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Nº 5 - Setembro, Outubro, Novembro e Dezembro 

de 2001

O Mistério da Serra de 


Sintra

Região Enigmática

Uma verdadeira cidade subterrânea, formada por túneis e grandes galerias, a partir do
Castelo dos Mouros e construídos pelos mouros e pelos Templários há cerca de oito
séculos, fez com que a Serra de Sintra se pareça mais com um enorme queijo "gruyère"
do que com uma montanha, a quem já Ptolomeu apelidava de Montanha da Lua, nome
aliás repetido por Camões quando a ela se refere, em verso, nos "Lusíadas".

Em tempos ainda mais remotos, Festo Avieno chamou-lhe Ofiusa, palavra de origem
grega significando "terra das serpentes". Serpentes seriam, segundo vários autores, os
ídolos das tribos indígenas, mas não se pode esquecer que os Iniciados em determinada
Via do Conhecimento eram conhecidos por idêntico nome.

O cruzado Osborne, um dos voluntários estrangeiros na conquista de Lisboa aos mouros


por D. Afonso Henriques, e o primeiro "repórter" da História de Portugal, nas suas
crônicas, disse sobre a serra de Sintra que se tratava de uma região tão enigmática ao
ponto das éguas ficarem prenhas apenas devido ao vento...

Pedras que crescem

Abílio Duarte, guardador antiqüíssimo do Castelo dos Mouros, declara:

- Aqui no castelo acontecem coisas estranhas. As pedras até parecem que crescem, tal e
qual como as pessoas.

Abílio Duarte falou sobre a existência dos túneis da serra da Lua, existência igualmente
garantida por documentos antigos, só que de impossível demonstração, pois essas
galerias encontram-se obstruídas, nas suas entradas, por grandes porções de terra e
entulho, embora notando-se perfeitamente os vários tipos de acesso.

Guiando-nos até junto das entradas de diversos túneis, parte deles escavados nas rochas,
Abílio Duarte insiste:

- Tudo isto, aqui por baixo, tem subterrâneos. Um deles vai ligar ao Convento dos
Capuchinhos, que fica a oito quilômetros daqui, e um outro desemboca perto da
povoação do Rio de Mouro, mesmo junto ao ribeiro que passa naquela povoação.

Outras galerias, segundo antigos textos, descem pelo interior da montanha até ao Palácio
da Vila, edificação mais moderna, mas não menos enigmática em certos aspectos de sua
arquitetura, para já não falar no Palácio da Penha, erradamente conhecido por "Pena",
mandado edificar por D. Fernando II, verdadeira jóia de simbologia oculta, igualmente
minado por longos subterrâneos que ninguém sabe onde levam.

Outro local onde se descobriram túneis e passagens plutônicas foi na famosa Quinta da
Torre, também conhecida por Quinta da Regaleira, situada na subida para Seteais.

Esta propriedade, adquirida em 1893 pelo dr. Antônio Augusto de Carvalho Monteiro, a
quem deram a alcunha de Monteiro dos Milhões devido à sua enorme fortuna pessoal,
viria a provar a grande amplitude da rede de subterrâneos da serra de Sintra quando o seu
não menos rico e enigmático proprietário resolveu mandar abrir duas passagens no
subsolo para ligar o palácio à capela e à casa do guarda.

O "Monteiro dos Milhões"

Talvez sem surpresa do milionário, estas obras foram desembocar numa rede de túneis
antigos, surgindo numa das grutas assim postas a descoberto, pequena imagem de pedra
cor-de-rosa, representando um ser com aspecto feminino, mas pisando um animal
parecido com o mitológico dragão, só que exibindo certas formas humanas.

Monteiro dos Milhões veio a falecer oito anos após se terem concluído as obras na quinta
e no palácio, as quais levaram dezenove anos a fazer. Se tivermos em conta o que a
Kabala diz acerca do número oito, seremos forçados a pensar que o mistério se adensa.

Considerado, por alguns, como um dos últimos alquimistas portugueses, o dr. Antônio
Augusto de Carvalho Monteiro seguiu, igualmente, a insólita tradição de fazer buracos
profundos na Montanha da Lua, pois, além das diversas galerias de sua autoria, ainda
encontráveis na Quinta da Regaleira, ordenou a escavação de um "poço" com 30 metros
de profundidade e 6 de largura.

Pelas paredes deste "poço", cuja possibilidade de servir para captar água é posta de parte
por quem nele penetra, desce uma escada em caracol com 139 degraus e apoiada em
colunas.

No fundo depara-se com mais passagens subterrâneas, reforçando a idéia de que tanto
buraco não teria sido aberto por acaso.

A tradição portuguesa é fecunda quanto a referências sobre as grutas e túneis sintrenses,


chegando a fazer parte das lendas do povo de regiões afastadas da Montanha da Lua.

A serra de Montejunto, por exemplo, localiza-se a cerca de cinqüenta quilômetros a


Nordeste da serra de Sintra, mas seus habitantes, segundo o livro de Antônio Oliveira
Melo, Antônio Rodrigues Guapo e José Eduardo Martins: "O Conselho de Alenquer",
pensam e garantem:

"A terra e o mar interpetram-se. De uma ponta à outra, da serra de Sintra à serra de
Montejunto, a montanha está rota por baixo e o mar chega a entrar por ela dentro".
O Reino de Agharta

Será esta montanha, às portas de Lisboa, uma das Cem Portas do mais fabuloso que
mítico Reino de Agharta, onde "reside" o Rei do Mundo?

Helena P. Blavatsky, fundadora da Teosofia, falou nesse país subterrâneo em 1888, na


sua obra "A DOUTRINA SECRETA", a "bíblia" de grande número de ocultistas. Mas foi
alguns anos mais cedo que a lenda ou história verídica de Agharta teve a sua maior
divulgação junto ao público, com as obras insólitas de Saint-Yves d'Alveydre.

Nelas este estranho homem profetizou muitos acontecimentos de grande relevo que
vieram a suceder alguns cem anos depois da sua morte, entre eles a implantação do
Comunismo na China, e a união da Europa, ou Comunidade Econômica Européia...

Após contatos com uma personagem misteriosa, a quem chamou Instrutor, o escritor
publicou a "Missão da Índia", livro enigmático, onde diz revelar os segredos desvendados
por seu Mestre.

O Reino de Agharta seria, então, uma cidade subterrânea e iniciática, onde viveriam
milhões de pessoas, Igreja primitiva conservada em segredo, talvez a equivalência do
Reino do Prestes João, conservando-se assim até a implantação da SINARQUIA no
Mundo.

Com a finalidade de analisar melhor o possível relacionamento de Sintra e o fantástico


Reino de Agharta, interrogamos um kabalista português, investigador que há muito vem
se dedicando a estes estudos.

- O Castelo dos Mouros, localizado no cimo da Montanha da Lua, tem sido assinalado, ao
longo dos tempos, como uma das entradas para o Reino Lendário de Agharta. Também
foi local de existência de uma inscrição profética que se encontrava à entrada do referido
castelo, mas foi mandada retirar por D. João III.

Este rei, a quem grande número de ocultistas e investigadores atribuem a paralisação do


projeto universalista português, quando transformou a Ordem do Templo numa ordem de
clausura, pouco ganhou com a iniciativa, já que o texto da inscrição premonitória ficou
registrado na "Crônica de El-Rei D. Manuel", de Damião de Góis, achando-se igualmente
assinalada na página 201 de "Sintra Pitoresca", um livro de autor anônimo, de 1838:

E prosseguiu ele:

- Tratava-se do vaticínio de uma Sibila sobre o Ocidente e garantia:

"Patente me farei ao Ocidente


Quanto a porta se abrir lá do Oriente
Será cousa pasmosa, quando o Indo
Quando o Ganges trocar, segundo vejo...
Seus divinos efeitos com o Tejo".

É caso para aconselhar que quem souber ler que leia, mas sempre acrescentaremos dois
pormenores importantes, possivelmente ligados a este vaticínio.

Indícios

Um deles é o fato de vários dignatários budistas e outros religiosos orientais estarem a


deixar o Oriente para se fixarem na Europa, incluindo Portugal. Um deles, antes de
iniciar viagem na direção do "movimento" do Sol, igualmente de Oriente para Ocidente,
ter dito aos seus seguidores da Tailândia encontrar-se a Ásia espiritualmente falida,
pretendendo por isso viver num país que estivesse redespertando para as coisas
espirituais.

Outro foi a descoberta, por parte do Kabalista contactado na serra de Sintra, de duas
lápides importantes, fato por ele próprio narrado, através das palavras seguintes:

- Existem, na Quinta da Penha Verde, restos de um Templo dedicado à Lua, onde duas
lápides, escritas em sânscrito - idioma nunca falado na Europa - contam a história da
união do Oriente com o Ocidente, verdadeiro tratado ensinando a viver segundo as regras
canônicas do Espírito Santo.

Talvez não seja, pois, em vão, tudo quanto se escreveu e disse acerca do possível
QUINTO IMPÉRIO de Portugal, desde que o entendamos não como um domínio terreno
ou colonial, mas como um Império Espiritual e Universalista.

Quando o compositor Richard Strauss visitou a zona da Montanha da Lua, considerou-a a


coisa mais bela que tinha visto. Referindo-se ao parque, mandado construir por D.
Fernando II, comparou-o ao jardim de Klingsor, enquanto o Castelo dos Mouros, lá no
alto, definiu-o como o castelo do Santo Graal...

Par quem conheça a história de Parsifal, talvez não seja necessário acrescentar mais...

(artigo publicado no jornal O MUNDO PORTUGUÊS)

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