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Contabilidade

Tributária
Material Teórico
Tributos diretos - Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.a Esp. Nair Moretti Baradel

Revisão Técnica:
Prof.a Me..Graziela de Faria Santos Soares

Revisão Textual:
Prof. Esp. Kelciane da Rocha Campos
a
Tributos diretos - Contribuição Social
sobre o Lucro Líquido - CSLL

• Contribuição Social sobre o Lucro - CSL ou Contribuição Social sobre o


Lucro Líquido - CSLL
• CSLL sobre o lucro presumido ou arbitrado
• Lucro real

·· Conhecimento da legislação, análise e aplicação da tributação na tributação pelo


Lucro Presumido, Arbitrado e Lucro Real, bem como a forma de tributação, forma
de contabilização.

Esta unidade apresenta a tributação da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL.
O objetivo principal desta unidade é transmitir de forma clara e precisa a aplicabilidade da lei
sobre as empresa tributadas pelo sistema de Lucro Presumido, Lucro Real Trimestral, a opção,
a forma de apuração baseada no Lucro Real Trimestral ou Anual, como poderemos utilizar os
benefícios fiscais concedidos pela legislação brasileira, o que pode ser uma despesa dedutível ou
não dedutível, como são feitos os cálculos de ajuste do Lucro Real e do Imposto devido.
Como a legislação tributária no Brasil é bastante dinâmica e vive em constante atualização, não
poderia deixar de recomendar que se acompanhem as mudanças ocorridas, para que nenhum
detalhe de aplicação passe despercebido e coloque o contribuinte em situação de contingência.
Não se esqueça de acessar o material didático, onde encontrará o conteúdo e as atividades
propostas para esta unidade.
Em caso de dúvidas, coloque-as no fórum de discussão. Estaremos em contato permanente
com você por meio do ambiente de aprendizagem virtual Blackboard.
Tenha um excelente aproveitamento e conte sempre com o tutor para sanar qualquer dúvida.
Bons estudos!

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Unidade: Tributos diretos - Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL

Contextualização

Para iniciarmos esta unidade, segue uma figura até certo ponto muito engraçada, pois se
trata de uma representação do peso da carga tributária no Brasil. Se analisarmos com bastante
cuidado, realmente vamos constatar que a carga tributária pesa como um elefante, não só nas
nossas costas como também tem seu peso refletido nos caixas das empresas.

Fonte: iStock/Getty Images

Não é uma brincadeira. Olhando para essa imagem, faça uma reflexão a partir das
seguintes questões:
• Qual a importância dos impostos no Brasil?
• Qual o retorno, na parte social, que os brasileiros recebem?
• O que poderíamos fazer para que os impostos não pesassem tanto?

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Contribuição Social sobre o Lucro - CSL ou Contribuição Social
sobre o Lucro Líquido - CSLL

Com a edição da Lei nº 7.689, de 15 de dezembro de 1988, foi instituída a Contribuição


Social sobre o Lucro Líquido - CSLL. Os recursos da sua arrecadação tem como destinação o
financiamento da seguridade social. Tal lei sofreu diversas atualizações, uma delas, inclusive,
podemos observar pelas alterações previstas pela Lei nº 12.973, de 13 de maio de 2014.
Em conjunto com o recolhimento do Imposto de Renda, as pessoas jurídicas também estão
sujeitas ao recolhimento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido–CSLL.
A Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL é aplicada com base nas mesmas
normas de apuração e de pagamento estabelecidas para o Imposto de Renda das Pessoas
Jurídicas- IRPJ, em que serão mantidas a base de cálculo e as alíquotas previstas em lei,
ou seja, se a forma de tributação do IRPJ for lucro presumido ou arbitrado, a CSLL será
calculada com base em percentuais de presunção e trimestralmente; se for por lucro real, o
cálculo será mensal ou por estimativa e a base será o lucro apurado com os ajustes, conforme
determinação legal para essa forma de tributação.
Portanto, a pessoa jurídica, quando fizer a opção para a tributação do Imposto de Renda
das Pessoas Jurídicas – IRPJ, com o pagamento da primeira parcela do imposto, utilizando o
código da receita escolhida, automaticamente também deverá recolher a Contribuição Social
sobre o Lucro Líquido, a CSLL, pelo mesmo sistema - se IRPJ pelo lucro real, CSLL também
pelo lucro real e assim por diante.
Dessa maneira, caso a empresa faça a opção por recolher o Imposto de Renda Pessoa
Jurídica pelo lucro presumido, não é possível fazer o recolhimento da Contribuição Social
sobre o lucro líquido – CSLL pelo lucro real, ou seja, uma vez escolhida a forma de tributação,
esta servirá tanto para o IRPJ quanto para a CSLL.

O valor da CSLL não


poderá ser deduzido para
efeito de determinação de
sua própria base de cálculo
(Lei nº 9.316, de 1996, art. 1º)

Alíquotas
O artigo 3º da Lei nº 7.689, de 15 de dezembro de 1988, que institui a Contribuição Social
sobre o Lucro Líquido – CSLL, determina que a alíquota da CSLL é:
• 15% (quinze por cento) no caso das pessoas jurídicas de seguros privados, as de capitalização
e das referidas nos incisos I a VII, IX e X do § 1º do art. 1º da Lei Complementar nº 105,
de 10 de janeiro de 2001; e
• 9% (nove por cento) no caso das demais pessoas jurídicas.

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Unidade: Tributos diretos - Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL

Base de cálculo
Na determinação do valor de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL serão
utilizadas as mesmas normas de apuração do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica - IRPJ, sendo
que também serão mantidas a base de cálculo e as alíquotas previstas na legislação em vigor.

Portanto, a base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL será
calculada para as pessoas jurídicas tributadas pelo lucro presumido ou arbitrado, em que a
base de cálculo será obtida com base na presunção, mediante a aplicação dos respectivos
percentuais de presunção determinados em lei, e para as pessoas jurídicas tributadas pelo
lucro real, podendo-se optar pela forma de apuração trimestral ou anual, em que o lucro será
apurado no sistema trimestral, através das adições e exclusões, e o lucro real anual deverá ser
pago mensalmente por estimativa, e no final do ano-calendário deverão ser feitos os ajustes,
conforme determinação legal.
Aplicam-se à CSLL as mesmas normas de apuração e de pagamento
estabelecidas para o Imposto sobre a Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ) e,
no que couberem, as referentes à administração, ao lançamento, à consulta, à
cobrança, às penalidades, às garantias e ao processo administrativo, mantidas
a base de cálculo e as alíquotas previstas na legislação da referida contribuição
(Lei no 8.981, de 1995, art. 57).

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CSLL sobre o lucro presumido ou arbitrado

A forma de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido é trimestral. Assim como
na apuração do Imposto de Renda, as empresas que optarem pelo sistema de tributação do
lucro presumido, ou arbitrado, deverão aplicar os percentuais de presunção sobre a receita
bruta para determinação do lucro, que servirá de base de cálculo da contribuição social.

De acordo com a Secretaria da Receita Federal do Brasil, do Ministério da


Fazenda, as Pessoas Jurídicas submetidas à Apuração do Lucro Presumido e
Lucro Arbitrado devem observar as seguintes considerações quanto à base de
cálculo e alíquotas quanto à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL:
A base de cálculo da CSLL em cada trimestre, apurada com base no resultado
presumido ou arbitrado, corresponde à soma dos seguintes valores:
1) 12% (doze por cento) ou 32% (trinta e dois por cento) da receita bruta
auferida no período de apuração;
2) 12% (doze por cento) ou 32% (trinta e dois por cento) da parcela das
receitas auferidas, no respectivo período de apuração, nas exportações a
pessoas vinculadas ou para países com tributação favorecida, que exceder
ao valor já apropriado na escrituração da empresa, na forma da legislação
específica;
3) Os ganhos de capital, os rendimentos e ganhos líquidos auferidos em
aplicações financeiras, as demais receitas e os resultados positivos
decorrentes de receitas não abrangidas pelo item 1 acima, auferidos no
mesmo período de apuração.

Com relação ao item (2), as seguintes considerações devem ser observadas:


a) O percentual da receita bruta para efeito de determinação da base de cálculo
da CSLL é de 32 % (trinta e dois por cento) para as atividades de:
a.1) prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares e de
transporte;
a.2) intermediação de negócios;
a.3) administração, locação ou cessão de bens imóveis, móveis e direitos de
qualquer natureza;
a.4) prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia,
mercadológica, gestão de crédito, seleção de riscos, administração de
contas a pagar e a receber, e compra de direitos creditórios resultantes
de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços (factoring).
b) No caso de atividades diversificadas, deve ser aplicado o percentual
correspondente a cada atividade.
c) A partir de 1º de janeiro de 2006, para as pessoas jurídicas tributadas
com base no lucro presumido, o percentual também será aplicado sobre
a receita financeira da pessoa jurídica que explore atividades imobiliárias
relativas a loteamento de terrenos, incorporação imobiliária, construção de
prédios destinados à venda, bem como a venda de imóveis construídos
ou adquiridos para a revenda, quando decorrente da comercialização de
imóveis e for apurada por meio de índices ou coeficientes previstos em
contrato. (Lei nº 11.196, de 2005, art. 34).

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Unidade: Tributos diretos - Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL

Com relação ao item (3), também se incluem nesse tópico:


a) os ganhos de capital nas alienações de bens do ativo permanente e de ouro
não caracterizado como ativo financeiro;
b) os ganhos de capital auferidos na alienação de participações societárias
permanentes em sociedades coligadas e controladas, e de participações
societárias que permaneceram no ativo da pessoa jurídica até o término do
ano-calendário seguinte ao de sua aquisição;
c) os ganhos de capital auferidos na devolução de capital em bens ou direitos;
d) os rendimentos auferidos nas operações de mútuo realizadas entre pessoas
jurídicas ou entre pessoa jurídica e pessoa física;
e) a receita de locação de imóvel, quando não for este o objeto social da
pessoa jurídica, deduzida dos encargos necessários à sua percepção;
f) os juros equivalentes à taxa referencial do Selic para títulos federais,
acumulada mensalmente, relativos a tributos e contribuições a serem
restituídos ou compensados;
g) os valores recuperados correspondentes a custos e despesas, inclusive com
perdas no recebimento de créditos, salvo se a pessoa jurídica comprovar
não os ter deduzido em período anterior no qual tenha se submetido ao
regime de incidência da CSLL com base no resultado ajustado, ou que se
refiram a período no qual tenha se submetido ao regime de incidência da
CSLL com base no resultado presumido, arbitrado ou Simples;
h) a diferença entre o valor em dinheiro ou o valor dos bens e direitos
recebidos de instituição isenta, a título de devolução de patrimônio, e o
valor em dinheiro ou o valor dos bens e direitos entregue para a formação
do referido patrimônio;
i) os rendimentos e ganhos líquidos auferidos em aplicações financeiras de
renda fixa e de renda variável;
j) as variações monetárias ativas dos direitos de crédito e das obrigações do
contribuinte, em função da taxa de câmbio ou de índices ou coeficientes
aplicáveis por disposição legal ou contratual.
Ainda assim, seguem as considerações finais:
1) Os valores de que trata o item 2 devem ser apurados anualmente e acrescidos
ao resultado presumido ou arbitrado do último trimestre do ano-calendário,
para efeito de se determinar a CSLL devida.
2) Para os efeitos da alínea “a” do item 3, o ganho de capital corresponde à
diferença positiva verificada entre o valor da alienação e o respectivo valor
contábil.
3) As variações cambiais a que se refere a alínea “j” do item 3 serão
consideradas, para efeito de determinação do resultado presumido ou
arbitrado da CSLL, quando da liquidação da correspondente operação. À
opção da pessoa jurídica, as variações cambiais podem ser consideradas, na
determinação da base de cálculo da CSLL, pelo regime de competência, o
qual deve ser aplicado a todo o ano-calendário.
4) A pessoa jurídica pode excluir a parcela das receitas financeiras decorrentes
da variação monetária dos direitos de crédito e das obrigações, em função
da taxa de câmbio, submetida à tributação, segundo regime de competência,
relativo a períodos compreendidos no ano-calendário de 1999, excedente
ao valor da variação monetária efetivamente realizada, ainda que a operação
tenha sido liquidada (MP nº 1.858-10, de 1999, art. 31, parágrafo único,
e reedições).
5) O valor do Vale-Pedágio obrigatório, pago pelo embarcador ao transportador,
não integra o frete e não deve ser considerado receita operacional ou
rendimento tributável.

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6) Será adicionado ao resultado presumido ou arbitrado o valor dos encargos
suportados pela mutuária que exceder ao limite calculado com base na taxa
Libor, para depósitos em dólares dos Estados Unidos da América, pelo
prazo de seis meses, acrescida de três por cento anuais a título de spread,
proporcionalizados em função do período a que se referirem os juros,
quando pagos ou creditados a pessoa vinculada no exterior e o contrato
não for registrado no Banco Central do Brasil.
7) No caso de mútuo com pessoa vinculada domiciliada no exterior, a pessoa
jurídica mutuante, domiciliada no Brasil, deverá reconhecer, como receita
financeira, a diferença entre o valor calculado com base na taxa a que se
refere o parágrafo anterior e o valor contratado, quando este seja inferior,
no caso de contrato não registrado no Banco Central do Brasil.
8) As pessoas jurídicas que tiverem lucros, rendimentos e ganhos de capital
auferidos no exterior somente podem optar pelo lucro presumido durante o
período em que submetidas ao Refis.
9) Os lucros disponibilizados no exterior e os rendimentos e ganhos de
capital auferidos no exterior no período em que a pessoa jurídica apurar a
CSLL com base no resultado arbitrado devem ser computados na base de
cálculo no trimestre da disponibilização dos lucros ou do auferimento dos
rendimentos e ganhos de capital.
10) Os rendimentos e ganhos de capital a que se refere o parágrafo acima são
os auferidos no exterior, diretamente pela pessoa jurídica domiciliada no
Brasil.
Fonte: http://www.receita.fazenda.gov.br/Aliquotas/ContribCsll/PJSubLucroPresArbitrado.htm Acesso em 17 jul. 2015.

Dessa forma, para se calcular a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL
para as empresas de Lucro Presumido ou Arbitrado, deveremos primeiramente achar a
base de cálculo, através do resultado da multiplicação do valor da receita pelo coeficiente
de presunção 12% ou 32%, conforme o tipo de atividade, e após a obtenção do lucro
presumido, adicionar os resultados das demais receitas. Com isso os rendimentos líquidos
auferidos em aplicações financeiras de renda fixa ou variável também deverão compor a
base de cálculo do imposto de renda.

A contribuição social retida na fonte ou paga separadamente em guia própria será


considerada como antecipação da contribuição devida no trimestre e, dessa forma, poderá ser
deduzida do montante a pagar.

A Instrução Normativa 104/1998 estabelece que a empresa que apura o Imposto de Renda
da Pessoa Jurídica – IRPJ pelo lucro presumido, seguindo o regime de caixa sobre a receita
bruta, também deverá efetuar o cálculo da Contribuição Social sobre Lucro Líquido - CSLL
pelo regime de caixa e, ao optar pelo regime de competência, fará a apuração da CSLL
segundo o regime de competência, ou seja, ao escolher entre regime de caixa e regime de
competência, no IRPJ, vincula, também, a forma de apuração da CSLL.

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Unidade: Tributos diretos - Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL

Dedução da receita bruta


Para obtenção da base de cálculo da contribuição social pelo lucro presumido ou arbitrado,
poderão ter como dedução:
• Vendas canceladas,
• Descontos incondicionais concedidos e
• Impostos não cumulativos cobrados destacadamente do comprador ou contratante, e do
qual o vendedor dos bens ou prestador dos serviços seja mero depositário (IPI e ICMS
Substituição Tributária).
Deve-se lembrar de que para a base de cálculo da Contribuição Social sobre Lucro Líquido –
CSLL, o valor do IPI não deverá ser computado.

Adições à base de cálculo


À base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido, apurada com base no lucro
presumido ou arbitrado, deverão, ainda, ser adicionadas as demais receitas, tais como:

1) os ganhos de capital, as demais receitas e os resultados positivos decorrentes de receitas


não compreendidas na atividade, inclusive:
a. os rendimentos auferidos nas operações de mútuo realizadas entre pessoas jurídicas
controladoras, controladas, coligadas ou interligadas, exceto se a mutuária for
instituição autorizada a funcionar pelo Banco Central do Brasil;
b. os ganhos de capital auferidos na alienação de participações societárias permanentes
em sociedades coligadas e controladas, e de participações societárias que
permaneceram no ativo da pessoa jurídica até o término do ano-calendário seguinte
ao de suas aquisições;
c. os ganhos auferidos em operações de cobertura (“hedge”) realizadas em bolsas de
valores, de mercadorias e de futuros ou no mercado de balcão;
d. a receita de locação de imóvel, quando não for este o objeto social da pessoa jurídica,
deduzida dos encargos necessários à percepção da mesma;
e. os juros relativos a impostos e contribuições a serem restituídos ou compensados;
f. as variações monetárias ativas;

A partir de 01.01.2000, as receitas decorrentes das variações monetárias dos


direitos de créditos e das obrigações, em função da taxa de câmbio, serão
consideradas, para efeitos da base de cálculo, entre uma das seguintes opções:
no momento da liquidação da operação correspondente (“regime de caixa”);
ou pelo regime de competência, aplicando-se a opção escolhida para todo o
ano-calendário.

g) juros remuneratórios do capital próprio pagos ou creditados por sociedade da qual a


empresa seja sócia ou acionista.
2) Os rendimentos e ganhos líquidos auferidos em aplicações financeiras de renda fixa
e renda variável.
3) O resultado do cálculo do preço de transferência, decorrente de operações externas de
exportação ou mútuo com empresas vinculadas ou domiciliadas em países com tributação
favorecida. Nessa hipótese, serão somados 12% da diferença da receita de exportações e
o valor integral da receita com mútuo apurados segundo as regras do IRPJ.

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A partir de 01.01.2006, a base de cálculo da CSLL será determinada mediante a aplicação
do percentual de 12% (doze por cento) sobre a RECEITA FINANCEIRA da pessoa jurídica que
explore atividades imobiliárias relativas a loteamento de terrenos, incorporação imobiliária,
construção de prédios destinados à venda, bem como a venda de imóveis construídos ou
adquiridos para a revenda, quando decorrente de comercialização de imóveis e for apurada
por meio de índices ou coeficientes previstos em contrato (art. 34, da Lei 11.196/2005, que
acresceu o § 2º ao artigo 20 da Lei nº 9.249/95).

Exemplo de cálculo da base de cálculo lucro presumido ou arbitrado


Uma empresa industrial, tributada pelo lucro presumido, obteve em determinado trimestre:
• Receita bruta (proveniente) da venda de mercadoria de R$ 850.000,00;
• Ganho na venda de bem do ativo permanente de R$ 15.200,00;
• Rendimentos de aplicações financeiras de R$ 2.450,00.
Contribuição social sobre o lucro
R$ 850.000,00 x 12% ........................................................... R$ 102.000,00
Ganho de capital .................................................................... R$ 15.200,00
Rendimentos financeiros ......................................................... R$ 2.450,00
Base de cálculo da CSLL ......................................................... R$ 119.650,00
Cálculo da Contribuição Social
Base de cálculo = R$ 119.650,00 x 9% = R$ 10.768,50
CSLL DEVIDO = R$ 10.768,50

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Unidade: Tributos diretos - Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL

Lucro real

Conforme definição dada pela Receita Federal, lucro real é


a base de cálculo do imposto sobre a renda apurada segundo registros
contábeis e fiscais efetuados sistematicamente de acordo com as leis
comerciais e fiscais. A apuração do lucro real é feita na parte A do Livro de
Apuração do Lucro Real, mediante adições e exclusões ao lucro líquido do
período de apuração (trimestral ou anual) do imposto e compensações de
prejuízos fiscais autorizadas pela legislação do imposto de renda, de acordo
com as determinações contidas na Instrução Normativa SRF nº 28, de 1978,
e demais atos legais e infralegais posteriores.

Assim, o lucro real é a forma de tributação em que o resultado é apurado através de


balancetes, após a adição de despesas não dedutíveis e a exclusão de receitas não tributadas,
podendo-se optar pelo sistema trimestral ou anual.
A tributação pelo lucro real pode ser utilizada por empresas de grande ou pequeno porte,
porém algumas empresas estão obrigadas a pagar seus impostos por esse sistema, cuja
obrigatoriedade está descrita no art. 14 da Lei no. 9.718/98.
As empresas que fizeram a opção pelo lucro real terão como base de cálculo da Contribuição
Social sobre o Lucro Líquido – CSLL o valor do resultado do exercício, antes de serem
computadas as provisões de CSLL e de IRPJ.
Para efeito, será determinado conforme descrito no artigo 2o da referida Lei:
a) será considerado o resultado do período-base encerrado em 31 de dezembro de cada
ano;
b) no caso de incorporação, fusão, cisão ou encerramento de atividades, a base de cálculo
é o resultado apurado no respectivo balanço;
c) o resultado do período-base, apurado com observância da legislação comercial, será
ajustado pela:
1. 1.exclusão do resultado positivo de equivalência patrimonial;
2. 2.exclusão da receita de dividendos provenientes de investimentos avaliados pelo
custo de aquisição;
3. 3.(Revogado pela Lei nº 7.856, de 1989);
4. 4.adição do resultado negativo de equivalência patrimonial.
§ 2º No caso de pessoa jurídica desobrigada de escrituração contábil, a base de cálculo da
contribuição corresponderá a dez por cento da receita bruta auferida no período de
1º de janeiro a 31 de dezembro de cada ano, ressalvado o disposto na alínea b do
parágrafo anterior.

A partir do exercício de 1989, a provisão para a


Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL
deverá ser deduzida do resultado antes da Provisão para
o Imposto de Renda. Ou seja, a parcela de contribuição
Atenção
social é considerada despesa não dedutível para fins de
apuração do lucro real.

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Compensação de resultado negativo
Na apuração da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL,
as pessoas jurídicas tributadas pelo lucro real poderão efetuar a compensação da base de
cálculo negativa de períodos anteriores com os resultados positivos dos períodos subsequentes,
ajustados pelas adições e exclusões previstas na legislação da CSLL, até o limite de 30% do
lucro apurado no período.

Para que possa se utilizar da compensação, é necessário que a pessoa jurídica mantenha
a escrituração dos livros contábeis exigidos pela legislação fiscal e mantenha, também, a
guarda dos documentos comprobatórios que deram origem à escrituração pelo período
exigido em legislação.

CSLL – apuração trimestral


A empresa que optar pelo regime de apuração do lucro real trimestral deverá a cada
trimestre do ano (31 de março; 30 de junho; 30 de setembro e 31 de dezembro) levantar
balanço acumulado no período trimestral e apurar de forma definitiva o Imposto de Renda e
a Contribuição Social.

A base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL das empresas
tributadas pelo sistema de lucro real apuração trimestral é o lucro líquido do período de
apuração, antes da provisão para a contribuição social sobre o lucro líquido – CSLL e do
Imposto de Renda – IRPJ, ajustados pelas adições e exclusões.

Fórmula para apuração da base de cálculo da CSLL


Resultado do Exercício antes das provisões do Imposto de Renda e da Contribuição
Social sobre o Lucro
(+) Adições
(–) Exclusões
Base de cálculo antes da compensação (*)
(–) Base de cálculo negativa de períodos anteriores (limitada a 30% do valor (*))
= Base de cálculo da Contribuição Social

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Unidade: Tributos diretos - Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL

Exemplo de cálculo
Portanto, de forma bem simplista, podemos exemplificar:
Uma empresa tributada pelo lucro real trimestral, no segundo trimestre, obteve os
seguintes dados:
Lucro antes do IR e CSLL R$ 432.00,00
Refeições dos sócios R$ 1.200,00
Provisões para calamidade R$ 54.000,00
Equivalência patrimonial R$ 21.600,00
Base negativa de CSLL do 1º trimestre R$ 196.500,00
Com base nos dados apresentados, podemos calcular:
Resultado do exercício (Antes do IR e CSLL) ............................ R$ 432.000,00
(+) Adições:
Refeições de sócios ........................ 1.200,00
Provisões não dedutíveis ................. 54.000,00 ...................... R$ 55.200,00
(–) Exclusões:
Equivalência patrimonial ......................................................... (R$ 21.600,00)
Base de cálculo antes da compensação .................................... R$ 465.600,00
Compensação de base negativa 1º trimestre
(correspondente a 30% do item acima)
(R$ 465.600,00 x 30% = R$ 139.680,00) ............................. (R$ 139.680,00)
Base de cálculo da Contribuição Social ......................................... R$ 325.920,00
Cálculo da CSLL
R$ 325.920,00 x 9% = 29.332,80
Portanto, o valor da Contribuição sobre o Lucro Líquido devido no 2º trimestre será
de R$ 29.332,80.
Observação: o item refeição de sócios é considerado despesa não dedutível para efeito
de cálculo do Imposto de Renda e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL.

CSLL – apuração anual


Todo mês, as pessoas jurídicas optantes pelo lucro real anual deverão pagar a contribuição
social sobre o lucro líquido – CSLL sobre a base de cálculo estimada.
Os valores pagos sobre o lucro líquido estimado poderão ser deduzidos do valor da
contribuição social sobre o lucro líquido apurado no final do exercício social ajustado.
De acordo com o artigo 1º da Lei 9.316/96, o valor da CSLL não pode servir para
dedução na determinação do lucro real, nem mesmo para a determinação da sua própria base
de cálculo.
Para o pagamento mensal estimado, a base de cálculo da Contribuição Social sobre o
Lucro Líquido – CSLL será o valor do resultado da aplicação do percentual de presunção
sobre a receita bruta somado aos ganhos de capital, dos rendimentos e ganhos de aplicações
financeiras e das demais receitas e resultados positivos.

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De acordo com a legislação vigente, os percentuais a serem aplicados para a obtenção da
base de cálculo são:
12% para empresas em geral;
32% para as pessoas jurídicas que desenvolvam as seguintes atividades:
• Prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares;
• Intermediação de negócios;
• Administração, locação ou cessão de bens imóveis, móveis e direitos de qualquer natureza;
• Prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia, mercadológica,
gestão de crédito, seleção de riscos, administração de contas a pagar e a receber,
compra de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação
de serviços (factoring).
Resumindo: o valor será o percentual da receita bruta mensal, com a exclusão das vendas
canceladas, das devoluções de vendas e dos descontos incondicionais concedidos, que pode
ser 12% (doze por cento) para as pessoas jurídicas em geral ou 32% para as pessoas jurídicas
prestadoras de serviços.

No cálculo da CSLL por estimativa,


as receitas financeiras irão compor a
base de cálculo.

O valor pago mensalmente a título de antecipação será recuperado no final do ano.


A contabilização será em conta do ativo em Contribuição Social a recuperar. No final do
exercício contabiliza-se a provisão da contribuição no passivo circulante.
Deve ser feita a confrontação do ativo e passivo, para definição do saldo a pagar ou a recuperar.

Exemplo de cálculo da CSLL pelo regime de estimativa (lucro real anual)


Uma empresa fabricante de produtos metalúrgicos, tributada pelo lucro real anual –
recolhendo a CSLL pelo sistema de estimativa obteve no mês de julho de 20x4 os
seguintes dados:
• Receita bruta da venda de mercadoria de R$ 430.000,00.
• Receita de Prestação de serviços: R$ 160.000,00.
• Rendimentos de aplicações financeiras de R$ 7.500,00.
Contribuição social sobre o lucro líquido – estimativa
Receita de vendas – R$ 430.000,00 x 12% ............................. R$ 51.600,00
Receita de serviços – R$ 160.000,00 x 32% ............................ R$ 51.200,00
Rendimentos de aplicações financeiras ..................................... R$ 7.500,00
Base de cálculo da CSLL ........................................................ R$ 110.300,00
Cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido por estimativa
Base de cálculo = R$ 110.300,00 x 9% – R$ 9.927,00
CSLL DEVIDO = R$ 9.927,00

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Unidade: Tributos diretos - Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL

Balanço de suspensão ou redução do pagamento da CSLL


Mantendo-se a orientação dada pela Receita Federal, a mesma forma de tributação adotada
para fins de apuração do Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas – IRPJ deverá ser adotada
para apuração da contribuição social sobre o lucro líquido.
Dessa forma, a pessoa jurídica que levantou balancete para suspensão ou redução do
pagamento do imposto de renda em um determinado mês do ano-calendário deverá também
apurar a contribuição social sobre o lucro líquido apurado com base nesse balancete, ajustado
pelas adições e exclusões conforme determinação legal, sendo permitida a compensação da
base negativa da CSLL, observados os limites de 30%, mesmo que a base de cálculo apurada
seja superior à base de cálculo estimada.
A pessoa jurídica, optando por suspender ou reduzir o valor da CSLL devida mensalmente
por estimativa, através de levantamento de balanço ou balancete de suspensão ou redução,
pagará a CSLL relativamente ao período em curso com base nesse balanço ou balancete,
sendo possível suspender o pagamento, desde que seja demonstrado que o valor da CSLL
devida, calculado com base no lucro ajustado do período em curso, é igual ou inferior à soma
da CSLL devida, considerando os mesmos meses do ano-calendário, anteriores àquele cujo
pagamento se deseja suspender.
Será também possível reduzir o valor da CSLL ao montante correspondente à diferença
positiva apurada entre o período em curso e a soma da CSLL devida correspondente
igualmente aos meses do ano-calendário, anteriormente àquele em que se deseja reduzir o
valor do pagamento.
O balanço ou balancete de suspensão ou de redução do imposto deverá compreender o
período entre 1o de janeiro do respectivo ano e a data da apuração do lucro. Assim, a pessoa
jurídica pagou o imposto dos meses de janeiro, fevereiro, março e abril com base na receita
bruta e em 31 de maio levantou o balanço; o lucro real desse balanço terá de compreender o
período de 1º de janeiro a 31 de maio do respectivo ano.

Comparação para redução ou suspensão


Suponhamos que uma empresa industrial esteja recolhendo seus impostos pelo sistema de
lucro real – anual. Nos meses de janeiro, fevereiro e março do ano-calendário atual, recolheu
a CSLL por estimativa e para o mês de abril resolve levantar o balancete para análise de
suspensão ou redução do valor a ser pago.
As receitas auferidas foram:
Janeiro R$ 975.000,00.
Fevereiro R$ 2.342.870,00.
Março R$ 1.079.000,00.
Abril R$ 975.000,00.
Com base nessas informações, vamos demonstrar a CSLL recolhida com base em estimativa,
lembrando que o mês de abril deverá ter o recolhimento da CSLL suspenso ou reduzido com
base no levantamento do balancete.

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Comparação:
CSLL recolhida com base em estimativa, utilizado o coeficiente de presunção de 12% em
virtude das receitas serem provenientes da atividade industrial.

Meses Receita Bruta (Base de Cálculo da CSLL) CSLL recolhida (9%)


Janeiro 975.000,00 117.000,00 10.530,00
Fevereiro 2.342.870,00 281.144,40 25.303,00
Março 1.079.000,00 129.480,00 11.653,20

TOTAIS 4.396.870,00 527.624,40 47.486,20

No levantamento do balancete de 01 de janeiro até 30 de abril do ano-calendário atual,


foram obtidos os seguintes resultados:
Balancete período de 01 de janeiro a 30 de abril do ano calendário atual.

Meses Resultado Contábil Ajustes (adições menos Exclusões) Lucro Real / Base de Cálculo CSLL
Acumulado no Acumulado no
No mês No mês Acumulado no Ano
Ano Ano
Janeiro 58.500,00 58.500,00 1.234,00 1.234,00 59.734,00
Fevereiro 140.572,20 199.072,20 5.543,00 6.777,00 205.849,20
Março 64.740,00 263.812,20 3.232,00 10.009,00 273.821,20
Abril 56.700,00 320.512,20 6.541,00 16.550,00 337.062,20

Portanto, observando os resultados chegamos à seguinte conclusão:


a) No período de janeiro até o mês de março foi recolhido para a Contribuição Social sobre
o Lucro Líquido – CSLL base de cálculo estimativa o valor total de R$ 47.486,20.
b) No levantamento do balancete do período de 01 de janeiro a 30 de abril, chegou-se ao
lucro real (após ajustes de adições e exclusões) acumulado de R$ 337.062,20 que servirá
de base para cálculo da CSLL.
Assim sendo, R$ 337.062,20 x 9% = R$ 30.335,60. Portanto, o valor devido da CSLL
constatado pelo balancete de suspensão é menor que o valor já recolhido nos três primeiros
meses do ano.

Conclusão:
Em virtude do valor devido de CSLL de janeiro a abril ser R$ 30.335,60 e o valor já pago
ter sido R$ 47.486,20, a empresa poderá suspender o pagamento do mês de abril.
Para os demais meses poderá utilizar a estimativa. Porém, caso queira, poderá levantar
novos balancetes para os meses em que desejar suspender ou reduzir o pagamento da referida
contribuição.

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Unidade: Tributos diretos - Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL

Material Complementar

Livros:
AVILA, H. Sistema constitucional tributário. 5 ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
(e-book).
BOMFIM, D. Tributação e livre concorrência. São Paulo: Saraiva, 2010. (e-book).
CHIMENTI, R. C.; TOLEDO. A teoria e prática do direito tributário. 2 ed. São
Paulo: Saraiva, 2007. (e-book).
LUZ, E. E. Contabilidade tributária. Curitiba: IBPEX, 2010. (e-book).
POLONIO, W. A. Terceirização: aspectos legais, trabalhistas e tributários. São Paulo:
Atlas, 2001. (e-book).

Sites:
Acesso à Legislação da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido pelo site da
Receita Federal. Disponível em:
http://www.receita.fazenda.gov.br/aliquotas/ContribCsll/Default.htm
Acesso em: 22 nov. 2014

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Referências

FABRETTI, L. C. Contabilidade tributária. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2013.

OLIVEIRA, L. M.; CHIEREGATO, R.; PEREZ JUNIOR, J. H.; GOMES, M. B. Manual de


contabilidade tributária. 11 ed. São Paulo: Atlas, 2012.

PEGAS, P. H. Manual de contabilidade tributária. 7. ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos,


2011.

PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Casa civil. Subchefia para assuntos jurídicos. Lei nº


7.689/88. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7689.htm. Acesso
em 22 nov. 2014.

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Anotações

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