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Depressão*

Educação Socioemocional e a Saúde Mental

A
depressão é uma doença tos difíceis e desagradáveis, mas
psiquiátrica crônica e re- que são inerentes à vida de todas
corrente que produz uma as pessoas, como a morte de um
alteração do humor caracteri- ente querido, a perda de empre-
zada por uma tristeza profunda, go, os desencontros amorosos,
que parece não ter fim, associada os desentendimentos familiares,
a sentimentos de dor, amargura, as dificuldades econômicas etc.
desencanto, desesperança, baixa A tristeza pela perda de um
autoestima e culpa, assim como ente querido – o processo de
a distúrbios do sono e do apetite. luto –, por exemplo, é natural e
É importante distinguir a tris- única para cada indivíduo e com-
teza patológica daquela transitó- partilha algumas das mesmas
ria provocada por acontecimen- características da depressão.

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Tanto o luto quanto a depressão podem envolver tristeza intensa e
afastamento das atividades habituais.
Eles também são diferentes de maneiras importantes:
• No luto, os sentimentos dolo-
rosos vêm em ondas, muitas vezes,
misturados com lembranças positi-
vas. Na depressão, o humor e o inte-
resse (prazer) estão diminuídos por
mais de duas semanas.
• No luto, a autoestima geralmen-
te é mantida. Na depressão, senti-
mentos de inutilidade e autoaversão
são comuns.
• No luto, pensamentos de morte
podem surgir ao pensar ou fantasiar
sobre “se unir” ao ente querido fale-
cido. Na depressão, os pensamentos
estão focados em acabar com a vida
devido ao fato de se sentir inútil ou indigno de viver ou ser incapaz de
lidar com a dor da depressão.
• O luto e a depressão podem coexistir para algumas pessoas.
Quando o luto e a depressão ocorrem concomitantemente, o luto é
mais grave e dura mais do que o luto sem depressão.

SINTOMAS DE DEPRESSÃO EM JOVENS

A depressão na adolescência é um grave proble-


ma de saúde mental que causa um sentimento
persistente de tristeza e perda de interesse
pelas atividades. Afeta como o adolescente
pensa, sente e se comporta e pode causar
problemas emocionais, funcionais
e físicos. Embora a depressão
possa ocorrer em qualquer
momento da vida, os sinto-
mas, às vezes, são dife-
rentes entre adoles-
centes e adultos.

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Questões como as influências (pressões) dos meios sociais, ex-
pectativas acadêmicas e mudanças do corpo proporcionam, ge-
ralmente, muitos “altos e baixos” para os adolescentes. Mas para
alguns adolescentes, os pontos baixos são mais do que apenas sen-
timentos temporários. Eles são um sintoma de depressão.
A depressão na adolescência não é uma fraqueza ou algo que
pode ser superado com força de vontade. Pode ter consequências
graves e requer tratamento a longo prazo. Para a maioria dos ado-
lescentes, os sintomas de depressão diminuem com o tratamento,
como medicação e aconselhamento psicológico. Sinais e sintomas
comuns de depressão em crianças e adolescentes são como os dos
adultos, mas pode haver algumas diferenças.
Em crianças mais novas, os sintomas de depressão podem incluir
tristeza, irritabilidade, apego, preocupação, dores, recusa de ir à es-
cola e a perda de peso.
Na adolescência, os sintomas podem incluir tristeza, irritabili-
dade, sentimento negativo e inútil, raiva, mau desempenho escolar
ou falta de frequência na escola, sentir-se incompreendido e extre-
mamente sensível, usar drogas ou álcool, comer ou dormir demais,
automutilação, perda de interesse em atividades normais e evitar a
interação social.
Para ser diagnosticado com depressão, um indivíduo deve ter
cinco sintomas de depressão todos os dias, quase o dia todo, du-
rante semanas. Um dos sintomas é o humor deprimido ou perda de
interesse ou de prazer em
quase todas as atividades.
Crianças e adolescentes
podem ficar irritadas ao
invés de tristes.

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CAUSAS DA DEPRESSÃO

Não se sabe exatamente o que causa a depressão. Tal como acon-


tece com muitos transtornos mentais, uma variedade de fatores pode
estar envolvida, tais como:

• Diferenças biológicas: Pessoas com depressão parecem


ter mudanças físicas em seus cérebros.
• Química do Cérebro: Os neurotransmissores são subs-
tâncias químicas cerebrais de ocorrência natural que pro-
vavelmente desempenham um papel na depressão.
• Hormônios: As alterações no equilíbrio hormonal do cor-
po podem estar envolvidas nas causas ou desencadear
a depressão.
• Hereditariedade: a depressão é mais comum em pessoas
cujos parentes consanguíneos também têm essa condição.

Pode ser difícil dizer a diferença entre os “altos e baixos” que são
apenas parte da fase da adolescência e a depressão propriamen-
te dita. Conversar pode ser uma boa alternativa. Tente determi-
nar se o adolescente
parece capaz de lidar
com sentimentos de-
safiadores ou se a vida
parece estar sendo
esmagadora com ele.
Os sintomas de de-
pressão provavelmen-
te não melhorarão por
conta própria e ten-
dem a piorar ou levar
a outros problemas se
não forem tratados.
Estudantes depri-
midos podem estar
em risco de suicídio,
mesmo que os sinais e

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sintomas não pareçam graves. Se você notar sinais de depressão
em algum estudante da sua sala, não espere para oferecer ajuda,
Oriente-o a procurar um médico ou um profissional especializado
em saúde mental. Peça para o estudante compartilhar suas preo-
cupações com um familiar, um amigo próximo, um líder espiritual ou
outra pessoa de sua confiança.

GERENCIANDO OS SINTOMAS DA DEPRESSÃO

A depressão pode ser temporária ou um desafio de longo pra-


zo. O tratamento nem sempre faz com que a depressão desapa-
reça completamente, no entanto, geralmente, torna os sintomas
mais gerenciáveis. Lidar com os sintomas da depressão envolve
encontrar a combinação certa de medicamentos e terapias. Se o
tratamento não estiver funcionando, é importante conversar com
o médico para criar um plano de tratamento diferente que pode
funcionar melhor no gerenciamento da sua condição.
Viver com depressão pode ser difícil, mas o tratamento ajuda
a melhorar a qualidade de vida. Cada tipo de medicamento usado
para tratar a depressão tem benefícios e riscos potenciais. Existem,
também, tratamentos alternativos ou complementares.
É importante lembrar que muitos desses tratamentos, cha-
mados alternativos, têm poucos estudos mostrando seus efeitos,
bons ou ruins, na depressão. Os tratamentos para depressão in-
cluem as seguintes ações:

Medicamentos – antidepressivos, ansiolíti-


cos e antipsicóticos;

Terapias – psicoterapia, terapias diversas;

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Qualidade no estilo de vida – exercícios
físicos, evitar álcool e drogas, cuidar de si
mesmo.

Estudo publicado na revista Journal of Consulting and Clinical


Psychology investigou o consumo de bebidas alcoólicas para lidar
com situações e emoções negativas por pacientes deprimidos. Pes-
quisas apontam uma ligação entre o uso de álcool e a depressão. As
pessoas que têm depressão são mais propensas a abusar do álcool.
Os autores concluíram que os pacientes deprimidos tendiam a con-
sumir mais álcool para lidar com situações e emoções do cotidiano
do que as pessoas sem diagnóstico de depressão. Os fatores que
aumentaram mais o risco dos pacientes se engajarem nesse tipo de
consumo de bebidas alcoólicas foram ocorrência de eventos nega-
tivos na vida e pouco apoio familiar.

COMO AJUDAR O ESTUDANTE COM DEPRESSÃO

A depressão é uma condição médica. Não é uma falha de caráter ou


fraqueza. Se o estudante estiver com depressão, incentive-o a procurar
ajuda profissional, caso ainda não o tenha feito. Ressalte que pedir ajuda
é um sinal de força, não de fraqueza. Perguntar como está o tratamen-
to também pode ser um incentivo para continuá-lo. Quando notar uma
melhora no quadro de depressão, diga isso para o estudante, para validar
que o tratamento está funcionando, pois muitas vezes o paciente não
percebe a melhora. A seguir, algumas maneiras de abordar o estudante
que você acha que pode estar sofrendo de depressão:

• “Você quer falar sobre isso? Eu estou aqui quando você es-
tiver pronto”. Você não pode forçar alguém a falar, mas de-
monstrar que está disponível pode realmente ajudar o indiví-
duo a se sentir apoiado

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• “O que posso fazer para ajudar hoje?” A depressão geralmen-
te causa fadiga, problemas para dormir e falta de motivação,
às vezes, até para sair de casa.

IMPORTANTE: Conselho não é o mesmo que pedir ajuda. Se


alguém pedir um conselho, conceda-o, se assim desejar.

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REFERÊNCIAS

Associação Americana de Psiquiatria - https://www.psychiatry.org


Associação Americana de Psicologia - https://www.apa.org
Associação Brasileira de Psiquiatria - https://www.abp.org.br
Núcleo de Atenção aos Transtornos Alimentares (PROATA) é um ambu-
latório de especialidade do Departamento de Psiquiatria da Universidade
Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM) - https://www.proata.com.br
Instituto de Psiquiatria (IPQ) compõe o Complexo do Hospital das
Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo -
https://ipqhc.org.br
Secretaria de Estado de Saúde do Mato Grosso (SES) -
http://www.saude.mt.gov.br/cidadao/345/guia-de-servico
Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde – BVS MS -
https://bvsms.saude.gov.br
Secretaria de Estado de Educação (SEDUC) -
mediação.escolar@educacao.mt.gov.br – (65) 3613-6453
CAPS – Centro de Atenção Psicossocial -
https://www.gov.br/saude/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-
programas/caps
Centro de Referência de Assistência Social – CRAS -
https://www.gov.br/pt-br/servicos/acessar-o-cras-centro-de-
referencia-da-assistencia-social
Centro de Referência Especializada de Assistência Social – CREAS -
https://www.gov.br/cidadania/pt-br/acesso-a-informacao/
carta-de-servicos/desenvolvimento-social/assistencia-social/
creas-centro-de-referencia-especializado-em-assistencia-social-1

Imagens: Freepik e Shutterstock.

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