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Ecotoxicologia Marinha:

Efeitos dos poluentes na estrutura de comunidades

Domênica Lima e Thalita Belmonte

Novembro/2012
Janeiro de 2000 - oleoduto PE-II – REDUC - 1292 m3 óleo combustível
(tipo MF 380 – óleo combustível marinho - mistura de diesel e óleo combustível
pesado)

> 50 Km2 → APA de Guapimirim / praias banhadas pela Baía de


Guanabara
Efeitos do Derramamento de óleo

Alteração de parâmetros químicos - quebra de componentes do óleo =


liberação de ácido sulfídrico, amônia e metano → diminuição do pH do
sedimento e do teor de O2 dissolvido na água
Metodologia

• Coletas – Inverno 2000 (6 meses após o acidente) e Verão 2001 (1 ano


após o acidente)

• Parâmetros químicos - Teor de O2 dissolvido (ml/l) → Oxímetro

• Medidas de pH do sedimento - Eletrodo de pH


Parâmetros biológicos - Sedimento para análise da microfauna de
foraminíferos → pegador de fundo tipo Petersen em 26 pontos no
inverno e repetidos no verão (52 amostras)

◙ Sedimento - camada superior (1º cm) → frascos com Rosa de


Bengala (1g/1000ml de álcool) → 50cc separado - 2 peneiras
sucessivas (0,500mm e 0,062mm) → secagem em estufa →separação
por flotação em tetracloreto de carbono → transferência dos
foraminíferos para lâminas especiais de fundo preto e identificação
Resultados
Parâmetros químicos - Valores de pH e O2 dissolvido (superfície e
fundo) Inverno e Verão

• Locais menos oxigenados do


fundo - próximo a APA de
Guapimirim e Rio Iguaçu

• Inverno - < teor de O2 sup. nas


proximidades da REDUC →
derramamento de óleo e os
processos químicos envolvidos
consumiram o O2 da água

• < teor de O2 sup. Rio Iguaçu


→ descargas de poluentes

• Verão – < teor O2 fundo est.


12 a 24 → zona azóica
Parâmetros Biológicos

Foraminíferos - Distribuição → 51 espécies (Inverno / Verão)

• Inverno - Ammonia tepida, Bolivina striatula, Bulimmina elongata,


Buliminella elegantissima, Cassidulina subglobosa e Quinqueloculina
seminulume

• Verão - A. tepida (dominante praticamente em todas as estações →


cosmopolita), B. striatula e B. elegantíssima
Distribuição Relativa de Ammonia tepida

> Abundâncias relativas - regiões norte e nordeste

• Verão (1 ano após o acidente) - Ausência próximo ao local do derramamento

→ Dissolução das carapaças de carbonato de cálcio iniciou-se por ocasião do


derramamento = efeitos ecológicos devido à acidez do sedimento
Espécies oportunistas-tolerantes - A. tepida e B. elegantíssima se
beneficiam diretamente de certos tipos de contaminação aumentando
sua abundância relativa

• Kfouri (em preparação) / Thomas & Varekamp (2000) - A. tepida é


resistente aos baixos teores de oxigênio dissolvido e altos valores de
enxofre característicos de sedimentos tóxicos e são capazes de se
alimentarem de fitodetritos que florescem em esgotos domésticos
Distribuição Relativa de Buliminella elegantissima
• Inverno - > abundância relativa ao sul da Ilha do Governador

• Verão - > abundância relativa na parte central da baía (zona azóica)

Maior ocorrência - regiões anóxicas (próximo ao rio São João de Meriti e região central)

Exceção - Rio Iguaçu → ausência = não tolerância de suas carapaças ao pH baixo


A distribuição de B. elegantíssima na região sul da Ilha do Governador
e na região central da baía (região azóica) sugere deposição de
material orgânico

• Setty & Nigam (1982) / Eichler et al. (1995) - típica de ambientes ricos
em matéria orgânica, com baixo teor de oxigênio, ocorrendo em
sedimentos contaminados por esgotos domésticos

B. elegantissima não foi encontrada na região do acidente – intolerância


em ambientes de pH ácido → fragilidade da carapaça
Distribuição Relativa Elphidium spp.

Acidez → influência negativa na diversidade de espécies = limitando a


ocorrência de espécies com carapaças mais frágeis = ↑dominância de
Elphidium spp.

• Verão - Estação estéril no verão → desaparecimento total de espécies (1 ano


após o acidente)
Benefício indireto → Elphidium spp. → aumento da dominância em
função da ausência de outras espécies que tiveram suas carapaças
dissolvidas

• Baixo pH → derramamento de petróleo → aumento relativo de


indíviduos de Elphidium spp. no inverno (6 meses após o acidente)

Hipótese:

• Ausência de outras espécies com carapaças mais frágeis que foram


dissolvidas mais rapidamente

• Próximo ao acidente - acidez do sedimento sugere a dissolução e


precipitação de carbonatos e fosfatos nessa região resultando na
completa esterilidade da amostra após um ano do desastre
Considerações Finais

• A região do acidente apresenta diminuição de organismos com a evolução do


tempo

• Valores de O2 dissolvido e de pH apresentaram recuperação

• Grande quantidade de esgotos industriais e derrames ocasionais são


lançados no rio Iguaçu e através das correntes são transportados para a região
da APA de Guapimirim

• Despejos de esgoto doméstico no Rio São João de Meriti → zona azóica →


região central da baía - assoreamento diminui a circulação e impede a
oxigenação das águas
• Resultados do monitoramento e avaliação do processo de
regeneração do manguezal do Rio Surui (Magé, Baía de Guanabara,
Rio de Janeiro)

• Derramamento de óleo janeiro (2000) REDUC → Mortalidade massiva


da vegetação

• Manguezais mais atingidos - trecho entre Duque de Caxias e Magé


(Desembocadura do rio Suruí)
• Rio Surui e Nova
Orleans

Rio Surui - mortandade em


massa da floresta de mangue
em área próxima a margem
(Surui 1) → monitoramento do
processo de regeneração

Demais áreas do Rio Surui e


Nova Orleans →monitoradas
como controle da dinâmica de
jovens
Metodologia

• Rio Surui – Região fortemente atingida pelo → parcela de 16 m2 posicionada


no centro da área de mortalidade massiva da floresta de mangue e a formação
de uma clareira

• Indivíduos com altura inferior a 1 m – etiquetados / medidos / identificados a


nível Específico / classificados (propágulos, plântulas ou jovens) / condição
(vivo ou morto)

• Monitoramento - Setembro de 2000 (8 meses após o impacto por óleo) e


Fevereiro de 2005 → Mensal (1º ano) / bimestral (outubro de 2001 e fevereiro
de 2003) / Quadrimestral (fevereiro de 2005)

• Densidade de jovens e de plântulas, altura média de jovens, taxa de


recrutamento de propágulos e taxa de mortalidade de plântulas e jovens
Densidade de jovens e altura média total e por espécie (Rh – Rhizophora mangle; Av –
Avicennia schaueriana; Lg – Laguncularia racemosa; J – Jovens de todas as espécies)
Curvas de altura média dos jovens das 3 spp. na área do Rio Surui

A. schaueriana - tendência de aumento da altura média (de 12,0 cm em outubro/00 a 115,38 cm em fevereiro/05)

L. racemosa – aumento (17,50 cm em novembro/00 até 244,15 cm em fevereiro/05)

R. mangle – Colonização (maio/01) - aumento da altura de jovens (127,93 cm em fevereiro/05) → altura média
superior à das outras espécies (geral) – exceção (junho/04 e fevereiro/05 - aumento na altura média dos jovens
de L. racemosa)

conforme ocorre um aumento da altura média dos jovens, há uma redução na densidade de jovens →
amadurecimento da floresta (estágio inicial do processo de recuperação), redução da densidade e
desenvolvimento (aumento da altura média)
A. schaueriana - Densidade na área fortemente impactada → 3 tipos de comportamento – crescente (outubro/00
a abril/02) / relativamente estável entre (abril/02 e outubro/03) / decrescente (fevereiro/05)

L. racemosa - Densidade de jovens foi crescente (outubro/00 e abril/02) / relativamente constante (abril/02 e
outubro/03) / queda (outubro/03)

Curva crescente de densidade de jovens no período inicial do monitoramento (principalmente A. schaueriana)


indica um processo de recolonização de uma área com disponibilidade de espaço e de luz - processo de
ocupação da área por A. schaueriana, seguido da entrada de jovens de L. racemosa e uma fase seguinte onde
R. mangle inicia um processo de colonização da área

R. mangle - os menores valores para densidade de jovens (todo o período) entre as três espécies → aumento
gradativo da densidade (pequenas oscilações)
Mortalidade absoluta (ind.m-2.dia.-1) e mortalidade relativa (%.dia-1) de jovens

Mortalidade relativa - elevada no período inicial do monitoramento A. schaueriana e L.


racemosa - período de baixas taxas de mortalidade – taxas novamente elevadas (níveis bem
inferiores)

Altas taxas de mortalidade (relativa) associadas à baixa densidade - ambiente ainda não
encontrava-se favorável para a colonização por espécies de mangue – provavelmente devido à
contaminação do substrato pelo óleo → McKee (1995) - em condições de alta disponibilidade de
luz, essas espécies alocam seus recursos no incremento de altura e após iniciam o
desenvolvimento do sistema radicular (quando são observadas altas taxas de mortalidade que
podem estar relacionadas à maior interação do sistema de raízes com o substrato contaminado)

• Mortalidade absoluta – oscilação - tendência de ser mais elevada na


segunda metade do período de monitoramento

Período inicial do monitoramento – baixa mortalidade absoluta dos jovens → baixa


densidade de jovens nesse período - determinando uma baixa mortalidade absoluta
A.Durante todo monitoramento
schaueriana - recrutamentos- pico
menosde recrutamento de propágulos
regulares e após de L.
ocorre gradual racemosa na
decréscimo
(entre fevereiro
densidade de eplântulas
maio) e após picos na densidade
– progressivo aumento nadedensidade
plântulas de
de jovens
L. racemosa
→ processo
de transformação de parte das plântulas em jovens

Recrutamento de R. mangle – baixo → baixa representatividade/importância dessa


espécie nessa região
Mortalidade
> plântulas de L. racemosa comparada à A. schaueriana - (1º meses – redução - torna a se
elevar nos últimos meses) - Padrão típico – Produção elevada de propágulos e elevada
taxa de recrutamento e densidade de plântulas, concentrada em um período do ano,
seguida por alta taxa de mortalidade por esgotamento das reservas nutritivas e por
competição com jovens e adultos (caso não haja disponibilidade de espaço e luz)

A. schaueriana e R. mangle – padrão irregular


Considerações Finais

• Indícios de recuperação da floresta de mangue do Rio Surui, após uma fase inicial
com provável efeito do óleo sobre o processo de regeneração – Cuidado!!!! Diversos
estudos apontam para efeitos retardados do óleo sobre florestas de mangue que
sofreram contaminação e para a interferência de óleo residual sobre esse processo

• O monitoramento da área de manguezal do Rio Surui indica um processo de


regeneração da floresta em estágio inicial → confirmação de todos esses processos só
será possível com a manutenção de um monitoramento por um período mais
prolongado
O Rio das Velhas

• Bacia hidrográfica localizada na


região central do Estado de Minas
Gerais (17o15’e 20o25’ S - 43o25’ e
44o50’ W)

• Atividades - mineradora, industrial,


agrícola, efluentes domésticos e
industriais

• Maior afluente em extensão da bacia


do rio São Francisco - nascente no
município de Ouro Preto - desagua no
rio São Francisco (a jusante da
barragem de Três Marias)

• Extensão - 761 km; Largura média


38,4 m

• Drenagem - área de 29.173 km


Metodologia

7 estações - alto curso do Rio das Velhas (trecho que vai de São Bartolomeu – AV
005 – até a cidade de Sabará– AV 350)

Resultados de 1985 a 2004 (com lacunas em vários anos) - Análises físico-


químicas - bacteriológicas – biológicas

Índice de Metais - resultados de 59 pontos (chumbo, sódio, mercúrio, potássio,


arsênio, níquel, zinco, selênio, cobre, cálcio, ferro solúvel, ferro total, manganês, bário,
cromo trivalente, cromo hexavalente e cádmio)

• Análises físico-químicas e bacteriológicas - “Standard Methods for the


Examination of Water and Wastewater" (1985) → modificações segundo
Manual de Normas do CETEC (1987)

• Zoobentos - “kicking” com rede de 0,5mm de abertura de malha e coleta


manual para substrato pedregoso; “Dipping” com malha de 0,30mm e captura
manual para substrato arenoso (CETEC,1987)

Tamisação com malhas de 1,00 a 0,30 mm → triagem sob


microscópio e identificação taxonômica (CETEC,1987)
Modificações na estrutura das comunidades (1985 a 2004) →
Identificação e descrição a partir dos índices bióticos e físico-químicos
de qualidade de água: Distribuição, riqueza, diversidade de Shannon-
Wiener, equitabilidade de Pielou, IQA e Índice de Metais

Índice de Metais (IM) - Médias dos resultados dos metais (17.478


resultados) → aplicação nas 7 estações → comparação com o IQA e os
índices biológicos

Cálculo do IM - Análise dos Componentes Principais (PCA)

Relação entre os resultados dos índices bióticos e os resultados de


metais pesados
Classificação do Índice

(próximo à nascente)
mantém seu bom nível Piores resultados de
de qualidade ao longo classificação entre os 7
de 19 anos - 69% dos pontos amostrados -
resultados nas faixas afluente Ribeirão Água
de qualidade “Boa” e Suja que recebe grande
“Excelente” carga de poluentes
Índice Biológico de Diversidade (1992 – 2004)

Os pontos AV 210 e AV 350


apresentaram em 1992
melhor índice de diversidade
do que em 2003 - ↓
qualidade da água ao longo
do tempo

AV 005 – queda no índice de


diversidade com mínimos em abril e
outubro de 2003 (períodos de
estiagem) e recuperação em abril e
outubro de 2004 → melhoria da
qualidade da água
Índice Biológico de Riqueza (1992 – 2004)

AV 005, AV 010 e AV 040 - queda AV 330 e AV 350 não


em 2003 (abril) com melhoria nos apresentam qualquer
meses seguintes, chegando em indício de recuperação
2004 a um índice similar ao de 1992
- recuperação
Índice Biológico de Equitabilidade (1992-2004)

• Tendência de redução em julho de • AV 005 e AV 010 (melhor qualidade


2003, em comparação com da água) - sensível deterioração na
períodos também de estiagem de eqüitabilidade comparada a 1992 -
1992 - desequilíbrio na distribuição efeitos deletérios da poluição ao
das espécies com tendência de longo dos anos
recuperação em 2004
• AV 005 - Melhor
qualidade

Melhor distribuição de
organismos na classe
Insecta

Ordens mais sensíveis à


poluição - boas
indicadoras de melhor
qualidade da água
respondem pelos maiores
percentuais de organismos
encontrados
• AV 330 - Melhor
distribuição dos
organismos por cinco
classes

Entretanto, todas as
classes são
representadas por
organismos muito
tolerantes à poluição -
qualidade de água
muito baixa

Distribuição dos
organismos da classe
Insecta -
Predominância de
Diptera - típicos de
águas poluídas
Índices Físico-Químicos de Qualidade da Água (2003-2004)

Os índices de IQA situam-se nas faixas entre “Ruim” e “Bom”

Piores resultados (maioria dos pontos) - Janeiro de 2003 e 2004 - período chuvoso →
Afeta a qualidade da água devido a arrastes de material da área da bacia para o curso
d’água, alteração do regime de fluxo, aumento da velocidade.....afetam os parâmetros
que entram no cálculo do IQA
Conclusão

• Os metais lançados no Rio das Velhas e em seus afluentes modificam


e impactam a estrutura das comunidades de macroinvertebrados
bentônicos

• O IQA guarda estreita relação com a estrutura das comunidades


bentônicas, porém não é suficiente para explicar as modificações nelas
ocorridas

• O Índice de Metal proposto neste trabalho pode ser uma ferramenta


interessante e útil para explicar as modificações na estrutura das
comunidades bentônicas, embora não tenha mostrado sensibilidade
suficiente para explicar pequenas mudanças necessitando de
aperfeiçoamento
- Usina Nuclear de Angra dos Reis – RJ usa água do mar para
Resfriar os reatores.

-Descarga dessa água aquecida e tratada com cloro diretamente


No mar.
Objetivo:

- Avaliar o impacto da descarga dessa água aquecida, liberada


pela usina, na comunidade de esponjas da área vizinha à área
de descarga e em duas áreas controles.

-Avaliar a qualidade da água na área de entrada da usina e na


área de descarga
Material e Métodos:

- Baía de Ilha Grande.

A, área de entrada de água


B, área de descarga de água aquecida
1, área amostrada descarga
2, área amostrada controle 1
3, área amostrada controle 2
Material e Métodos: (em cada amostragem)

- Feitas medições semanais (durante 3 meses):


temperatura da água (°C) superfície e fundo
níveis de cloro (mg.1-¹)
velocidade da corrente (knots)

- Amostra da comunidade de esponjas através de mergulho SCUBA


ao longo de dois transectos horizontais a 1.5m prof. (superfície) e
3.5m prof. (fundo).

- Número de indivíduos de cada espécie foi estimado in situ para


Cada transecto.

- Foi calculada abundância relativa, densidade e diversidade


de cada espécie
Resultados e Discussões:

Temperatura da água:
-Na superfície foi significantemente maior na área de descarga
do que área de entrada.

-No fundo foi similar em ambas as áreas.

- Nível de cloro e velocidade de corrente também foi maior na


área de descarga.
-Temperatura da Baía de Ilha Grande: varia entre 21°C a 30°C

- área de entrada da usina: ~26°C (superfície e fundo)


área de descarga da água: ~32°C (superfície) podendo chegar
39,5°C (Curbelo-Fernandez, 2002).

-temp. água superfície é maior por causa da liberação de água


aquecida → estratificação na superfície → termoclina separando
duas zonas distintas (superfície e fundo)

-Organismos sésseis são sensíveis a altas temp. → pequeno


aumento de ° C pode ser letal para muitos organismos.

-Descarga de cloro (biocida) + alta velocidade de corrente:


Pode interferir no assentamento das larvas de invertebrados.
Comunidade de esponjas

- 22 espécies foram registradas.

- área de descarga da água aquecida: 2 espécies (superfície)


6 espécies (fundo)

-Mais de 12 spp. foram encontradas nas áreas controles (superfície


e fundo).

-Diversidade, riqueza e densidade também foi maior área controle.


Bioindicador negativo
Área controle: maior
abundância na superfície
Área impactada: maior
Abundância no fundo

Bioindicador positivo
Só ocorreu na área
Impactada
-Espécie oportunista ou
Tolerante.
-Riqueza, diversidade e densidade de esponjas nas áreas de descarga
(principalmente na superfície) foram mais baixos que nas áreas controle

- aumento desses parâmetros indicam:


impacto termal + aumento presença de cloro + alto fluxo da água
na área de descarga.
Conclusões

-Estudo indica grande impacto do sistema de descarga de águas


aquecidas na comunidade de esponjas da Baía de Ilha Grande,
devido ao aumento da temperatura da água.

- Este impacto é mais forte na superfície e restrito a


Proximidade da área de descarga.
- Peixes são móveis e podem migrar para áreas “seguras”.

- Contudo, Alimento (esponjas, cnidários, algas, etc.) são sésseis e


fortemente afetados pela poluição térmica.

-Peixes podem ser indiretamente afetados pela diminuição na


Qualidade do recurso alimentar.

-Mudança na temperatura da água causada pela Usina Nuclear,


Afeta a comunidade de peixes pela diminuição da riqueza de
espécies
Objetivo:

-Descobrir se a descarga de água aquecida da Usina Nuclear de


Angra altera a estrutura do habitat.

- E se a comunidade de peixes neste local muda sua composição e


riqueza, devido ao efeito da poluição térmica.
Material e Métodos:

Área controle
C2 = 9km área impact. Área impactada
C1= 10km área impact

Fig. 1 – Map of the study area in Ilha Grande bay, Brazil: Thermal impacted site (I) and
controls (C1 and C2) locations.
Material e Métodos:

-Três áreas de estudo (I, C1 e C2) são costões rochosos

- Usados quadrados 2m² para:

● estimar, através de censo visual, a porcentagem de cobertura


bêntica de:
Sargassum sp. , algas pardas (Phaeophita), Palythoa (cnidário
colonial), algas calcárias incrustantes, algas calcárias ramificadas,
esponjas, cracas e poliquetas.

-Usados transectos paralelos ao costão (30m comp. x 3m largura):

● estimar através de censo visual não destrutivo, por mergulho


livre e SCUBA, a composição e abundância relativa das espécies
de peixes

- cada transecto foi observado 2x


Resultados:
Estrutura do habitat
-Área impactada (I): rochas nuas, cascalho e algas calcáreas ramificadas
(último só foi encontrado neste habitat).

- Controle 1: Sargassum sp., algas calcáreas incrustantes e esponjas.

- Controle 2: cobertura de Palythoa e vários tipos algas pardas


Resultados:
Comunidade de peixes

- 43 espécies de 31 famílias

- significante diminuição na riqueza da área I comparada com outros


locais (C1 e C2)

- Grande número de espécies registrada na área Controle (C1=40 e


C2=33) comparada à área impactada (I= 13).

- Diferença devido à 18 espécies encontradas só no Controle


- 11 espécies nas três localidades
- nenhuma espécie exclusiva área impactada.
Discussão
Estrutura do habitat

- água aquecida pode afetar a estrutura do habitat e consequentemente


da comunidade → área impactada com baixa cobertura bêntica.

- organismos sésseis são particularmente susceptíveis a elevadas


temperaturas da água → aumento de poucos °C pode ameaçar a
sobrevivência.
Comunidade de peixes

- Número maior de espécies nas áreas C1 e C2 do que na área I.

- Riqueza de espécies não diferiu nas áreas controles,mas foi 2,5 a 3


vezes maior do que na área impactada.

- Baixa riqueza de espécies na área impactada pode ser devido à baixa


cobertura bêntica → disponibilidade de alimento limitada.

(alguns trabalhos dizem que também pode ser por flutuações ambientais
naturais).
Conclusões

-A descarga de água aquecida pela Usina afeta, em uma menor escala


espacial, a comunidade de peixes e a cobertura bêntica.
└ indiretamente afeta a comunidade de peixes.

-Áreas não impactadas pela água aquecida não mostrou a cobertura


bêntica tendo efeito significante na estrutura da comunidade de peixes.

- Em áreas impactadas pela poluição térmica são comuns e severas as


mudanças na composição e estrutura da comunidade.

- Este trabalho confirma que a poluição térmica induz mudanças no


ambiente marinho.
Considerações pessoais

- Não foram encontrados artigos que tivessem feito um


inventário da fauna de esponjas na mesma área antes da construção da
Usina Angra 1(1974- 84) para níveis de comparação.

-Contudo,
http://www.eletronuclear.gov.br/hotsites/eia/v03_bibliografia.html

-A maioria dos trabalhos feitos naquela época mostravam o impacto na


comunidade de peixes, algas e zooplâncton.
- 1950. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz.

-Trabalho realizado na parte mais central da BG, próximo à atual


Ponte Rio-Niterói (22°52`)

-Encontrou cirrípdes, cracas, moluscos de vários gêneros (Aplysia),


mexilhões, estrelas e pepinos-do-mar, algas (Codium, Ulva, Dictyota,
Padina, Sargassum), árvores de manguezal, caranguejos verdadeiros,
guaiamuns, esponjas, cnidários, ascídias e briozoários (Bugulla neritina).
6
6

1. Zona de estrela e pepino


do mar.
4. Moluscos e Ulva sp.
(alface do mar)
5. Camarão
6. Faixa cinzenta: 6
Árvores de manguezal 1
4 4

Camarão-estalo
Ilha do Pinheiro – aterrada em 1980 para urbanização do complexo da maré
Ilha da Sapucaia – atual Reitoria da UFRJ
Ilha da Conceição – polo metalúrgico naval de niterói
Mapa de distribuição
de algas macroscópicas

U – Ulva
P – Padina
S- Sargassum
C- Codium
L- Gorgônea
1957

-Cita que 1936/37 não se faziam contagem das populações porque as águas eram
“mais puras”.
-Começa a analisar os efeitos da poluição na Ilha do Pinheiro e compara com o
manguezal de Sepetiba, que na época era não era poluída.
-Analisa as árvores de mangue e comunidade bentônica.
Ex: 1938-1947 observava-se caranguejos-porcelana na Ilha do Pinheiro. Em 1950
não era encontrado mais nenhum. Só na Baía de Sepetiba.
- Estrela, ouriço e pepino do mar desaparecem na Ilha do Pinheiro
1976
-Desaparecimento total da vegetação na Ilha dos Pinheiros
- Assoreamento, aterro artificial na vizinhança, aumento da lama, mudança de vários
nichos de alguns componentes do manguezal.
-Diminuição da flora e fauna “normais” e aumento da fauna dependente de nutrientes
e detritos.
-Avaliação das alterações ocorridas em uma comunidade/ecossistema
fornecem informações que podem ajudar na implantação de políticas públicas
para minimizar os problemas ambientais na zona costeira.

-Uso das respostas de organismos vivos para avaliar as mudanças ocorridas


no ambiente é conhecido como biomonitoramento.

-Espécies bioindicadoras são aquelas sensíveis ou tolerantes aos diferentes


tipos de poluição.
└ determinado pela ausência ou presença em determinado local.

- Poríferos: redução na biodiversidade em áreas impactadas por poluição


orgânica , poluição térmica, industrial.
Objetivos:

-Descrever e comparar a estrutura de comunidade macrobentônicas de


Substratos consolidados, sujeitas a diferentes graus de poluição, do interior
Da Baía de Guanabara (Ponte Rio-Niterói e Ilha de Cotunduba) até as Ilhas
Costeiras (Ilhas Cagarra, Comprida e Redonda).
Material e métodos:

Estrutura de comunidades macrobentônicas


Estações amostradas
- 5 estações de coleta ao longo do gradiente de poluição:
Pilar 92 Ponte Rio-Niterói (muito poluída)
Ilha de Cotunduba (poluída)
Ilha Cagarra e Ilha Comprida (moderadamente a pouco poluída)
Ilha Redonda (sem poluição)
Figura. Estações amostradas na Baía de Guanabara. (A) Vista área da baía;
(B) Pilar 92 da Ponte Rio-Niterói; (C) Pilar P77 da Ponte Rio-Niterói; (D)
Quadrado da Urca e (D) Ilha da Cotunduba.
Material e métodos:

Estrutura de comunidades macrobentônicas

-foto-quadrado como forma rápida de


estimar a porcentagem de cobertura
dos organismos na região do infralitoral.

- Total de 20 quadrados 50x50cm ao longo


de transecto de 20m.
Resultados:

Estrutura de comunidades macrobentônicas

- 52 táxons encontrados.
- 21 espécies encontradas só nas ilhas costeiras
- maioria das macrófitas também encontradas só nas ilhas costeiras
- 5 espécies ocorreram só nas estações da BG

● Dominância:
- Pilar 92: briozoário Bugula neritina é a espécie dominante (17,8%)
- esta espécie foi descrita em 1950 na região onde hoje se encontra a
Ponte Rio-Niterói.

- Esponjas 2° grupo mais dominante no pilar.


Resultados:

Estrutura de comunidades
macrobentônicas

● Dominância:
-Ilhas: Filo Cnidária, esponjas e ascídias

● Riqueza:
- maior riqueza de espécies nas ilhas
com baixa influência de poluição

- Ilha Comprida (34spp.),


-Ilha Redonda (30spp.),
-Ilha Cagarra (28spp.)
- Ilha de Cotunduba (21spp.)
- Pilar 92 (17spp.).
Discussão:

Estrutura de comunidades macrobentônicas

-Principais grupos encontrados: macrófitas, esponjas, cnidários e ascídias

-Pilar 92 (17spp.) e Ilha de Cotunduba (21spp.) apresentaram menores


Riquezas de espécies → piores condições da qualidade da água no local

-Macrófitas não apareceram no Pilar 92 e só uma espécie de alga


incrustante na Ilha de Cotunduba → alta turbidez da água e baixa
visibilidade no local reduz a penetração de luz.

- menor riqueza de espécies nas estações da BG favoreceu o predomínio


de outros organismo → redução na competição interespecífica

- Algumas espécies que dominam substrato consolidado da Ilha de


Cotunduba e Pilar 92 são raras nas ilhas costeiras.
Discussão:

Estrutura de comunidades macrobentônicas

- O briozoário Bugula neritina é dominante no Pilar 92 e considerado


oportunista e bioindicador de poluição.

-Espécie conhecida por crescer de forma rápida e agressiva dominando a


comunidade bentônica.

-Rápida colonização desta espécie + maior resistência à má qualidade da


Água → exclua ou impeça o estabelecimento de outros organismos.

Bugula neritina
- Este estudo foi pioneiro em quantificar as comunidades macrobentônicas
de substrato consolidado que ocorre ao longo do gradiente amostrado.

Conclusões:

- A riqueza de espécies da comunidade macrobentônica de substrato


consolidado varia ao longo das estações amostradas, da Ponte Rio-
Niterói (17 spp.) às ilhas costeiras (Cagarra: 28 spp.; Comprida: 34 spp.
e Redonda: 30 spp.).

- As espécies mais comuns nas estações poluídas (Hymeniacidon


heliophila, Cliona aff. celata, Bunodosoma caissarum, Dideminum
perlucidon e de Bugula neritina) podem ser usadas como biomonitoras de
poluição.

Hymeniacidon heliophila Cliona aff. celata Bunodosoma caissarum Dideminum perlucidon Bugula neritina
Considerações pessoais
Fim,

Obrigada!

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