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Universidade Federal de Mato Grosso

Instituto de Geografia, História e Documentação (IGHD)


História – Licenciatura
20211 - HID - Brasil: Debates e tendências historiográficas

Raphael Leão Ferreira

FICHAMENTO TEXTO I – AS RELAÇÕES ENTRE HISTÓRIA E HISTORIOGRAFIA

Cuiabá
2021
Têm-se neste trabalho o fichamento do texto de número um apontado na
disciplina de Brasil: Debates e tendências historiográficas, sendo ele: As relações
entre História e Historiografia, o qual está inserido na obra “História da Historiografia
Brasileira”.

Assunto (TEMA): Introdução acerca do conceito e a história do estudo da


historiografia, além da introdução acerca da forma que alguns autores
estudam e dividem os estudos sobre a historiografia brasileira.
Ficha nº 01
Referência Bibliográfica da obra:
FILHO, Ricardo Escosteguy. SALLES, João Carlos. As relações entre
História e Historiografia. In. História da Historiografia Brasileira. Rio de
Janeiro: Fundação CECIERJ, 2013. v. 01, p. 09-30.
Texto da Ficha:
Citação direta:
“Para começar, precisaremos fazer uma pequena digressão. No primeiro
volume de sua trilogia sobre Teoria da História, Jörn Rüsen define aquilo
que chama de “matriz disciplinar” da História. Essa “matriz” equivale a “os
fundamentos e os princípios da ciência da história” (RÜSEN, 2001, p. 29).
Em outras palavras, trata-se, para Rüsen, de buscar os elementos básicos
que constituem a História como ciência. Os elementos que abordam a
História enquanto disciplina como forma de se produzir um conhecimento
real. É o
procedimento completo que vai do início ao fim da produção do
conhecimento histórico.”. p. 09

“Essa “matriz disciplinar” da História divide-se ainda, segundo o autor


alemão, em cinco fatores, os quais interagem entre si para formar o
conjunto dos fundamentos da ciência histórica. Esses fatores – alguns dos
quais, partindo da vida prática, cotidiana; outros, da própria área científica –
são: interesses, ideias, métodos, formas de apresentação e funções de
orientação existencial.”. p. 11

“Por ora, vamos focar, para nossos objetivos, em apenas um dos cinco
fatores: o quarto, aquele que se refere às “formas de apresentação”. [...] As
formas de apresentação, incluídas por Rüsen no rol de fundamentos da
construção do conhecimento histórico, exprimem-se, segundo o próprio
autor, na historiografia. Aí “desembocam os processos de pesquisa do
conhecimento histórico, regulados metodicamente”. Para Rüsen: “Deve-se
atribuir às formas de apresentação uma função tão fundamental quanto a
que se atribui aos interesses, às ideias e aos métodos”.”. p.12

“Antes de responder a essas perguntas, precisamos definir o que estamos


entendendo por “historiografia”. Segundo a historiadora Marie-Paule Caire-
Jabinet, “Este vocábulo [historiografia] possui diversas acepções. Tendo
surgido no século 19, (...) ele significa, conforme os casos: a arte de
escrever a história, a literatura histórica ou, ainda, a “história literária dos
livros de história” (LITTRÉ, 1877). Ele pode, conforme o contexto, referir-se
às obras históricas de uma época, às obras dos séculos posteriores sobre
essa época ou ainda à reflexão dos historiadores sobre essa escrita da
história. O termo “historiografia” talvez seja ainda mais ambíguo do que o
vocábulo “história”” (CAIRE-JABINET, 2003, p. 16).”. p. 12-13.

“Rüsen dá grande valor à historiografia porque, para ele, escrever História é


articular os vários momentos da pesquisa histórica aos modos finais de
organização do pensamento e da reflexão. Escrever História é, assim,
aplicar um método a uma determinada concepção de mundo, a fim de
aceitar a História como viés explicativo do mundo em que vivemos, das
nossas necessidades.”. p. 13.

“Para Rüsen, os seres humanos buscam apreender o mundo em que vivem


a partir das necessidades e das angústias de seu presente, por meio de
uma determinada “consciência histórica”, entendida por ele como “a
realidade, a partir da qual se pode entender o que a história é, como
ciência, e por que ela é necessária”.” p. 14

“Para Rüsen, é por meio da narrativa que se torna possível obter um


“resultado intelectual, mediante o qual e no qual a consciência histórica
forma-se e, por conseguinte, fundamenta decisivamente todo pensamento-
histórico e todo conhecimento histórico científico” (RÜSEN, 2001, 61). A
narrativa dá forma e dirige a consciência histórica rumo a um resultado
capaz de realizar as aspirações e os interesses humanos a respeito do
passado. É assim que podemos entender o papel da “historiografia”,
entendida como “escrita da História”, na produção do conhecimento
histórico.”. p. 15.

“Por que seria essencial entender a própria “escrita da História” como


dotada de temporalidade, isto é, como passível de mudanças ao longo do
tempo? A resposta não poderia ser diferente: compreender as mudanças
por que passou a historiografia ajuda-nos a entender não apenas o ofício do
historiador, sua prática, suas formas de construir o saber sobre o passado,
mas nos ajuda igualmente a entender as mudanças por que a “consciência
histórica” de cada época passa. Ajuda-nos a entender as transformações
que
a visão sobre a História sofre.”. p. 15-16

“Compreender as mudanças e as permanências ao longo das diferentes


trajetórias das “formas de apresentação” historiográficas brasileiras significa
compreender melhor não apenas as formas de escrita da História em cada
tempo, mas, principalmente, ajuda-nos a refletir melhor sobre nosso próprio
caráter nacional.”. p. 16

“Em relação ao Brasil, a questão ganha contornos específicos. Pensar a


história de nosso país é parte integrante da elaboração de um pensamento
social brasileiro próprio. Bernardo Ricúpero, ao retomar à indagação de
Raymundo Faoro acerca das linhagens do pensamento político brasileiro
(“existe um pensamento político brasileiro?”), escreveu: “não é evidente que
um país como o Brasil seja capaz de criar um pensamento político e social
que dê conta de suas condições particulares”.”. p. 18

“[...]historiografia brasileira, em nossa concepção, dá seus primeiros passos


num contexto de busca pela afirmação do Estado Nacional, em pleno século
XIX. Abordaremos a historiografia brasileira desde seus momentos iniciais,
num contexto em que a história nacional é alçada à referência acerca do
que se deve lembrar e do que deve ser esquecido; construção identitária
que serve de guia à construção do sentimento nacional.”. p. 19.

“Uma outra questão que concerne aos estudos sobre historiografia brasileira
diz respeito à periodização. Essa é outra vereda complicada e não faremos
mais do que, nesse momento, apontar algumas das dificuldades. Francisco
Iglésias, na obra mencionada, divide os estudos de historiografia brasileira
em três momentos: de 1500 a 1838, de 1838 a 1931 e de 1931 aos dias
atuais.?”. p. 21.

“Essa não é nem de longe a única periodização. Outros autores refletiram


sobre nossa tradição historiográfica e chegaram a conclusões distintas.
Para ficarmos com dois exemplos, podemos indicar o já citado trabalho de
Lúcia Guimarães e o trabalho dos professores José Jobson Arruda e José
Manuel Tengarrinha.”. p. 22.

“Como podemos perceber, definir o que é historiografia brasileira ou


organizar em períodos sua história é tarefa permanente que requer muita
reflexão. Está longe de ser simples. A construção dos marcos depende
muito das concepções do autor acerca do que são a história, a historiografia
e o Brasil.”. p. 25.

Tipo de fichamento: Fichamento resumo e citação direta

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