Você está na página 1de 26

Tribunal Superior Eleitoral

PJe - Processo Judicial Eletrônico

16/09/2022

Número: 0601140-45.2022.6.00.0000
Classe: DIREITO DE RESPOSTA
Órgão julgador colegiado: Colegiado do Tribunal Superior Eleitoral
Órgão julgador: Juíza Auxiliar - Ministra Cármen Lúcia
Última distribuição : 16/09/2022
Valor da causa: R$ 0,00
Assuntos: Direito de Resposta
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
COLIGAÇÃO BRASIL DA ESPERANÇA (REQUERENTE) VALESKA TEIXEIRA ZANIN MARTINS (ADVOGADO)
ROBERTA NAYARA PEREIRA ALEXANDRE (ADVOGADO)
MIGUEL FILIPI PIMENTEL NOVAES (ADVOGADO)
MATHEUS HENRIQUE DOMINGUES LIMA (ADVOGADO)
MARIA EDUARDA PRAXEDES SILVA (ADVOGADO)
MARIA DE LOURDES LOPES (ADVOGADO)
MARCELO WINCH SCHMIDT (ADVOGADO)
GUILHERME QUEIROZ GONCALVES (ADVOGADO)
GEAN CARLOS FERREIRA DE MOURA AGUIAR
(ADVOGADO)
FERNANDA BERNARDELLI MARQUES (ADVOGADO)
EUGENIO JOSE GUILHERME DE ARAGAO (ADVOGADO)
EDUARDA PORTELLA QUEVEDO (ADVOGADO)
CRISTIANO ZANIN MARTINS (ADVOGADO)
ANGELO LONGO FERRARO (ADVOGADO)
VICTOR LUGAN RIZZON CHEN (ADVOGADO)
COLIGAÇÃO PELO BEM DO BRASIL (REQUERIDA)
JAIR MESSIAS BOLSONARO (REQUERIDO)
Procurador Geral Eleitoral (FISCAL DA LEI)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
15808 16/09/2022 19:41 Direito de Resposta - propaganda Bolsonaro - Petição Inicial Anexa
0223 15.09.2022
EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO PRESIDENTE DO E. TRIBUNAL

SUPERIOR ELEITORAL

A COLIGAÇÃO BRASIL DA ESPERANÇA, formada pela FEDERAÇÃO

BRASIL DA ESPERANÇA (FE BRASIL), inscrita no CNPJ/MF sob o nº

46.406.275/0001-20, com sede no Setor Comercial Sul, Quadra 02, Bloco C, Edifício

Toufic, 1º andar, CEP 70302-000, Brasília/DF, constituída pelo Partido dos

Trabalhadores (PT), Partido Verde (PV) e Partido Comunista do Brasil (PCdoB);

pela FEDERAÇÃO PSOL-REDE, inscrita no CNPJ/MF sob o nº 46.875.220/0001-

60, com sede no Setor Comercial Sul, Quadra 02, Bloco C, nº 252-A, Ed. Jamel

Cecílio, 5º Andar, Brasília/DF, CEP 70302-905, integrada pelo Partido Socialismo

e Liberdade (PSOL) e pela Rede Sustentabilidade (REDE); pelo PARTIDO

SOCIALISTA BRASILEIRO (PSB) inscrito no CNPJ sob o nº 01.421.697/0001-37,

com sede no SCLN 304, Bloco A, Sobreloja, Brasília/DF, CEP n. 70.736-510; pelo

SOLIDARIEDADE, inscrito no CNPJ/MF sob o nº 18.532.307/0001-07, com sede

na SRTVS, Quadra 701, Bloco O, Salas 790 a 793, Ed. Multiempresarial, Asa Sul,

Brasília/DF; pelo AVANTE, inscrito no CNPJ/MF sob o nº 59.933.952/0001-00,

com sede no SAI, Quadra 05, Ed. Heleno Center, Sala 301, Guará, Brasília/DF,

CEP 71200-055; e pelo PARTIDO AGIR, inscrito no CNPJ/MF sob o nº

32.206.989/0001-80, com sede no SCS, Quadra 06, Bloco A, sobreloja 02, Ed.

Presidente, Asa Sul, Brasília/DF, CEP: 70.327-900; PARTIDO REPUBLICANO

Brasília
SAS Quadra 1 Bloco M Lote 1
Ed Libertas Conj. 1009
Asa Sul 70070-935
Tel./Fax: +55 61 3326.9905
www.zaninmartins.com.br

Assinado eletronicamente por: VICTOR LUGAN RIZZON CHEN - 16/09/2022 19:39:52 Num. 158080223 - Pág. 1
https://pje.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22091619395184300000156768288
Número do documento: 22091619395184300000156768288
DA ORDEM SOCIAL (PROS), inscrito no CNPJ/MF sob o nº 12.952.205/0001-56,

com sede no SHIS, QL 26, Conjunto 1, casa 19, Lago Sul, Brasília/DF, CEP: 71.665-

115; representada pela Deputada Federal GLEISI HELENA HOFFMANN,

brasileira, casada, Deputada Federal (PT/PR), endereço funcional na Esplanada

dos Ministérios, Praça dos Três Poderes, Câmara dos Deputados, Gabinete 232 -

Anexo 4, vem, respeitosamente, por meio de seus advogados, mediante

instrumento de procuração em anexo, com fundamento no artigo 31 e seguintes

da Resolução-TSE nº 23.608/2021, ajuizar o presente

PEDIDO DE DIREITO DE RESPOSTA

contra JAIR MESSIAS BOLSONARO, brasileiro, casado, Presidente da

República, portador do inscrito no CPF sob o nº 453.178.287-91, com endereço

funcional no Palácio do Planalto, Praça dos Três Poderes, Brasília/DF CEP 70150-

900 ou no SHIS QI 15, Conjunto 11, Casa 06, Lago Sul, Brasília (DF), CEP 71635-

310, telefone (61) 99697-5722 – WhatsApp, correio eletrônico

initmacoes@vcaa.adv.br e mauro.cio@presidencia.gov.br; e COLIGAÇÃO PELO

BEM DO BRASIL (PL/PP/REPUBLICANOS), com endereço no SHIS QI 15,

Conjunto 11, Casa 06, Lago Sul, Brasília (DF), CEP 71.635- 310, telefone (61) 99697-

5722 – WhatsApp, correio eletrônico initmacoes@vcaa.adv.br, cujos dados foram

obtidos através do pedido de registro de candidatura e DRAP1, em razão dos

acontecimentos a seguir expostos.

1 Processo RCAND 0600729-02.2022.6.00.0000 e Processo DRAP 0600728-17.2022.6.00.0000


Brasília
SAS Quadra 1 Bloco M Lote 1
Ed Libertas Conj. 1009
Asa Sul 70070-935
Tel./Fax: +55 61 3326.9905
www.zaninmartins.com.br

Assinado eletronicamente por: VICTOR LUGAN RIZZON CHEN - 16/09/2022 19:39:52 Num. 158080223 - Pág. 2
https://pje.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22091619395184300000156768288
Número do documento: 22091619395184300000156768288
I – DA TEMPESTIVIDADE E DO CABIMENTO

1. O pedido de direito de resposta relativo a ofensas veiculadas no horário

eleitoral gratuito está previsto no artigo 58, §1º, II, da Lei 9.504/1997 e no art. 31

da Resolução-TSE nº 23.608/2019. Quanto ao prazo para postulação, a alínea “a”,

do inciso III, do art. 32, da referida Resolução, prevê o prazo de 1 dia para o seu

ajuizamento.

2. A disposição se amolda ao caso, pois, como será exposto adiante, as falas

ofensivas foram veiculadas no dia 15.09.2022, por meio de canais de televisão que

transmitem o horário eleitoral gratuito. Assim, o presente pedido de direito de

resposta é manifestamente tempestivo.

III – DOS FATOS

3. O presente pedido de direito de resposta surge diante de propaganda

veiculada pelos Representados no horário eleitoral gratuito, em 15 de agosto de

2022. A propaganda a) visa degradar e ridicularizar o candidato à Presidência,

Sr. Luiz Inácio Lula da Silva, b) injuria e difama, bem como c) difunde fatos

sabidamente inverídicos. Senão vejamos.

4. Confira-se, pois, o inteiro teor do material veiculado:

Locutora da Propaganda (‘00:00 – 00:17’)


“Este espaço é para divulgar propostas, ideias e o que
acreditamos ser o melhor para o Brasil. Mas hoje, eu quero pedir
licença porque estão tentando fazer você acreditar numa mentira
Brasília
SAS Quadra 1 Bloco M Lote 1
Ed Libertas Conj. 1009
Asa Sul 70070-935
Tel./Fax: +55 61 3326.9905
www.zaninmartins.com.br

Assinado eletronicamente por: VICTOR LUGAN RIZZON CHEN - 16/09/2022 19:39:52 Num. 158080223 - Pág. 3
https://pje.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22091619395184300000156768288
Número do documento: 22091619395184300000156768288
e nós não podemos permitir. Não vamos fazer julgamento,
apenas dizer a verdade”.

Fala do jornalista William Bonner – Jornal Nacional (‘00:17 –


00:23’)
“Nunca antes no país, um ocupante da presidência tinha sido
condenado por crime comum”.

Fala do jornalista Rodrigo Bocardi – TV Globo (‘00:23 – 00:29’)


“Existem provas de que Lula cometeu os crimes de corrupção
passiva e lavagem de dinheiro”.

Fala da jornalista Renata Vasconcelos – TV Globo (‘00:29 –


00:34’)
“A condenação de Lula no caso do tríplex está confirmada por
três instâncias da Justiça”.

Fala da jornalista Giuliana Morrone – TV Globo (‘00:35 – 00:38’)


“Lula é o primeiro ex-presidente da República preso”.

Locutora da Propaganda (‘00:39 – 00:41’)


“Foram mais de 60 delações no processo”.

Delator Antonio Palocci (‘00:41 – 00:52’)


“O doutor Emílio Odebrecht fez uma espécie de pacto de sangue
com o presidente Lula e levou um pacote de propinas do
presidente Lula de R$ 300.000.000,00”.

Delator Marcelo Odebrecht (’00:52 – 00:55’)

“E eu acabei disponibilizando para ele ao redor de R$


300.000.000,00”.

Lula – Em sede de debate (’00:55 – 00:59’)


“Eu fui julgado, fui considerado inocente”.

Locutora da Propaganda (’00:59 – 01:07’)


“Não, não foi. A pior e maior mentira dessa eleição é dizer que
Lula foi inocentado”.

Josias de Souza – Colunista UOL (’01:07 – 01:12’)

Brasília
SAS Quadra 1 Bloco M Lote 1
Ed Libertas Conj. 1009
Asa Sul 70070-935
Tel./Fax: +55 61 3326.9905
www.zaninmartins.com.br

Assinado eletronicamente por: VICTOR LUGAN RIZZON CHEN - 16/09/2022 19:39:52 Num. 158080223 - Pág. 4
https://pje.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22091619395184300000156768288
Número do documento: 22091619395184300000156768288
“É falsa a ideia de que Lula se tornou um político inocente”.

Ives Gandra – Jurista (’01:12 – 01:18’)


“Não foi inocentado. O processo vai ser recomeçado numa outra
jurisdição”.

Maria Beltrão – Globo News (‘01:19 – 01:22’)


“Isso não quer dizer também que o ex-presidente Lula foi
inocentado”.

Marco Aurélio – Entrevista na Band do Ex-Ministro (‘01:23 –


01:34’)
“O Supremo não o inocentou. O Supremo aceitou a nulidade dos
processos crime, o que implica o retorno à fase anterior, à fase
inicial”.

População – entrevista 1 (’01:35 – 01:37’)


“A maior mentira das eleições é que o Lula é inocente”.

População – entrevista 2 (‘01:37 – 01:39’)


“Foi preso, ficou quase dois anos”.

População – entrevista 3 (‘01:39’ – 01:42’)


“Uma pessoa que rouba, que deixa a nação do jeito que deixou”.

População – entrevista 4 (’01:42 – 01:43’)


“O povo precisa saber a verdade”.

População – entrevista 5 (’01:43 – 01:48”)


“É vergonhoso para o país ter um cara como ele disputando uma
presidência”.

Narrador (01:49 – 01:52’)


“Se Lula foi condenado, por que ele está solto?” (01:49 – 01:52’)

Locutora da Propaganda (’01:53 – 02:34’)


“Eu vou explicar. Imagina um bandido assaltando uma mulher.
Um policial age, prende o bandido e junto com as testemunhas
vão todos para a delegacia federal. São ouvidos e o bandido é
preso. Aí chega o advogado e diz que o crime não é federal e,
portanto, o ladrão deveria estar em outra delegacia. Aí o bandido

Brasília
SAS Quadra 1 Bloco M Lote 1
Ed Libertas Conj. 1009
Asa Sul 70070-935
Tel./Fax: +55 61 3326.9905
www.zaninmartins.com.br

Assinado eletronicamente por: VICTOR LUGAN RIZZON CHEN - 16/09/2022 19:39:52 Num. 158080223 - Pág. 5
https://pje.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22091619395184300000156768288
Número do documento: 22091619395184300000156768288
é solto, ou seja, o roubo existiu, só que o ladrão será julgado em
outro lugar. Foi isso que aconteceu com o Lula. O processo
mudou de lugar, mas a verdade, essa não muda. Democracia é
isso. Você pode votar em quem você quiser, mas como você viu,
Lula está mentindo. Ele não foi inocentado”.

Propaganda (’02:34 – 02:41’)


“Bolsonaro Presidente. Pelo bem do Brasil”.

5. Na aludida peça publicitária, foram retiradas de contexto diversas falas de

jornalistas (grupo 1), delatores (grupo 2) e especialistas (grupo 3), de modo a

configurar-se verdadeira desinformação no eleitor a partir da

descontextualização, o que é expressamente defeso pelo ordenamento jurídico

pátrio. O intuito é apenas um: incutir falsas ideias na mente do eleitor, gerando

verdadeiros estados passionais e desequilibrar o pleito que se avizinha.

6. Igualmente, há também a existência inconteste de propaganda eleitoral

negativa em face do ex-Presidente Lula, construída a partir de injúria e

difamação, que atingem, de sobremaneira, a imagem do candidato. Logo, medida

que se impõe necessária é que seja assegurado o direito de resposta, nos termos

que serão melhores delineados.

7. Com efeito, no primeiro grupo, no qual foram pinçadas falas esparsas dos

jornalistas William Bonner (‘00:17 – 00:23’), Rodrigo Bocardi (‘00:23 – 00:29’),

Renata Vasconcelos (‘00:29 – 00:34’) e Giuliana Morrone (‘00:35 – 00:38’), verifica-

se com hialina clareza que as mesmas foram retiradas de contexto, de modo a

configurar descontextualização.

Brasília
SAS Quadra 1 Bloco M Lote 1
Ed Libertas Conj. 1009
Asa Sul 70070-935
Tel./Fax: +55 61 3326.9905
www.zaninmartins.com.br

Assinado eletronicamente por: VICTOR LUGAN RIZZON CHEN - 16/09/2022 19:39:52 Num. 158080223 - Pág. 6
https://pje.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22091619395184300000156768288
Número do documento: 22091619395184300000156768288
8. Os trechos selecionados são temporalmente incompatíveis com o

resultado 100% favorável que o ex-presidente Lula obteve em todos os processos

e procedimentos criminais - resultado esse que é público e notório. O uso de

informação sabidamente inverídica, nessa perspectiva, também é patente.

9. Por conseguinte, no que diz respeito ao segundo grupo, ora relativo à

existência de supostas delações premiadas desabonadoras ao candidato Luiz

Inácio Lula da Silva, é preciso dizer que, por expressa disposição legal, tais

acordos são meros meios de obtenção provas e não provas propriamente ditas.

10. No ponto, é preciso registrar que, em um passado recente, a falecida

“operação lava jato”, por meio de um verdadeiro modus operandi instituído,

utilizou-se de uma autêntica indústria de delações premiadas como instrumento

de: (i) alienação e insuflação da opinião pública, (ii) vulneração da presunção de

inocência dos delatados e (iii) interferência nas decisões políticas do país. Dessa

forma, visando exatamente os mesmos objetivos, os delatores de plantão

pinçados pelos Representados não poderiam ser mais emblemáticos: os senhores

Antonio Palocci Filho e Marcelo Bahia Odebrecht Filho.

11. No que diz respeito ao acordo do senhor Antonio Palocci Filho, nunca é

demais lembrar que sua fantasiosa narrativa engendrada foi rejeitada – de saída

– pelo próprio Ministério Público Federal, por meio das forças-tarefas em

Curitiba, em São Paulo e, também pela Procuradoria-Geral da República, no

Distrito Federal.

Brasília
SAS Quadra 1 Bloco M Lote 1
Ed Libertas Conj. 1009
Asa Sul 70070-935
Tel./Fax: +55 61 3326.9905
www.zaninmartins.com.br

Assinado eletronicamente por: VICTOR LUGAN RIZZON CHEN - 16/09/2022 19:39:52 Num. 158080223 - Pág. 7
https://pje.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22091619395184300000156768288
Número do documento: 22091619395184300000156768288
12. Nesse diapasão, quadra estampar que em entrevista concedida ao jornal

Folha de São Paulo o então coordenador da força-tarefa na lava jato em Curitiba,

o ex-procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima, alertou de

maneira contundente o fiasco que se avizinhava:

“Vou dar o exemplo também do acordo do Antônio Palocci,


celebrado pela PF depois que o Ministério Público recusou.
Demoramos meses negociando. Não tinha provas suficientes.
Não tinha bons caminhos investigativos. Fora isso, qual era a
expectativa? De algo, como diz a mídia, do fim do mundo. Está
mais para o acordo do fim da picada. Essas expectativas não vão
se revelar verdadeiras” (entrevista ao Jornal Folha de São Paulo,
de 30 de julho de 2018; grifei).

13. Fato é que acolhida pela Polícia Federal no Paraná, em março de 2018, à

revelia do Ministério Público Federal, tal acordo se revelou, como é de

conhecimento amplo e geral, absolutamente inconsistente - a ponto de ser

rejeitado, igualmente, pela própria Polícia Federal, em São Paulo.

14. Naquela oportunidade, o relatório da PF concluiu que, “as afirmações

foram desmentidas por todas as testemunhas, declarantes e por outros

colaboradores da Justiça” e “parecem todas terem sido encontradas em

pesquisas na internet, porquanto baseadas em dados públicos, sem acréscimo

de elementos de corroboração, a não ser notícias de jornais” (Relatório conclusivo

do DPF Marcelo Feres Daher).

15. Nesse conduto, olvidam-se os Representados de informar, ao se socorrer

as fábulas contadas pelo senhor Antonio Palocci Filho, que tal acordo, em

verdade, se prestou apenas para convulsionar o país às vésperas das últimas


Brasília
SAS Quadra 1 Bloco M Lote 1
Ed Libertas Conj. 1009
Asa Sul 70070-935
Tel./Fax: +55 61 3326.9905
www.zaninmartins.com.br

Assinado eletronicamente por: VICTOR LUGAN RIZZON CHEN - 16/09/2022 19:39:52 Num. 158080223 - Pág. 8
https://pje.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22091619395184300000156768288
Número do documento: 22091619395184300000156768288
eleições, favorecendo justamente o candidato Jair Messias Bolsonaro. Sem

contorcionismos retóricos, confira-se, pois, o seguinte trecho de decisão da

Suprema Corte reconhecendo este cenário:

Registro, nesse ponto, que em 1º/10/2018, às vésperas do


primeiro turno da eleição presidencial (ocorrido em 7/10/2018), e
após o encerramento da instrução processual nos autos da AP
5063130- 17.2016.4.04.7000/PR, o então Juiz federal Sérgio Moro
proferiu decisão, determinando, de ofício, o levantamento do
sigilo e o translado de parte dos depoimentos prestados por
Antônio Palocci Filho, em acordo de colaboração premiada, para
os autos da referida ação penal (e-doc 4).
Em outras palavras, o ex-magistrado aguardou mais de 3 meses
da homologação da delação de Antônio Palocci, para, na semana
do primeiro turno das eleições de 2018, determinar, sem prévio
requerimento do órgão acusatório, a efetiva juntada no citado
processo criminal.
(...)
Com essas e outras atitudes que haverão de ser verticalmente
analisadas no âmbito do HC 164.493/PR, o referido magistrado -
para além de influenciar, de forma direta e relevante, o resultado
da disputa eleitoral, conforme asseveram inúmeros analistas
políticos, desvelando um comportamento, no mínimo,
heterodoxo no julgamento dos processos criminais instaurados
contra o ex-Presidente Lula -, violou o sistema acusatório, bem
como as garantias constitucionais do contraditório e da ampla
defesa (art. 5º, LV, da CF).
(STF – HC 163.943 AgR/PR – voto condutor Min. Ricardo
Lewandowski)

16. Ao seu turno, também em sentido bem diverso do que pretendem induzir

os Representados, o acordo entabulado pelos executivos do Grupo Odebrecht é

Brasília
SAS Quadra 1 Bloco M Lote 1
Ed Libertas Conj. 1009
Asa Sul 70070-935
Tel./Fax: +55 61 3326.9905
www.zaninmartins.com.br

Assinado eletronicamente por: VICTOR LUGAN RIZZON CHEN - 16/09/2022 19:39:52 Num. 158080223 - Pág. 9
https://pje.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22091619395184300000156768288
Número do documento: 22091619395184300000156768288
imprestável por múltiplos ângulos – v.g. remuneração dos delatores2; coação de

delatores para criarem relatos3, adulteração dos elementos de corroboração4, etc.

17. Já no caso específico do Sr. Marcelo Bahia Odebrecht, o trecho retro

pinçado pelos Representados sequer condiz com o posicionamento derradeiro do

delator em comento. Com efeito, em meados de outubro de 2019, o Sr. Marcelo

foi ouvido na qualidade de testemunha de acusação nos autos da Ação Penal nº

1004454-59.2019.4.01.3400, em trâmite perante da 10ª Vara Federal Criminal do

Distrito Federal, onde teceu severas críticas às acusações apontadas contra o ex-

Presidente Lula.

18. Em suas palavras, Marcelo Bahia Odebrecht disse ser “extremamente

injusto fazer qualquer espécie de acusação ou condenação de Lula sem que se

esclareça contradições”5.

19. Corroborando tal assertiva, foi publicado pelo O Globo, aos 15.12.2019,

que o referido delator teria confidenciado a pessoas próximas que as provas

apresentadas ao Ministério Público Federal não comprovam os supostos

2 Odebrecht pagou R$ 1,5 bi a 77 delatores. Disponível em:


https://valor.globo.com/impresso/noticia/2020/01/13/odebrecht-pagou-r-15-bi-a-77-
delatores.ghtml Acesso em: 16.09.2022.
3 Delator diz que foi coagido a ‘construir relator’ sobre sítio de Atibaia. Disponível em:

https://www.poder360.com.br/justica/delator-diz-que-foi-coagido-a-construir-relato-sobre-sitio-
de-atibaia/. Acesso em: 16.09.2022.
4 Peritos da PF admitem que documentos da Odebrecht podem ter sido adulterados. Disponível

em: https://www.conjur.com.br/2020-fev-27/peritos-admitem-documento-odebrecht-sido-
alterado#author. Acesso em: 16.09.2022.
5 Marcelo Odebrecht: é “injusto” condenar Lula sem esclarecer contradições. Disponível em:

https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2019/10/04/marcelo-odebrecht-e-injusto-
condenarlula-sem-esclarecer-contradicoes.htm. Acesso em: 16.09.2022.
Brasília
SAS Quadra 1 Bloco M Lote 1
Ed Libertas Conj. 1009
Asa Sul 70070-935
Tel./Fax: +55 61 3326.9905
www.zaninmartins.com.br

10

Assinado eletronicamente por: VICTOR LUGAN RIZZON CHEN - 16/09/2022 19:39:52 Num. 158080223 - Pág. 10
https://pje.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22091619395184300000156768288
Número do documento: 22091619395184300000156768288
benefícios ao ex-Presidente Lula em desvios da Petrobras e que, portanto,

acredita na anulação das condenações – como de fato veio a ocorrer.

20. Nesse conduto de razões, ao se valer de acordos de delação sabidamente

imprestáveis, a uma porquanto terminantemente rejeitado pelas próprias

autoridades competentes (caso do senhor Antonio Palocci Filho) e a duas na

medida em que desacreditado pelo próprio delator (caso do senhor Marcelo

Bahia Odebrecht) – cujos elementos, é de bom alvitre consignar, foram

inutilizados por decisão já transitada da Suprema Corte (Reclamação

Constitucional n.º 43.007/DF), jaz inequívoco uso deliberado de informação

mendaz.

21. Por fim, no que se refere ao terceiro grupo, por sua vez composto por

comentários de experts (Josias de Souza, 01:07 – 01:12; Ives Grandra, 01:12 – 01:18;

Maria Beltrão, 01:19 – 01:22; e Marco Aurélio, 01:23 – 01:34), ora pinçados com o

propósito de incutir a falsa ideia de que o candidato Luiz Inácio Lula da Silva não

se trata de um político inocente, traduz-se, novamente, em verdadeira

descontextualização – por meio de recortes – para incutir falsas ideias na mente

do eleitor e desequilibrar o pleito que se avizinha.

22. Assim, vale ressaltar que, ao revés da “montagem” lançada, é

incontroverso que fora da dimensão da pós-verdade, onde apelos emocionais

importam mais que fatos objetivos, inexiste uma mácula sequer a tisnar o status

de inocente do candidato Luiz Inácio Lula da Silva – o qual jamais foi perdido,

segundo os ditames constitucionais, como inclusive é de pleno conhecimento do

único expert que de algum modo participou dos processos do ex-Presidente Lula

Brasília
SAS Quadra 1 Bloco M Lote 1
Ed Libertas Conj. 1009
Asa Sul 70070-935
Tel./Fax: +55 61 3326.9905
www.zaninmartins.com.br

11

Assinado eletronicamente por: VICTOR LUGAN RIZZON CHEN - 16/09/2022 19:39:52 Num. 158080223 - Pág. 11
https://pje.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22091619395184300000156768288
Número do documento: 22091619395184300000156768288
e cuja fala fora recortada na peça publicitária em comento, o ex-Ministro Marco

Aurélio, que por sinal restou vencido em todas as deliberações travadas no writ

193.726/PR, objeto de sua fala.

23. Ademais, quanto à alegação dos Representados, no sentido de que o ex-

presidente Lula não é inocente, quadra evidenciar o óbvio: o estado de inocência

somente pode ser infirmado com o trânsito em julgado de eventual sentença

penal condenatória (art. 5º, inciso LVII, da Constituição da República).

24. Nesse sentido, conforme os ensinamentos de Aury Lopes Junior, o

princípio constitucional da presunção de inocência impõe um verdadeiro dever

de tratamento, impedindo, dentre outras coisas, a publicidade abusiva e a

estigmatização precoce do cidadão:

“[...] a presunção de inocência impõe um verdadeiro dever de


tratamento (na medida em que exige que o réu seja tratado como
inocente), que atua em duas dimensões: interna ao processo e
impõe-se a obrigação de tratar o acusado como inocente até o
trânsito em julgado; enquanto na segunda exterior a ele.
Internamente, é a imposição – ao juiz – de tratar o acusado
efetivamente como inocente até que sobrevenha eventual
sentença penal condenatória transitada em julgado. Isso terá
reflexos, entre outros, no uso excepcional das prisões cautelares,
como explicaremos no capítulo específico. Na dimensão externa
ao processo, a presunção de inocência exige uma proteção contra
a publicidade abusiva e a estigmatização (precoce) do réu.
Significa dizer que a presunção de inocência (e também as
garantias constitucionais da imagem, dignidade e privacidade)
deve ser utilizada como verdadeiro limite democrático à abusiva
exploração midiática em torno do fato criminoso e do próprio
processo judicial. O bizarro espetáculo montado pelo julgamento

Brasília
SAS Quadra 1 Bloco M Lote 1
Ed Libertas Conj. 1009
Asa Sul 70070-935
Tel./Fax: +55 61 3326.9905
www.zaninmartins.com.br

12

Assinado eletronicamente por: VICTOR LUGAN RIZZON CHEN - 16/09/2022 19:39:52 Num. 158080223 - Pág. 12
https://pje.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22091619395184300000156768288
Número do documento: 22091619395184300000156768288
midiático deve ser coibido pela eficácia da presunção de
inocência6.

25. Dessa forma, ao extirpar do mundo jurídico duas sentenças condenatórias

ilegítimas (HC nº 164.493/PR e HC nº 193.726/PR), o Supremo Tribunal Federal

reafirmou a inocência do candidato Luiz Inácio Lula da Silva.

26. Igualmente, no âmbito das Nações Unidas, tem-se que, em um primeiro

momento, o Comitê de Direitos Humanos da ONU acolheu pedido liminar

formulado pela defesa do ex-presidente, determinando ao Estado brasileiro a

adoção de todas as medidas necessárias para que ele pudesse concorrer nas

eleições presidenciais de 2018. Mesmo que essa r. decisão tenha sido

lamentavelmente descumprida, a conclusão preliminar adotada pelo Comitê foi

a de que, diante da ausência de decisão transitada em julgado, os direitos

políticos do candidato deveriam ser respeitados7.

27. Ou seja, em outras palavras, o referido organismo internacional

reconheceu que o estado de inocência do ex-presidente Lula permanecia

intacto e, assim, obrigou o Governo brasileiro a conceder um tratamento

compatível com tamanha condição.

28. Não bastasse, já em um segundo momento, o Comitê de Direitos

Humanos da ONU (composto por 18 juízes independentes) proferiu uma decisão

6 LOPES JÚNIOR, Aury. Direito Processual Penal. 17 ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020, pp.
141/142
7 https://www.cartacapital.com.br/politica/comite-de-direitos-humanos-da-onu-defende-lula-
candidato-diz-defesa/
Brasília
SAS Quadra 1 Bloco M Lote 1
Ed Libertas Conj. 1009
Asa Sul 70070-935
Tel./Fax: +55 61 3326.9905
www.zaninmartins.com.br

13

Assinado eletronicamente por: VICTOR LUGAN RIZZON CHEN - 16/09/2022 19:39:52 Num. 158080223 - Pág. 13
https://pje.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22091619395184300000156768288
Número do documento: 22091619395184300000156768288
histórica, apontando que as investigações e os processos movidos contra o ex-

presidente Lula, no âmbito da operação lava jato, violaram o seu direito a ser

julgado por um tribunal imparcial, assim como o seu direito à privacidade e seus

direitos políticos8.

29. Ainda, o aludido Comitê determinou ao Estado brasileiro a adoção de

medidas destinadas a “assegurar que quaisquer outros procedimentos criminais

contra Lula cumpram com as garantias do devido processo legal, e a prevenir

violações semelhantes no futuro”.

30. Portanto, frise-se, por consequência lógica, a ONU reconheceu que o

estado de inocência do ex-presidente Lula não foi infirmado pela Justiça

brasileira.

31. Para além disso, é oportuno memorar que, em mais de vinte

oportunidades, o ex-presidente Lula conseguiu vitórias nos Tribunais pátrios,

de modo que nenhuma das pretensões acusatórias movidas contra ele resultaram

em condenação. Confira-se:

i. Caso Quadrilhão - 1ª tempo: 12ª Vara Federal


Criminal de Brasília - Ação Penal n.º 1026137-
89.20184.01.3400 - absolvido sumariamente (julgado em:
04.12.2019). transitado em julgado

ii. Caso Quadrilhão - 2ª tempo: 12ª Vara Federal


Criminal de Brasília - Inquérito n.º 1007965-

8 https://pt.org.br/onu-sergio-moro-violou-direito-de-lula-a-um-tribunal-imparcial/
Brasília
SAS Quadra 1 Bloco M Lote 1
Ed Libertas Conj. 1009
Asa Sul 70070-935
Tel./Fax: +55 61 3326.9905
www.zaninmartins.com.br

14

Assinado eletronicamente por: VICTOR LUGAN RIZZON CHEN - 16/09/2022 19:39:52 Num. 158080223 - Pág. 14
https://pje.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22091619395184300000156768288
Número do documento: 22091619395184300000156768288
02.2018.4.01.34000 – denúncia rejeitada (julgado em:
19.11.2020). transitado em julgado

iii. Caso Taiguara (Janus I) - 10ª Vara Federal Criminal de


Brasília - Ação Penal n.º 1035829-78.2019.4.01.3400 –
trancado pelo TRF1, ante o reconhecimento da inépcia
formal da denúncia (julgado em: 04.09.2020). transitado em
julgado

iv. Caso Angolão (Janus II) - 10ª Vara Federal Criminal


de Brasília - Ação Penal n.º 1004454-59.2019.4.01.3400 –
trancado pela Justiça Federal do Distrito Federal, diante da
ausência de justa causa para o prosseguimento da ação
(julgado em: 03.09.2021). transitado em julgado

v. Caso Obstrução de justiça (Delcídio) - 10ª Vara


Federal Criminal de Brasília - Ação Penal n.º 0042543-
76.2016.4.01.3400 (42543-76.2016.4.01.3400) - absolvido em
sentença (julgado em: 16.07.2018). transitado em julgado

vi. Caso Frei Chico: 7ª Vara Criminal Federal de São


Paulo - Inquérito n.º 0008455-20.2017.4.03.6181 - denúncia
rejeitada (julgado em: 16.09.2019). transitado em julgado

vii. Caso Invasão no Tríplex: 6ª Vara Criminal Federal de


Santos - Inquérito n.º 5000261-75.2020.4.03.6104 – absolvido
sumariamente pela Suprema Corte, nos autos do Agravo
em Recurso Extraordinário n.º 1.362.539/SP (julgado em
25.02.2022). transitado em julgado

viii. Caso Segurança Nacional - 15ª Vara Federal Criminal


de Brasília - Inquérito n.º 1045723-78.2019.4.01.3400 -

Brasília
SAS Quadra 1 Bloco M Lote 1
Ed Libertas Conj. 1009
Asa Sul 70070-935
Tel./Fax: +55 61 3326.9905
www.zaninmartins.com.br

15

Assinado eletronicamente por: VICTOR LUGAN RIZZON CHEN - 16/09/2022 19:39:52 Num. 158080223 - Pág. 15
https://pje.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22091619395184300000156768288
Número do documento: 22091619395184300000156768288
arquivado sumariamente (julgado em: 20.05.2020).
transitado em julgado

ix. Caso Touchdown: 6ª Vara Criminal Federal de São


Paulo - Inquérito n.º 0008633-66.2017.4.03.6181 - arquivado
sumariamente diante da atipicidade dos fatos (julgado
em: 07.12.2020). transitado em julgado

x. Caso Carta Capital: 10ª Vara Criminal Federal de São


Paulo – Procedimento Investigatório Criminal n.º 0005345-
13.2017.4.03.6181 – relatada pela Autoridade Policial com
sugestão de arquivamento e declarada a extinção da
punibilidade (julgado em: 18.01.2021). transitado em
julgado

xi. Caso Palestras: 13ª Vara Criminal Federal de Curitiba


– Inquérito Policial n.º 5054533-93.2015.4.04.7000/PR –
Autoridade Policial e Ministério Público concluíram pela
inexistência de ilicitude (julgado em: 23.10.2020). transitado
em julgado

xii. Caso Triplex: 13ª Vara Criminal Federal de Curitiba –


Ação Penal n.º 5046512-94.2016.4.04.7000/PR – anulada pela
Suprema Corte, nos autos do habeas corpus n.º 164.493/PR
(suspeição - julgado em 23.03.2021) e do habeas corpus n.º
193.726/PR (incompetência - julgado em: 08.03.2021).
transitado em julgado

xiii. Caso Triplex - 2° tempo: 12ª Vara Criminal Federal de


Brasília – Autos n.º 1070239-94.2021.4.01.3400 – promoção
do arquivamento (julgado em: 28.01.2022). transitado em
julgado

Brasília
SAS Quadra 1 Bloco M Lote 1
Ed Libertas Conj. 1009
Asa Sul 70070-935
Tel./Fax: +55 61 3326.9905
www.zaninmartins.com.br

16

Assinado eletronicamente por: VICTOR LUGAN RIZZON CHEN - 16/09/2022 19:39:52 Num. 158080223 - Pág. 16
https://pje.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22091619395184300000156768288
Número do documento: 22091619395184300000156768288
xiv. Caso Sítio de Atibaia - 1° tempo: 13ª Vara Criminal
Federal de Curitiba – Ação Penal n.º 5021365-
32.2017.4.04.7000 - anulada pela Suprema Corte, nos autos
do habeas corpus n.º 164.493/PR (suspeição - julgado em:
24.06.2021) e do habeas corpus n.º 193.726/PR
(incompetência - julgado em: 08.03.2021). transitado em
julgado

xv. Caso Sítio de Atibaia - 2° tempo: 12ª Vara Criminal


Federal de Brasília – Autos n.º 1032252-24.2021.4.01.3400 -
denúncia rejeitada (julgado em: 21.08.2021).

xvi. Caso Sede do Instituto Lula - 1° tempo: 13ª Vara


Criminal Federal de Curitiba – Ação Penal n.º 5063130-
17.2016.4.04.7000 - anulada pela Suprema Corte, nos autos
do habeas corpus n.º 164.493/PR (suspeição - julgado em:
24.06.2021) e do habeas corpus n.º 193.726/PR
(incompetência - julgado em: 08.03.2021). transitado em
julgado

xvii. Caso Sede do Instituto Lula - 2° tempo: 10ª Vara


Criminal Federal de Brasília – Autos n.º 1033115-
77.2021.4.01.3400 – suspenso pela Suprema Corte, nos autos
da Reclamação n.º 43.007/DF (julgado em: 14.09.2021).

xviii. Caso Doações para o Instituto Lula - 1° tempo: 13ª


Vara Criminal Federal de Curitiba – Ação Penal n.º
5044305-83.2020.4.04.7000 – anulada pela Suprema Corte,
nos autos do habeas corpus n.º 193.726/PR (incompetência
- julgado em: 08.03.2021). Transitado em julgado

xix. Caso Doações para o Instituto Lula - 2° tempo: 10ª


Vara Criminal Federal de Brasília – Autos n.º 1017822-

Brasília
SAS Quadra 1 Bloco M Lote 1
Ed Libertas Conj. 1009
Asa Sul 70070-935
Tel./Fax: +55 61 3326.9905
www.zaninmartins.com.br

17

Assinado eletronicamente por: VICTOR LUGAN RIZZON CHEN - 16/09/2022 19:39:52 Num. 158080223 - Pág. 17
https://pje.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22091619395184300000156768288
Número do documento: 22091619395184300000156768288
67.2021.4.01.3400 – suspenso pela Suprema Corte, nos autos
da Reclamação n.º 43.007/DF (julgado em: 14.09.2021).

xx. Caso Caças Gripen (Zelotes 1): 10ª Vara Criminal


Federal de Brasília – Ação Penal n.º 1016027-
94.2019.4.01.3400 – suspenso pela Suprema Corte, nos autos
da Reclamação n.º 43.007/DF (julgado em: 02.03.2022).

xxi. Caso MP 471 (Zelotes 2): 10ª Vara Criminal Federal de


Brasília – Ação Penal n.º 1018986-72-2018.4.01.3400 –
absolvido por ausência de provas (julgado em: 21.06.2021).

xxii. Caso Guiné: 2ª Vara Criminal Federal de São Paulo –


Ação Penal n.º 006803-31.2018.4.03.6181 – trancado pelo
TRF3 (julgado em: 02.07.2021). Transitado em julgado

xxiii. Caso Costa Rica: 9ª Vara Criminal Federal de São


Paulo – Petição Criminal n.º 5003916-52.2019.4.03.6181 –
inquérito arquivado por falta de provas e declarada a
extinção da punibilidade (julgado em: 10.09.2021).
Transitado em julgado

xxiv. Caso Penal-Tributário de São Bernardo: 1ª Vara


Federal de São Bernardo do Campo – Autos n.° 5003825-
95.2021.4.03.6114 – inquérito arquivado pelo
reconhecimento da ilicitude das provas que
fundamentavam a investigação (julgado em: 18.10.2021).
Transitado em julgado

xxv. Caso Ministrão: 1ª Vara Federal de São Bernardo do


Campo – PIC n.º 1001341-34.2018.4.01.3400/DF —
declarada a extinção da punibilidade (julgado em:
11.08.2022). Transitado em julgado
Brasília
SAS Quadra 1 Bloco M Lote 1
Ed Libertas Conj. 1009
Asa Sul 70070-935
Tel./Fax: +55 61 3326.9905
www.zaninmartins.com.br

18

Assinado eletronicamente por: VICTOR LUGAN RIZZON CHEN - 16/09/2022 19:39:52 Num. 158080223 - Pág. 18
https://pje.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22091619395184300000156768288
Número do documento: 22091619395184300000156768288
32. Já em relação ao que a pretensa conferência taxou de meros 'erros

processuais', não é apropriado afirmar que Lula não foi absolvido pois os casos

simplesmente prescreveram quando foram reiniciados. Esse raciocínio não

encontra amparo no texto constitucional, e, além disso, a publicação deixou de

considerar que, nesse estágio preambular de reinício do processo, o tratamento

jurídico conferido pelo Código de Processo Penal às causas de extinção de

punibilidade, como é do jaez da prescrição, é o da absolvição sumária.

33. Inclusive, esse fora o entendimento adotado pelo e. Ministro Ricardo

Lewandowski que concordou com a defesa técnica do ex-Presidente, no Supremo

Tribunal Federal: "Como se sabe, uma vez reconhecida a prescrição da pretensão

punitiva do Estado, seguem-se várias consequências de natureza jurídica, dentre

as quais a presunção de inocência do acusado, que legitima a decretação sumária

de sua absolvição.”

34. Por fim, o e. Ministro atendeu ao pedido de Lula, nos autos, e decidiu por

sua absolvição: "Em face do exposto, dou provimento ao presente recurso para

absolver sumariamente o recorrente.”

35. Pelo exposto, tem-se que o vídeo em debate fora criado para passar a falsa

imagem aos eleitores de que Lula mente ao dizer que não foi condenado e que

não é inocente, além dos diversos ataques à sua honra. Portanto, deve ser

assegurado o direito de resposta ao candidato, nos termos do art. 31 da Resolução

23.608 de 18 de dezembro de 2019.

Brasília
SAS Quadra 1 Bloco M Lote 1
Ed Libertas Conj. 1009
Asa Sul 70070-935
Tel./Fax: +55 61 3326.9905
www.zaninmartins.com.br

19

Assinado eletronicamente por: VICTOR LUGAN RIZZON CHEN - 16/09/2022 19:39:52 Num. 158080223 - Pág. 19
https://pje.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22091619395184300000156768288
Número do documento: 22091619395184300000156768288
III – DO DIREITO

III.a – Do direito de resposta

36. Conforme é cediço, o direito de resposta constitui um genuíno

instrumento de proteção da dignidade da pessoa humana e oferece amparo

jurídico para aqueles que são publicamente atacados. Com efeito, objetivando

limitar abusos, a própria Constituição estabelece balizas para assegurar a

proteção às garantias individuais, dispondo que:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer


natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade,
à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

[...]

V – É assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo,


além da indenização por dano material, moral ou à imagem.
(grifamos)

37. Nessa direção, leciona Ramos Machado que o Direito de Resposta,

disposto no texto constitucional, tem origem em tratados internacionais como a

Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa

Rica), de 22 de novembro de 1969, em seu artigo 14, pois abrange a proteção da

dignidade humana em múltiplas funções:

“a) defesa dos direitos de personalidade; b) direito individual


de expressão e de opinião; c) instrumento de pluralismo
informativo; d) dever de verdade da imprensa; e) forma de

Brasília
SAS Quadra 1 Bloco M Lote 1
Ed Libertas Conj. 1009
Asa Sul 70070-935
Tel./Fax: +55 61 3326.9905
www.zaninmartins.com.br

20

Assinado eletronicamente por: VICTOR LUGAN RIZZON CHEN - 16/09/2022 19:39:52 Num. 158080223 - Pág. 20
https://pje.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22091619395184300000156768288
Número do documento: 22091619395184300000156768288
sanção sui generis, ou de indenização sem espécie.”
(MACHADO, Ramos. Direito Eleitoral. 2ª Ed. Revista, atualizada
e ampliada.Pág.295. Ed. Atlas)

38. Nessa esteira, sendo certo que o processo eleitoral deve ser pautado,

essencialmente, no debate de ideias, propostas e exposição de projetos de

governança, não se pode tolerar campanhas difamatória e injuriosa em face dos

outros candidatos. Ora, a propaganda não contém uma palavra sobre qualquer

plano do eventual futuro governo do candidato à reeleição, somente ataca e não

expõe qualquer ideia.

39. É exatamente por tais razões que o art. 58 da Lei das Eleições 9 assegura o

direito de resposta ao candidato atingido por informação caluniosa, difamatória,

injuriosa ou sabidamente inverídica. Na mesma linha, o art. 31, da Resolução nº

23.608, de 18 de dezembro de 2018, estabelece que:

Art. 31. A partir da escolha de candidatas ou candidatos em


convenção, é assegurado o exercício do direito de resposta à
candidata, ao candidato, ao partido político, à federação de
partidos ou à coligação atingidos, ainda que de forma indireta,
por conceito, imagem ou afirmação caluniosa, difamatória,
injuriosa ou sabidamente inverídica, difundidos por qualquer
veículo de comunicação social, inclusive provedores de
aplicativos de internet e redes sociais ( Lei nº 9.504/1997, arts. 6º-
A e 58, caput e Lei nº 9.096/1995, art. 11-A, caput e §
8º ). (Redação dada pela Resolução nº 23.672/2021)

9Art. 58. A partir da escolha de candidatos em convenção, é assegurado o direito de resposta a


candidato, partido ou coligação atingidos, ainda que de forma indireta, por conceito, imagem ou
afirmação caluniosa, difamatória, injuriosa ou sabidamente inverídica, difundidos por qualquer
veículo de comunicação social.
Brasília
SAS Quadra 1 Bloco M Lote 1
Ed Libertas Conj. 1009
Asa Sul 70070-935
Tel./Fax: +55 61 3326.9905
www.zaninmartins.com.br

21

Assinado eletronicamente por: VICTOR LUGAN RIZZON CHEN - 16/09/2022 19:39:52 Num. 158080223 - Pág. 21
https://pje.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22091619395184300000156768288
Número do documento: 22091619395184300000156768288
40. Nesse sentido, tem-se que a propaganda da coligação contrária ultrapassa

os limites civilizatórios mais comezinhos, porquanto injuria, difama e

menospreza o candidato à Presidência, Lula.

41. Portanto, a coligação Representada continua a afirmar, inveridicamente,

que Lula não é inocente e que o candidato mente quanto ao ponto. Ademais, há

conteúdo extremamente degradante ao ex-Presidente, ao passo em que ele é

comparado com um assaltante, que na peça “rouba uma mulher”. Não há que se

falar, sob qualquer hipótese, que se trata de mera crítica política.

42. Outrossim, a leviana peça de ficção contém:

(a) Informação difamatória ao ferir a honra objetiva do

candidato Lula, ao compara-lo com um assaltante que teria

roubado uma cidadã e taxando-lhe de criminoso, bem

como de mentiroso.

(b) Informação injuriosa, eis que também atinge a honra

subjetiva do candidato Lula, ao passo que ele é

menosprezado a peça inteira e igualmente ofendido por

simplesmente afirmar o seu estado de inocência.

Brasília
SAS Quadra 1 Bloco M Lote 1
Ed Libertas Conj. 1009
Asa Sul 70070-935
Tel./Fax: +55 61 3326.9905
www.zaninmartins.com.br

22

Assinado eletronicamente por: VICTOR LUGAN RIZZON CHEN - 16/09/2022 19:39:52 Num. 158080223 - Pág. 22
https://pje.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22091619395184300000156768288
Número do documento: 22091619395184300000156768288
43. Tais informação representam, por todo o exposto, que a propagada presta

a desinformar e manipular a opinião pública, atingindo diretamente na lisura do

processo eleitoral. Por esses motivos, há evidente abuso no conteúdo da aludida

peça publicitária, devendo, assim, ser provido o presente pedido de direito de

resposta.

III – DOS PEDIDOS

44. Diante de todo o exposto, requer:

a) O recebimento e regular processamento da presente petição;

b) O deferimento do Pedido de Direito de Resposta para que a resposta seja

dada em até 02 (dois) dias, mediante emprego da mesma plataforma, em

mesmo veículo, espaço, local, horário, e outros elementos de realce

utilizados na ofensa, nos seguintes termos:

COMEÇA COM O ROLL:

Direito de resposta concedido pela Justiça Eleitoral contra


as mentiras e agressões do candidato Bolsonaro.

APRESENTADOR ON:

“Não é de hoje que Bolsonaro é conhecido pelo discurso de


ódio e pelas mentiras contra o presidente Lula. Mas a
verdade todo mundo já sabe: A prisão do Lula foi uma
grande armação para tirá-lo da eleição de 2018.

Brasília
SAS Quadra 1 Bloco M Lote 1
Ed Libertas Conj. 1009
Asa Sul 70070-935
Tel./Fax: +55 61 3326.9905
www.zaninmartins.com.br

23

Assinado eletronicamente por: VICTOR LUGAN RIZZON CHEN - 16/09/2022 19:39:52 Num. 158080223 - Pág. 23
https://pje.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22091619395184300000156768288
Número do documento: 22091619395184300000156768288
Agora, Bolsonaro tenta se socorrer em velhas delações
premiadas fabricadas pela Operação Lava Jato. Não se
deixe enganar: a delação de Antonio Palocci foi rejeitada
pelo próprio Ministério Público e pela Polícia Federal e,
como já reconhecido pela Suprema Corte, foi revelada às
vésperas das eleições para favorecer Bolsonaro.

A realidade é que Lula liderava todas as pesquisas, quando


foi preso sem crime e sem prova. Condenado por um juiz
suspeito, que depois virou ministro do próprio Bolsonaro.
Mas a justiça foi feita: Lula foi alvo de uma perseguição
pela Lava Jato, conforme reconhecido por julgados
realizados nas mais diversas instâncias brasileiras e pelo
julgamento do Comitê de Direitos Humanos da ONU,
colecionando diversas vitórias.

Lula como todo cidadão que não tem uma condenação


criminal, merece tratamento condizente com o estado de
inocência, tal como assegurado pela Constituição Federal”.

Nesses termos, pede deferimento.

Brasília, em 16 de setembro de 2022.

Cristiano Zanin Martins Eugênio Aragão


OAB/SP 172.730 OAB/DF 4.935

Valeska Teixeira Zanin Martins Angelo Longo Ferraro


OAB/SP 153.720 OAB/DF 37.922

Maria de Lourdes Lopes Marcelo Winch Schmidt


OAB/SP 77.513 OAB/DF 53.599

Brasília
SAS Quadra 1 Bloco M Lote 1
Ed Libertas Conj. 1009
Asa Sul 70070-935
Tel./Fax: +55 61 3326.9905
www.zaninmartins.com.br

24

Assinado eletronicamente por: VICTOR LUGAN RIZZON CHEN - 16/09/2022 19:39:52 Num. 158080223 - Pág. 24
https://pje.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22091619395184300000156768288
Número do documento: 22091619395184300000156768288
Victor Lugan R. Chen Miguel Filipi Pimentel Novaes
OAB/SP 448.673 OAB/DF 57.469

Eduarda P. Quevedo Maria Eduarda Praxedes Silva


OAB/SP 464.676 OAB/DF 48.704

Eliakin T. Y. Pires dos Santos Gean Carlos F. De Moura Aguiar


OAB/SP 386.266 OAB/DF 61.174

Brasília
SAS Quadra 1 Bloco M Lote 1
Ed Libertas Conj. 1009
Asa Sul 70070-935
Tel./Fax: +55 61 3326.9905
www.zaninmartins.com.br

25

Assinado eletronicamente por: VICTOR LUGAN RIZZON CHEN - 16/09/2022 19:39:52 Num. 158080223 - Pág. 25
https://pje.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22091619395184300000156768288
Número do documento: 22091619395184300000156768288

Você também pode gostar