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Aqui vale fazer uma distinção entre a África Subsaariana e o Norte da África
com relação à organização política. No Norte da África, antes da colonização europeia,
o território e a política já haviam sido organizados por forças estrangeiras em conjunto
com as elites locais, primeiro pelo califado Omíada e depois pelo Império Turco-
Otomano. Quando os europeus assumiram o controle dessa área, herdaram, e
buscaram gerir à sua maneira, uma estrutura de relação entre o poder central imperial
e os povos locais. Ao Sul do Saara o tipo de relação estabelecido foi bastante
diferente, além de ter de lidar com uma diversidade bastante grande de povos. Dessa
Pós Graduação em Economia Política Internacional
História I – Resenha “A África Independente I, até 1989”
Pedro Allemand Mancebo Silva
forma, além de não haver nenhum modelo pregresso de relacionamento, ainda houve
a necessidade de se organizar o território e a dominação política sobre os povos da
região.
John Fage ainda entra em bastante detalhe com relação aos problemas
econômicos da África pós-colonial e de suas implicações políticas. Alguns dos estados
conseguiram se aproveitar do primeiro choque do petróleo, bem como de aumento de
preços das matérias-primas, porém uma contrapartida desse aumento de preço foi o
encarecimento do capital e do maquinário necessário à continuidade do processo de
industrialização. Esse problema de restrição externa, em conjunto com determinadas
escolhas de política que se comprovaram ineficazes ainda foram agravados por
fatores climáticos. Esses problemas, em um ambiente que havia passado por um
período rápido de crescimento econômico, populacional e por um processo de
urbanização acabou culminando em crises de abastecimento e em grandes fomes. As
ações para a resolução do problema da fome teve implicações de natureza político-
econômica, como as tentativas de determinados líderes de centralizar o poder para
tomar as decisões necessárias, assim como a multiplicação da dívida externa dos
países que sofreram com as crises e o subsequente “enquadramento” exercido pelo
FMI e Banco Mundial sobre os estados.
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A falha dos projetos de desenvolvimento, bem como a necessidade de se
aceitar imposições externas para combater as crises criou um sentimento de
insatisfação dentro da população que já vinha sendo alimentado pelo desempenho
econômico mediano e as crises. Esses problemas foram vistos como uma
incompetência do projeto de estado liberal democrático para lidar com os problemas
africanos, o que alimentou o apoio a grupos políticos radicais e desembocou em uma
série de golpes de estado (militares ou não) ao longo da África, com muitos países
sofrendo sucessivos golpes e fraturas políticas internas graves.