Você está na página 1de 18
CAP. 2 MANUAL PARA ENTREVISTA CLINICA INICIAL Este texto destina-se aos alunos de graduagao, iniciantes na area de Psicologia Clinica, Trata-se de um pequeno ma- nual de orientagoes gerais quanto as caracteristicas @ a utili- zagao da Entrevista Clinica, com énfase na entrevista inicial. Foi desenvolvide como parte de um programa de ensino clesse lipo de entrevista. E oportuno lembrar que, em se tratando de aprender entrevista clinica, a simples leitura ou estudo do manual nao 6, absolutamente, suficiente. Os manuais tém se mostrado uteis, sim, para agilizar o aprendizado de alunos em programas de ensino, que Ihes permita executar entrevis- las, seja em situagoes sirmuladas ou natural. Esta 6 a forma recomendada para a ulilizagao deste texto. Para tanto, a lor ma de relatar sera bastante sintética e, vez por oulra, podera teferir-se a programas de ensino. A experiéncia com ensino, nessa area, demonstrou que uma das maiores dificuldades do aluno tem sido com a en- trevista inicial; ou seja, o primeiro Contato com o cliente, quando nao se tem qualquer informagao prévia sobre sua queixa, Isto nao ocorre nas entrevistas diagnd6sticas posterio- res, para as quais a literatura oferece uma série de roteiros, inventarios @ outros instrumentos para se avaliar problemas especificos, S40 exemplos destes instrumentos os inventari- os de problemas conjugais, sexuais, medo, depressao ... 27 Além da experiéncia da autora deste capitulo, a clabo- racao deste lexto apoiou-se em exaustiva revisao de literatu- ta, oO que resullou em uma Composigao Com Os seguintes lopicos: - A Entrevista Clinica Inicial: conceito e objctivos - Conceito geral de entrevista; - A cnurevista clinica; - A entrevista clinica inicial; ¢ al. - Objetivos da entrevista clinica in - Estrutura ou modelo de entrevista clinica inicial; - Dados a serem levantados na entrevista clinica; - Habilidades de entrevistar; - Dificuldacles mais comuns entre os iniciantes. Embora a composigao do texto enfatize a entrevista cli- Nica inicial, seu contededs inclui muitos aspectos relevantes ao apranedizady da atividade psicoterapica em geral, uma veg que grande parte do desempenho do terapeuta 6 co- Munya arnbas as atividades. 1 - A entrevista clinica inicial: conceitos e objetivos Conceito geral de entrevista: A ontrevista tem sido considerada pelos estudiosos e cli- Nicos Como uma interagao verbal entre pessoas. Sendo as- sin, pode-se aplicar a entrevista os mesmos principios, lvis, Ou processos gerais que se aplicam a qualquer interacao verbal. Observar, por excmplo, o que se passa, quando duas pessoas Conversam, principalmente no que ¢ como se influ- enciam mutuamente, parece uma forma adequada de se en- fender Muito do que ocorre durante uma entrevista, seja cla clinica ou de outro tipo. Uma consequencia desse conceito interacional ¢ a constatagao de que uma entrevista nao pode ser totalmente 28 previsivel ¢ planejavel, como outras formas de coleta de da- dos, lais Como os questionarios, por exemple. Por outro lade, a entrevista nao 6 uma interagao ou con- versa qualquer, por ter sempre objetivos especificos, seja em coleta de dados ou em intervengao, Constatando-se que @ entrevista nao é un) interrogald- rio, Ne uma conversa informal, Conclui-se que a mesma é uma atividade complexa, que exige do entrevistador forma- cdo e metodo, Contribuir para a formagao do entrevistador - psicoterapeuta - 6 © objetivo deste texto. A entrevista clinic Em fungao dos diferentes objetivos da entrevista, tém-se os seus diversos lipos: entrevista clinica, de pesquisa, de se- legao . Na entrevista clinica, 6 objetivo @ sempre obter dados pertinentes a intervengao terapéulica, Sao dados bastante di- ferentes daqueles procurados pelo psicélogo, por exemplo, numa entrevista de selegao para cmprego ou de opiniao. Acntrevista clinica tem uma Caractoristica Completamen- le diferente das demats: visa ao estabelecimento de uma interagao especial, facilitadora do processa terapeulico a qual, no decorrer de uma psicoterapia, assume formas bas- fante complexas, sendo denominada relagdao lerapeutica (GOLDFRIED & DAVISON, 1976); (RANGE, 1988). A qualidade da interagao estabelecida entre cliente & terapeuta allera a validade dos clados obtidos e os resullados do tratamento (HAYNES, 1978); (OLLENDICK & HERSEN 1984), Isso 6 fundamental porque, na entrevista clinica, nao se pode ter contiahilidace nos dados, se a interagao nao for adequada. Ede se observar que a propria interagao pode ser um Instrumente terapeuticg, por lerapoulica. ssO a expressao: relagao A entrevista clinica inicial (E.C.1. A primeira entrevista € rucial na formagao de primeir \impressoes pelo cliente (LAZARUS, 1979). Estas impressoes referen-se Nao apenas ao psicdlogo, mas abrangem, tam- bém, a psicoterapia em geral ea instiluigao na qual se reali- zao atendimento. O cliente que procura atendimento, pela primeifa vez, geralmente o faz em duas situagdes lipicas, as quais delinem dois tipos de entrevista clinica inicial: a entrevista de tria- gem ea que se podria denominar terapéutica. Varios auto- tes, entre eles LAZARUS (1979), BALAU (1980), MAYER & TURKAT (1988) e ZARO et al. (1980), fazem uma distingao entre a entrevista clinica inicial e as demais, porém, a litera- lura quase nao trata especificamente da entrevista de tia- gem, sendo uma excegao MARKS (1986). A entrevista é considerada de triagem, quando visa fazer um diagndstico rapido, mas suficiente, para que 0 ¢ liente seja encaminhado ao tratamento adequado. Define-se nesta entrevista sea instiluigao procurada pode atender o cliente, ou se deve encaminha-lo pata outros servigos. Neste senti- do, todas as entrevistas iniciais fazem triagem de alguma for ma. No entanto, costuma-se denominar de entrevistas de tri- agem psicologica, aquelas feitas em instituigoes que ofere- cem o servigo de triage em sepatado do de psicoterapia ou outras intervengdes. Esses servic¢os sao Comuns nas institui- g6es publicas, nas quais, geralmente, a demanda 6 maior que a capacidade de atendimento oc orrendo, entao, as filas de espera. Sendo assim, 6 importante que se determine, ain- da, na entrevista de triagem, a urgéncia do tratamento, ¢ que as instituigdes tenham mecanismos para que Os Casos Urpen- tes sejam atendidos de imediato. O psicdloge que faz as ti- agens nao tem, pot diversos motivos, ¢ ondigées de alender todos os clientes triados. © tratamento posterior, em geral, & feito por outro psicoterapeula * No outro lipo de entrevista linica inicial, aqui denomi- nada terapéutica, o cliente 6 entrey istado por um profissio- 30) nal, o qual dara imediata continuidade ao tratamento. Isto geralmente ocorre nas Clinicas particulares, onde nao ha gran- des filas de espera e o cliente costuma procurar nominal- mente o terapeuta. Nestes locais, geralmente, nem ha servi- cos de triagem. Eventualmente, apés esse tipo de entrevista inicial, o cliente pode, também, ser encaminhado para ou- tros tralamentos. Embora amhas as entrevistas iniciais tenham algumas di- ferengas, decorrentes das cond| Ses descritas acima, neste texto nao se fara diferenciagdo técnica entre elas, por considerar-se que as mesmas diferem apenas quanto a detalhes e, nao, em contetido e objetivos. Parece imporlante os psicdlogos trata- rem com os mesmos cuidados todos os clientes que se sub- metem a uma entrevista, pela primeira vez. Sendo assim, en- tende-se que a entrevista inicial de triagem é tao importante quanto a inicial terapéutica para se obterem dados relevantes, para informar adequadamente o cliente ¢ para estabelecer uma interagao de qualidade, a qual nao se limita necessariamente entre cliente e terapeuta, mas, entre cliente e instituigao. MARKS (1986) enfatiza que, na triagern, 0 terapeuta precisa estar completamente informado sobre © funcionamento da instituigdo na qual esta atendendo e que, ao final, precisa in- formar ao paciente qual a sua decisao sobre o tratamento. Na opiniao desta autora, essas condigdes devem ser preenchidas em qualquer E.C.1. (a fim de facilitar a leitura, daqui em dian- te, ao invés de colocar as expressdes entrevista clinica inicial por extenso usa-se a abreviatura E “.1), mesmo que nao se trate de triagem, ou seja, toda primeira entrevista envolve uma importante tomada de decisao. Os objetivos da E.C.1: Entende-se que, no decorrer de um processo terapéulico, © psicdlogo, geralmente, utiliza-se da entrevista para alcan- ¢ar trés objetivos: interacionais, de coleta de dados, e de intervengao. A seguir, serao descritos, rapidamente, como se apresentam tais objetivos na E.C.1.. 31 Objetivos interacionais - durante a entrevista 6 impor tante que se desenvolva uma relagao de confianga mutua entre as pattes, a qual possibilite ao cliente: - sentirse confortavel na situagao; - nao sentir constrangimentas em se expor ao terapeula; * - sentir-se motivado para continuar o tralamento. Esta relagdo de confianga ja deve ocorrer na entrevista inicial, inclusive na de triagem psicoldgica. Objetivos de coleta de dados - a entrevista clinica pode ser estruiturada cle forma a maximizar a obtengao de informagoes, sem que isso prejudique seus aspectos interacionais. Cantudo, num processo terapeulico, a énfase em coleta de dacos pode variar em diferentes momentos co tratamenta. Por motivos ébvios, geralmente, a énfase maior ost nas primeiras sessdes nas quais se procura a formulagao de urn diagndstico preliminar. Considera-se, pois, que na entrevista clinica inicial se deva procurar a oblengao de dados, desde que isto nao ocorra em prejuizo da interagao. Os dados devem ser, principalmente, 08 pessoais @ aqueles que indiquem e especifiquem o motivo da procura clo tratamento, ou da queixa. Estes dados prelimi- nares sao verais, podenco ser mais detalhados, dependendo da disponibilidade do cliente e¢ da habilidade do terapeula. Num programa de ensino, entende-se que um maior detalhamento, cesde que pertinente, so beneficiara tanto 0 aprendizado do aluno quanto 6 atendimento ao cliente. Objetivos de intervengao - considera-se que, em qual- quer entrevista Clinica, possa ocorret a intervengao, Ou seja, modificagoes Ho Comportamento do cliente em fungao de procedimentos adotados na entrevista. Contudo, geralmen- le, @ dificil que a énlase da primeira sessao possa ser em intervengao de forma sistematica, uma vez que isto pressu- 32 poe o estabelecimento de uma interagao de qualidade entre cliente e terapeuta, e queeste Ullime tenha posse de dadas consistentes sobre © primeiro, o que 6 muito dificil na pri- meira entrevista, Dessa forma, considera-se que a interven- Gag possa ocorrer numa entrevista inicial, porém sem que se constitu enr um objetivo obrigatério. kesumindo: entende-se que em programa de ensine da EC, oomais importante &o aling estabelecer, com o cliente, unta interagao adequada, acompanhada de coleta de dados, a qual devera ser lao ampla @ detalhada quanlo possivel; mas sem a preocupacgao iinediata com a interven aa. 2 - Modelo ou estrutura de entrevista inicial Em linhas gerais, parece haver quase un consenso entre os autores sobre a necessidade de estruturar a entrevista ec Como laze-lo. Esta constatagao ja havia sida feila por BALAU (1980) ce foi confirmada por esta autora, continuando, portanto, na literatura mais recente. Seguem-se algumas sugestOes de Como estiulurar a entrevista clinica, principalmente a inicial. HAYNES (1978) propoe que, alé um levantamento de to- das as possiveis areas problema, a cntrevista seja aberla, O mesmo deve corer sempre que Se intioduzit UM asstinlo Novo. Somente depois, especitica-se cada area problenia identilicacta, ZARO el al. (1980), eM proposta semelhante, sugerom que to- casas areas sejam examinacas clo geral para o particular © que, ao encerar a chtrevisla, Hique claro para o cliemle qual sera o proximo passo. Lembra ainda que, ce inicio, pode ser necessa rio usar alguma técnica para baixar a ansicdade do cliente Apos ampla andlise da atividace de cnitevistar, BALAU L960) adolou uma estrulura na qual cliviciu a entrevista ini- ciabem quatre clapas: - “Chapa inicial!, incluinedo o primeiro conalo com o-cliente, troca de taformiannos gerais ¢ levan- lamento cle dados pessoals c faniliarc: queixa livre", ulilt- vando-se de téenicas para facilitar a expressao do. cliente ea identificagao do problema; "queixa dirigida" para com- plementar e esclarecer os dados da etapa anterior; © "en- cerramento", quando se prepara a interrupgao da entrevista ese define a continuidade do atendimento. Para KFFFE ot al. (1980), deve-se iniciar procurando informagoes gerais, quando o cliente descreve o proble- ma conforme seu estilo ¢, posteriormente, os dados sao operacionalizaclos. A entrevista deve ser estruturada e ocorrer num continun: inicia-se com um minimo de estratura eG questocs abertas para identilicar o problema; depois de estabclecica a natu- reza ca dificuldade, aumenta-se a estrutura com questocs que indiquem as variaveis controladoras (OLLENDICK & HERSEN, 1984), Ao atuar em treino de entrev dicina, thante sta com estudantes ce Me- WELLS ct al. (1985) sugerem uma estrulura seme- s anteriores. Para eles, de inicio, as questoes devem ser abortas, acompanhacias de técnicas de facilitagao da ex- pressao do cliente © audi¢ao ativa. Mais tarcle, as questoes devem ser especificas para esclarecer 6 problema ¢ comple- mentar informagées anteriores. Enquanto isso, ceve-se esta- helecer uma boa interacao através de demonstragoes de in- loresse, entendimento empalico, preocupagao ¢ acompanha- mento clas associagoes do cliente. MARKS (1986) lembra que, na introdugag, devem ser dadas informagoes © explicagoes ao Cliente quanto ao tata- mento eao funcionamento da instituigao cv que, ao encerrat, 0 cliente deve ser informaco das decis bes do terapeuta. Finalmente, ha as sugestoes cde BELLACK & HERSEN (1988), para que, de inicio, o entrevistador apenas ouga e estimule o cliente a falar, com estate taseaco © a reflexao cle sentimentos Jas, tals COMO: O para- e, 80: depois, fagam-se questionamentos © especificagoes. Eles ainda sugerem: que, no encerramento, sejam incluidos um resume, as informa- (Os aclicionais ea probabilidade de sucesso do tralamento, 34 Da consulta a esses ¢ varios oulros autores ¢ da experi- éncia desta autora, fe7-se uma sintese de como poderia sera estrutura basica da E.C.1.. No modelo aqui sugerido, a ene- vista 6 dividida em trés etapas: a) Introdugao; b) Desenvolvi- mento; & ©) Encerramento. Naturalmente, antes de inciar a entrevista, 0 aluno iniciante cleve estar atento para algunas providéncias prévias a serem lomadas. Providéncias prévias: Antes de iniciar uma entrevista, oO aluno lerapeuta preci- sa tomar providéncias no sentido de viabilizar a mesma. A seguir, sd0 sugeridas algumas meclicas essenciais: a) Entrosamento com a instiluigae responsavel pelo aten- climento, informando-se sobre suas normas de funcionamento eservigos oferecidos; bh) Providenciar ou preparar um ambiente fisico adequa- do, com isolamento acustico, sem interrupgoes cle terceiros, barulhos... ; ©) Material- providenciar, se necessario, mesa, acdeira, papel, lapis, gravador. d) Prever horario para comece e terminara entrevista; f) Outras providéncias pertinentes. 2.1 - Um modelo de entrevista inicial Introducgao QOaluno cumprimenta © cliente ¢ acomponha-o a sala de entrevista onde se apresenta, cizencdo seu home © lungao. Vorifica se o cliente quer alguma intormacac geral sobre o tratamento. Se o cliente estiver ansioso, utiliza algum proce: dimento para diminuir tal ansiedade, Ainda na introdugaa, & conterida a ficha de dados pessoais. Postororments, outros daclos pessoais @ biograficos podurao scr acresccntados. Desenvolvimento Esta 6a parte principal e mais extensa da entrevista, quan- do deve ser conhecido 0 problema ou problemas do cliente, através de dados que permitam uma andlise geral e prelimi- nar dos mesmos. Nesta clapa, a entrevista deve ter uma seqdéncia na qual os assuntos sejam tratados, partindo-se do "geral para o par ticular", A participagao do terapeuta deve iniciarse de for ma nao diretiva, ou seja, as perguntas iniciais devem ser bem abcrias @, s6 posteriormente, mais fechadas. ¢ bserva-se que, nesta sequiéncia, vai se desenvolvendo, no decorrer da en- irevista, uni "afunilamento" quanto a especificagao da infor magao obtida. Deinicio, cabe ao terapeuta demonstrar interesse e aten- yao pela fala do cliente e procurar estimuld-to a falar bastan- te sobre seus problemas. Procura-se dar liberdade ao clien- le, para ele colocar espontaneamente suas queixas. Nao se deve induzir o cliente a qualquer resposta, nem lhe peclir detalhes. Evita-se, apenas, que o cliente se desvie do mativo pelo qual procurou tratamento. ¢ Num segundo momento, quando o cliente ja expds amplamente seu problema, o terapeuta usara de estralé mais dirctivas para obter dados mais especificos © precisos. Intreduzem-se quest6es mais fechada' pediclos de esclare- cimentos, pedidos de complementagao, exemplos... Assim, um assunto que, no inicio da entrevista, foi colocado pelo cliente de forma muito geral, ao final da mesma poclera ja estar bastante detalhado. E importante gue o contetido a ser especificado refira-se ao problema anteriormente abordacdo pelo clicnte de forma espontanea. Seria acequado, ainda, que esta forma de afunilamento na especilicidade da informagao e na diretiviclade da en- lrevista fusse adotada, nao apenas na sequéncia geral da en- lrevista, mas também na abordagem de diferentes assuntos, numa mesma entrevista. Assim, para cada novo assunto ou 36 problema, 0 terapeuta deixa que o cliente 6 exponha de sua mancira, mesmo que seja vapa ou geral e, $6 posteriormen- le, solicita-Ihe detalhes, Concluindo, numa entrevista, lanto a seqiiéncia geral como cada um dos assuntos devem ser conduzidos do geral para o particular, Dessa forma, em diferentes momentos, a entrevista podera ser mais ou menos ciretiva, Note-se que esse modelo torna infrutifera a antiga cdiscussao sobre a acdequabilidade das entrevistas diretivas io diretivas. A forma proposta acina de estruturar 0 corpo da entre- vista € bastante adequada para desenvolver um clima de confianga entre terapeula ¢ cliente, bem como para garantir que as informagées obtidas sejam validas, uma vez que evi- la a indugao de respostas pelo lerapcuta, A fase de desenvolvimento cla entrevista deve ser con cluida em fungao do término do horario e/ou de unm volume suliciente de informagoes. Na conclusao clessa fase, 6 muito til a claboragae, pelo terapeuta, de um resume dos clados obtidos aléo momento. Encerramento Pode-se encerrar a E, C 1., awavés clos seguintes passos: - Dar pistas ao cliente de que o lempo esta terminando; - Evilar a introdugao de assuntos novos ¢/ou que gerem perlurbagao emocional; - Verificar se © cliente nao esta com cltividas importan- tes; - Deixar muito claro ao cliente qual sera seu encami- nhamento - se vai aguardar sua Chamada numa fila de espe- ta, se ja ficara marcada outra entrevista, ou se clevera ter outro encarminhamento. Finalmente, @ bom insistir cm obsdvar que esta estruluracao da entrevista - introdugao, clesenvolvimento e@ conclusao - nem sempre deve, ou pode ser seguida, Trata de modelo util para aqueles client que seguem o ritmo cdo lerapeuta, Em muitos casos, a seqiéncia pode ser oulra, por excmplo: clientes que, logo de inicio, comegam a falar de seus problemas. Neste caso, o terapeuta acompanha-o o podera Completar a ficha de dacos pessoais no meio ou ne linal cla entrevista, Outro exemplo sao certos clientes que respondemn pouco a questoes muilo abertas e respondent me- hora questoes mais fechadas Enfim, a estruturagao da one Wrevista Gum ponto de referéncia ou conjunto de orienta- goes, as quais o lerapeuta pode ir adaptando a condugav de cada entrevista em particular. . 3 - Dados a serem levantados na E.C.1. Quanto aos cados, na E.C.1,, devem ser obtidos aqueles Hecessarios para uma decisao no final da entrevista, quanto ao encaminhamento a ser dado ao cliente; ou seja, oO mini- mo que se espera da E.C,1. € que a mesma permita ao lerapeuta decidir se © cliente deve ou nao iniciar lerapia E interessante observar que os aulores Comporlamentais, em geral, sugerem a utilizacao, na entrevista c omportamental, das habiliclaces basicas de entrevistar cdefiniclas por oulras abordagens tradicionais. Isto porque, segundo eles, a especificidade dessa entrevista esta no lipo de dados que se | procura. Portanto, @ principalmente cam base em seus da- dos que se define a entrevista comportamental, claclos estes Necessarins para uma andlise funcional do comportamento. Trala-se, assim, nao sé ce se abandonarem certos dados tra- dicionalmente pesquisados, mas, principalmente, cle se je- vantarem outros normalmente nao incluidos nas avaliac oes traclicionais. Quanto a isso, HAYNES (1978) ja chamawa a wencan para o lato de, na entrevista comportamental, a enfase estar ony areas de contetidoes bastante especilicos Consirtes tnclo-se Que este texto se concent na ECL, pod. se iniciar detininci quais dacos ela deveria lomecer. Neste sen 36) lide, BALAU (1980), BELLACK & HERSEN (1988), GOLDFRIED & DAVISON (1976), KEEFE et al. (1980), MARKS (1986), MAYER & TURKAT (1988), OLLENDICK & HERSEN (1984), RIMM & MASTERS (1983), entre oulros, sao Quase uNanimes em sugerir que, na E.C.1., levantem-se alguns dacos pessoais ¢ familiares, identifiquem-se as queixas ou problemas que motivaran a pro- cura do tratamento ¢ levantem-se dacdos sobre as possiveis va- riaveis Controladoras dos problemas, AlGar desses, ha alguna variagao entre os autores quanto aos detnais dados sugeridos: para a primeira entrevista, todavia sempre dentio daqueles mais comuns na avaliagao Coniportamental. Depois de varios anos trabalhando no ensino c treina- mento de alunos em entrevista clinica inicial, a autora deste capitulo verificou que nao 6 possivel o aluno desenvalvet um levantamento adequado de dados para tiagem, se nao estiver preparaclo para identificar, no geral, quais os dados pertinen- les ou criticos para a avaliagavo comportamental. nlencde-se, pois, neste texto que, para aluno fazer uma entrevista inicial adequada, precisa estar preparado para lazer uma avaliagao comportamental completa. Por is I idos os principais daclos necessarios para uma ampla avalia- 6, Neste L4pico serao inclu- Gao Comportamental, sao daclos possiveis de serem obtidos, os quais, sendo do Conhecimento do terapeuta, podem facili- lar ¢ agilizar a E.C.1., lornando-a tica fonte de infounag ao. Observacoes: a) as itens, a seguir, nao constituem um questionanig nem um roteira de entrevista, portanlo, ndo precisa ser invest- gados nesta ordem; b) a maioria dos itens vem acompanhada cle uma expli- cagao. Considera-se item o que esta sublinhado e, explica- ¢ao ou exempla, o que segue os dois pontos Principais itens gerais: 1- Daclos pessoais do cliente: nome, icace, sexo, escola- tidadle, prolissao, ocupagao, estado civil, situacan conjugal: 39 Dados do nacleo familiar: pai, mae, irmaos, e outros agregados - incluir sexo, idade, e oc upagao de cada um; 3 - Aparéncia geral do cliente durante a entrevista: da- dos nao verbais - destacar o nivel de de na situagao; conforlo do mesmo 4 - Como o.cliente chegotao tratamento: quem tho in- dicou © por que 0 fez; 5 - Bioprafia: acrescentar aos dados pessoais ¢ aos do nt- cleo familiar outros daclos de experiéncias particulares da his- t6ria do cliente, tais como: ter residido com outra familia por algum periodo, profiss6es anteriores, casamentos anteriore 6 - Comportamentos - problema que motivaram a pro- cura do tratamento: identificar o motivo preciso da busca de lralamento, ou seja, a queixa; 7 - Descrever operacionalmente als) queixa(s): especili- care detalhar cada problema do cliente, de maneira que fique claro para ambos: entrevistador e entrevistado - 6 uma descri@ao do problema na forma como o mesmo se apresen- ta alualmente, nao incluindo seu histérico; 8 - Hicrarquizagao das queixas: no caso do cliente apre- sentar varios problemas, cle devera ordend-los por ordem de importancia e/ou urgéncia; 9- Especificagao dos comportamentos problema: impli- levantar, conforme for possivel, todos os subitens abaixo para cada problema de interesse. A especilicagao 6 6 possi- vel, abordarido-se cada problema em separado, ou seja, apli- cam se os subilens ao problema A, depois ao problema B, ¢ assini sucessivamente... , Obviamente que o processo cle en- Irevislar nao precisa ocorrer nessa ordem rigorasa... 4.1 - Dimensdes cdo comportamento problema: freqtisncia intensidace © duragae, Note-se que neste texto, por tralarse dle entevista inidial, © termo problema se refere a queixa do cliente: © NAG a oulros possiveis problem s infericlos pelo terapeuta. y Eventos relacionados a ecorréncia do problema, ou scja, Circunslancias nas quais o problema ocorre; 40 9.4 - Circunstancias nas quais 0 problema nao ecorre; 9.4 - Dados hist6ricos do problema: como e@ quando se iniciou e como se desenvolveu alé apresentar-se na forma atual nao confundir com biegrafia, histéria do cliente. Neste item, pedem-se dados especiticos do problema em questao; 9.5 - Un exemplo de ocoméencia do problema: pedir para o Cliente descreve-lo; 9.6 =O que ocotre imediatamenty antes ¢ imediatamen- te depois da ocorréncia do problema; 9.7- Consequencias gerais do problema e ¢ onsequanci- as, quando o comportamento-problema nao ocorre; 9.8 - Pensamentos, Crengas, altitudes, @ sentinientos do cliente, durante ¢ depois da ocorencia do problema; 9.9 - O que outras pessoas dizem sobre o problema 10 - Objetivos ou metas do cliente para a terapia; 11 - Pontos positivos e negativos do cliente em relagao as possibilidades de Watamento: 0 que poderia ajudar ou dificullar o tratamento, por exemplo, habilidades ou carac- leristicas pessoais; 12- Pontos positives e negativos do.ambiente: por exem- plo, mercado de trabalho, caracteristicas da familia, amiza- des, condigao financeira ...; 13 - Tratamentos anterior cluir toclas as tentativas de resolver o problema, mesmo as : descriqgao © resultados - in- inlormais; 14- Condigoes gerais de satide: aspectos que poderiam interferir no ¢ omportamento-problema, fais como: claengas cronicas, uso de medicacao ou drogas; 15 - Motivagaa clo cliente para_o tralamento: pode-se usar uma eseala de 0 a 10 para assinalar o grau de motive- dlo pelo lerapeuta, a do do cliente © este grau pode ser inte! partir de diversos indicadores; 16 - Relorgacares potenciai ses do cliente, de quais coisas, atividades Ou pessoas cic 41 investigar quais Os interes- , gosta, Ou ja postou anteriormente; 17 - Avaliar tiscos © possiveis crises imediatas: Verific ar o grau de urgéncia do tratamento & se 60 medidas imeciata: 18 - Identificar respostas emocionais aols) problema(s): verificar como o cliente ven “idando" com sous problemas; ( wa 5 i 19 - Levantar daclos de relagao entre os diversc’s proble- mas apresentados: no caso de clientes que apresentam di- versos problemas, verificar semelhancas © imerrelagoes en- tre-cles, as quais permitam uma analise integrada dos mes- mos - problemas aparentemente indey presentar processos semelhantes; endentes poderae re- 20 - Levantat quaisquer outros dados que paregam cde InLeresse para a Compreensao cla(s) queixals) Os ilens, sugeridos acima, referem-se a dados levanta- dos em pesquisa ampla porém nao exaustiva cla literatura em Analise do Comportamento e englobam os principais, itens entre os nece jos, auma ampla andlise funcional de problemas clinicos. Por i sO, SAO NUMErTOSOS e NAO se espe- Fam que soj am todos obtidos cm uma tinica entrevista, nem para todos os clientes, mesmo. porque, nem todos os ilens sao pertinentes a todos os problemas, ___ Para os iniciantes em Analise do Comportamento cabe informar que esta 6 uma sintese dos dados cla buscam na entrevista comporlamental. cos que se n Inclusive, ja foram submeticos a pesquisa ce validace social por MILTENBERGER & FUQUA (1985) @ MILTENBERGER & VELTUM (1988). Elos realizaram trés estuclos, nos quais foram consultados diver. S08 especialistas cla area, ou seja, terapeutas comportamentais expericntes, os quais sugeriram os dados por eles considera- dos Necessarios A avaliagda Conportamental. Quase toelos 9s ilens, apresentacos anteriormente, const am dos resulta dos das reteridas pesquisas de valiclagao social. so de se tomar 4 - Habilidades de entrevistar Para se exectitar a entrevista dentro do modelo anteriomente proposto © se oblerem os daclos de interesse, sao necessarias a utilizagag de diver as catratGgias ce entre. vistar. Pode-se dizer que a estrutura ou modelo & a estrategia geral.a ser adotada, a qual G Composta por uni grande ntinero: de estratégias especificas, sendo que ossas pocenyvariar muito, dependence de caracteristicas do Clente ¢ do terapouta, Nole-se que as estralégias de entrevista nada mais sao que comportamentos, que o terapeuta deve apresentar para obter os resultados desejados, junto ao cliente. Sendo assim, elas sao referidas Como habilidades do terapeuta. O fato & que Comportamentos verbais © nao verbais clo terapeuta tom significativos efeitos sobre as atiludes ¢ comportamentos do cliente e sobre a informagao por cle lornucida. Os métodeos sugeridos, a seguir, diminuem a probabilicade ee erros ou vieses na_entrevista, enquanto maximizam a relagado terapeuta-clicnte. As habilidacles de entrevistar sao, Cerlamente, © assunto. mais desenvolvido na literatura dessa arca. As alividades de ensino e de pesquisa mostram que 0 entrevistacor pode de- senvolver comportamentos allamente especilicos ¢ elicazes no sentido de se alcangar os objetives cla atividade de entre- vistar. A literatura muitas vezes se refere ao Conjunto de habilidacdes como método.de cntreyistar. O estudo desse as- sunto é relativamente complexo, visto que uma mesma habi- liclacdle aparece com nomes cilerentes. em diferentes autores; ou, ao Contrario, autores que ulilizam Os mesmos NoMes para designar determinadas habilidades, na verelace apreseniam profundas diferengas conceiluais, derivadas de cliferentes enfoques teéricos. Dessa forma, device a complexicade © av volume de informagao sobre o tema e, para efcilus de clareza na exposigao, decicdiu-se agrupar em lopicos as principais ha- biliclacles levantadas. Fi geral, os lpicos recelscramy Come ttulos os nomes de habilidades Gadicivnalmente conhectlas, 43 porém, quando isso nao foi possivel, a autora atribuiu-lhes um tilulo descritivo. Note que, na literatura, sao variadissimas as formas de se cleger ¢ descrever as principais habilidades. A sistematizagao, apresentada a seguir, 6 cesta autora @ lem objetivos estritamente didaticos, nem sempre re- presentando, portanto, classes ciscr slas de Comportamento, Como os diferentes referenciais tedricos que: serviram como fonte nao serao aqui disculidos, as habilidades serao apresentacas da forma mais descritiva possivel. Além disso, numa tentativa de melhor auxiliar os iniciantes, a descrigao de cada grupo de habilidades sera complementada com uma pequena lista dos principais riscos de erros que os iniciantes, geralmente, cometem e que poderiam ser evilacos. Seguem- se, entao, os topicos formulados, referentes a nove grupos de habilidades. 4.1 - Habilidades empiaticas Refere-se as atitudes ou conjunto! de sentimentos positi- vos que o terapeuta deve apresentar em relagao ao cliente iG ntimentos e as alitudes mais comumente associaclos a este rotulo sao autenticidade, sinceridade, genuinidade, ho- nestidade, interesse, Compreensao, abertura, estima, elc.. O lermo pode referir-se também a percepgao e a accilagao pelo (erapeuta clos sentimentos do ¢ liente; ou, ainda, colocat-se no lugar do mesmo. HACKNEY & NYE (1977) lembram que nao basta sentir, 6 preciso demonstrar os sentimentos atravé de comporta- mentos verbais @ nao verbais. Esses comportamentos serac descritos em outro topico. HAYNES (1978) sugere, ainda, que 0 terapeuta seja reforgador, isto G, que as respostas prosi- livas sejam Contingentes as respostas clesejadas do cliente. Para alguns terapeutas comportamentais, ser empalico & set uma pessoa reforgacora, mpitia” tambens & ulilizada para referir-se a Uni Sentinento ou atitude entre os demais, uni conjunto de sentimentos. nis 1 44 A empatia nao envolve s6 a demonstragao de sentimentos positives; mas também a nao demonstragao cle sentimentos ne- galivos: raiva, aversao, pena... Para alguns, isto se refere a aceila- ¢ao incondicional do cliente, polo terapeuta. Os principais auto- res lembram que nao se trata de nao sentir de lorma negaliva, todavia, trata-se de controlar lais sentimentos. AUGER (1981) e& BILLOW & MENDELSONHIN (1990) sugerom, ao tratarem de: tema, que é importante © Icrapeuta se conhecer para identificar suas proprias fantasias e sentimentos positivos c/ou negatives em relagao ao cliente, antes de poder desenvolver empatia. se Enfim, a empatia implica compreendcer ¢ accitar a outra pet soa como ela 6, sem pré-julgamentos. Isto nao implica, necessa- riamente, aprovayao ou perdao, no entanto, simple: ‘mente, acl- milir que o cliente possa scr como G, inclusive, diferente do terapeula. Aempatia, conforme RUDIO (1987), na0é unicamente uma estralégia opcional, mas deveria ocorrer em algum grau durante toda a entrevista, o yue seria denominado de relagao empatica. WATKINS (1990) fez um estuco sobre o que cle considerou as postas basicas do conselheiro ou terapcula, tenclo sido quatro res a empatia uma das quatro respostas por cle estucacas, Além de amplamiente divulgada entre os profissionais de Psicologia, ela foi lambem sugerida como habilidade ba- sica de entrevistar, em diversos programas de ensino com estudantes de Medicina, descritos em BACORN etal. (1987), FAIRBAIRN et al. (1984), LONBORG et al. (1991) e POLLOCK et al. (1985), entre outros. Para concluir, cabe lembrar que outras habilidades, dentre as descritas a seguir, lambem podem intensificar a relagao empalica durante a entrevista. Riscos a serem evilados: - Preocupar-se demais com a informagao e descuicarse da interagao; = Apresentar preconceiios ony rclagao ao cliente. 45 4.2 - Habilidades nao verbais Amplamente descritos entre as habiliclades de entrevis- es COMporlamentos geralmente se relacionam a vor, expressao facial, postura ¢ orporal © aos gestos, DUCKWORTH et al. (1993) GC HACKNFY & NYE (1977) sugerem varias res- postas nao verbais adequacas a cntrevisla clinica, devido aos eleilos que exercem sobre o cntrevistado. Entre esses, efcitos, estao os de manter a atengao do cliente, estimulato a falar e tntensificar ou Complementar a comunicagao verbal. § tar, egucm- scas habilidades nao verbais mais comurmente desenvolyidas Hos programas de ensino ca entrevista, - Voz modulaca, suave ¢ firme; - Animacao da expressao facial; - Olhar direta ¢ seguramente nos olhos do cliente; ~ Balangar ocasionalmente a cabega; ~ Sorriso ocasional; ~ Geslos ocasiona is com as maos; - Velocidade moderada da fala; - Uso ocasional da expressao “hum-hum"; - Ocorpo deve estar relaxado; - Postura corporal adequada e dirigicla ao cliente, etc... DUCKWORTH et al. (1993) lembram, ainda, que lo- clas as respostas nao verbais sugeridas e oulras, que poderav set apresentadas, devem estar de acordo com a interagao que se estabeloceu com o cliente ¢ com o conteado verbal do momento, Sabe-se que tanto os reforgacdores nado verbais quanto os verbais dependem ce diferentes parametros ce cada cliente. Assim, nao seria adequacdo decorar formas ge- neralizadas a serem acotacdas em todos os casos, Oterapeuta deve ficar atento lambem aos comportamen- fos nao verbais do cliente. Finalmente, como observam’ MCCREADY & WARING (1986) e POLLOCK et al. (1985), espera-se que o lerapeuta AG apresente Comportamentos nao verbais posilivos ¢ congruentes com os Comportamentos verbais. Riscos a serem evilados: - Nao perceber insinuagoes © respostas nao verbais de cunbo emocional, do cliente; - O lerapeuta apresentar comportamento nao verbal ne- gativo e/ou incongruente com scu Comportamento verbal. 4.3 - Habilidades de perguntar Nesse grupo de habilidades estao incluidas tanto a for- mulagao quanto a ulilizagao de perguntas. As entrevistas radicionais bascavam-se cin perguntas, O que as tornavam semelhantes a um questionario ou inlerro- galorio, Os aulores nao diretivos, entre cles BENJAMIN (1978) © GARRET (1974), analisaram o grancde impacto que a forma eo contedido das perguntas tm sobre o cliente Também os autores Comporlamentais Come HACKNEY & NYE (1977), IWATA et al. (1982) @ MILTENBERGER & VELTUM (1988), entre outros, sugerem cuicaclos especiais na formulagao e na utilizagao de perguntas. A discussao desse asstnto 6 mui- to ampla e, sendo assim, sta apresenlagao sera cividicda em tres lopicos, a saber: a) formulagao © ulilizagao de pergun- las, em geral; b) pergunitas abertas © tec hadas; ¢ ©) solici- lagdes de esclarecimentos & Complementac ao. a) Formulagao e utilizagao cle perguntas, em geral: As perguntas devern ser tinicas: apresentacas uma de cada vez, diretas, precisas, breves, claras ¢ complelas: sem frases interrompidas, sem clepencler de gestos clo lerapeuta ou de suposigdes sobre o cliente, por exemplo, intelegiveis por este, de preferéncia com a sua linguagem e dentro dos limites em que o cliente possa ou saiba responder: A quantidade cleve ser controlada, para nao lormarse um "bombardeio" de perguntas; Apos cada pergunta, esperar a resposta do cliente, sen interrompé-lo; A As perguntas devem relacionat-se aos objctivos da en- trevista, caso contrario, parecerao bisbilhiotice: Deverao ser eviladas perguntas com "por que" (RIMM & MASTERS, 1983), eas perguntas lao incutoras que jd conte- nham as resposlas, Ou induzam © cliente a clara resposta que o terapeula ja espera; Sugere-se evilar que as perguntas tenhani o toi de acu- sagao c/ou conduzam a antagonismos ou controntos contre (crapeuta @ cliente, b) Perguntas abertas e fechacas: Um dos pontos mais delicados @ discutidos na literatura que aborda a formulagao de perguntas na entrevisia Clinica, refere-se a utilizagao adequacda de questoes “abertas e@ [e- chadas", Em vista disso, essas quesioes mereceram, aqui, uma exposigao mais extensa, O ponto basico a considerar é quando formular pergun- las.abertas ou fechadas. Uma pergunta aberta nunca leva a uma Gnica resposta ou a "sim", ou "nado", mas induz a uma desc rigao cdo con- leddo abordado. Na pergunta aberta, 60 cliente quem cle- 8e ©S pontos a serem incluidos nas respostas. Além disso, questoes abertas levam a um maior volume ce infor magoes, Esse lipo de pergunta evita que o cliente responda confor me sugestoes co lerapeuta, enquanlo o induz a dar suas proptias respostas genufnas. $a0 exemplos de questoes aber- las: Como aconteceut Como voce se sentiu? Quais os prin- cipais fatos? As quest6es abertas estimulam o cliente a falar mais ©, por outro lado, geralmente fornecem informacées mai gerais. Por isso, lais informagées podem precisar de complementagaa esclarecimentos, Neste caso, a pergunta adequacda seria mais lechada e direta sobre 6 ponto que se quer osclarecer. A pergunta fechada , ao contrario da aberta, induz res- postas sim ou nao e produz resposlas Curtas, por nao estimu- 48 lar o cliente a falar, Seu contetide pode ser mais facilmente induzido pelo entrevistacdor; mas, também, facilita as res- poslas especificas © precisas. Do exposto, poce-se cancluir que as questoes abertas sao adequadas para tratar de assuritos novos e@ amplos, enquanto as questoos fechadas sao as mais dleis a assun- los ja relataclos pelo cliente, mas que exigeny informagées aclicionais © especificas, Neste caso, as quostoes fechadas ou direlas vao ditigir-se a lopicos ja introduzicos @ eleitos pelo cliente. Outro ponto a ser considerado 6 que, numa entrevista, 6 volume de questoes de um ou outro tipo pode cepender das caractcristicas do cliente que esta senclo cntrevistado e@ das especilicidades daqucla entrevista, A matoria dos auto- res, porém, sugere que a prelerénicia seja cada as questoes abertas, Para concluir, como lembra GARRET (1974), as pergun- las nao deveriam ser decoradas, 0 que provavelimente as tor- natlam inoporlunas; entretanto, formulacas Conforme a interagao. Deveriam ser fei trios, pois represen- (am apenas uma das estralégias que podem ser utilizadas pelo entrevistador. as com cril c) Solicitagdes de esclarecimentos & camplementagao: Ja foi sugerido acima que as perguntas fechacas sao leis para pedidos de esclarecimentos © Complementagao. Nos primeiros (esclarecimentos), 0 lerapeuta pode inter romper a fala do cliente e solicitar-lhe esclarecimentos, quan= do pequenos pontos da exposigdo, que paregam importan- tes, estiverem confusos. Isto pode ser [cite rapidamente, sem ra ade- quada, além de esclarecer as dtvicas, indica para o cliente alengado e interesse por parte do lerapeuta (BALAU, 1980). A mesma autora ainda explica os pecidos de coniplementagao. Nestes, © lerapeuta pede, ao final da expasigao sobre um prejuizo da continuicade do relato. Feito da mane assunto, informagoes acdicionais perinentes, as quais foram 49 y omitidas ou esquecidas pelo cliente, Nao se trata de esc lare- cer confusoes; e, sim, de pedir informagoes a mais, que complementem o que ja foi dito. Riscos a serem evitados: - Bombardear © cliente com muitas questoes, especial- mente as fechacas; * - Fazer perguntas sem objetivo © que paregam bisbilho- lice; - Fazer perguntas com tom de usagao; - Fazer varias perguntas ao mesmo tempo; -Fazer pergunlas incompletas, com gestos ou inintelegiveis - impossiveis de serem respondidas; - Perguntar ¢ nao esperar a resposta, ou iInterrompe-la; - Fazer perguntas vagas ou indiretas; - Fazer perguntas lao indutoras que ja Contém a resposta ou induziro cliente a dar as respostas que o terapeula espera ou em que acredita, - Fazer muilas perguntas con "porque". - Entrar em confronto com o cliente, ao solicitar esclare- cimentos sobre possiveis dados contraditérios. 4.4 - Operacionalizar informagoes Esta ¢ urna habilidade inttoduzida pelos terapeoutas comportamentais, uma vez que, no enfoque nao directive a informagao om si nao é valorizada. E sugerida em todos os Manuais comportamentais classicos ja amplamente citados. £ também habilidade central nas pesquisas da drea confor me BALLEWEG (1990), IWATA et al. (1982), KANFER & SASLOW (1979), MILTENBERGER & FUQUA (1985) ¢ MILTENBERGER & VELTUM (1988), entre outros, Trata-se de ajudar o cliente fazer, Com suas palavras, deserigoes inequivecas do problema que esta relatando. Apos a operacionalizagao da informagao, havera a seguranga ce 50 que, ao referirem-se ao evento descrito, ambos, cliente « terapeula, estarao tratando do mesmo fato. Cabe aa torapeuta ir identificando, no decorrer cla entrevista, se as infornmagoes idas pelo cliente ou naa. Comumente, forne lao sulicientemente operacionalizadas necessario intervir para tornat as in- formagoes mais operacionais. Neste Iso, podo-se utilizar varios recursos de entrevista, fais Como: pedidos ce osclare- cimentos, excmplos © resumes. Sao exemplos de queixas apresentadas por clientes que precisam de descrigées operacionais: "A cise!" ruim', "InsOnia"... Quem ja entrey que essas expre SsaMenlo Slou muitos Clientes Sabe s6es ou terrmnos podens teferirse a um con- junto de respostas ou eventos muito deferentes, dependen= do de cada pessoa, Por exemplo, "Casamenta ruim™ pode referirse tanto a um relacionamento Conjugal com muitas discussdes ou brigas, quanto a um relacionamento no qual © casal praticamente nao se fala ce também naa diseute. No exemplo, verifica-se, apos a operacionalizacag, que ames- ma expressao geral pode duscrever dois tipos Completamen- te diferentes de relacao Conjugal. Operacionalizar implica, portanto, descrever o proble- ma de forma objetiva ¢ identificavel para ambos: terapeuta e cliente. E bom lembrat que esta Lirela G mais ticil quando se descreve Comportamentos publicos ¢ torma-se mais dilfcil ao referit-se a comportamentos privacdos. Na entrevista clinica inicial, as informacoes basicas, a serem operacionalizadas, referem-se a queixa No trabalho de operacionalizar, deve-se ustar alento para que as respostas de interesse sejam as do cliente © nao de oulras pessoas, E comum alirmagoes do tipa: "ined proble- ma @ que meu maricdo bebe", sendo a resposta ceserita do marido.e nao da cliente. E provavel, neste caso, que a quei- xa da cliente seja seu proprio safrimento ou outras ciliculda- des decorrentes do Tato de seu marido bebor demais. Este fato 6 importante, enquanto um evento ao qual a cliente res- ponde com sofrimento, ¢ isto é seu problema: seu sofrimen- to é que sera alvo da terapia, pois é ela quem esti em trata- mento e nao o seu marido. Em resume, as queixas ou pro- blemas psicol6gicos de um cliente s6 pode te descritos se identificadas com precisao suas respostas, Iren= te aos eventos. No exemplo acima, sea distingaogao tor feila, a entrevista podera deter-se em pesquisar cxauMiva- mente o Comportamento do marido © nao o da cliente. Ao ser claramen Riscos a serem evitados: - Fazer especificagao insuficiente do problema. Conten- larse apenas com informagoes gerais sobre o assunto tal como. os clientes, comumente, o fazem; - As informagées nao suficientemente operac ionalizadas, serem decodificadas pelo terapeuta de maneira completa- mente distorcida; +. Pressionar o cliente a fazer descrigdes muito diliceis, por exemplo, as referentes a sentimentos. 4.5 - Parafrasear Alguns autores também denominam essa habilidade como reflexdo da informagao ou reflexao cogniliva. Trata-se da repetigao pelo terapeuta de frases ditas pelo cliente, Pot isso, FAIRBAIRN et al. (1983) denominaram-na simplesmen- te de repetigao A reprodugao pode ser na integra ou com alteragoes minimas, desde que o conteddo seja precisamente o mes- mo, As frases a serem escolhidas sao aquelas que, por algum motivo, meregam ser acentuadas. Em geral, a repeligaog & icita de forma lenta e pode ser seguica cle momentos de léncio, os quais Induzem o cliente a pensar sobre o assunto. Devem ser frases de contetido predominantemente Cognitive, Parafrasear @ afirmar, nao @ perguntar. Embora bastante co- nhecida, nao é técnica para ser ulilizacda muito seguidamen- le como mesmo liente para nao se correr Oo Fisco de paree er 52 si- Ppapagaio. $6 para citar alguns, entre os autores que a ulili- zam estao LONBORG et al. (1991), MILTENBERGER & VELTUM (1988) @ POLLOCK et al. (1985). Ricos a serem evitados: - Em vez de parafrasear, fazer mais perguntas; - Paralrasear com treqiéneia ex. ser ledioso ou até irritantc. racda, 0 que poderia 4.6 - Refletir sentimentos Nesse procedimento, o terapeuta faz uma descri sentimentos do clicnte. Geralmente, descrevem-se os senti- imentos predominantes no momento da nirevista, poden- do-se incluir, também, aqueles sentimentos que ocorreram no passado e que estavam relacionados aos fatos por ele relatados no momento. Pode-se incluir sentimentos que ele goslaria de dizer ou ter. Essa estratégia facilita ao cliente a identificagao de seus sentimentos @ pode leva-lo a sentirse mais aceito ¢ Compreendido pelo terapeuta. A reflexdo de sentimentos pode ser confundida com o parafrascado, pois nela pode-se, inclusive, utilizar a repeti- cao de frases clo cliente. A diferenga ¢ que, nesta, o contet do & predominantemente aletivo; e, naquela, o contedido & predominantemente cognitive. A escolha ou énfase numa das duas tllimas t6cnicas deveria levar em conta, entre ou- tas coisas, a disponibilidade ou facilicdade do cliente em exporse ao nivel cognitive ou afelivo. Esta técnica foi amplamente utilizacla nos estudos de- senvolvicdos por BACORN et al. (1987), LONBORG et al. (1991), MAGUIRE (1990), MILTENBERGER & FUQUA(1985) e THIEL etal. (19917). Juntamente com a altitude cmpatica, a rellexao cle senlimentos esta entre as miaiores representantes da influéncia nao diretiva sobre o enfoque Comportamental. Riscos a serem evilados: Em vey de retletir os sentimentos, cleterse no evento geracdor do mesmo; - Nao identificar corretamente os sentimentos do cliente ¢ alribuirlhe sentimentos que nao sao os seus. Neste caso, nem 6 preciso dizer os provaveis resultados: 4.7 - Sumariar ou resumir Conforme BELLACK & HERSEN (1988) ¢ THIEL el al, (1991), sumariar consiste em apresentar ao clicnte wma sin- tese das principais informagdes, alé entao fornecidas pot ele. Nole-se que esia sintese deveria ser sempre apresenta- da junto.com alguma solicitagao de "relormulag ao" ou "con- lirmagdo" de seu conteticlo, O sumariar Gum teste que o lerapeuta faz para verificar possiveis erros em seu entendi- mento daquilo que © cliente relatou alé aquele momento. — um cuidado importante, pois, sabe: ¢ao oral é allamente sujeila a equivocos. Além disso, on- quanto © terapeuta resume, o cliente tem a oportunidade de rever sua prépria fala e, ainda, lembrar-se ce outras in- formagoes. Dessa forma, resumirtambény ¢ uma estratégia que estimula o cliente a falar mais, O pecicdo de corre, ao pode ser explicito ou alé implicito no tom de voz, 6 qual nao deveria ser autoritario. & que a comunica- Sumariar pode ser uma estratégia ulilizada sempre que, durante a entrevista, houver algum volume de informagao e/ ou indicios de que o terapoula possa estar se equivocando. Assim, podem-se fazer, varias vezes, resumos de partes da entrevista, Sumatiar 6 também indicado na literatura, de for- ma quase unanime, come um recurso indispensavel a ser utilizado no final da entrevista. MUCCHIELLI descreveu esta mesma habilidade, atribuin- do-Ihe outro nome, come se pode constatar no seguinte trecho: chaima-se "relormulagao" uma intervengao do entrevistacor que consiste em tornar a dizer cam outros tet- mes e de modo mais conciso ou explicito o que o cliente acaba de expressar e isto de tal forma que abtenha a concor- dancia do sujeite" ( 1978, p. 58). Contudo, AUGER (1981) alirma que reformular no enfoque nao diretivo é diferente de resumir, por incluir ape- nas contetidos emocionais. Note-se que este G apenas um exemplo de diferengas conceituais, as quais 6 preciso estar alerta, quando se importa termos, conceitos ou praticas de outras abordagens ledricas. Este 6 06 caso da Terapia Comportamental om relagdo ao cnfoque nao directive, no que se refere as habilidades de cntrovistar. Risco a ser evilado: - Fazer o resume de forma atiloritaria, sem car oportuni- dade ao cliente de corrigir eventuais equivecos. O resultado seria a perda de confianga, por parte do cliente, ¢ a possibi- lidade do terapeuta registrar informagoes cistorcidas. 4.8 - Controlar a entrevista Como os terapeutas vém acdotando cliversas estralégias nao diretivas de entrevistar, correm © risco de perder o con- trole da mesma, principalmente se iniciantes. Contude, ambas as possibilidades nao sao incompativeis. Neste sentido, GARRET (1974) observa que, em qualquer circunstancia, a diregao da entrevista cabe ao lerapeuta ¢ MILTENBERGER & FUQUA (1988) incluem cm seu programa de cnsino a avali- agao dessa hahilicade. Isto implica terapeuta ¢ Cliente man- terem cada uno seu papel. Cabe ao terapeuta conduzir a entrevista para seus objectives, lomanco inicialivas e deci- sdes e, sempre que necessario, Mudando os rumos da mes- ma. Entende-se que 6 possivel o terapeuta controlar a entre- vista ©, ao mesmo tempo, ulilizarse das Cliversas estralégias nao diretivas anteriormente sugericlas. Riscos a serem evitacdos: - Diregao insuficicnte- o lerapeuta pode apresenlarse lao inseguro © passivo que Oo Clichte acaba dominando a er trevista, Neste caso, os resultados sao cluviclosos © oO cliente dleveré sair insatisteito: - Acntrevista lomarse uma conversa iniommal, cA 4.9 - Manter seqtiéncia Considerando-se que a entrevista 6 uma interagao ver bal e deve estar sob 0 controle do terapeuta, havera maior aproveilamento se este conseguir uma seqaéncia adequada, Seqliéncia refere-se, basicamente, a conlinuidade, a co- eréncia © ao entrosamento entre a fala c deniais Comporta- mentos do cliente @ do terapeula, ou seja, refere-se A manu tencao da qualidade e¢ do tluxo da interagao cntre ambos. Para maté-la, 0 lerapeula precisa estar atento e responder aos comportamentos atuais do cliente, inc lusive aos nao yverbais, Aecntrevista 6 diferente do questionario, no qual @segui- da uma lista de pergunias. Nesta, pesquisam-se os dados "Con versando" com o cliente ¢ respeitanclo-se seus interesses, bem como sua forma de falar. Oterapeuta, emgeral, da continuic lacle a entrevista, a partir do que o cliente verbaliza ¢ cle sua expressao geral. Mas, além disso, 05 Comportamentos co terapeuta também cdeverian eliciar determinadas respostas do cliente. Talvez por isso, THHEL et al. (1991) incluiram em seu programa de ensino com alu- nos de graduagao, entre outros, 0 treino em reciproc idacle A manutengao da sequiéncia ou continuidade na entre- vista pode ser acompanhada de intervencoes redirecionamentos por parte cdo terapeuta, sendo que ha va- rias formas adequadas de se fazer isto. Entre os recursos su- geridos na literatura, encontrani se a “ulilizagao de transi- ¢ées" (GOLDFRIED & DAVISON, 1976) & (MILTENBERGER & VELTUM, 1988), @ timing também sugerida pelos dlimos autores e por LONBORG et al. (1991). Transicao refere-se ao uso de frases e/ ou perguntas acequadas para mudar de as- sunto, & liming ao momento certo de fazé-lo. Portanto, ha dois aspectos a serem relevacdos na sequéncia: ela pode sig- nificar tanto a pertinéncia de questdes ou falas introduzidas pelo terapeuta em continuicade a fala do cliente, Como a intervengao do terapeuta para tedirecionar o cliente a as suntos relevantes aos objetivos cla entrevista. 56 Riscos a serem evitados: - Estar dispersive e desatento; - Prestar atengao apenas enysi mesmo ou apenas no ¢ liente; - Reforgar falas do cliente de forma indiscriminada ou nao contingente. Isto em vez de methorat, cempobrece a interagao. Observagoes finais Alen das habilidades acima cescritas, ha muitas outras principalmente na area de comunicagae e rela inlerpessoais, Essa area teve una grande produgdo de publi- cagoes na década de setenta, sen Jo que algumas se tornaram classicas como @o caso de INTERPESSONAL living, de EGAN (1976). Nessas obras sao clescritos exercicios para treinar ha- bilidades, lais Como: expressao de sentimentos © emocoes, confrontagao, concretude na comunicagao, imediaticidade, facililagao, aulo-exposigag, atilo-revclagao, audigao aliva, elc.. Outyos autores sugerem, ainda, interpretagao, uso do siléncio e& reforgamento diferencial. Note-se que nao se pretendcu, com as descrigoes e cita- GGes acima cobrit todas as habilicaces que poderiam ser re- levantes em um programa co ensino ca entrevista clinica. Incluiram-se apenas as mais freqdentemente citadas e mais tradicionais. Antes de finalizar esta segao, parecem necessarias ao menos duas abservagocs. A primeira & para lembrar que algumas habilidades en- volvem resposlas inevilaveis Na entrevista, enquanto oulras podem ser oplativas. Seriam incvilaveis os sentimentos em relagao ao cliente, as respostas nao verbais, as intervengoes verbais ¢ peruntas, & interagan, etc., ou seja, essas Classes de respastas sempre cstarao presentes, Porlanto, os programas de ensine visa a torma-las mais adequadas ¢ nao a introcuzi- las. Seriam aplatt paralnasear, surnariar e relletir sentimen- Los} isto, porcue pocorn) Cu nin ser apresentadas pelo terapeuta, sendo que a auscncia de qualquer uma delas nao, nec essari- amente, piejuclicoria a yuiatidade da entrevista y Em segundo lugar, como ja foi lembrado, a maioria das habilidades citadas referem-se ao processo de entre- vistar, pois @ assim que se encontram na literatura, Os aulores Comportamentais, em geral, entencdem que as ha- bilidades de processo, embora facilitadoras, nao sao sufi- Cienles para as cntrevistas de avaliagao -assesment- comportamental. Entre eles, estao BALLEWEC® (1990), MILTENBERGER & VETUM (1988) © RIMM & MASTERS (1983). O primeiro autor alerta para o lato de que a avali- agao inadequaca tem sido oO maior fator de racasso em Psicoterapia, Em vista disso, em suas praticas, a Gnfase esta nas habilidades especificas de coleta de dados, tais como: sumariar, operacionalizar ¢ especificar informagoes, formas de perguntar, e, principalmente, na delinigao “do que" perguntar. Sendo assim, inclucm, Como habilidades para treinamento, formas apropriadas de formular pergun- tas para se obterem os dados pertinentes a analise comportamental, como aqucles listacos, anteriormente, na segao n? 3 deste capitulo, Finalmente, em se tratando de habilidades para a pratica clinica, ha ainda algumas ob- servagoes de BANACO (1993), referentes ao impacto das primeiras entrevistas sobre o aluno. Muitos autore insis- tem na necessidade de auto-conhecimento por parte dos udantes, a fim de detectarem © controlarem seus pen- samentos © sentimentos durante a entrevista. O referido autor descreve varias contingéncias presentes nas primei- ras entrevistas, demonstrando que as mesmas tendem a cliciar allos graus de ansicdace, os quais podem estar di- retamente sob o controle, tanto da situagao atual quanto da histéria anterior de reforgamento do aluno, Pode-se concluir lembrando que boa patte do aprendizado clos iniciantes deveria incluir habilidades em lidar com essas contingéncias geradoras de ansicdace. No entanto, en- quanto nao o favzem, respondentes emoc jonais podem in- terferir amplamente no cdesempenho cas demais espera- das habilidades eeles, entre elas, as descritas nesta seqao. wa 5 - Dificuldades comuns entre os iniciantes Na segao anterior, Incluiu-se, junto a descrigao das habili- dacdes, alguns riscos aserem evitados, Além daqueles, parece pertinente alertar os alunos para Outras falhas comuns, princi- palmente entre os iniciantes. Estas falhas estio relatadas nos proximos itens, na forme de comportanyentos a screm evitados. Sugere-se aos alunos para ficarem atentos a clas apenas no sen- tido de supera-las mais rapidanmicnte nos programas cde ensino. - Escrever tudo 0 que © cliente tala, Enquanto se escre- vem grandes trechos, a interagan¢ interrompicda, ¢ 0 cliente desestimulado de continuar falando; - Inferir com poucos dacdos: pressupor fatos @ nao os verificar; fazer interpretagoes sem cstarem baseadas no que o cliente disse; fazer poucas investigagoes antes de concluir; - Dar conselhos precipitados. E dificil para um iniciante aconselhar © cliente logo na primvira entievista, por isso, o mais: indicado @ superir ao cliente que o Consclho fique para mais tarde, quanelo devera ter mais informagoes sobre oO mesmo, Isto. nao significa que o terapeuta inicianle nao possa aconselhar, mas que so ceveria favo-lo, se bem informaco e seguro sobre o assunto, © que, alias, vale também para os experientes; - Alrasarse. para a cniievista; - Apresentarse de mau humor ou permitir que proble- mas pessoais concorrentes interfiram na entrevista; - Decorar e, entao entrevista; ilizar-se de uma tinica estratégia de - Nao identificar seo cliente lida melhor com conteddos cognitives ou afelives ¢, por exoniplo, ulilizar de mancira inapropriada © paralrascada, ou a totlexdo de sentimentos; - Nao identilicar a natureza do problema envolvide na queixa, ou "verdadeire” molly que levou 0 ¢ fienle a procu- rar tratamento. Pode ocone: deo aluno fazer uma detalhada especificagag da quer IIS Lab oyuivocado cexplorar ut problema nao portinente ou essential para o clientay Bey - Dificuldade em falar com o cliente sobre certos assun- los intimos ou particulares, tai Osos, sexuais, ... como: os financeiros, religi- Consideraces finais Esper: se manual, o aluno iniciante encontre mais facilidade na ta- -se que, apos ter lide atentamente os lopicos des- refa de entrevistar ¢, com isso, os clientes 5 jam beneticia- dos pela melhora na qualidade do atendimento. Contudo, sabe-se que, para a grande maioria clos alunos, apenas a lei- lura nao 6 suficiente. A sugestao é para que, além de lerem esse texto, passem também por um programa de treinamen- to da atividade de entrevistar, antes de iniciarem o atendi- mento aos clientes. 60

Você também pode gostar