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PERFIL DO CERIMONIALISTA BRASILEIRO

Ao analisarmos o tema, nos deparamos não com um, mas com vários perfis de
cerimonialistas, neste grande país repleto de costumes diferentes. O perfil do
cerimonialista é algo muito amplo e complexo.
Há alguns anos, pensava-se que esta atividade poderia ser exercida apenas por
diplomatas.
Anos depois, a necessidade das autoridades de menor precedência, porém igualmente
autoridades, que tinham que ter seus Chefes de Cerimonial mas não podiam se dar ao
luxo de ter a um diplomata no cargo, nos levou a ter mais oportunidades de emprego na
área.
Temos colegas das mais variadas profissões e em conseqüência, os mais variados perfis.
Um advogado, não pensa como um arquiteto; um professor não tem a mesma conduta de
um RRPP; um jornalista não conduz as coisas como um artista plástico, porém todos
igualmente exercem a atividade de ceremonialista.
O Professor Nelson Speers, “Pioneiro Emérito do Cerimonial Brasileiro”, “Premio
Internacional de Protocolo”, “Presidente de Honra da Organización Internacional de
Ceremonial y Protocolo – OICP”, diz que no Brasil somos todos autodidatas, talvez
porque ele tenha sido, já que em nosso país não há cursos completos de cerimonial
porém a grande maioria dos cerimonialistas brasileiros não pode ser assim considerada
porque muitos de nós fizemos cursos com o Professor Nelson.
Os que não fizeram diretamente, o fizeram com seus alunos, e os demais, pelo menos,
leram seus livros.
Sendo ele um autêntico autodidata, por seu intermédio chegamos a conhecer opiniões de
autores conhecidos internacionalmente, entre eles o Embaixador Jorge Blanco Villalta, a
quem anos depois tive a honra de conhecer e de ser por ele presenteada com um de seus
livros.
Existem também outros autores brasileiros, que têm excelentes obras como o Embaixador
Augusto Estellita Lins, e os colegas Marcílio Reinaux, Maria Iris Teixeira de Freitas, Jack
Correa, Flavio Benedicto Viana e vários outros que contribuem para a formação dos
nossos cerimonialistas, mas ainda assim é grande a carência de publicações e nestas se
incluem as estrangeiras, traduzidas ou não para o português.
Diante do exposto, nos remetemos ao princípio de nossas palavras quando dizíamos que
no Brasil temos vários perfis de cerimonialistas.
Atualmente, muitos dos cerimonialistas brasileiros são membros do Comitê Nacional do
Cerimonial Público. Alguns, (os fundadores) há mais de 10 anos, outros a menos tempo, e
não podemos deixar de ressaltar que o CNCP nos abriu as portas para uma convivência
extremamente saudável entre os colegas cerimonialistas durante os 11 congressos
nacionais de cerimonial público e de mais um incontável número de jornadas, encontros,
e seminários sobre as mais variadas especialidades, todos realizados pelo Comitê..
Esta proximidade nos levou a aperfeiçoar e a harmonizar consideravelmente a conduta de
trabalho do cerimonial brasileiro, já que o convívio possibilita a troca de experiências mas
temos que seguir admitindo que mesmo assim, seguem os muitos perfis de
cerimonialistas . Um país de dimensões continentais, com 5 regiões completamente
diferentes, nos leva a ter posturas sócio-culturais e econômicas igualmente diferentes.
O idioma, (com sotaques tão diferentes), a alimentação, os trajes, (em função da
variedade de climas), os costumes, o trânsito, os diferentes fusos horários e muitos outros
aspectos levam a que o cerimonialista não apenas tenha mas aplique perfis diferentes no
desenvolvimento do seu trabalho.
Muitas das diferenças ocorrem pela oportunidade que os cerimonialistas tiveram no que
se refere a educação e muitas outras são por não se interessam em buscar o saber por
intermédio de cursos e pesquisas.
Há os que têm pouca ou nenhuma oportunidade à mão, porque vivem em lugares muito
distantes porém buscam por meio da Internet ou de livros a forma de melhorar seus
conhecimentos. A estes colegas… o nosso aplauso!
Através do site do CNCP – www.cncp.org.br recebemos perguntas e consultas de todas
partes que são respondidas gratuitamente. Isto auxilia muito no dia a dia do cerimonialista
que não dispõe de uma biblioteca nem de um colega experiente por perto.
Alguns acham que nunca necessitarão de conhecimento mais profundo já que estão nos
cargos por puro nepotismo e os 4 anos que estiverem trabalhando em cerimonial durante
o mandato de um determinado político logo passarão.
Neste ponto, muitas autoridades são as responsáveis por esta forma de pensamento pois
nomeiam a um amigo para o cargo a fim de atender a compromissos políticos e como
este tipo de autoridade quase sempre não conhece o assunto, para desculpar os erros
muito freqüentes, se intitulam pessoas muito simples que não querem nada de cerimonial
nem tampouco de etiqueta. Não entendem que as ações do cerimonial, conduzidas por
um profissional competente, podem construir positivamente sua imagem pessoal e
também da entidade que administra.
Por outro lado, e digo isso com imensa alegria, os cerimonialistas com boa qualificação
que podem ser considerados verdadeiros profissionais já é bem grande e vem
aumentando consideravelmente a cada dia.
Sabemos que o perfil de um profissional se forma principalmente através da sua
intelectualidade. Não esqueçamos de que em cerimonial devemos estar atentos não
apenas a leis, formas, normas, costumes, heráldica , vexilologia, mas também a um
sentimento muito especial que é o emocional das pessoas.
Para tanto, devemos conhecer muito bem não apenas como fazer mas porque fazer
daquela maneira para termos mais condições de argumentar e de sermos compreendidos
nos momentos que somos questionados em relação a uma determinada conduta de
trabalho. Se não dominamos o assunto tudo será mais difícil, e muitas vezes mesmo que
estejamos corretos, passaremos por errados. Só atingiremos esta postura firme e
gozaremos de um alto poder de convencimento de que estamos certos por “N” razões, se
conhecermos as bases do porque é assim.
O grande “fantasma” do cerimonial é sempre a precedência. Esta precedência que se faz
presente em todos os aspectos do cerimonial e que sinaliza o respeito de acordo com a
importância das pessoas, também está intrinsecamente ligado a um sentimento muito
especial que é a vaidade.
Neste caso, o cerimonialista terá que conhecer não apenas as leis e tudo o que se
relaciona com o cerimonial mas saber, com esmero, administrar as vaidades.
No cerimonial de hoje não há tempo para deslumbres. O cerimonialista além de estar
preparado intelectualmente, e dominar pelo menos um idioma a mais que o seu, deverá
ter o raciocínio rápido e um perfeito equilíbrio emocional para poder preparar e conduzir
um, ato. Ser absolutamente discreto, responsável e pontual são condições
indispensáveis.
Outro ponto de expressiva atenção é cuidar bastante da saúde e ter considerável preparo
físico já que passamos horas seguidas de pé. Durante os momentos de trabalho jamais
teremos direito a demonstrar o que sentimos ainda que seja uma pequena dor de cabeça.
Muitas vezes até deixaremos de comer algo que gostamos muito porque aquele alimento
poderá causar mal estar; em outras, sequer comeremos porque simplesmente, não nos
sobra tempo.
Cuidar da nossa imagem será fundamental. Saber distinguir o traje e que perfume usar de
acordo com a hora e o evento, ter os cabelos bem cuidados, caminhar suavemente,
sentar sem parecer que está descansando, preocupar-se com a maneira como entra e sai
de um veículo, dar atenção a forma de como subir e descer escadas e no que se refere às
mulheres não exagerar na maquilagem, por certo levarão ao cerimonialista ter uma boa
imagem.
Devemos compenetrar-nos de que no momento do evento do qual somos responsáveis,
estamos trabalhando, portanto, não somos os convidados.
Para uma impecável conduta profissional o cerimonialista deve buscar saber e conhecer
tudo. Mais que possuir uma formação cultural sólida, deverá conhecer sobre comida
nacional e internacional, bebidas e coquetéis (que muitas vezes são representativos de
uma região ou de um país), estar em dia com as notícias de última hora, com o câmbio do
dia, da situação política nacional e internacional, enfim terá que saber de tudo, ainda que
jamais necessite de algumas informações, porém deve tê-las na memória.
Podemos citar mais alguns outros pontos necessários para um bom perfil do
cerimonialista, como por exemplo o civismo, o amor à pátria e ser, como diz Carlos
Fuente, “um grande criador de atos”, porém jamais deixaríamos de falar sobre o aspecto
Ética.
Respeitar as questões relacionadas a deontologia será sempre um dever. Não será
necessário que exista um código de ética para ler todos os dias. A urbanidade, o saber
estar e circular não valerão nada se não houver ética.
Nós cerimonialistas devemos estar preparados para qualquer eventualidade.
Muitas vezes assumimos responsabilidades que não são nossas e nestes casos
incluímos algumas que jamais imaginamos chegar tão próximo, porém, de uma hora para
outra nos vemos ligados a ela e ainda mais, tendo que assumir toda a responsabilidade.
Não esqueçamos de que por trás da boa imagem de uma autoridade, de um evento
social, de uma empresa, de uma cidade ou de um país, há sempre nos bastidores um
anônimo, que é o cerimonialista.

Dia 29 de outubro – Dia do Cerimonialista

Foi aprovado pela Câmara Federal o Projeto de Lei nº 2.981/2008, do Deputado Arnaldo Jardim, que institui
a dia de 29 de Outubro como o “Dia do Cerimonialista” em âmbito nacional.
O voto do relator da matéria na Comissão de Constituição e Justiça, Deputado Moreira Mendes, destaca
que a data escolhida refere-se à criação do Comitê Nacional do Cerimonial Público, em 1993, que através
de ações concretas e diversificadas conquistou o reconhecimento e a confiança de todos os segmentos da
sociedade.

É mais uma conquista do Comitê Nacional do Cerimonial Público – CNCP que a 15 anos luta pelos objetivos
desta importante classe.
Queridos amigos de profissão agora é fato! Temos um dia só nosso…Chiquérrimo!
Agora a data é somente para os profissionais que se encaixam neste texto fresquinho da querida Janete
Pepper.

…”Logo, falar sobre a “parte boa” das festas, isso é ter somente um pouco de bom gosto e de bom senso,
mas saber como realmente lidar com esses problemas e soluções, isso só quem vive o dia a dia pode de
FATO falar pra vocês, afinal ser profissional é isso…é a diferença entre os que “gostam” e os que “sabem”
como as coisas funcionam, tornam os caminhos das pedras em nuvens macias.

E please amigos não confundam ética com arrogância.

Parabéns a todos os colegas de Profissão!

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