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Cinedebate
AS SOMB R AS Q U E H E Um diálogo en
tre gerações e
a Shoá
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culto
Recados Chevra Kadisha da CIP
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programação 23 de abril a
29 de abril
23 SÁBADO
22 de Nissán | Pêssach VIII
Cinedebate: exibição on-line do filme “As Sombras que Herdamos” (saiba mais)
24 DOMINGO
23 de Nissán
Cinedebate: exibição on-line do filme “As Sombras que Herdamos” (saiba mais)
3
25 SEGUNDA
24 de Nissán
Cinedebate: exibição on-line do filme “As Sombras que Herdamos” (saiba mais)
26 TERÇA
25 de Nissán
Cinedebate: exibição on-line do filme “As Sombras que Herdamos” (saiba mais)
27 QUARTA
26 de Nissán
Cinedebate: exibição on-line do filme “As Sombras que Herdamos” (saiba mais)
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28 QUINTA
27 de Nissán
Cinedebate: exibição on-line do filme “As Sombras que Herdamos” (saiba mais)
29 SEXTA
28 de Nissán
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O que vem depois da saída de Mitsrayim?
Duas conversas que eu tive essa semana apontaram em direções opostas.
Em uma delas, a pessoa me disse: “o que é, é; o que não é, não é”, com uma
convicção evidente de quem acredita na clara distinção entre as categorias das
quais falava. Na outra conversa, a pessoa mencionou a Caixa de Schrödinger, o
experimento teórico da Física Quântica na qual um gato é mantido em uma caixa
de metal fechada, com um dispositivo atômico e um vidro de veneno. Passada uma
hora, sem sabermos se o dispositivo atômico havia sido ativado, o experimento
considera que o gato está paradoxal e simultaneamente vivo e morto. A menção
a este conceito abstrato foi para exemplificar que, às vezes, as categorias se
misturam e as coisas estão em várias delas ao mesmo tempo.
Fiquei pensando nisso ao ler a passagem da Torá deste shabat. Nela, alguns
conceitos centrais do comprometimento judaico com a Justiça Social, que já
tinham sido mencionados em outras partes da Torá, são relembrados. Um trecho
se destaca: “Não haverá necessitados em teu meio – pois Adonai te abençoará
na terra que Adonai, teu Deus, te dá como posse hereditária na condição de que
você escute a voz de Adonai, teu Deus, mantendo e cumprindo toda esta mitsvá
que Eu te ordeno hoje. (...) Se, no entanto, houver uma pessoa necessitada em teu
meio, um de teus parentes em qualquer um dos teus assentamentos na terra que
Adonai, teu Deus, te dá, não endureça teu coração nem feche a tua mão para o teu
necessitado.” [1]
Assim, Deus deixa claro que a garantia do bem estar do povo de Israel depende
de que nós mesmos sigamos os valores judaicos de ajuda ao próximo. A tradição
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judaica já nos dá as ferramentas para garantir uma situação de bem estar social,
sem a necessidade de milagres ou de intervenção Divina direta. De alguma
forma, o sistema que estabelece estes valores e regras já é a intervenção Divina.
E, considerando a forma integrada como a comunidade judaica vive em muitas
partes (incluindo o Brasil), nosso comprometimento não deve ser apenas com
outros judeus, mas com todos aqueles com quem compartilhamos esta terra, em
suas maravilhas e em seus desafios.
Mas por que esta é a passagem escolhida pela tradição para ser lida em
Pêssach? Haverá, certamente, quem argumente que é pela menção ao sacrifício de
Pêssach, à contagem do Omer e à comemoração das três Festas de Peregrinação
(Pêssach, Shavuót e Sucót) no final da passagem [2] e eles estão, provavelmente,
certos. Eu gostaria de propor um motivo adicional para que essa seja a leitura
neste momento do ano. A saída de Mistrayim e a conquista da liberdade pelos
hebreus são a narrativa fundacional mais importante da tradição judaica, cara em
particular aos conceitos relacionados ao nosso compromisso com a Justiça Social.
Em inúmeras passagens da Torá, a proteção aos vulneráveis é explicitamente
vinculada ao conceito de que “vocês foram estrangeiros na terra de Mitrayim.” No
sêder de Pêssach revivemos a dor da opressão e a alegria da redenção – por isso,
renovamos nosso compromisso com a criação de um mundo no qual possamos
viver todos em liberdade e com dignidade. O texto da Torá desta semana reafirma
que este compromisso não pode existir apenas de forma abstrata - ele tem
implicações concretas sobre nossa conduta, determinando ações que devemos
ter e outras nas quais não podemos nos engajar.
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Da mesma forma que o Shabat nos permite viver um “gostinho do mundo
vindouro” e renova nosso compromisso com construir esta realidade já a partir
da Havdalá, Pêssach deve renovar nosso comprometimento com um mundo mais
justo, onde Liberdade não seja privilégio de alguns, mas possa ser a realidade de
todos. Esse é o lembrete que a leitura da Torá deste 8º dia de Pêssach nos deixa.
Shabat shalom,
Rabino Rogério Cukierman