ventilador
mecânico Brigando com o ventilador 3
Sem controle da ventilação 4
Avaliação da funcionalidade
Atualmente, a abordagem do paciente crítico na UTI vem modificando o paradigma
relacionado à manutenção da restrição ao leito do paciente crítico até que a sua
99
Unidade II | QUANTIFICAÇÃO DOS PARÂMETROS AVALIATIVOS
A Functional Satatus Score for the Intensive Care Unit (FSS-ICU), escala de estado funcional
para UTI é utilizada para avaliar a função física em pacientes críticos. Já é sabido
que os pacientes críticos em ambiente hospitalar apresentam fraqueza muscular e
comprometimentos na função que podem perdurar por um longo tempo após a
alta. Dessa maneira, ferramentas capazes de mensurar a capacidade que o paciente
apresenta para realizar as tarefas de mobilidade são de fundamental importância.
De acordo com esse contexto, a FSS-ICU foi desenvolvida com o objetivo de descrever
os comprometimentos funcionais dos pacientes internados na UTI. Essa escala é
composta pela avaliação de tarefas de mobilidade, como rolar, transferências da
posição supina para a sentada, da posição sentada para de pé, sentar-se à beira do leito
e caminhar (Tabela 21). Sua pontuação total pode variar entre 0 e 35 pontos, sendo
que as pontuações mais altas apontam maior independência. Essa escala foi traduzida
e validada para o nosso idioma e cultura (SILVA et al., 2017).
Tabela 21. FSS-ICU.
Pontuação Definição
0 Incapaz de tentar ou concluir a tarefa completa em relação a fraqueza
1 Dependência total
5 Apenas supervisão
6 Independência modificada
7 Independência total
a comandos até a distância da caminhada de dois minutos. Essa escala apresenta uma
pontuação que pode variar entre 0 e 32 pontos, que são divididos em quinze itens,
dispostos em sete categorias: estado mental, barreiras de mobilidade, força funcional,
mobilidade no leito, transferências, dispositivos auxiliares de marcha e medidas de
resistência. A pontuação total mais baixa aponta menor mobilidade e maior dependência
(Tabela 22) (KAWAGUCHI et al., 2016).
Itens Pontuação
Pernas
20º de flexão de quadril na posição supino ou semi-reclinado contra a
FORÇA FUNCIONAL
gravidade, direita e esquerda com joelhos esticados
Pontuação máxima = 4
Não = 0
Sim =1
Braços
Aproximadamente 45º com cotovelo estendido em posição supino ou
sentado, direito e esquerdo
Não = 0
Sim = 1
101
Unidade II | QUANTIFICAÇÃO DOS PARÂMETROS AVALIATIVOS
Itens Pontuação
Marcha
Não avaliado ou assistência total (<25%)=0
MARCHA
Máxima assistência (25 a 50%)=1
Pontuação máxima = 3
Moderada assistência (50 a 75%)=2
Mínima assistência (>75%) ou supervisão=3
102
QUANTIFICAÇÃO DOS PARÂMETROS AVALIATIVOS | Unidade II
Pontuação total = 12
Anotar tempo de cadência (seg) e número de passos
A ICU Mobility Scale (IMS) ou escala de mobilidade de UTI foi desenvolvida com os
objetivos semelhantes ao do Perme Escore. Essa escala é composta por uma pontuação
que varia entre 0 e 10, com um domínio único. A pontuação 0 está relacionada a baixa
mobilidade, que pode ser interpretada quando o paciente realiza apenas exercícios
passivos no leito, e a pontuação 10 aponta alta mobilidade, como o paciente que
apresenta deambulação independente, sem necessitar de nenhum auxílio (Tabela 24)
(KAWAGUCHI et al., 2016).
Tabela 24. IMS.
Classificação Definição
0 Nada (deitado no leito) Rolado passivamente pela equipe, mas não se movimenta ativamente.
Sentado no leito, exercícios no Qualquer atividade no leito, incluindo rolar, ponte, exercícios ativos,
1
leito cicloergômetro e exercícios ativo assistidos; sem sair do leito ou à beira do leito.
Transferido passivamente para a Transferência para a cadeira por meio do guincho, elevador ou passante, sem
2
cadeira (sem ortostatismo) ortostatismo ou sem sentar à beira do leito.
Pode ser auxiliado pela equipe, mas envolve sentar ativamente à beira do
3 Sentado à beira do leito
leito e com algum controle de tronco.
103
Unidade II | QUANTIFICAÇÃO DOS PARÂMETROS AVALIATIVOS
Classificação Definição
Sustentação do peso sobre os pés na posição ortostática, com ou sem ajuda.
4 Ortostatismo
Pode ser considerado o uso do guincho ou prancha ortostática.
Deambular com auxílio de 2 ou O paciente consegue se distanciar pelo menos 5 metros do leito/cadeira com
7
mais pessoas auxílio de 2 ou mais pessoas.
Deambular com o auxílio de 1 O paciente consegue se distanciar pelo menos 5 metros do leito/cadeira com
8
pessoa auxílio de 1 pessoa.
Deambulação independente
O paciente consegue se distanciar pelo menos 5 metros leito/cadeira sem o
10 sem auxílio de um dispositivo de
uso de dispositivos de marcha ou o auxílio de outra pessoa.
marcha
Fonte: Kawaguchi et al. (2016, traduzido com permissão de HODGSON et al. 2014).
Aspectos
Nível 0 Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4 Nível 5
físicos
Completa Ventilação
Completa
dependência Ventilação espontânea
dependência
do ventilador. espontânea assistida com Recebendo
do ventilador. Ventilação
Somente ciclos com suporte suporte ventilatório oxigenio-
Função Ciclos espontânea
controlados. ventilatório invasivo ou terapia
respiratória controlados sem oxigenio-
Pode estar invasivo ou não invasivo padrão (<15 l/
com algum terapia
completamente não invasivo intermitente, ou alto min).
esforço
sedado ou contínuo. fluxo contínuo de
espontâneo.
curarizado. oxigênio (> 15 l/min).
104
QUANTIFICAÇÃO DOS PARÂMETROS AVALIATIVOS | Unidade II
Aspectos
Nível 0 Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4 Nível 5
físicos
Tosse
voluntária
fraca e
Tosse voluntária Tosse
ineficaz, Tosse eficaz,
Tosse ausente, Tosse fraca parcialmente voluntária
incapaz de eliminação
pode estar estimulada eficaz, algumas eficaz, elimina
eliminar das secreções
Tosse completamente somente com vezes capaz de secreções
secreções com técnicas
sedado ou aspiração eliminar secreções de forma
de forma de higiene
curarizado. profunda. (requer aspiração indepen-
independente brônquica.
de cavidade oral). dente.
(ex: requer
aspiração
profunda).
Inicia o Inicia o
movimento. movimento.
Incapaz, Requer Requer Inicia o movimento. Capaz de Capaz de
pode estar assistência assistência Requer assistência rolar de forma rolar de forma
Movimento de
completamente de duas ou de uma ou de uma pessoa indepen- independente
rolar no leito
sedado ou mais pessoas duas pessoas (requer assistência dente em ≥3 em <3
curarizado. (requer (requer mínima). segundos. segundos.
assistência assistência
máxima). moderada).
Independente
Dinâmica com algum Independente
da posição Requer Requer equilíbrio com pleno
sentada assistência assistência dinâmico equilíbrio
Requer assistência
(ex.: manter de duas ou de uma ou ao sentar dinâmico
Incapaz/ de uma pessoa
o equilíbrio mais pessoas duas pessoas (ex.: capaz sentado (ex.:
instável. (requer assistência
sentado na (requer (requer de alterar a capaz de se
mínima).
beira do leito/ assistência assistência posição do manter sem
sentar sem máxima). moderada). tronco com uma base de
suporte) uma base de apoio).
apoio).
Independente
Independente sem uso
Guindaste
sem uso de auxílio
para ficar em
Incapaz/ Prancha Dependente de de auxílio, e completo
Equilíbrio em pé ou similar
instável/restrito ortostática ou andador, muletas porém, sem equilíbrio
pé ou auxílio
ao leito similar. ou similar. equilíbrio dinâmico em
físico de
dinâmico em pé (ex.: capaz
terceiros.
pé. de manter sua
base de apoio).
105
Unidade II | QUANTIFICAÇÃO DOS PARÂMETROS AVALIATIVOS
Aspectos
Nível 0 Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4 Nível 5
físicos
Sentado para
Mudança em pé com
Sentado para Sentado Sentado
da posição assistência
em pé com para em pé para em pé
sentada para máxima Sentado para em
assistência indepen- independente
posição em Incapaz/ (guindaste pé com assistência
moderada dente, sem auxílio/
pé (posição instável. para ficar em mínima (com auxílio
(com auxílio empurrando apoio dos
inicial: >90º pé ou similar de uma pessoa).
de duas os braços na membros
de flexão de ou auxílio
pessoas). cadeira/cama. superiores.
quadril) físico de
terceiros).
Ficar em pé
Uso do
e dar um
Pleno uso de guindaste Transferência
passo para
guindaste de para ficar em com pivô (sem Transferência
transferência
Transferência transferência pé ou similar dar passos) independente
Incapaz/ com
da cama para a ou similar ou ou auxílio com dispositivo sem
instável. dispositivo
cadeira pleno auxílio de terceiros de auxílio à dispositivo de
de auxílio à
físico de (paciente mobilidade oi auxílio.
mobilidade oi
terceiros. é capaz de assistência física.
assistência
participar).
física.
Uso de
dispositivo Uso de
de auxílio à Uso de dispositivo dispositivo
Uso do
mobilidade de auxílio à de auxílio à
guindaste ou
e assis- mobilidade e mobilidade ou
Incapaz/ similar para Independente
Dar passos tência de assistência de assistência de
instável. ficar em pé ou sem auxílio.
mais de uma pessoa uma pessoa
auxílio físico
pessoa uma (requer assistência (requer
de terceiros.
(requer mínima). assistência
assistência mínima).
moderada).
Força de
preensão
(média
prevista, por Incapaz de
<20% <40% <60% <80% ≥80%
idade e sexo, avaliar
da força da
mão mais
forte)
O Surgical Intensive Care Unit Optimal Mobilization Score (SOMS) ou escore de mobilidade
em UTI cirúrgica, foi desenvolvido para avaliar a mobilidade. Sua pontuação varia de 0
a 4, onde 0 indica que o paciente não apresenta mobilidade e 4 apresenta deambulação.
Além disso, tem possibilidade de pontuações intermediárias nas quais a pontuação 1
106
QUANTIFICAÇÃO DOS PARÂMETROS AVALIATIVOS | Unidade II
(FERREIRA, 2018).
Delirium
O delirium é considerado um distúrbio psiquiátrico que geralmente atinge pacientes idosos
hospitalizados. Comumente é um fator secundário a doenças graves. É caracterizado
107
Unidade II | QUANTIFICAÇÃO DOS PARÂMETROS AVALIATIVOS
como uma síndrome de início agudo sendo que seu curso é flutuante, com a presença
de redução da consciência, da atenção e alterações cognitivas, sempre associados a uma
alteração fisiopatológica. Nesse sentido, o delirium apresenta uma incidência variada,
está diretamente relacionado com índices de mortalidade, tempo de internação na
UTI e hospitalar e maior tempo de ventilação mecânica. Além desses aspectos, o
delirium também está relacionado com a presença de maiores déficits cognitivos e
funcionais a longo prazo. Outro fator importante é a dificuldade de diagnóstico dessa
disfunção (SPRONK et al., 2009). Dessa maneira, de acordo com o panorama descrito,
vamos aprofundar o nosso conhecimento em duas escalas de avaliação do delirium
em UTI.
A Confusion Assessment Method for the ICU (CAM-ICU), foi desenvolvida com o
objetivo de auxiliar no diagnóstico de delirium na UTI e possibilita a avaliação de
pacientes em ventilação mecânica que estão impossibilitados de apresentar uma
comunicação verbal. A avaliação da CAM-ICU é integrada com a utilização da escala
de RASS que vimos na unidade anterior. Na figura abaixo, está demonstrado o
método de avaliação da confusão mental na UTI por meio da CAM-ICU. Essa escala
também foi traduzida e validada para o nosso idioma e cultura (Figura 41) (SALLUH
et al., 2010).
108
QUANTIFICAÇÃO DOS PARÂMETROS AVALIATIVOS | Unidade II
Sim
2 – Inatenção
Leia em voz alta as seguintes letras: “S A V E A H A A R T” e peça para o Pare
Se RASS = -4 ou -5 paciente apertar a sua mão apenas quando ouvir a letra “A”. <3 erros Não há delirium
(-3 até +4) São erros: Paciente não aperta quando ouve a letra “A”.
Paciente aperta quando ouve outra letra que não a “A”.
>3
PARE
3 – Nível de consciência alterado (atual RASS) Pare
Reavalie o paciente Paciente está
Se RASS for 0 prossiga para o próximo passo. Se RASS ≠0
depois com delirium
109
AVALIAÇÃO DO
PACIENTE COM MORTE UNIDADE III
ENCEFÁLICA
O conceito de morte encefálica é um assunto que ainda gera muitas dúvidas em relação
a sua abordagem e manejo. Nesse sentido, o conceito de morte encefálica (ME) pode
ser definido como o término das funções vitais, entretanto, é extremamente difícil
precisar o momento exato em que aconteceu. Essa dificuldade ocorre porque a ME
não acontece somente por um fator isolado, e sim por uma sequência de fenômenos
que ocorrem gradativamente nos diversos órgãos e sistemas que são responsáveis por
manter a vida.
111
CAPÍTULO 1
Apresentação da nova Resolução
nº 2.173/2017
» apresentar uma lesão encefálica que tenha uma causa conhecida, mas que
seja irreversível e possa levar a ME;
» ter ausência de fatores que podem ser tratados e que possam provocar uma
confusão no diagnóstico de ME;
O artigo 2º aponta que alguns procedimentos devem ser realizados para que a ME
possa ser determinada:
112
Avaliação do paciente com morte encefálica | Unidade III
O artigo 3º aponta que o exame clínico deve demonstrar de modo incontestável que
o paciente apresenta algumas condições:
Para tanto, devem ser realizados dois exames clínicos, que devem ser realizados por
médicos diferentes, e esses profissionais precisam estar capacitados para realização
dos procedimentos, bem como para determinar a ME. Dessa maneira, os médicos
capacitados devem ter pelo menos 1 ano de experiência no atendimento de pacientes
em coma e já terem realizado, no mínimo, 10 diagnósticos de ME e feito curso de
capacitação em ME. Além disso, um dos médicos que realizará o exame clínico deve ser
especialista em medicina intensiva adulto/pediátrica ou neurologia adulto/pediátrica ou
neurocirurgia ou medicina de emergência. Na ausência de um dos especialistas citados,
a determinação da ME deve ser realizada por outro médico que esteja especificamente
capacitado. Em crianças, os dois exames devem ser realizados com um intervalo de
tempo específico de acordo com a faixa etária.
O artigo 4º aponta que o teste de apneia precisa ser realizado somente uma vez por um
dos médicos especializados que realizará o exame clínico e deverá detectar a ausência
de movimentos respiratórios na presença de hipercapnia, ou seja, valores de PaO2>55
mmHg. No entanto, quando é detectada a ausência de movimentos respiratórios
relacionados a causas extracranianas ou farmacológicas, é proibida a realização do
teste de apneia até que a situação clínica seja revertida.
O artigo 5º aponta que devem ser realizados exames complementares para que seja
comprovada, de maneira incontestável, uma das condições abaixo:
A decisão sobre qual exame complementar será realizado dependerá da situação clínica
do paciente, bem como da disponibilidade local. No entanto, para realização do exame
escolhido, deve ser utilizada a metodologia específica que possa ser capaz de determinar
a ME. O laudo desse exame também deve ser elaborado por um médico especializado
em situações de ME.
113
Unidade III | Avaliação do paciente com morte encefálica
O artigo 10º relata que a direção técnica do hospital onde será determina da ME deverá
apresentar as indicações dos profissionais médicos para a realização dos exames clínicos
e complementares. É importante ressaltar que nenhum desses médicos da equipe que
determinaram a ME poderão participar da equipe de remoção e transplante. Essas
indicações deverão ser de responsabilidade da Central Estadual de Transplantes (CET)
(conforme o artigo 3º da Lei nº 9.434/1997).
O artigo 11º aponta que na realização dos procedimentos para detecção da ME deverão
ser utilizadas a metodologia e as orientações específicas que foram desenvolvidas pelo
Conselho Regional de Medicina. Falaremos a seguir sobre esses procedimentos.
E, por fim, o artigo 12º aponta que essa resolução entrou em vigor no dia 23 de
novembro de 2017, revogando a Resolução nº 1.480, de 21 de agosto de 1997.
114
Avaliação do paciente com morte encefálica | Unidade III
Pré-requisitos
Alguns aspectos devem ser verificados. Como apontamos no artigo 2º, para que
seja determinada a ME, é preciso que o paciente apresente uma lesão encefálica de
causa conhecida, que seja irreversível e possa levar ao quadro clínico. Para tanto, o
diagnóstico da lesão encefálica que causou o estado comatoso deve ser estabelecido
por uma avaliação clínica e confirmada por meio de exames de neuroimagem, bem
como por outros métodos que possam diagnosticar essa lesão. Dessa forma, alguma
incerteza em relação à presença dessa lesão irreversível, bem como da causa dessa lesão,
inviabiliza a determinação da ME. Além disso, é necessário um período de observação
e tratamento intensivo no ambiente hospitalar de pelo menos 6 horas após o estado
de coma ter sido estabelecido. Quando a causa primária do quadro clínico for uma
encefalopatia hipóxico-isquêmica, o período de observação em UTI deve ser de pelo
menos 24 horas depois da parada cardiorrespiratória ou reaquecimento na hipotermia
terapêutica para que possa ser iniciado o processo de determinação da ME.
Em relação à ausência de outros fatores que possam provocar alguma confusão sobre
o quadro clínico, serão apontados abaixo e, quando acontecem de maneira grave e não
são corrigidos, podem ser agravados e levar ao estado de coma. Esses fatores devem ser
registrados no prontuário do paciente, associados à justificativa da análise da situação
e à adoção de medidas apropriadas para corrigir essas alterações antes que seja iniciado
o processo de determinação da ME. Esses fatores são:
115
Unidade III | Avaliação do paciente com morte encefálica
Exame clínico
No exame clínico também devem ser avaliadas algumas situações clínicas:
» Coma não perceptivo: é definido como um estado de consciência permanente
com a ausência de resposta motora supraespinhal frente a qualquer estímulo,
116
Avaliação do paciente com morte encefálica | Unidade III
Teste de apneia
117
Unidade III | Avaliação do paciente com morte encefálica
C. Constatação da apneia
» ausência de movimentos respiratórios espontâneos após estimulação máxima do centro respiratório;
» 8 - 10 minutos são geralmente suficientes para obtenção de PaCO2 > 55mmHg;
» obter gasometria arterial final.
D. Interrupção do teste
» interromper o teste se houver arritmia, SaO2 < 85% ou abaixo dos limites de cada faixa etária;
» coletar sangue para gasometria no momento da interrupção, mesmo com tempo de observação menor.
E. Interpretação
» teste positivo: ausência de movimentos respiratórios e PaCO2 > 55mmHg;
» teste inconclusivo: ausência de movimentos respiratórios e PaCO2 ≤ 55mmHg;
» teste negativo: detecção de movimentos respiratórios após a interrupção da ventilação.
Exames complementares
118
Avaliação do paciente com morte encefálica | Unidade III
Equipe médica
A comunicação aos familiares ou responsáveis legais deve ser feita de maneira expressiva.
Durante todo o processo de determinação de ME um médico da equipe deve conversar
com os familiares de maneira clara e ao longo de todo o processo assistencial, que
deve ser registrado no prontuário do paciente. Essa comunicação deve ser realizada
desde a suspeita até a confirmação do diagnóstico de ME. É recomendado que essa
comunicação seja feita por um profissional que possua um treinamento específico
para essa tarefa. A decisão relacionada à doação de órgãos só deve ser conversada e
solicitada aos familiares após o diagnóstico da ME.
Possibilidade de realização de exame clínico em casos de lesão anatômica unilateral, de olhos ou ouvidos.
119
Unidade III | Avaliação do paciente com morte encefálica
Comunicação adequada com familiares antes e durante todo o processo de diagnóstico da ME.
Previsão da interrupção do suporte vital quando a doação de órgãos não for viável.
Novo Termo de Determinação de ME a ser preenchido por todos os médicos envolvidos no diagnóstico.
B. Notificação da ME
» notificar à Central Estadual de Transplantes que a determinação da ME foi iniciada.
120
Avaliação do paciente com morte encefálica | Unidade III
E. Teste de apneia
» Ausência de movimentos respiratórios após a interrupção de ventilação, mediante a estimulação máxima do centro
respiratório com documentação de uma PaCO2 > 55mmHg.
F. Exames complementares
» Eletroencefalograma;
» arteriografia cerebral;
» doppler transcraniano;
» cintilografia cerebral.
Sugiro lerem o artigo abaixo, uma vez que o autor aponta em negrito todas as
modificações que foram feitas na nova Resolução em relação à anterior:
https://www.scielo.br/pdf/rbti/v31n3/0103-507X-rbti-31-03-0403.pdf.
121
CAPÍTULO 2
Diretrizes para a Avaliação e Validação
do Potencial Doador de Órgãos
em Morte Encefálica
CAPTAÇÃO
DE ÓRGÃOS
2 EXAMES CLÍNICOS
PACIENTE
+
POTENCIAL
ANÁLISE DAS DOADOR
TESTE DE
APNEIA “MORTE” CONDIÇÕES
POSITIVO CLÍNICAS
(Diagnóstico +
+ de ME) ABORDAGEM
FAMILIAR CONTRAINDICAÇÕES
EXAME PARA DOAÇÀO OU
CONFIRMATÓRIO NEGATIVA FAMILIAR
COMPATÍVEL
COM ME
SUSPENSÃO DO
SUPORTE AVANÇADO
DE VIDA
UTIs brasileiras não valorizam dessas medidas, e, assim, observa-se uma ausência da
sistematização do atendimento ao potencial doador de múltiplos órgãos. Para que isso
possa ser realizado de maneira efetiva, o médico intensivista deve apresentar um papel
de liderança. No entanto, ainda existem poucas evidências relacionadas à importância
de orientações formais para que a condução dos protocolos de avaliação e validação do
potencial doador em ME seja minimamente homogêneo. Dessa maneira, a orientação
é seguir o que foi estabelecido pelo Conselho Federal de Medicina. Westphal et al.
(2016) publicaram uma diretriz que aborda os aspectos fundamentais do protocolo de
avaliação e validação do potencial doador em ME, objetivando proporcionar certos
subsídios tanto para a determinação do diagnóstico de ME, quanto para a identificação
da elegibilidade dos potenciais doadores de múltiplos órgãos e tecidos.
123
Unidade III | Avaliação do paciente com morte encefálica
» Uma frequência mínima para a busca de duas vezes ao dia deve ser estabelecida.
Avaliar Exame
125
Unidade III | Avaliação do paciente com morte encefálica
Avaliar Exame
Siglas: HTLV - vírus T-linfotrópico humano; HBsAG - antígeno de superfície do vírus da hepatite B; anti-HBc - anticorpo core
da hepatite B; Anti-HBS - anticorpos contra antígeno de superfície da hepatite B; Anti-HCV - anticorpos contra o vírus da
hepatite C; CMV - citomegalovírus; VDRL - Venereal Disease Research Laboratory; CK-MB - isoenzima MB da creatina quinase;
TGO - transaminase glutâmico-oxalacética; TGP - transaminase glutâmico-pirúvica; gama GT - gamaglutamiltransferase;
β-HCG - betagonadotrofina humana. * Resultado pode ser obtido após a realização do transplante. ** Para pacientes maiores
de 45 anos.
Fonte: Westphal et al. (2016).
benefício para os potenciais receptores dos órgãos. Esse fato está relacionado à presença
de doenças infecciosas e neoplasias, como podemos observar nas tabelas 30 e 31. Além
disso, as diretrizes para avaliação e validação do potencial doador de órgãos em ME,
recomendam nesses casos:
Tabela 30. Fatores associados ao risco aumentado de infecção recente por HIV, vírus da hepatite B ou C.
2. Homem com história de relação sexual com homem nos últimos 12 meses.
3. Mulher com relação sexual com homem com história de relação sexual com homem nos últimos 12 meses.
4. Pessoa com história de relação sexual em troca de dinheiro ou drogas nos últimos 12 meses.
5. Pessoa com história de sexo com pessoa usuária de drogas injetáveis, nos últimos 12 meses.
6. Criança com idade inferior a 18 meses com mãe infectada ou com risco aumentado de infecção por HIV, VHB ou VHC.
7. Criança com história de amamentação nos últimos 12 meses e mãe infectada ou com risco aumentado de HIV, VHB ou VHC.
127
Unidade III | Avaliação do paciente com morte encefálica
10. Pessoas com diagnóstico ou tratamento de sífilis, gonorreia, clamídia ou úlcera genital nos últimos 12 meses.
Siglas: HIV - vírus da imunodeficiência humana; VHB - vírus da hepatite B; VHC - vírus da hepatite C; IV - intravenoso; IM -
intramuscular; SC - subcutânea.
Fonte: Westphal et al. (2016).
Grupo 1 Grupo 2
Grupo 3
Tumores que não Tumores que podem ser
Tumores que contraindicam a doação de
contraindicam a doação de considerados para a doação
múltiplos órgãos
múltiplos órgãos dependendo das características
Astrocitoma de baixo grau
Meningioma benigno Astrocitoma anaplástico (Grau III)
(Grau II)
Oligodendroglioma de baixo
grau (Schmidt A e B)
Ependimoma
Figura 43. Aspectos hemodinâmico, ventilatório e endócrino/metabólico indispensáveis para a manutenção do potencial
doador.
ENDÓCRINO/
HEMODINÂMICO VENTILATÓRIO
METABÓLICO
129
Unidade III | Avaliação do paciente com morte encefálica
Figura 44. Aspectos hemodinâmico, ventilatório e endócrino/metabólico indispensáveis para a manutenção do potencial
doador.
INFECÇÃO ÓRGÃOS
TRANSFUSÃO
ESPECÍFICOS
- Coração: Idealmente
realizar ECG e dosar
enzimas cardíacas.
Paciente acima de 45
anos, necessitam de
cateterismo cardíaco.
- Pulmão:
- oxímetro contínuo.
- gasometria arterial
6/6h.
- Rx cada 24h.
SaO2>95%, pO2>90
mmHg.
- aspiração vias
aéreas, cabeceira 30º,
pressão de cuff de 20-
30 cmH2O.
130
Avaliação do paciente com morte encefálica | Unidade III
131
Unidade III | Avaliação do paciente com morte encefálica
Transplante Diagnóstico de ME
Processo Documentação
Extração dos órgãos e extremamen
tecidos comprobatória de ME
te complexo
Além disso, existe um período máximo para que os órgãos removidos possam ficar
fora do corpo (SCHETTINO et al., 2012, p 161):
132
Avaliação do paciente com morte encefálica | Unidade III
» rins: 48 horas.
https://www.scielo.br/pdf/rbti/v28n3/0103-507X-rbti-28-03-0220.pdf.
133
PARA (NÃO) FINALIZAR
Além disso, é importante ressaltar que nos dias atuais a doação e o transplante de
órgãos salva diversas vidas. Os estudos que vêm sendo realizados nessa área visando o
manejo do doador e o papel do médico intensivista em relação ao maior entendimento
relacionado à fisiopatologia da ME é de sua importância para que esse processo seja
realizado de maneira efetiva. No entanto, aqui no Brasil, ainda há muitos aspectos que
devem ser melhorados, desde a conscientização da população relacionada à importância
da doação de órgãos e tecidos, até a estrutura do sistema de saúde, para que possa
viabilizar um maior número de transplantes efetivos. Dessa maneira, é de fundamental
importância também lutar para que a doação e o transplante de órgãos e tecidos seja
cada dia mais uma realidade explícita, fundamentada e bem definida. Para finalizar, na
figura 46 podemos observar o fluxograma resumido de todo esse processo complexo
do protocolo de ME e a notificação do potencial doador de órgãos.
“A doação de órgãos é uma declaração de amor à vida! Uma única pessoa,
doando seus órgãos pode salvar até dez vidas”.
134
Figura 46. Fluxograma do protocolo de ME/Notificação do potencial doador de órgãos e tecidos.
Suspender o
suporte
terapêutico
Identificação do
possível doador Envio de toda a
Recusa documentação
familiar referente ao processo
a OPO/CET
Critérios para a abertura do protocolo: Entrevista
- Glasgow 3 familiar
- sem sedação e bloqueadores neuromusculares
- sem hipotermia Envio de toda a
- sem distúrbios metabólicos graves A ordem destas etapas pode ser alterada Doação documentação
- causa do coma conhecida Registrar o horário do óbito autorizada referente ao processo
- período mínimo de 6 horas de observação e (última etapa realizada) a OPO/CET
Doador
tratamento em ambiente hospitalar após a Preencher a Declaração de
Coleta de elegível para
instalação da lesão encefálica Óbito (se morte não violenta)
sorologia+HLA doação
CET
- Gera a seleção de receptores
- Aciona as equipes de
Abertura do Teste de Exame extração
protocolo ME apneia Avaliar as - Agenda junto a
Segundo exame complementar Conclusão do protocolo de ME
NÃO SIM (primeiro exame (PCO2 condições CIHDOTT/OPO o horário da
clínico confirmatório de
clínico) final para doação cirurgia de remoção
ME
>55mmHg
) Devolução do corpo à família ou
encaminhar o corpo ao IML
Doador não (morte violenta) junto com:
Suspender a Manutenção Comunicar os elegível para
sedação e/ou - Termo de Autorização Familiar
hemodinâmica familiares doação
corrigir os - Relatório de Retirada
do potencial
distúrbios e - Termo de Declaração da ME
doador
reavaliar o
possível Notificar CET ou
doador a OPO/CET Suspender o
suporte
terapêutico
Avaliação do paciente com morte encefálica | Unidade III
135
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