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A Avaliação Antropométrica na Escola: Email: Senha: (esqueci)
Mais Que Uma Abordagem Anátomo-
fisiológica Entrar Cadastre-se
Introdução
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (1998), um dos objetivos do Ensino Fundamental (3°
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e 4° Ciclos) é:
"fazer com que os alunos sejam capazes de conhecer o próprio corpo e de cuidar, valorizando e
adotando hábitos saudáveis como um dos aspectos básicos da qualidade de vida e agindo com
responsabilidade em relação à sua saúde e à saúde coletiva" (pág. 7).
Tendo isso em vista, este estudo justifica-se pelo intuito de propor uma avaliação antropométrica na
escola como forma de acompanhar o desenvolvimento dos alunos, tendo a intenção de fazê-los
conhecer a diversidade de padrões de saúde, beleza e desempenho que existem nos diferentes
grupos sociais, analisando criticamente os padrões divulgados pela mídia. Dentro de uma
perspectiva que não sirva apenas como uma forma de classifica-los ou para se obter uma informação
vazia e sem utilidade.
O objetivo deste trabalho é: analisar a possibilidade de uma avaliação antropométrica na escola nos
quatro anos finais do Ensino Fundamental como um ponto de partida para se configurar, nas aulas de
Educação Física, momentos de reflexão e discussão sobre o corpo, sociedade, ética, estética e
relações interpessoais.
Não é intenção do autor tentar trazer de volta ideais da concepção higienista de Educação Física,
onde havia a preocupação singular de formar pessoas sadias, fortes, dispostas a ação, muito menos
da concepção Eugenista com uma perspectiva de seleção, eliminando os fracos e premiando os
fortes, no sentido de "depuração da raça" (Ghiraldelli, 1988).
E sim, desenvolver uma grande oportunidade de se trabalhar aspectos ligados a saúde, e abordar
temas atuais como: importância da prática de atividade física; mídia e o processo de criação de
estereótipos; alimentação; atualidades do esporte; características relacionadas ao gênero e respeito
às diferenças; sexualidade, entre outros.
Portanto, essa proposta de avaliação antropométrica não é um ato isolado de avaliar por avaliar para
se obter dados que, provavelmente, sem um aprofundado debate não leve a nenhum processo de
reflexão e conscientização.
"A educação física escolar é uma disciplina que trata, pedagogicamente, na escola de uma área
denominada aqui de cultura corporal" (COLETIVO DE AUTORES, 1992, P.62). No seu corpo de
conteúdos podem ser abordados assuntos relacionados à saúde, valores éticos, sociais, culturais e
políticos.
Ela pode proporcionar informações e estimular os estudantes à adoção de comportamentos
favoráveis para a manutenção ou aprimoramento de componentes do estilo de vida relacionados à
saúde, através de intervenções que promovam não só o desenvolvimento de habilidades físicas, mas
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também de habilidades cognitivas, afetivas e sociais que por fim reflitam em comportamentos mais
conscientes, autônomos e positivos em relação à saúde e qualidade de vida.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (1998) propõem três blocos de conteúdos, onde um deles é o
conhecimento sobre o corpo. Para se conhecer o corpo, além de abordar os conhecimentos
anatômicos, fisiológicos e biomecânicos, é importante a compreensão da dimensão emocional.
Segundo COLL (1996) e ZABALLA (1999), conteúdo está relacionado com conhecimento ou saber,
portanto, é tudo aquilo que possui um objetivo de aprendizagem em uma proposta educacional.
DANTAS (2005) trata incessantemente do tema corpo, abordando-o historicamente dentro de várias
perspectivas (ética, cultural, sócio-política, artística, estética, entre outras). E segundo Romero,
autora de um dos capítulos do livro:
"urge uma mudança de mentalidade e de práxis educativa, a partir de uma conscientização corporal,
e, nesta mudança, é preciso que haja um pensamento uníssono em torno de um objeto: o homem.
Mas é preciso vê-lo não dissecado ou decantando seus movimentos, mas vê-lo na sua totalidade, na
sua corporeidade" (p. 89).
No entanto, a Educação Física em nosso sistema de ensino, geralmente, tem sido caracterizada pela
prática de exercícios físicos, ou práticas esportivas, desprovidas de um planejamento educacional
com objetivos claramente estruturados, uma metodologia bem fundamentada e uma avaliação
criteriosa.
Sobre isso, SHIGUNOV & NETO (2002) relatam que observa-se que na Educação Física escolar não
constam objetivos direcionando o ensino desta disciplina para uma prática continuada das atividades
físico-motoras, e em muitas escolas, as aulas teóricas são praticamente inexistentes. Além disso, na
preparação das aulas, poucos são os que modernizam os conteúdos, os processos e os objetivos,
ministrando todos os anos o mesmo assunto.
Isso tem contribuído para construção de uma concepção técnico-esportiva que permanece
hegemônica, reproduzindo e reforçando um modelo de homem e sociedade excludente, alienante e
pouco significativo em termos de valores para a qualidade de vida.
As aulas de Educação Física não devem atingir extremos: totalmente prática ou somente teorização.
A Educação Física é uma área de conhecimento que possui uma especificidade: o movimento
humano consciente. É preciso que a prática seja realizada com embasamento teórico, sem perder
suas características.
O movimento a ser privilegiado na ação educativa deve vir revestido de uma dimensão que extrapola
limites orgânicos e biológicos, deve ser analisado em sua totalidade, resultante segundo Castellani
(1988) da interação bio-fisiológica e sócio-cultural.
Por isso, é importante que o aluno perceba o ser humano como um todo (ser biológico, social e
cultural) e não mais numa visão cartesiana, onde o homem é dividido em partes.
Medidas como massa corporal, estatura, percentual de gordura, perímetros (torácico, abdominal,
braço, antebraço, coxa, perna) podem ser mensuradas numa nova perspectiva de conhecimento do
corporal, além de análise postural.
É importante que se utilize metodologia, protocolos e critérios de avaliação adequados. Além disso,
as avaliações devem ser periódicas, permitindo uma comparação.
Todo o processo deve ser discutido para que os alunos não adotem uma postura passiva de apenas
absorver as informações. O quê está sendo medido, como e para quê, à todo momento deve estar
claro para os alunos. Inclusive, com os mesmos podendo participar da mensuração.
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Os resultados não devem ter impacto negativo, a avaliação deve ser encarada com naturalidade e
servir de base para futuros planos e conquistas nos diferentes aspectos, e numa perspectiva de
prevenção.
O diálogo deve ser permanentemente estabelecido para que aconteça a abordagem de outras
temáticas imprescindíveis para concretização de uma prática pedagógica reflexiva e consciente. Só
assim é que surge a oportunidade de se fazer uma ligação com questões sócio-culturais como:
envelhecimento, sexualidade, diferenças de gênero (construção cultural e fatores biológicos),
deficiências motores e respeito às diferenças, crescimento e desenvolvimento, modismo e
estereotipação, esteróides anabolizantes, atividade física e saúde (qualidade de vida e fitness), entre
outras.
Considerações finais
A avaliação antropométrica não pode ser considerada como solução para a abordagem de
conhecimentos relacionados ao corpo. Na verdade, ela é apenas mais um instrumento que se
utilizado de forma coerente, e dependendo da intencionalidade, pode fornecer informações para
aquisição de conhecimento sobre o próprio corpo e, de valorização e adoção de hábitos saudáveis.
Além de compor um programa de análise e reflexão da realidade com seus grandes problemas sócio-
culturais.
A prática desta avaliação deve partir de alguns pressupostos que direcionam, orientam, não só a
intencionalidade de quem propõe a avaliação mas, igualmente, a escolha dos procedimentos a
serem adotados e, principalmente, o que fazer com os resultados conseguidos.
O interesse dos alunos por temas ligados ao corpo e saúde é compreensível já que são
conhecimentos que têm significado e que podem ser utilizados em suas vidas diárias. Também são
temas abordados constantemente pela mídia. Além disso, fazem referência à estética, aspecto
valorizado pelos adolescentes.
Esta aproximação com a realidade dos alunos, pode propiciar o confronto do conhecimento científico
com o saber que esses trazem do cotidiano. Além disso, o aprofundamento sobre a realidade através
da problematização desperta curiosidade e motivação nos alunos.
Porém, na atualidade a expectativa de corpo que se tornou hegemônica está fundamentada a partir
de seu culto. Assim, a mercadorização do corpo torna-se presente na sociedade atual, na qual esse
corpo mercadoria é moldado e vendido pelo mercado, constituído por academias, clubes,
medicamentos e produtos de beleza, manuais de dieta e intervenções cirúrgicas que têm se
expandido cada vez mais.
Cabe também a Educação Física escolar desmistificar essa visão de corpo-mercadoria e fazer com
que os alunos conheçam a diversidade de padrões de saúde, beleza e desempenho que existem nos
diferentes grupos sociais, analisando criticamente os padrões divulgados pela mídia e evitando o
consumismo e o preconceito
Obs. O autor, prof. Vagner Maia Brandão (vagnermaiab@ig.com.br) leciona na rede municipal de R
das Ostras
Referências bbliográficas
cev.org.br/biblioteca/a-avaliacao-antropometrica-escola-mais-que-uma-abordagem-anatomo-fisiologica/ 3/4
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Ghiraldelli JUNIOR, Paulo. Educação Física progressista: a pedagogia crítico-social dos
conteúdos e a Educação Física brasileira. São Paulo: Loyola, 1988.
Shigunov, Viktor & Neto, Alexandre Shigunov. Educação Física: conhecimento teórico x
prática pedagógica. Porto Alegre: Meditação, 2002.
Zaballa A. Introdução. In: Como trabalhar os conteúdos procedimentais em aula. 2º ed. Porto
Alegre: Artes Médicas Sul Ltda., 1999.
Zaballa A. Educação Física. In: Como trabalhar os conteúdos procedimentais em aula. 2º ed.
Porto Alegre: Artes Médicas Sul Ltda., 1999.
Comentários
3 Comments
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Oseas Balieiro
Muito bom, muita informação legal...
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Taís Cruz
Ótimo!
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Getúlio MB
*_*
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:-)
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