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Embriologia e Filogênese do Sistema Nervoso: as origens | Colunistas

Luana Hussein Salem - Há 248 dias

Índice
1. A relação entre Embriologia e Filogênese
2. Por que surgiu o sistema Nervoso?
3. O aparecimento e desenvolvimento do Sistema Nervoso nos filos
animais
4. Embriogênese
5. Crista Neural
6. Tubo Neural
7. Conclusão
Índice

A relação entre Embriologia e Filogênese

Para entendermos o início do sistema nervoso, precisamos considerar duas dimensões de

tempo complementares: o tempo das espécies e o tempo do indivíduo. A filogênese explica

como o aparato nervoso surgiu dentro das diferentes espécies e foi se transformando e

aprimorando até atingir o nível de complexidade do sistema nervoso central humano. Já a

embriologia nos mostra como essa herança evolutiva se desenvolve através das fases pré-

natais, caracterizando o início do desenvolvimento neural no indivíduo.

Por que surgiu o sistema Nervoso?

Os primeiros seres vivos no nosso mundo eram organismos unicelulares. E para sobreviver e se

adaptar ao meio, essa célula primitiva precisava de três propriedades básicas:

 Irritabilidade: a propriedade de ser sensível a um estímulo e, assim, detectar as

modificações do meio ambiente.

 Condutibilidade: que permite determinar uma resposta em outra parte da célula,

através da condução de uma mensagem.

 Contratilidade: caracterizada como um resposta do organismo para as informações

que recebeu do meio externo por meio do encurtamento da célula para fugir de um

estímulo nocivo.

Um exemplo de ser vivo unicelular que possui todas essas funções é a ameba. Podemos

observar isso quando a tocamos com uma agulha de um micromanipulador, ela irá sentir o

estímulo através da irritabilidade, conduzir essa informação até outras partes da célula por

meio da condutibilidade e, por fim, contrair de um lado e emitir pseudópodes do outro, a fim

de fugir desse estímulo nocivo por meio da contratilidade celular. Apesar de apresentar todas
as funções do protoplasma, a ameba não se especializou em nenhuma delas e suas reações

ainda são muito primitivas.

Conforme os seres foram evoluindo, novas células foram formadas e acabaram se

especializando em cada uma dessas propriedades. Os músculos foram os que se

especializaram na contração e acabaram ocupando uma posição mais interna do corpo. Então

eram necessárias células que conseguissem receber os estímulos do meio ambiente

(irritabilidade) e passá-los para as células musculares internas (condutibilidade), foram os

neurônios que se especializaram nessas duas funções.

Na verdade, especula-se que os neurônios recebem esse nome vindo de uma palavra Grega

antiga traduzida como tendão ou corda, exatamente pela característica de “condutibilidade”,

por parecerem fios que ligam as diversas estruturas do corpo.

O aparecimento e desenvolvimento do Sistema Nervoso nos filos animais

As redes de neurônios surgiram há 700 milhões de anos atrás, em seres marinhos ainda

invertebrados, os celenterados (alguns exemplos desse grupo seriam as hidras e medulas). Eles

apresentavam um sistema nervoso difuso (várias células nervosas espalhadas pelo corpo do

animal), então os neurônios eram interconectados e formavam uma rede nervosa difusa.

Nos equinodermos, por exemplo, a estrela-do-mar, ocorre a formação dos nervos, um

agrupamento de axônios dos neurônios rodeados por uma estrutura fibrosa. Isso ajudou na

organização e condução das informações ao longo de rotas específicas.

Nos platelmintos, como as planárias, elementos do sistema nervoso começam a se agrupar na

extremidade anterior e central do corpo, iniciando um processo de cafalização. Nesse

momento, um pequeno cérebro e cordões nervosos longitudinais constituem o mais simples

sistema nervoso central bem definido.

Esse sistema nervoso vai sendo mais aperfeiçoado em animais como anelídeos, artrópodes e

moluscos cefalópodes.
Já nos vertebrados, o sistema nervoso central e a medula passam a formar o sistema nervoso

central, enquanto que os nervos e os gânglios passam a formar o sistema nervoso periférico.

Também observamos neste grupo especializações regionais de ambos os sistemas.

Figura 1: Biologia de Campbell – Reece – 10° edição

Embriogênese

Durante a evolução, os primeiros neurônios surgiram na superfície do corpo, como uma forma

de relacionar o animal ao meio externo. Seguindo esse raciocínio, se levarmos em

consideração os três folhetos embrionários (ectoderma, mesoderma e endoderma), o folheto

que está em contato com o meio externo é o ectoderma, e será dele que surgirá o Sistema

Nervoso.

A partir do vigésimo (20º) dia de gestação, início da terceira semana, o ectoderma sofre um

espaçamento por influência indutora da notocorda, virando a Placa Neural. Essa placa irá

crescer e se curvar para dentro, formando o Sulco Neural e, posteriormente, a Goteira Neural,

com formato semelhante a uma gota.

Durante essa dobradura, acaba sendo formada uma aba da ectoderme, a Crista Neural. Essa

estrutura será a responsável por dar origem aos elementos do Sistema Nervoso Periférico.
Após formada, a goteira neural irá se fechar no polo superior e formar uma espécie de tubo, o

Tubo Neural, que percorre todo o eixo ântero-posterior do embrião, processo conhecido como

Neurulação. Essa estrutura dará origem ao Sistema Nervoso Central.

Figura 2: Neurociências, Desvendando o Sistema Nervoso – Mark F. Bear – 4ª edição

Crista Neural

Inicialmente, a crista neural é uma estrutura contínua, sofrendo pequenas fragmentações

posteriormente. Essas divisões da crista migram para muitas regiões do embrião, formando

uma variedade de tecidos, como os neurônios periféricos, gânglios sensitivos e viscerais,

meninges Dura-máter e Aracnóide, células de Schwann, dentre outros. As fragmentações da

Crista Neural são as responsáveis pela formação do Sistema Nervoso Periférico, mas também

de outras estruturas fora desse sistema, como partes dos dentes e ossos cranianos.
Tubo Neural

O processo de fechamento da gota neural não ocorre simultaneamente em todo o embrião. A

gota vai se fechar mais rapidamente nas regiões centrais e mais devagar nas extremidades. As

últimas partes do Sistema Nervoso a se fechar são o Neuróporo Rostral e o Neuróporo Caudal,

dois orifícios presentes respectivamente na extremidade cranial e caudal do embrião. O

fechamento completo do tubo vai ocorrer na quarta semana, quando o Neuróporo Caudal

finalmente se fecha por completo. Todo sistema nervoso central se desenvolve das paredes do

tubo neural, enquanto que seu lúmen dará origem às cavidades ventriculares e ao canal

central da medula.

Conclusão

Parafraseando Ernest Haeckel, a rápida e breve embriologia, parte da ontogenia, é uma

sinopse condensada da longa e lenta história da filogênese. Sendo o conhecimento dessa

evolução filogenética útil no estudo do aparecimento, desenvolvimento e embricamento do

Sistema Nervoso, permitindo correlações entre as diferentes espécies e o próprio ser humano.

Notamos por meio dessas correlações como o desenvolvimento embrionário e fetal humano

refaz grosseiramente este mesmo curso evolutivo, não através de adições terminais de novas

estruturas, mas por meio de fatores, principalmente, ambientais que influenciaram e

selecionaram todos esses seres vivos.


Figura 3: O tamanho e o peso do cérebro humano em comparação com outros animais

Imagem retirada do site hypescience

Link:https://hypescience.com/veja-o-tamanho-e-peso-do-cerebro-humano-em-comparacao-

com-outros-animais/

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