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UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO

FACULDADE DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS BÁSICAS

2ª GUIA DE ESTUDO DE ANALISE MATEMÁTICA I


PARA CURSOS DE ENGENHARIA

Tema 2: Continuidade de funções reais de uma variável real

Professor: Dr. Yosvany Pedroso González, PhD

Abril 2022
Objetivo geral: Analisar a continuidade de funções reais de uma variável real utilizando
a definição de função continua e o cálculo de limites.
Conteúdos:
1. Definição do conceito de função continua.
2. Descontinuidade de uma função. Tipos de descontinuidade.
3. Teoremas sobre funções continuas.
Bibliografia Básica:
Stewart, J. (2013). Cálculo, Volume I. Tradução da 7ª Edição norte-americana. Cengage
Learning, São Paulo, Brasil.
Bibliografia Complementaria:
1) Sánchez, C. (1983). Análisis Matemático. Tomo I. Editorial Pueblo y Educación. La
Habana, Cuba.
2) Piskunov, N. (1977). Cálculo Diferencial e Integral, Tomo II, Ed. Mir Moscú, 3ª
Edição, Rusia.
3) Kudriávtsev, L.D. (1983). Curso de Análisis Matemático, Ed. Mir, Moscú, Rusia.

INTRODUÇÃO.
Como foi analisado, existem casos de limites de funções que muitas vezes pode ser
encontrado simplesmente calculando o valor da função no ponto. Funções com essa
propriedade são chamadas de contínuas. Veremos que a definição matemática de
continuidade tem correspondência bem próxima ao significado da palavra continuidade
no uso comum. (Um processo contínuo é aquele que ocorre gradualmente, sem
interrupções ou mudanças abruptas)
A ideai geométrica de função continua é semelhante à quando traçamos o gráfico de uma
função sem levantar o lápis.
Com esta guia pretende-se expor os elementos essenciais da continuidade de funções reais
de uma variável real, tanto em um ponto como em um conjunto de pontos. De igual forma
serão analisados aqueles casos em que a função não seja continua precisando o tipo de
descontinuidade; bem como os métodos para o analise da continuidade de funções e
alguns teoremas fundamentais que cumprem.
1. Definição do conceito de função continua.
Como se ilustra na seguinte figura a noção geométrica de continuidade de uma função
num ponto relaciona-se com o comportamento dos valores da função na vizinhança de
esse ponto, de modo que se os pontos (𝑥, 𝑓(𝑥)) sobre o gráfico de 𝑓 aproximam-se ao
ponto (𝑎, 𝑓(𝑎)) do gráfico, então não há quebras na curva.

Figura 1
Assim, é definido o conceito de função continua segundo Stewart 2013, pag. 109.

As funções elementares básicas são continuas em seu domínio de definição, como


expressa o teorema 7 pág., 113, J. Stewart:

Outra forma de combinar as funções contínuas f e t para obter novas funções contínuas é
formar a função composta . Esse fato é uma consequência do teorema 8 pág., 114, J.
Stewart:
Outro teorema importante é, aquele que com frequência expressa informalmente que
“uma função contínua de uma função contínua é uma função contínua”.
Teorema 9 pág., 115, J. Stewart:

Exemplo 2. Analise a continuidade da seguinte função,


1
5𝑥+2 𝑥 1
(4𝑥+2) , 𝑥 < 0, 𝑥 ≠ − 2
𝑓(𝑥) = √𝑒 , 𝑥=0 no ponto 𝑥0 = 0
1−√𝑥
{ 𝑒 1−𝑥 , 𝑥 > 0, 𝑥 ≠ 1

Resolução.
• 𝑓(𝑥) está definida no ponto 𝑥0 = 0, pois é claro que 𝑓(0) = √𝑒.
• lim 𝑓(𝑥) existe, já que:
𝑥→0
1 1 1
5𝑥 + 2 𝑥 5𝑥 + 2 𝑥 𝑥 𝑥
lim− 𝑓(𝑥) = lim− ( ) = lim− (1 + − 1) = lim− (1 + )
𝑥→0 𝑥→0 4𝑥 + 2 𝑥→0 4𝑥 + 2 𝑥→0 4𝑥 + 2
Fazendo mudança de variáveis,
𝑥 2𝑡
𝑡= ⟹𝑥= 𝑒 𝑞𝑢𝑎𝑛𝑑𝑜 𝑥 ⟶ 0, 𝑡𝑎𝑚𝑏𝑒𝑚 𝑡 ⟶ 0
4𝑥 + 2 1 − 4𝑡
1
1−4𝑡 1
𝑥
= lim−(1 + 𝑡 )[2𝑡−2] =
𝑥
Logo, lim− (1 + ) = lim−(1 + 𝑡 ) 2𝑡
𝑥→0 4𝑥+2 𝑡→0 𝑡→0
1
1 1 2 1
lim− (1 + 𝑡)2𝑡 ∙ (1 + 𝑡)−2 = lim− [(1 + 𝑡) ] ∙ lim−(1 + 𝑡)−2=𝑒 2 ∙ 1 = √𝑒
𝑡
𝑡→0 𝑡→0 𝑡→0
(1−√𝑥) (1+√𝑥) (1−𝑥) 1
1−√𝑥 ∙ (1−𝑥)(1+√𝑥)
lim 𝑓(𝑥) = lim+ 𝑒 1−𝑥 = lim+ 𝑒 1−𝑥 1+√𝑥 = lim+ 𝑒 = lim+ (1+
𝑒 √𝑥)
𝑥→0+ 𝑥→0 𝑥→0 𝑥→0 𝑥→0
1
= 𝑒2 ∙ 1 = √𝑒
Por tanto lim− 𝑓(𝑥) = lim+ 𝑓(𝑥) = √𝑒
𝑥→0 𝑥→0

• Obviamente, lim 𝑓(𝑥) = √𝑒 = 𝑓(0)


𝑥→0

Podemos concluir que a função 𝑓(𝑥) é continua no ponto 𝑥0 = 0.



2. Descontinuidade de uma função. Tipos de descontinuidade.
Consequentemente, uma função que não seja continua num ponto, se diz que é
descontinua nesse ponto, ou seja: “Se 𝑓 está definida próximo de 𝑎 (em outras palavras,
𝑓 está definida em um intervalo aberto contendo 𝑎, exceto possivelmente em 𝑎), dizemos
que 𝒇 é descontínua em 𝒂 (ou que 𝒇 tem uma descontinuidade em 𝒂) se 𝑓 não é
contínua em 𝑎”. (Stewart, 2013, pág. 109)
Exemplo 2. A Figura 2 mostra o gráfico da função 𝑓. Em quais pontos 𝑓 é descontínua?
Por quê?

Figura 2
Resolução.
• Parece haver uma descontinuidade quando 𝑎 = 1, pois aí o gráfico tem um buraco.
A razão oficial para 𝑓 ser descontínua em 1 é que não está definida nesse ponto.
• O gráfico também tem uma quebra em 𝑎 = 3, mas a razão para a descontinuidade é
diferente. Aqui, está definida, mas lim 𝑓(𝑥) não existe (pois os limites esquerdo e
𝑥→3

direito são diferentes). Logo 𝑓 é descontínua em 3.


• E para 𝑎 = 5? Aqui, 𝑓(5) está definida e lim 𝑓(𝑥) existe (pois o limite esquerdo e o
𝑥→5

ℝ∎
Os casos específicos de descontinuidade vistos no exemplo anterior dão lugar a
classificação de funções descontinuas:
1º. Descontinuidade evitável: Se 𝑓 é uma função definida de ℝ ⟶ ℝ, descontinua no
ponto 𝑥0 , se diz que 𝑓 presenta uma descontinuidade evitável se: existe o limite de 𝑓 no
punto 𝑥0 , mas é diferente do valor de 𝑓(𝑥0 ) ou simplesmente a função não está definida
no ponto 𝑥0 .
2º. Descontinuidade não evitável: Se 𝑓 é uma função definida de ℝ ⟶ ℝ, descontinua
no ponto 𝑥0 , então podem apresentar-se dois tipos de descontinuidade não evitável:
✓ De 1ª espécie: se os limites laterais no ponto 𝑥0 existem, mas são diferentes.
✓ De 2ª espécie: se alguns dos limites laterais no ponto 𝑥0 não existe.
No diagrama seguinte mostrasse o resumo desta classificação:

Agora vamos ver como detectar descontinuidades quando uma função estiver definida
por uma fórmula.
Exemplo 2. A função ℎ(𝑥) presenta uma descontinuidade evitável em 𝑥 = 0 .
Fundamente.
𝑠𝑒𝑛𝑥
,𝑥 ≠ 0
ℎ(𝑥) = { 𝑥
0 , 𝑥=0
Resolução.
• ℎ(𝑥) está definida no ponto 𝑥0 = 0, pois é claro que ℎ(0) = 0.
𝑠𝑒𝑛𝑥
• lim ℎ(𝑥) existe, já que: lim ℎ(𝑥) = lim 𝑥 = 1.
𝑥→0 𝑥→0 𝑥→0
• Mas, como lim ℎ(𝑥) ≠ ℎ(0), então ℎ(𝑥) presenta uma descontinuidade evitável.
𝑥→0
A seguir, vejamos alguns teoremas sobre funções continuas.
3. Teoremas sobre funções continuas.
Primeiro Teorema de Bolzano: (Sanchez, 1983, pag. 279)
Seja 𝑓 definida e continua sobre o intervalo [𝑎, 𝑏], tal que 𝑓(𝑎) ∙ 𝑓(𝑏) < 0, então existe
𝑐 ∈ [𝑎, 𝑏] tal que 𝑓(𝑐) = 0.

Segundo Teorema de Bolzano: (Sanchez, 1983, pag. 280)


Seja 𝑓 definida e continua sobre o intervalo [𝑎, 𝑏], tal que 𝑓(𝑎) ≠ 𝑓(𝑏). Seja 𝑁 um valor
arbitrário entre 𝑓(𝑎) e 𝑓(𝑏), então sobre o intervalo [𝑎, 𝑏] existe um valor 𝑐 tal que
𝑓(𝑐) = 𝑁.

Primeiro Teorema de Weierstrass: (Roldan, 2013, pag. 113)


Seja 𝑓 uma função continua em um intervalo fechado e acoitado [𝑎, 𝑏], então ela é
acoitada nesse intervalo.
Segundo Teorema de Weierstrass: (Roldan, 2013, pag. 113)
Seja 𝑓 uma função continua em um intervalo fechado e acoitado [𝑎, 𝑏], então nesse
intervalo ela alcança seus valores mínimos e máximos. Ou seja se os pontos 𝑥1 .e 𝑥2
pertencem ao intervalo [𝑎, 𝑏], então, cumpre-se que:
𝑓(𝑥1 ) ≤ 𝑓(𝑥) ≤ 𝑓(𝑥2 ), ∀𝑥1,𝑥2 ∈ [𝑎, 𝑏]

Vejamos uma aplicação do 1º Teorema de Bolzano:


Pensemos em determinar se a equação 𝑥 5 − 18𝑥 + 2 = 0 tem alguma raiz real.
Se assumimos que 𝑓(𝑥) = 𝑥 5 − 18𝑥 + 2, então é fácil verificar que:
𝑓(−1) = 19 > 0 e 𝑓(1) = −15 < 0 ⟹ 𝑓(−1) ∙ 𝑓(1) < 0
Por tanto, segundo o teorema de Bolzano no intervalo [−1,1] existe um valor 𝑐 tal que
𝑓(𝑐) = 0.

ESTUDO INDEPENDENTE.
1. Analise a continuidade da função representada nos pontos que se indicam e classifique
as descontinuidades:

a) x = -5 b) x = -3 c) x = 0 d) x = 4 e) x = 5 f) x = 7 g) x = 8

2. Analise a continuidade da função no ponto que se indica e classifique a


descontinuidade:
3. Determine, de ser possível, o valor de k para que a função dada seja continua no ponto
que se indica:

4. Determine o valor de p e q para que a função dada seja continua no ponto que se
indica.

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