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Unidade II
5 MÃO DE OBRA DIRETA
Conforme estamos estudando, o custo de produção por produto é formado por três elementos: os
materiais diretos (estudados anteriormente), a mão de obra e os custos indiretos de fabricação. Agora
vamos estudar o segundo elemento, a formação do custo da mão de obra.
Os gastos com mão de obra, geralmente, representam uma considerável parte dos custos totais
incorridos por uma empresa na produção dos seus produtos.
Consideramos mão de obra direta aqueles empregados que atuam promovendo diretamente a
transformação da matéria-prima em produto acabado.
Entretanto, o custo que esses empregados representam só pode ser considerado como custo direto
após a análise feita nos registros de tempo trabalhado pelos empregados. Esses registros são feitos,
normalmente, por meio do cartão de ponto ou do relatório preparado pelo apontador de mão de obra.
O relatório feito pelo apontador é diário, sendo mencionadas apenas as exceções feitas durante o dia,
como se o funcionário é destacado para executar tarefas indiretas.
O valor do custo da mão de obra direta é composto pelo salário, que pode ser horário ou mensal,
ajustado entre a empresa e o empregado, acrescido dos encargos sociais. Estes decorrem do contrato de
trabalho e podem representar obrigações legais, acordos sindicais ou negociações com a própria empresa.
Observação
Para aplicação dos cálculos que demonstraremos a seguir, portanto, há necessidade de adequação
à legislação trabalhista, previdenciária e tributária, uma vez que indicaremos apenas um roteiro básico
para os cálculos dos principais encargos trabalhistas que incidem sobre a mão de obra, seja ela direta
ou indireta.
de 220 horas por mês (mínimo permitido pela legislação trabalhista) ou 44 horas por semana
(considerando-se que a semana tenha seis dias de trabalho), quanto, de fato, esse funcionário
custará para a empresa?
A: Remuneração
1) INSS: 20%
2) Senai, Sesi etc.: 5,8%
3) FGTS: 8%
4) Seguro acidente de trabalho: 3%
A seguir, consideremos o total de horas por ano que um funcionário pode oferecer à empresa.
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Unidade II
Assim, o custo total por hora (salário + encargos) de um funcionário contratado por $ 8,00/hora é de:
$ 32.490,00 = $ 16,12
2.015,75 h/ano
Ainda sobre encargos sociais, informamos que existem empresas especializadas que divulgam
tabelas para o cálculo para empregados horistas e mensalistas. Essas tabelas são formadas por grupos
de encargos sociais.
Grupo A: constituído por contribuições fixas mensais, determinadas por lei, incidentes sobre a folha
de pagamento: (INSS, Sesi, Sesc, Senai, Senac, Incra, Sebrae, Salário-educação, SAT, FGTS). Em média, a
somatória dos encargos sociais desse grupo atinge 35,8% para empregados horistas e mensalistas.
Grupo B: constituído pela parcela agregada ao salário e paga diretamente ao empregado (DSR, férias,
1/3 férias, feriados, 13º salário, faltas abonadas, auxílio-doença, aviso prévio). Em média, a somatória
dos encargos sociais desse grupo atinge 57,73% para empregados horistas e 30,70% para mensalistas.
Grupo C: constituído por obrigações trabalhistas que não incidem sobre os outros grupos, como
depósito sobre o FGTS por dispensa de empregado sem justa causa. Em média, a somatória dos encargos
sociais desse grupo atinge 1,52% para empregados horistas e 1,25% para mensalistas.
Logo, se considerarmos esses percentuais, teremos incidido sobre o salário o percentual de 115,72%
para empregados horistas e 78,74% para mensalistas. Os percentuais são obtidos da seguinte maneira:
Tabela 14
Funcionário Funcionário
horista mensalista
% %
Total Grupo A 35,80 35,80
Total Grupo B 57,73 30,70
Total Grupo C 1,52 1,25
Incidência cumulativa Grupo A x Grupo B 20,67 10,99
Percentual total 115,72 78,74
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CONTABILIDADE DE CUSTOS
motivos, entre os quais destacamos o fato de, no cálculo inicial, não serem levados em consideração os
encargos do grupo B e C, bem como não ter sido considerada a incidência do grupo A sobre o grupo B.
Para completarmos o assunto, observamos que não devemos confundir o tempo ocioso, que
corresponde às horas não trabalhadas no processo produtivo de forma direta, como a falta de
matéria‑prima e de energia elétrica, manutenção das máquinas, com o tempo ocioso de greves ou
acidentes, que paralisam a produção. O primeiro é um tempo ocioso que deve ser considerado normal e
apropriado aos produtos, como custo indireto de produção; o segundo é um tempo ocioso que deve ser
considerado como anormal e apropriado diretamente ao resultado do exercício como perda do período.
Observamos também que existem diversos gastos da empresa em função da mão de obra, como
transporte, alimentação e vestuário. Esses gastos, por serem de natureza fixa e não guardarem relação
com o volume de produção, devem ser considerados como mão de obra indireta, para posterior rateio
aos produtos.
Suponhamos que, numa fábrica de fogões, exista um setor de pintura com oito funcionários diretos
com jornada de trabalho de 44 horas semanais. O salário de cada empregado é de R$ 6,00 por hora.
Os encargos sociais somam 115,72% dos salários. No mês em questão, houve quatro domingos e dois
feriados (que caíram, respectivamente, na segunda-feira e na quarta-feira). Um dos empregados faltou
dois dias, que foram justificados e abonados. A empresa fabrica quatro produtos (A, B, C e D).
O relatório de apontamento de mão de obra indica que, das horas disponíveis para trabalhar, 176,70 h
foram consideradas improdutivas, e as restantes, portanto, produtivas.
Tabela 15
Pede-se:
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Unidade II
Os oito funcionários totalizaram 1.392,7 horas disponíveis para trabalhar no mês (1231,44 h + 161,26 h).
Respostas
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CONTABILIDADE DE CUSTOS
x $ 6,00 (salário/hora)
$ 8.356,20 (salário)
+ $ 9.669,79 (encargos)
x $ 12,94/h
= $ 15.735,04
x $ 12,94/h
$ 2.286,49
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Unidade II
Tabela 16
Observamos que o custo referente ao tempo improdutivo ou ocioso deverá ser alocado aos quatro
produtos conforme algum critério de rateio. Essa apropriação é o objeto da nossa próxima disciplina
referente a custos.
Lembrete
1º passo: separação entre custos e despesas (partindo de uma relação de gasto incorrido em
determinado período).
3º passo: apropriação dos custos indiretos aos produtos (por meio de rateio).
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CONTABILIDADE DE CUSTOS
Indiretos
Prod A
(+) Receitas
Rateio
Prod B (-) CPV
(-) Despesas
Prod C
(=) Resultado
Figura 5
Assim, considerando o 3º passo, apropriação dos custos indiretos aos produtos (por meio de rateio),
foco do nosso estudo, tem-se que os custos indiretos serão transferidos aos produtos por meio de rateio.
E o que vem a ser rateio?
5.5.1 Conceito
Os Custos Indiretos de Fabricação (CIF), também conhecidos por Gastos Gerais de Fabricação (GGF),
compreendem todos os gastos decorrentes do processo de fabricação, exceto os gastos com os materiais
diretos e com mão de obra direta.
Os CIF mais comuns são: aluguel de fábrica, material de limpeza, manutenção de máquinas e
equipamentos, mão de obra indireta (salário do pessoal da chefia da fábrica, por exemplo), depreciação,
seguros em geral; enfim, todos os gastos relacionados com o processo fabril que não se classificam em
material direto, tampouco como mão de obra direta.
Estudamos anteriormente que os custos diretos (matérias diretas e mão de obra direta) podem ser
identificados e mensurados, ou seja, é possível conhecer tal custo e ainda saber o respectivo valor gasto
com a produção de determinado produto.
Já os CIF são gastos que envolvem o processo produtivo, mas não interferem diretamente
na formação do produto. Por exemplo: considerando o gasto com o aluguel, caso o prédio seja de
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Unidade II
propriedade da própria empresa, o produto será fabricado mesmo assim. Em outras palavras, os CIF, em
termos gerais, podem ser substituídos que o produto será fabricado da mesma forma. Outro exemplo:
uma determinada empresa não efetua gastos com a manutenção das máquinas, já o seu concorrente,
sim, e ambos fabricam calçados; os produtos serão os mesmos, mas a empresa que tem o gasto com a
manutenção mostrará um custo mais elevado para o seu produto.
Considera-se ainda que todos os custos indiretos não são mensuráveis, ou seja, não é possível
conhecer o efetivo gasto com cada unidade de produto fabricado. Pode-se colocar como exemplo o
gasto com energia elétrica numa área com dez bicos de luz acesos durante oito horas. Tanto se podem
produzir 80 unidades de um determinado produto por dia quanto 200 unidades, o gasto com a energia
elétrica será o mesmo, e será impossível reconhecer tal gasto no produto.
Assim, os CIF deverão ser transferidos aos produtos para conhecer justamente o custo de produção
(custos diretos + custos indiretos de fabricação) por meio de rateio, ou seja, buscando uma base para
distribuir tais gastos aos produtos.
Para distribuir os custos indiretos de fabricação aos produtos, conforme explanado, é necessário
adotar uma maneira, um critério, para levar tais gastos aos produtos e assim apurar o custo de produção
por produto.
Há inúmeros critérios de rateio, a escolha daquele que melhor atenda às necessidades da empresa
no momento é o que deve ser estabelecido. Assim, pode-se entender que não há um único critério,
tampouco o melhor.
• quantidade fabricada;
A partir do critério de rateio escolhido pela empresa, recomenda-se utilizá-lo durante todo exercício
social, caso contrário, isso dificultará a comparação entre o custo de produção apurado por produto em
períodos diferenciados. Logo, se a mudança de critério de rateio for necessária, que seja feita no início
do próximo exercício social.
Para fins de ilustração, tomaremos o mesmo exemplo utilizado anteriormente para a formação
do custo de produção por produto, considerando alguns dos critérios de rateio para os custos
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CONTABILIDADE DE CUSTOS
indiretos de fabricação e evidenciando que a cada critério adotado novo custo de produção por
produto será formado.
Suponha que uma empresa industrial fabrique dois produtos, Beta e Gama, e que num determinado
período tenha incorrido nos seguintes gastos:
Salário de vendedores $ 20
Total $ 2.280
Conforme informado, para apurar o custo de produção por produto, três passos devem ser seguidos:
1º passo: separação entre custos e despesas (partindo de uma relação de gasto incorrido em
determinado período).
3º passo: apropriação dos custos indiretos aos produtos (por meio de rateio).
1º passo: separação entre custos e despesas (partindo de uma relação de gasto incorrido em
determinado período).
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Unidade II
Custos Despesas
Mão de obra indireta $ 160 Depreciação móveis e utensílios $ 80
Matéria-prima consumida $ 540 Comissão de vendedores $ 300
Gastos gerais de fabricação $ 120 Aluguel escritório de vendas $ 60
Depreciação máquina produção $ 140 Salário de vendedores $ 20
Mão de obra direta $ 220
Embalagem utilizada em produção $ 40 ICMS sobre vendas $ 600
Total $ 1.220 Total $ 1.060
Observação
Considerando os registros da empresa sobre os custos com os produtos Beta e Gama, temos que o
consumo de matéria-prima foi registrado por meio de requisições da produção ao almoxarifado e que,
durante o período, foram apurados os seguintes valores quanto à matéria-prima consumida e quanto
às embalagens utilizadas na produção:
Quanto à mão de obra, os apontamentos feitos indicam que, para a mão de obra direta, temos:
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CONTABILIDADE DE CUSTOS
Tabela 17
Do custo total de produção de $ 1.220, os custos diretos perfazem um total de $ 800 e já estão
alocados aos produtos Beta e Gama. $ 420 compreendem os custos indiretos de produção e precisam
ainda ser apropriados aos produtos.
3º passo: apropriação dos custos indiretos aos produtos (por meio de rateio).
O valor total dos custos indiretos de produção ($ 420) deverão ser apropriados aos produtos Beta e
Gama seguindo-se algum critério de rateio. Analisaremos alguns a seguir.
O primeiro critério de rateio dos custos indiretos de produção ou custos indiretos de fabricação
(CIF) que utilizamos em nosso exemplo é a alocação aos produtos, proporcionalmente aos custos diretos
totais ($ 800). Observamos que, uma vez estabelecido o critério de rateio, a execução dos cálculos é feita
pela regra de três simples. Assim, teremos:
Para a obtenção dos valores dos CIF a serem apropriados aos produtos, apropriamos o total dos CIF
de $ 420 da seguinte forma:
De forma resumida:
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Unidade II
Tabela 18
Antes de apresentarmos outros critérios de rateios para os custos indiretos de fabricação, calculamos
o percentual de cada item dos custos diretos consumidos pelos dois produtos apresentados em nosso
exemplo: Beta e Gama. A tabela a seguir contribui para um melhor entendimento sobre o rateio dos
custos indiretos de fabricação e a formação do custo de produção por produto.
Tabela 19
Custos diretos
Produto Beta Produto Gama Total
$ % $ % $ %
Matéria-prima 320 59 220 41 540 100
Mão de obra direta 100 45 120 55 220 100
Embalagem utilizada produção 20 50 20 50 40 100
Total dos custos diretos 440 55 360 45 800 100
Utilizamos como primeiro critério de rateio para os custos indiretos de fabricação os custos diretos
totais ($ 800). Agora, para fins de comparação, iremos utilizar outros critérios: a base do custo total da
matéria-prima ($ 540), a base do custo total da mão de obra direta ($ 220) e a base do custo total de
embalagem ($ 40), respectivamente, segundo, terceiro e quarto critérios.
Para a obtenção dos valores dos CIF a serem apropriados aos produtos, utilizamos o total dos CIF de
$ 420, da seguinte forma:
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CONTABILIDADE DE CUSTOS
Tabela 20 - Custo de produção por produto, tomando-se como base o rateio do CIF
proporcional ao consumo da matéria-prima
O terceiro critério de rateio dos custos indiretos de produção ou custos indiretos de fabricação
(CIF) que utilizaremos em nosso exemplo será a alocação aos produtos, proporcionalmente ao total dos
custos da mão de obra direta, ou seja, de $ 220, também por meio da regra de três simples:
Para a obtenção dos valores dos CIF a serem apropriados aos produtos, utilizamos o total dos CIF de
$ 420, da seguinte forma:
O quarto critério de rateio dos custos indiretos de produção ou custos indiretos de fabricação
(CIF) que utilizaremos em nosso exemplo será a alocação aos produtos, proporcionalmente ao total dos
custos da embalagem, ou seja, de $ 40, também por meio da regra de três simples:
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Unidade II
40 – 100% 40 – 100%
20 – x 20 – x
x = 50% x = 5%
Para a obtenção dos valores dos CIF a serem apropriados aos produtos, utilizamos o total dos CIF de
$ 420, da seguinte forma:
Tabela 22
Observamos que o custo total de cada produto fica diferente em função do critério de rateio adotado,
conforme demonstra a tabela a seguir:
Tabela 23
Nota-se que o produto Beta terá o menor custo quando utilizar como critério o rateio do CIF à base
da MOD em relação aos outros métodos adotados; mas, em compensação, o produto Gama se tornará
o mais caro.
Após analisar cuidadosamente a tabela, pergunta-se: qual é o melhor critério de rateio a ser adotado
para distribuir os custos indiretos aos produtos?
A resposta é simples, mas de grande alcance: não há o melhor critério a ser adotado para distribuir os
custos indiretos aos produtos; há aquele que melhor atende às necessidades da empresa, uma vez que
será principalmente a partir do custo do produto que se formará o preço de venda.
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CONTABILIDADE DE CUSTOS
Sendo assim, pode-se afirmar que os mais diversos critérios para a distribuição dos CIF aos
produtos não reduz o valor total dos custos, apenas procura adequá-los da melhor maneira
possível.
Uma determinada empresa do ramo industrial produz três modelos de bolsa feminina: Modelo X,
Modelo Y e Modelo Z. Durante o mês de março de 20X9, os custos foram de:
Tabela 24
Mão de Obra Total dos Custos Custos Indiretos Total dos Custos
Produto Matéria-prima Direta Diretos de Fabricação de Produção
“X” $ 3.000 $ 2.000 $ 5.000
A empresa adota como critério para ratear os Custos Indiretos de Fabricação a base do número total
de horas-máquinas e, de acordo com os controles internos, tem-se que:
Tabela 25
Pede-se:
2. Alterar o critério de rateio para os CIF e apurar o novo custo de produção por produto. O critério
de rateio é o seguinte: tomar como base o número de empregados para fabricar cada modelo de
bolsa, ou seja: para o Modelo X, total de 8 pessoas; Modelo Y, 5 empregados,e, para o Modelo Z,
3 operários.
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Unidade II
e) Novo cálculo do rateio dos CIF, considerando como rateio o critério apontado na letra em 1.
i) Quadro comparativo e breve relatório sobre a apuração do custo de produção por unidade de
produto, tomando-se como base os dois critérios diferentes para distribuir os CIF aos produtos.
Resolução
a) Cálculo do rateio dos CIF, considerando como critério de rateio para os CIF o número de
horas‑máquinas
Tabela 26
56
CONTABILIDADE DE CUSTOS
Tabela 27
Tabela 28
Mão de Obra Total dos Custos Custos Indiretos Total dos Custos
Produto Matéria-prima Direta Diretos de Fabricação de Produção
“X” $ 3.000 $ 2.000 $ 5.000 $ 4.800 $ 9.800
“Y” $ 2.000 $ 1.000 $ 3.000 $ 7.501 $ 10.501
“Z” $ 1.500 $ 500 $ 2.000 $ 6.399 $ 8.399
Total $ 6.500 $ 3.500 $ 10.000 $ 18.700 $ 28.700
Tabela 29
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Unidade II
Tabela 30
Custo de produção
Produto unitária
“X” $ 817
“Y” $ 700
“Z” $ 1.050
e) Novo cálculo do rateio dos CIF, considerando como rateio o critério apontado em 2., ou seja, a base
do número de empregados para fabricar cada modelo de bolsa
Total de empregados = 16
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CONTABILIDADE DE CUSTOS
Tabela 31
Quantidade de Cálculo do
Produto empregados rateio dos CIF
“X” 08 50,00%
“Y” 05 31,25%
“Z” 03 18,75%
Total 16 100,00%
Tabela 32
Custos Indiretos de
Produto Cálculo do rateio dos CIF Fabricação
“X” 50,00% $ 9.350
“Y” 31,25% $ 5.844
“Z” 18,75% $ 3.506
Total 100,00% $ 18.700
Tabela 33
Total dos
Matéria- Mão de Obra Custos Indiretos de Total dos Custos de
Produto Custos
prima Direta Fabricação Produção
Diretos
“X” $ 3.000 $ 2.000 $ 5.000 $ 9.350 $ 14.350
“Y” $ 2.000 $ 1.000 $ 3.000 $ 5.844 $ 8.844
“Z” $ 1.500 $ 500 $ 2.000 $ 3.506 $ 5.506
Total $ 6.500 $ 3.500 $ 10.000 $ 18.700 $ 28.700
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Unidade II
Tabela 34
Total dos
Matéria- Mão de Obra Custos Indiretos Total dos Custos Quantidade
Produto Custos
prima Direta de Fabricação de Produção produzida
Diretos
“X” $ 3.000 $ 2.000 $ 5.000 $ 9.350 $ 14.350 12 un.
“Y” $ 2.000 $ 1.000 $ 3.000 $ 5.844 $ 8.844 15 un.
“Z” $ 1.500 $ 500 $ 2.000 $ 3.506 $ 5.506 08 un.
Total $ 6.500 $ 3.500 $ 10.000 $ 18.700 $ 28.700 35 un.
Tabela 35
i) Quadro comparativo e breve relatório sobre a apuração do custo de produção por unidade de
produto, tomando-se como base os dois critérios diferentes para distribuir os CIF aos produtos
Tabela 36
60
CONTABILIDADE DE CUSTOS
A partir da comparação entre os dois critérios de rateio para os Custos Indiretos de Fabricação – à
base total de horas-máquinas e à base total do número de empregados – nota-se que o produto Bolsa
Feminina Modelo X teve seu custo elevado quando houve troca de critério, o que foi compensado com
a redução do custo unitário para os outros dois modelos, Y e Z.
É importante ressaltar que não houve redução do total de custo de produção, ou seja,
independentemente do critério adotado para distribuir os CIF aos produtos, o custo total foi o mesmo
($ 28.700). Contudo, uma mudança de critério de rateio pode favorecer, por exemplo, a venda de um
produto, uma vez que seu custo unitário torna-se menor (em nosso exercício foram os Modelos Y e Z),
mas deve-se ter como entendimento que há apenas uma transferência de custos (no exercício, o Modelo
X teve seu custo elevado).
Observação
Indica os caminhos para coleta, processamento e saída das informações para o custeamento dos
produtos. É o segmento estrutural de bancos de dados da contabilidade de custos.
Essencialmente, um sistema de custeio por ordem coleta os custos de cada etapa da produção
fisicamente identificável, sem levar em conta o período em que se realiza o trabalho. Para a
apuração do custo total da ordem, a acumulação de custos vai desde o início até o fim da produção
dessa ordem, mesmo que ultrapasse o exercício contábil convencionado. Ao final do exercício
social, caso haja ordens de serviço em aberto, os custos também serão considerados.
61
Unidade II
Assim, cada encomenda terá a respectiva ordem de serviço, na qual serão anotados todos os custos
(diretos e indiretos) para a produção de tal encomenda. Vale informar que, nesse caso, há um orçamento
que propicia a realização da encomenda, uma vez que os produtos são fabricados baseados em modelos,
metragem específica e cliente. Exemplos: empresas que fabricam móveis sob encomenda, serviços
gráficos, confecção de roupas sob medida etc.
Total do MD $ 99.180
Mão de Obra Direta - MOD Horas Preço Valor
Operadores de torno 480 $ 26,00 $ 12.480
Manutenção $ 29.600
62
CONTABILIDADE DE CUSTOS
É importante informar que a venda ocorre após a aceitação do orçamento pelo cliente. Contudo,
a entrega física do produto ocorrerá somente após sua produção e, ainda, durante a produção da
encomenda, todo gasto ocorrido deverá ser registrado em controle próprio.
Ao final da produção, haverá a comparação entre o valor orçado e o realizado. Caso o gasto efetivo
seja maior que o orçado, a empresa fabricante terá sua margem de lucro reduzida, a não ser que repasse
tal gasto ao cliente, se o mesmo concordar, uma vez que toda negociação teve como base um contrato
assinado entre as partes.
Num sistema de custeamento por processo ou produção contínua, todos os custos de um período
(geralmente por mês) são coletados sem nenhuma tentativa de atribuí-los a unidades específicas do
produto. Fundamentalmente, nesse sistema coleta-se o total de custos incorridos durante o período
e o número total de unidades de produtos trabalhados no mesmo período. Em seguida, dividem-se os
custos totais pelo total de unidades fabricadas, chegando-se ao custo unitário de cada processo.
À medida que o produto segue para o processo seguinte, leva como custo inicial o custo unitário do
processo anterior, acumulando com o atual e, assim, obtendo o custo unitário acumulado até o processo
em questão. Esse fluxo vai até a conclusão do produto, ou seja, passa por todo processo necessário para
a fabricação de um determinado item.
A produção por processo ou produção contínua também é conhecida por linha de produção. Na
produção contínua, os produtos fabricados são iguais, não há uma identificação específica; por exemplo:
fabricação de bacias de plástico.
Para o sistema de acumulação de custos por processo, ou produção contínua, ou até mesmo por
linha de produção, a empresa estabelece uma quantidade a ser produzida no período, considerando um
custo total de produção para esse mesmo período, conforme demonstra o exemplo a seguir:
Tabela 37
63
Unidade II
Para conhecer o custo de produção unitária, basta dividir o Custo de Produção Total do período pela
quantidade produzida, ou seja:
Considerando que todas as unidades previstas foram fabricadas durante o mês, pode-se afirmar
que o Custo de Produção Acabada do mês foi de $ 4.150,00; logo, seu Estoque de Produtos Acabados
também equivale a $ 4.150,00.
Partindo do mesmo raciocínio, pode-se afirmar que, se a empresa vender todas as unidades fabricadas
no mesmo mês, seu Custo de Produtos Vendidos (CPV) será igual a $ 4.150,00. Entretanto, se vender
somente 910 unidades no mês, qual serão os seus custos (produção acabada e vendida e o valor do
estoque de produtos acabados)?
Vamos às respostas.
Tanto o Custo da Produção Acabada quanto o Estoque de Produtos Acabados terão o mesmo valor,
ou seja, $ 4.150,00, uma vez que as 1.200 unidades foram iniciadas e tiveram sua fabricação concluída
no mesmo mês. Todavia, teremos novos valores para o Custo dos Produtos Vendidos – CPV e para o
Estoque Final de Produtos Acabados; os valores serão calculados proporcionalmente à quantidade de
unidades vendidas e em estoque. Seguem os cálculos:
Cálculo do CPV
Temos mais uma situação para o nosso estudo. Por diversos fatores (quebra de máquinas, falta de
material, falta de funcionários etc.), a quantidade prevista para a produção do período poderá não ser
concluída em sua totalidade, mas, pelo próprio sistema de produção contínua, sabe-se que algumas
unidades tiveram o processo de produção iniciado; logo, há custos em tais unidades e, assim, deve ser
apurado tal valor. Esse procedimento é chamado de Equivalente de Produção.
É evidente que o cálculo do custo médio unitário das unidades em processamento não deve ter o
mesmo peso das terminadas, pois as unidades parcialmente completas receberam somente atenção
parcial e técnica.
O Equivalente de Produção é apurado por meio de um percentual informado pela área industrial; é
feita uma análise sobre as unidades iniciadas e não concluídas no período, determinando o percentual
para apurar o Custo da Produção Semiacabada e, consequentemente, o valor do Estoque de Produtos
em Elaboração ou Semiacabados.
Para melhor entendimento, usaremos os mesmos dados do exemplo utilizado no item anterior, com
os devidos ajustes:
Tabela 38
65
Unidade II
Pode-se entender que as 700 unidades prontas receberam todos os custos empregados, já as 500
unidades semiacabadas receberão custos proporcionais, ou seja, 80%, conforme determina o equivalente
de produção.
Novos cálculos:
Respostas:
66
CONTABILIDADE DE CUSTOS
Para confirmar o valor custo total da produção do período, basta somar o valor de ambos os estoques:
É importante ressaltar que as vendas ocorrerão a partir das unidades prontas, ou seja, 700 unidades,
nas quais, inclusive, será apurado o Custo dos Produtos Vendidos - CPV. Entretanto, há custos envolvidos
nas unidades semiprontas que deverão ser considerados, caso contrário, o preço de venda será formado
inadequadamente.
Saiba mais
<http://www.brasilescola.com/biografia/henry-ford.htm>
Conforme aponta Martins (2003, p. 36), custeio significa “apropriação de custos”. Há diversos
métodos de custeio, como custeio por absorção, custeio variável, custeio baseado em atividades,
entre outros.
Do mesmo modo, a inadequação de critérios de alocação dos custos indiretos fixos pode enviesar
as informações de custo dos produtos, atribuindo responsabilidades indevidas. Nesse sentido, o
67
Unidade II
custeamento por atividades (ABC) vem tentando minimizar os impactos de alocações inadequadas por
meio do custeamento das atividades exigidas pelos produtos ou demais operacionais.
Esta disciplina contemplará o custeio por absorção, ficando os dois métodos de custeio citados –
variável e custeio baseado em atividades – a serem tratados em disciplinas específicas durante o curso
de Ciências Contábeis.
Custeio por absorção é o método que consiste em atribuir aos produtos todos os custos de
produção, de forma direta ou indireta. Assim, todos os custos, sejam eles fixos ou variáveis, são
absorvidos pelos produtos. É o método utilizado para custear estoques, cujos saldos encontramos
no balanço patrimonial, e para determinar o Custo dos Produtos Vendidos (CPV), encontrado na
Demonstração do Resultado do Exercício (DRE). É, normalmente, exigido pela auditoria externa das
empresas abertas e pelo Imposto de Renda.
Custeio variável é o método que consiste em considerar que os produtos devem receber somente
e exclusivamente os custos que causam ao serem produzidos. Nesse caso, os custos a serem alocados
aos produtos são somente os custos variáveis. Os custos fixos são tratados como custos do período, indo
diretamente para o resultado como despesas.
Devido à complexidade do assunto e por tratar-se de um sistema gerencial que utiliza as informações
de custo para decisão, o método do custeio variável será tratado em outra disciplina durante o curso de
Ciências Contábeis.
Vale informar que é a partir dos custos de produção que ocorre a formação do estoque de produtos
que serão vendidos (ou mesmo estocados).
Despesas Custos
Estoque de
produtos
Demonstração de resultado
Receita
Venda CPV - Custo dos Produtos Vendidos
Lucro bruto
Despesas
Lucro operacional
68
CONTABILIDADE DE CUSTOS
Para fins fiscais, entre os métodos de custeio existentes, o custeio por absorção é o único aceito
pela legislação brasileira, ou seja, é a partir desse método que o CPV é formado e, consequentemente,
o resultado do período, que se torna a base para a tributação vigente: Imposto de Renda Pessoa
Jurídica (IRPJ) e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL).
Exemplo: uma determinada empresa fabrica os produtos A e B. A partir dos dados, utilizando o
Método do Custeio por Absorção, apure:
a) lucro por unidade de produto;
b) lucro total por produto;
c) lucro total do período.
Tabela 39
Outras informações
A = 625 un.
B = 250 un.
A = 4 h/un.
B = 6 h/un.
69
Unidade II
Critérios de rateio adotados para a distribuição dos Custos Indiretos de Fabricação aos Produtos:
Despesas operacionais
A = $ 1.700,00
B = $ 3.750,00
Respostas
70
CONTABILIDADE DE CUSTOS
Tabela 40
71
Unidade II
Tabela 41
Tabela 42
Tabela 43
Produto A $
Preço de venda: 1.700,00 x 625 un. 1.062.500,00
( - ) CPV: 1.157,00 x 625 un. (723.125,00)
(=) Lucro bruto. 339.375,00
( - ) Despesas: 306,00 x 625 un. (191.250,00)
( = ) Lucro líquido 148.125,00
Tabela 44
Produto B $
Preço de venda: 3.750,00 x 250 un. 937.500,00
( - ) CPV: 2.118,60 x 250 un. (529.625,00)
( = ) Lucro bruto 407.875,00
( - ) Despesas: 675,00 x 250 un. (168.750,00)
( = ) Lucro líquido 239.125,00
Tabela 45
72
CONTABILIDADE DE CUSTOS
A Indústria e Comércio de Tapetes Aladin Ltda., durante o mês de abril de 20x9, fabricou tapetes do
tipo antialérgico, e os dados do período são os seguintes:
Respostas
Custos diretos:
73
Unidade II
$ 4.000.000,00 → $ 500,00
8.000 un.
( - ) CPV ($ 3.500.000,00)
( = ) Lucro bruto $ 700.000,00
( - ) Despesas com comissões (*) ($ 210.000,00)
( - ) Despesas gerais ($ 350.000,00)
( = ) Lucro líquido $ 140.000,00
$ 140.000,00 → $ 20,00
7.000 un.
Ou:
74
CONTABILIDADE DE CUSTOS
Resumo
75
Unidade II
Exercícios
Questão 1. (ENADE 2005) Uma empresa está estudando a viabilidade econômica de duas tecnologias,
conhecidas como X e Y, para a fabricação de um novo produto. O custo total de produção anual pode ser
corretamente representado por uma função de custo da forma CTi (q) = Fi + vi q, em que:
Ao vender o produto, a empresa recebe um valor p por unidade vendida. O gráfico a seguir mostra a
função de custo total anual de cada uma das tecnologias e a função de receita total, R(q) = q × p.
R$ CTx(q)
CTy(q)
Fy
Fx R(q)
q0 q1 q2
Figura 8
76
CONTABILIDADE DE CUSTOS
E) Se q = q0, então ambas as tecnologias são inviáveis, mas o prejuízo anual que se teria com a
fabricação do produto seria maior se a tecnologia X fosse a escolhida.
Para a questão estudada, o ponto de equilíbrio (PE) ocorre quando R = CT para o novo produto i,
sendo R = q.p e CT= F + q.v. Então, PE = F/(p – q).
Para a solução dessa questão, basta realizar uma análise gráfica do ponto de equilíbrio.
A) Alternativa incorreta.
Como q<q1<q2, o ponto q está abaixo do PE das duas tecnologias. Logo, ambas são inviáveis.
B) Alternativa incorreta.
Como q>q2>q1, o ponto q está acima do PE das duas tecnologias. Logo, ambas são viáveis.
C) Alternativa correta.
Nessa situação, q é maior do que o PE da tecnologia Y e, sendo assim, ocorrerá lucro. Mesmo quando
q>q2, o que viabiliza a tecnologia X, o lucro obtido usando a tecnologia Y é maior do que o lucro obtido
usando a tecnologia X.
D) Alternativa incorreta.
Justificativa: nessa situação, q está abaixo do ponto de equilíbrio da tecnologia X, que é q2.
E) Alternativa incorreta.
Justificativa: para essa quantidade, as duas tecnologias são inviáveis. Nessa situação, os prejuízos
seriam idênticos, pois a distância entre as retas de custo total de X e de Y em relação à reta das receitas
é a mesma. Portanto, ambas as tecnologias, nesse ponto, têm prejuízo igual.
Questão 2. A fábrica de calçados Jura’s S/A está em fase de expansão e necessita refinar as suas
formas de calcular e acompanhar os seus custos, os gastos e os resultados de suas operações. Durante
o primeiro período de sua nova gestão de custos, apurou os seguintes valores:
O Sistema de Custeio adotado é o de Custeio por Absorção. Deve-se calcular e acompanhar os valores de:
78
CONTABILIDADE DE CUSTOS
A) I e II.
B) II, III e V.
C) I, II, III, IV e V.
D) III, IV e V.
E) III e V.
Análise da questão
Cálculos necessários
79
Unidade II
( - ) CPV 1.610.000,00
( = ) Lucro Bruto 140.000,00
( - ) Despesas com comissões (*) 52.500,00
( - ) Despesas gerais 100.000,00
( = ) Lucro líquido 37.500,00
Lucro Total = 37.500,00
6. Lucro unitário
80
CONTABILIDADE DE CUSTOS
I – Afirmativa incorreta
II – Afirmativa incorreta
81
Unidade II
IV - Afirmativa correta.
( - ) CPV 1.610.000,00
( = ) Lucro Bruto 140.000,00
( - ) Despesas com comissões (*) 52.500,00
( - ) Despesas gerais 100.000,00
( = ) Lucro líquido 37.500,00
Lucro Total = 37.500,00
V - Afirmativa correta.
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