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Introdução

O presente trabalho visa abordar de maneira clara, sobre a questão relativa aos
factores da cultura. Tem como objectivo conhecer e desenvolver os factores
condicionantes da cultura, tendo em conta os seguintes aspectos:
Pessoa e cultura, individuo e método antropológico, tipos de associação comunitária,
património, sujeito das relações culturais, tecnologias, valor material e simbólico da
ambiente, dimensão do tempo, tempo ecológico e estrutural.

Para a elaboração deste trabalho foram usadas várias metodologias tais como:
 Recolha de obras nas bibliotecas;
 Leitura e analise da informação nas respectivas bibliografias;
 Compilação da informação.

Entretanto, para a realização deste trabalho careceu-nos de fontes concernentes ao


tema em abordagem.
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FACTORES DA CULTURA
1. Pessoa e Cultura.

Pessoa - a noção de pessoa foi elaborada no contexto teológico das controvérsias


cristológicas e trinitárias do século II a VI para explicar a fé em Cristo, ao mesmo
tempo Deus. (AA.VV. 2002: 904).

De acordo com BÓCIO apud AA.VV. (2002: 905) Elucidas que a definição de pessoa
como substância racional individual.

Para AQUINO apud a mesma obra ( 2002: 905) define pessoa como natureza racional
subsistente em si.

Cultura - conjunto complexo que inclui conhecimento, crença, arte, moral, leis,
custumes e várias aptidões e hábitos adquiridos pelo homem como membro duma
sociedade. ( MARTINEZ, 2003:36).

1.2. Relação pessoa e cultura.

A relação entre pessoa e cultura é ambivalente. Tem sentido activo devido ao


contributo de cada pessoa da a formação da cultura dum lado, tem sentido passivo se
considera a cultura como matriz da personalidade humana.

Segundo MAYER apud BERNARDI ( 1992: 52 ), “ a descendência e o


parentesco estabelecem lugar do individuo na sociedade também os seus
direitos e deveres que as faculdades que eles derivam em termos de pertença
aos grupos genealógicos e familiares e de relações com outros parentes
através dos pais da mulher e dos filhos. Mas, há um outro pólo de existência:
é a individualidade de singular.(...). No entanto, cada história pessoal é única e cada
vida tem uma textura particular”
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Antes, ainda, do sexo e da idade, e necessário ter presente, ter a constituição física
biológico do homem como base da personalidade. A constituição e o funcionamento do
corpo humano, estão sujeitos a leis gerais( naturais) que acompanham de vários modos
condicionantes o desenvolvimento da mente humana, da qual brita o primeiro impulso à
cultura.

Ė deste modo que o estudo da personalidade humana e na análise do contributo de cada


indivíduo à cultura não se deve prescindir deste condicionamento de base.

Assim, quando se aborda o problema das relações entre o indivíduo e cultura deve-se,
necessariamente recorrer a várias disciplinas que estudam o homem: biologia, psicologia,
Astrologia e outras. Embora, Astrologia cultural se versa ao estudo de aspectos culturais
do homem.
O valor determinante para a personalidade e a função do homem é a participação activa
na cultura. O homem torna-se necessariamente intérprete da cultura por simples factos de
a ter em si, precisamente por esta razão cada indivíduo deve ser considerado criador da
cultura.

2. Individuo e Método Antropológico.

PLATÃO concebe indivíduo como sendo passagem ao átomon e idos.

ARISTÓTELES designa “individuo “ como sendo átomon e o que se destingue de


outro e pessoa ser próprio. Ė Uma das coordenadas da pessoa, substância é em si e
possui densidade e independência antológicas suficientes para constituir.
(AA.VV.2002:887).
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De acordo com BERNARDI (1992:59), observa a correlatividade do método


antropológico com a parte que compete ao indivíduo no processo cultural. A análise
das instituições sociais, das interpretações cosmológicas, de todas as relações
culturais, está voltada, na perspectiva antropológica para a descoberta do homem.

Quando o antropólogo se dispõe de estudar uma cultura é, um homem entre homens,


integrangando-se ao vivo nas manifestações culturais, não se contenta com ser um
observador, ainda que participante das expressões colectivas, mas procura o contacto
pessoal.

Estabelece relações de confiança de amizade com os seus interlocutores , com


pessoas singulares, no intuito de compreender ao vivo, a origem e o significado das
manifestações que estuda.

3. Tipos de Associação comunitária

Segundo MAYER apud BERNARDI ( 1992:61), concebe vários tipos de associação


comunitária de acordo com as suas finalidades. Para tal, temos associações
comunitárias politicas, a titulo de exemplo num momento de eleições políticas são
muitos indivíduos que para sustentar o seu candidato( o égo em causa), associam e
comparticipam numa acção comum de propaganda.
As motivações que os impele individualmente, podem ser muito divergente, mas
todos estão vinculados ao candidato égo.

Associação comunitária económica – grupo de indivíduos associados que


planificam uma determinada actividade com fins lucrativos.

Associação comunitária cultural – grupo de indivíduos que se dedicam numa


determinada actividade com vista a propagar a sua própria cultura.
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4.Património.

Património – é um conjunto estável, o rendimento, o fluxo de bens que são úteis


satisfazendo necessidades de sujeitos económicos.( AA.VV.2002: 382)./

De acordo com os mesmo autores pretende-se analisar a composição concreta dos


patrimónios de sujeitos diversos ( família, empresa, estado, instituições publicas). O
património é uma expressão do direito de propriedade sobre bens matérias ou
imateriais de pessoas físicas ou instituições.

4.1.Património Mundial-cultural.

Entende-se por património mundial, os bens culturais que se constituem herança


colectiva da humanidade. Neste campo de ideias a conferencia geral da UNESCO
reunida em Paris entre 17 a 21 de Novembro de 1972, estabeleceu convenção sobre a
protecção do património natural e cultural do mundo através de uma comissão criada
para o efeito, elaborou uma lista de sítios e monumentos que pela sua riqueza natural
e artística são património comum.

A convenção tem como objectivo assegurar a preservação conservação do


património classificado, comprometendo os estados signatários a guidar do seu
próprio património mas envolvendo a comunidade internacional nessa
responsabilidade.

Os critérios de selecção podem ser de natureza cultural ou natural, no primeiro caso é


preciso o monumento:

 Ter exercito grande , influência durante um largo período do tempo numa área
cultural significativa no desenvolvimento da tecnologia, da arquitectura, da
arte monumento, do planeamento urleano e paisagístico;

 Ter testemunho único ou excepcional de uma civilização ou tradição cultural


viva ou desaparecida;
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 Ter exemplo notável de um tipo de construção ou conjunto tecnológico


arquitectónico ou paisagístico que ilustre um estádio significativo da historia
humana. Importa referir que a cultura é um grande património

5. O Sujeito das relações culturais.

A capacidade coesiva da cultura em relação a tendência associativa do homem


manifesta-se e desenvolve-se nas instituições sociais. A eficácia normativa das
instituições, a fixidez dos aspectos materiais e a transmição hereditária sublinham a
tendência conservadora da cultura pela necessidade de renovação, a renovação dos
membros através do ciclo de vida e as necessidades das circunstancias de lugar e de
tempo suscitam novas exigências.
Cada forma particular da cultura tem a sua dinâmica interna e cada comunidade que a
gere e possui caracteriza-se e distingue-se pela força dos seus fenómenos.
As relações culturais abrangem todo o campo das manifestações culturais e dos
aspectos sociais, dão lugar o desenvolvimento característico de ordem jurídico.

6.. A tecnologia.

Tecnologia é o conjunto organizado de conhecimento da natureza cientifica, técnica


ou empírica necessários à produção, distribuição e utilização de bens e serviços
(AA.VV. 1999:1139).
O ambiente, factor da cultura, condiciona, apesar de tudo a técnica ou seja toda a
actividade exterior e material do homem. O material dos utensílios e das armas, as
possibilidades de alimentação através da caça, da pesca, da colheita ou atrves da
criação e do cultivo o tipo de vestuário e de habitação.

O homem por meio da tecnologia, procura dominar o ambiente, o seu intento é garantir
um espaço seguro para viver. Para atingir esse objectivo, precisa de alimentação e de
protecção incerta, com impulso da fantasia e da experiência, instrumentos cada vez
mais adequados: desde o pau de escavar do arrado, do fogo à energia atónica; do arco
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e da flecha às redes. O ambiente condiciona a vida humana em relação direita com o


desenvolvimento tecnológica. O desenvolvimento tecnológico em si mesmo, nunca
mais tem fim.

7. O valor Material e Simbólico do ambiente.

Como já se indicou, nem só o aspecto material da cultura é condicionado pelo


ambiente: também se reflecte, claramente, nas concepções mais propriamente
espirituais ou seja, na visão cosmológicas do mundo, nas interpretações religiosas e
nas instituições rituais .

De acordo com BERNARDI ( 1992:71) “ Para uma exemplificação concreta


o valor da terra na tradição africana trata-se de um conceito polivalente.
Segundo a mentalidade africana a terra é vista como parte integrante de
todo cosmos. Mas, a sua extensão que tem por limite o horizonte e a
possibilidade do seu fraccionamento, presta-se a uma distinção nítida: de
símbolo universalizastes e de valor económico e social”

Para Jomo Kenhatta concebe que a terra para os “ Kikuyu” consideram a terra como
mãe da tribo devido ao facto de a mãe suportar no seu seio durante oito ou nove meses,
mas o peso da criança enquanto esta lá, está, e depois por um breve período de
alimentação.
A terra pelo contrário, nutre a criança por toda a vida; e mesmo depois da morte
novamente toma conta dos espíritos dos mortos e por toda a eternidade. Assim, a terra é a
coisa mais sagrada acima de tudo o qual habita dentro dela ou sobre ela.

8. Dimensão do Tempo.

Das três (3) dimensões de tempo: passado – presente – futuro são sobretudo o passado e o
presente que assumem em relação a cultura e aos fenómenos sociais um valor
significativo. Para ilustrar esta afirmação, John Mbiti um estudioso de África concebe
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que o tempo é um fenómeno bidimensional com um longo passado, um presente e


virtualmente nenhum futuro.
O passado pode entender-se segundo o valor do antigo de origem. O valor de origem e
com justificações de todas as interpretações, de todas as instituições de todos elementos
organizadores da sociedade. O tempo das origens surge assim, em termos de comparação
e transmuta-se em tempo mitológico.

Segundo ELKIN apud BERNARDI ( 1992:75). O tempo mitológico que nas varias
expressões da era do sonho ou idade do ouro se encontra quase em todas as culturas, é um
modo singular de interpretar e permite ao homem anular as dimensões de tempo e ligar a
sua passagem num contínuo e renovado presente, com o fim de sobretudo manter ou
reconquistar a força impulsiva que havia na origem da vida.

9. Tempo Ecológico e Tempo Estrutural.

No que concerne ao tempo ecológico e estrutural é nos revelado por Evans - Pritchard na
sua concepção diferencia o tempo ecológico do estrutural, que para ele o tempo ecológico
tem um desenvolvimento cíclico determinado pela dicotómia estacionais da terra nuer A
titulo de exemplo o tempo de chuva, de meados de Março, Setembro até Outubro e
tempo de seca de Setembro a meados de Março, não só rege as mudanças de clima como
assinalam, também o movimento de população das aldeias para os campos. O conjunto
destes rítimos migratórios realiza-se no período de um ano e mais o ano e as estações são
conceitos ligados sobretudo as actividades sociais, as iniciações, os casamentos e as
outras cerimónias realizam-se de acordo com o tempo ecológico.

Ao passo que, o tempo estrutural esta ligado a ideia de distância que outros autores
exprimem pelo termo “escala”.
É importante referir que a distância pode ser ecológica e estrutural:
 Distância ecológica é a relação entre a comunidade definida em termos de
densidade e distribuição com referência a água, vegetação, vida animal, e.t.c.
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 Distância estrutural é a relação distintiva entre grupos de pessoa expressa em


termos de valor.
Portanto, a concepção filosófica e o valor metodológico, ecológico e estrutural
indicam a complexidade dos aspectos sobre os quais podem ser considerado o tempo
como o factor da cultura.
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Conclusão

No decurso deste trabalho constatamos que pessoa e cultura são elementos de


factores de cultura em que a pessoa é detentora e criadora da cultura, havendo uma
ralação ambivalente entre a pessoa e a cultura.

No que concerne ao indivíduo e método antropológico estabelecem uma


ralação de confiança e amizade. Para associações comunitárias encontramos:
associações politicas, económicas, sociais e culturais que diferem de acordo com o
objectivo de cada uma delas.

A cultura sendo um fenómeno humano verifica-se desta maneira o sujeito das


relações culturais que é o homem pois é ele que une a cultura. Na questão referente a
tecnologia verificamos que o ambiente, factor da cultura condiciona a actividade
exterior e material do homem com base na técnica.

No entanto, o valor material e simbólico do ambiente reflecte claramente nas


concepções mas propriamente espiritual, ou seja na visão cosmológicas do mundo.

Para terminar importa referenciar que o tempo ecológico e estrutural são


diferentes mas ambos indicam a complexidade dos aspectos sob os quais pode ser
considerado o tempo como o factor da cultura.
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Bibliografia.

AA.VV. Enciclopédia – Verbo: Luso – Brasileira de cultura, século XXI, Lisboa –


São Paulo, editorial verbo, 1999, p1139.

AA.VV. Enciclopédia – Verbo: Luso – Brasileira de cultura, século XXI, Lisboa -


São Paulo, editorial verbo, 2002, pp904 -905.

BERNARDI, B. Introdução aos estudos etno – Antropológicos, Lisboa, edições 70


LTD, 1992, pp49 -77.

MARTINEZ. F,L. Antropologia Cultural, 4ª ed. Maputo, 2003, pp35 -49.


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Índice

Introdução ...........................................................................................................................3
1.Pessoa e cultura.................................................................................................................4
2.Indivíduo e método antropológico..................................................................................5
3. Tipos de associações comunitárias..................................................................................6
4.Património.......................................................................................................................7
5. O sujeito das relações culturais.......................................................................................8
7. O valor material e símbolo do ambiente.........................................................................9
9. O tempo ecológico e estrutural......................................................................................10
Conclusão...........................................................................................................................12
Bibliografia........................................................................................................................13

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