Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Índice
Introdução 3
José Saramago
Biografia 5
Perfil literário 6
Obras publicadas 7
In Nomine Dei
Resumo 10
O teatro do séc. XX 12
Personagens 13
Espaço 14
Temas abordados 15
Apreciação crítica 17
Apreciação crítica do autor 18
Bibliografia 19
2
Introdução
3
José
Saramago
4
Biografia
Trabalhou durante doze anos numa editora, exerceu funções de direção literária e
de produção. Colaborou como crítico literário na revista “Seara Nova”. Em 1972 e 1973
fez parte da redação do jornal “Diário de Lisboa”, foi o comentador político, tendo
também coordenado, durante alguns meses, o suplemento cultural deste jornal.
Pertenceu à primeira Direção da Associação Portuguesa de Escritores. Em 1975, foi
diretor adjunto do “Diário de Notícias”.
5
Perfil Literário
José Saramago foi, sem dúvida, um dos mais importantes escritores portugueses.
Desde 1976 que Saramago se dedicava exclusivamente ao trabalho literário. A primeira
fase da sua carreira foi marcada, sobretudo, pela poesia e pela crónica, género que
começou por granjear-lhe notoriedade, através dos jornais onde colaborou. Saramago
dedicou-se, ainda, a partir de finais dos anos 70, ao teatro. No entanto, foi sobretudo
como romancista que o seu nome se tornou consagrado. Uma das tendências mais
marcantes da sua obra romanesca era a da reconstituição de períodos históricos, a partir
dos quais era construída uma narrativa fantástica, que estabelecia a ligação entre os
dados verosímeis e concretos e realidades de ordem interior. Para tal, servia-se o autor
de uma imaginação prodigiosa, aliada a uma grande força lírica e capacidade descritiva.
Saramago era conhecido por utilizar frases longas, usando a pontuação de uma maneira
não convencional. Os diálogos das personagens são inseridos nos próprios parágrafos
que os antecedem, de forma que não existem travessões nos seus livros. Tomava, muitas
vezes, uma voz crítica no debate de assuntos religiosos. São todas estas características
que tornam o estilo de José Saramago único na literatura contemporânea. Na sua
brilhante carreira, recebeu inúmeros prémios em Portugal, em Itália e em Inglaterra.
Recebeu, ainda, o Prémio Camões, atribuído pela Sociedade Portuguesa de Autores em
1995 e, em 1998, na Suécia, o Prémio Nobel da Literatura. Em suma, José Saramago foi
um verdadeiro mestre da literatura portuguesa.
6
Obras publicadas
Romances:
- Terra do Pecado (1947)
- Manual de Pintura e Caligrafia (1977)
- Levantado do Chão (1980)
- Memorial do Convento (1982)
- O Ano da Morte de Ricardo Reis (1984)
- A Jangada de Pedra (1986)
- História do Cerco de Lisboa (1989)
- O Evangelho segundo Jesus Cristo (1991)
- Ensaio sobre a Cegueira (1995)
- A Bagagem do Viajante (1996)
- Todos os Nomes (1997)
- A Caverna (2000)
- O Homem Duplicado (2002)
- Ensaio sobre a Lucidez (2004)
- AsIntermitências da Morte (2005)
- A Viagem do Elefante (2008)
- Caim (2009)
- Claraboia (2011)
- Alabardas, Alabardas, Espingardas, Espingardas (2014)
Peças Teatrais:
- A Noite (1979)
- Que farei com este livro?(1980)
- A Segunda Vida de Francisco de Assis(1987)
- In Nomine Dei (1993)
- Don Giovanni ou o O Dissoluto Absolvido (2005)
Contos:
- Objecto Quase (1978)
- Poética dos Cinco Sentidos - O ouvido (1979)
- O Conto da Ilha Desconhecida (1997)
Poemas:
- Os Poemas Possíveis(1966)
7
- Provavelmente Alegria(1970)
- O Ano de 1993(1975)
Crónicas:
- Deste Mundo e do Outro (1971)
-A Bagagem do Viajante (1973)
-As Opiniões que o DL Teve (1974)
-Os Apontamentos (1977)
Viagens:
- Viagem a Portugal (1983)
Diário e Memórias:
-Cadernos de Lanzarote (1994)
-As Pequenas Memórias (2006)
Infantil:
-A Maior Flor do Mundo (2001)
-O Silêncio da Água (2011)
8
In Nomine
Dei
9
Resumo
Primeiro ato:
Segundo ato:
Terceiro ato:
Jan Van Leiden ordena a Rothmann que pregue a poligamia às mulheres e aos
homens de Mϋnster. Como é pecado um homem aproximar-se duma mulher
carnalmente se não for para gerar, devia-se desde logo excluir da partilha as estéris e as
grávidas, pois estas só podem dar simplesmente o prazer. Jan Van Leiden ordena, ainda,
a Rothmann que pregue esta ideia ao povo, mas como se tivesse sido uma ideia sua.
Convocado o povo, Rothmann ordena que se restabeleça a poligamia. Os homens
reagem com alegria, mas as mulheres, porém, ficam extremamente indignadas. Jan Van
10
Leiden é o primeiro a escolher as suas mulheres. Entretanto, entram em cena quatro
soldados que transportam um corpo coberto por um pano, que mais não era que Hille
Feiken morta, vestida com a camisa que estava envenenada, destinada a Waldeck. Jan
Dusentschuer unge e coroa Jan Van Leiden. Este passa a reunir em si todo o poder de
Mϋnster, e a sua primeira mulher, Gertrud, seria a rainha desta cidade. Em substituição
dos Juízes das Tribos de Israel, Jan Van Leiden nomeou quatro conselheiros reais:
Knipperdollinck, Rothmann, Jan Dusentschuer e Heinrich Krechting. Mais tarde, Jan
Van Leiden ordena que se organize um banquete. Terminado o banquete, segue-se uma
comunhão solene e todo o povo dança. Jan Van Leiden ordena, então, que saiam da
cidade todas as mulheres, velhos e crianças. Estes ficam aterrorizados. Como Else
Wandscherer se insurge contra Jan Van Leiden, este acaba por apunhalá-la. Chegam os
soldados do exército de Waldeck. Com toda aquela confusão, Rothmann é morto.
Waldeck ordena aos seus soldados que matem as mulheres de Jan Van Leiden. Os
soldados levam numa gaiola Berndt Krechting. Knipperdollinck vai para dentro da
segunda gaiola. Para sobreviver, Jan Van Leiden rende-se a Waldeck, mas acaba por ser
atirado para dentro da terceira gaiola. Gertrud Von Utrecht não se rende e também é
morta.
11
O Teatro do século XX
Ora, é precisamente neste contexto que nos situamos com a peça In Nomine Dei.
Também ela é uma obra de carácter histórico e, sobretudo, reflexivo. Esta peça é
baseada num caso verídico passado em Mϋnster, onde, no século XVI, um conflito entre
católicos e protestantes deu origem a um grande sofrimento e a um elevado número de
mortes. Deste modo, através desta peça de teatro do século XX, José Saramago
pretende, como já seria de esperar, levar-nos a reflectir, essencialmente, sobre a
intolerância humana. É, sem dúvida, uma espécie de alerta contra os fanatismos que
arrastam os seres humanos a matar e a deixar-se matar.
12
Personagens
Num outro plano, temos, ainda, o povo, que representa extremamente bem a
vertente social da época. É um povo que vive oprimido, submisso às ordens superiores,
nomeadamente às de Jan Van Leiden. É, sobretudo, a ignorância que condena este povo
à miséria, ao sofrimento e, até, à morte.
Em suma, todas estas personagens têm um grande impacto nesta história pois
são elas que estão sempre no auge dos acontecimentos.
13
Espaço
No que diz respeito ao espaço psicológico, podemos ver que algumas das
personagens vivem um drama, nomeadamente o povo. Todos os elementos do povo,
quer os católicos, quer os protestantes, são personagens dotadas de uma grande
densidade psicológica (“Gritos de horror e protesto. As vítimas designadas, como se se
tivessem procurado umas às outras, reúnem-se num lamentoso rebanho.”). Vivem em
função das profecias que são anunciadas, sendo, muitas vezes, vítimas da crueldade dos
homens (sobretudo daqueles que têm um maior poder em Mϋnster).
No que concerne ao espaço social, podemos ver que o povo vive na miséria, sem
quaisquer condições (“A falta de alimentos já começou a causar os seus terríveis
efeitos.”). Contudo, os “profetas” viviam bem, sem dificuldades, pois tinham um grande
poder.
14
Temas abordados
Em meu entender, esta é uma obra de um grande valor literário. José Saramago
mostra-nos que a religião é, de facto, o verdadeiro “cancro” do Homem pois
interpretamo-la mal. Critica, pois, a manipulação ideológica da religião, que considera
ser criadora de divisões e geradora de violência. Caímos, deste modo, no
fundamentalismo religioso. Segundo Benjamim Franklin, “Se os homens são assim tão
maus apesar da ajuda da religião, como seriam eles sem ela?”. Esta reflexão de
Benjamim Franklin é, sem dúvida alguma, extremamente pertinente, pois põe em
evidência a intolerância dos Homens. Deus, é claro, há só um, demos-lhe os nomes que
lhe dermos, e todas as religiões têm os mesmos valores pois, segundo Robert Burton,
“Uma religião é tão verdadeira quanto a outra”. Há muitas religiões, mas o espírito é
único. Assim, cada um de nós tem de acreditar no seu espírito e, deste modo, todos
estamos unidos.
Para terminar, aqui apresento um brilhante poema que está em íntima ligação
com esta obra, denominado Falem-me do Homem, de António Viana:
15
No todo-poderoso que O revestimos
Do nosso nada queremos fugir,
Encontramos com isso meios
Para as nossas falhas encobrir.
16
Apreciação crítica
A meu ver, esta é uma obra extraordinariamente bela. É, de facto, uma obra
muito bem estruturada e com um grande sentido lógico, o que requer um trabalho
extremamente exaustivo, tal como o próprio José Saramago nos diz em A jangada de
pedra: “ Dificílimo acto é o de escrever, responsabilidade das maiores. (…) Basta
pensar no extenuante trabalho que será dispor por ordem temporal os acontecimentos,
primeiro este, depois aquele, ou, se tal mais convém às necessidades do efeito, o sucesso
de hoje posto antes do episódio de ontem, e outras não menos arriscadas acrobacias
(…).” A preciosa lição de vida que dela podemos retirar e a ilustre escrita e desempenho
do autor são, inquestionavelmente, elementos que contribuíram para o meu enorme
fascínio por esta obra. A meu ver, esta obra é bastante pedagógica e criativa. O tema
que José Saramago escolheu como tema principal é, com efeito, uma escolha louvável,
pois ensina-nos que devemos ser mais tolerantes e respeitar as religiões e convicções
dos outros. Saramago pegou neste tema rebatido e brincou de ateu nesta peça, criticando
assim, com uma enorme angústia e precisão, a crueldade do fanatismo religioso. Em
suma, é uma obra que, claramente, me cativou e surpreendeu.
17
Apreciação crítica do autor
18
Bibliografia
http://www.josesaramago.org/biografia-jose-saramago/
http://www.josesaramago.org/nomine-dei-1993/
19