CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE TRANSPORTES
ENGENHARIA CIVIL
FORTALEZA
2021
ALEX CACAU MONTENEGRO
IVAN ACIOLI NOGUEIRA RIBEIRO FILHO
LETÍCIA DA SILVA PAULO ESSABBÁ
FORTALEZA
2021
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 3
2 MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................................... 4
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................................. 5
3.1 Cenário 1: Travessia não sinalizada.................................................................................. 5
3.2 Cenário 2: Faixa de travessia elevada............................................................................... 6
3.3 Cenário 3: Semáforo com botoeira para pedestres ........................................................... 7
3.4 Resumo dos resultados obtidos por cenário ..................................................................... 8
4 CONCLUSÃO ....................................................................................................................... 10
3
1 INTRODUÇÃO
Representar o deslocamento seguro dos pedestres é cada vez mais difícil, tendo em vista
a crescente saturação das vias - e consequente aumento do caos urbano - pela adição de mais
veículos na frota, já que se deve, conjuntamente, atender às necessidades da demanda veicular
e de outros modos de transportes, que crescem continuamente (VASCONCELOS, 2004).
Tendo em vista a vulnerabilidade física dos pedestres, as especificidades desse grupo
diante do cenário urbano, em particular em uma interseção não semaforizada, faz-se necessário
a compreensão do comportamento dos pedestres e a interação destes com os transportes,
principalmente nestes pontos onde estão mais suscetíveis a acidentes. Através desse
conhecimento é possível identificar parâmetros e assimilar a decisão dos pedestres,
possibilitando um melhor planejamento urbano e sistemas de transportes de modo mais
sustentável e seguro (ARIOTTI, 2006).
Sendo assim, o presente trabalho apresenta análises de três cenários distintos, sendo
todos referentes à travessia em meio de quadra de pedestres, através de microssimulação tendo
por objetivo a comparação de parâmetros que podem ser estimados nesses três cenários a fim
de identificar as disparidades entre eles e verificar a situação que seja mais favorável para os
pedestres dentro das particularidades de um desses cenários. O primeiro refere-se a uma
travessia sem sinalização, o segundo à uma travessia com faixa de pedestres elevada e o terceiro
com a presença de um semáforo com botoeira.
4
2 MATERIAIS E MÉTODOS
Sendo assim, admite-se que a velocidade de fluxo livre daquele segmento, diferentemente do
cenário anterior, não sofre alterações, porém, a prioridade para a travessia do pedestre torna-se
mais severa, garantindo que todos os veículos irão realizar parada quando indicado. Porém o
pedestre também deverá aguardar e seguir o fluxo de acordo com o sinalizado, considerando
uma situação ideal onde esses atores são do tipo obedientes.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
velocidade desejada pelos veículos, visto que o fluxo não seria interrompido em nenhum
momento. Da mesma forma, não se mostra coerente o cálculo de um atraso para os veículos, já
que estes estão com total prioridade de rota e a via não se encontra no limite da capacidade,
fazendo com que o atraso destes seja sempre zero.
Para os pedestres, no entanto, foi possível perceber que a velocidade média de travessia
ficou em torno de 2,20 km/h enquanto o atraso médio da simulação foi de 21,7 segundos,
quando foi adotada uma alta demanda de veículos. Quando considerada uma demanda baixa de
veículos, a velocidade passou a ser de 3,67 km/h, em média, enquanto o atraso reduziu para 4,8
segundos, uma diferença de quase 80% entre essas duas situações.
Essa disparidade observada reflete o impacto negativo do aumento do fluxo veicular no
tempo de espera dos pedestres quando não se tem infraestrutura voltada para estes que são os
mais vulneráveis nas interações de locomoção.
Neste cenário, os pedestres passam a ser considerados como prioridade, com a presença
de uma faixa de travessia elevada. Dessa forma, a principal mudança na característica da via
foi a redução de velocidade dos veículos para 50km/h, já que para a implementação de tal
elemento não é aconselhável uma velocidade de fluxo livre tão alta (60 km/h), além da nova
regra de prioridade para os pedestres.
Sendo assim, pode-se observar que os pedestres não mais realizam procura por brechas,
possuindo um atraso que tende a zero, assim como acontece com os veículos no cenário anterior.
Os veículos, por sua vez, apresentam agora um atraso médio de 6,2 s no alto tráfego (1000
veíc./h/faixa) e 2,2 s no baixo tráfego (500 veíc./faixa), passando a trafegar em velocidades
menores com médias de 31,7 km/h e 37,1 km/h em alto e baixo tráfego, respectivamente.
Para representar a faixa elevada foi estabelecida uma distância de frenagem de 19 m
antes da faixa, que foi dimensionada utilizando-se do maior tempo de reação de frenagem na
categoria de comportamento Normal e a velocidade máxima da via (50 Km/h).
7
No terceiro e último cenário, tem-se uma travessia semaforizada com botoeira para
pedestres, o que implica em uma distribuição de tempo mais rígida tanto para o fluxo de
veículos quanto para o de pedestres. Considerando que todos os atores seguem as indicações de
sinalização, pode ser percebido, nesse cenário, uma alteração relevante tanto no atraso dos
pedestres quanto na velocidade dos veículos.
(velocidade dos veículos em alta e baixa demanda) nota-se que há uma diferença significativa
entre essas duas médias (valor-p < 0,05).
Dessa forma, pode-se inferir que a presença do semáforo possui diferentes impactos a
depender do fluxo de cada usuário. Como não foi proposta nenhuma mudança na demanda dos
pedestres em nenhum dos cenários, não observa aqui uma diferença entre as velocidades e os
atrasos deles em condições de alto e baixo tráfego, visto que o único impedimento para a
realização da travessia é o tempo estipulado no semáforo, que também não sofreu alterações
nas situações de alto e baixo tráfego.
4 CONCLUSÃO
Com o presente estudo foi possível obter medidas de desempenho de uma travessia para
pedestres submetida a 3 cenários de operação distintos: travessia sem semaforização, travessia
elevada e travessia com semáforo e botoeira para pedestres. Percebeu-se, analisando os
resultados das simulações, que o cenário que menos penalizou ambos os atores da travessia, no
caso em questão, foi a travessia elevada, visto que ela proporcionou baixos tempos de espera
tanto para veículos quanto pedestres nas duas condições de fluxo veicular analisadas, mas sem
que a velocidade de fluxo dos veículos reduzisse muito.
Além disso, para os fins deste estudo, não foram incluídos cenários de existência de
pedestres oportunistas, o que não deixa de ser uma limitação da metodologia adotada.
Por fim, a ferramenta VISSIM, utilizada para realizar as simulações, mostrou-se
adequada quanto à modelagem do comportamento dos pedestres e da geometria dos elementos
da travessia.
11
REFERÊNCIAS
Modeling Reaction Time in Car-Following Behaviour Based on Human Factors, Atif Mehmood
and Said M. Easa, 2009, p. 715.