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A Febre tifóide é uma doença de distribuição mundial associada a baixos níveis sócio-
econômicos, situação precária de saneamento básico, higiene pessoal e ambiental.ela pode ser
transmitida pela ingestão de água ou de alimentos contaminados com fezes humanas ou com
urina contendo a bactéria Salmonella entérica sorotipo Typhi. O trabalho tem como objectivo
de compreender melhor sobre a doença quanto o seu desenvolvimento, manifestações clínicas, o
procedimento clínico assim como a sua conduta.
A febre tifóide é uma doença bacteriana, multi-sistêmica, potencialmente fatal causada pela
Salmonella typhi (serotipos A,B,C).
A febre paratifoide é uma doença semelhante e relacionada com à febre tifóide, mas muito
mais rara, causada pela Salmonella paratyphi (serotipos A,B,C).
Características
A febre tifóide é caracterizada por aumento da temperatura que varia entre (38.8-40.5ºC) e
prolongada, que sem tratamento pode durar até 4 semanas.
Etiologia/ Causa
Epidemiologia
Epidemiologia no Mundo e em Moçambique A febre tifóide é rara nos países desenvolvidos,
contudo é endémica em muitos países em vias de desenvolvimento, onde factores
socioeconómicos contribuem para a sua difusão pelas precárias condições de saneamento do
meio. A sua incidência é maior ( >100 casos por 100.000 indivíduos por ano) no centro, sul e
sudeste asiático, e é encontrada com menor frequência em outras regiões da Ásia, África, leste
da Europa e América central e do sul.
Reservatórios
O único reservatório é o homem (doente ou portador). De 10% dos pacientes com febre tifóide
sem tratamento excretam S. typhi nas fezes por um período de até 3 meses, e 1 a 4% tornam-
se portadores assintomáticos crónicos, eliminando a S. typhi pelas fezes ou urina por mais de 1
ano. A situação de portador é mais frequente em mulheres, lactentes e indivíduos com
anormalidades biliares (com ou sem litíase) – chamados“portadores biliares” ou infecção
urinária concomitante por Schistossoma haematobium – chamados “portadores urinários”.
Transmissão
A transmissão da febre tifóide e paratifóide pode ser directa ou indirecta.
A transmissão directa é feita por via feco-oral, a partir do paciente ou portador (doença das
mãos sujas).
A transmissão indirecta é a forma mais frequente e pode ser através de veículos ou raramente
por vectores. Os veículos podem ser hídricos (água contaminada), ou alimentos contaminados
(leite e seus derivados não pasteurizados, carnes e derivados, mariscos, verduras mal cozidos,
produtos congelados e enlatados). Os vectores podem ser moscas (ao pousar em fezes e depois
em alimentos), cães e gatos.
Período de Incubação
Fisiopatologia
Após a ingestão da S. typhi e uma vez no lúmen do intestino, a bactéria multiplica-se, atravessa
a mucosa intestinal e vai infectar os gânglios e tecidos linfáticos do mesentério onde se
multiplicam de novo. De seguida entram na corrente sanguínea, causando a chamada
bacteriémia primária onde são transportados para o fígado e baço. Nestes órgãos dá-se
amultiplicação hepatoesplénica onde enormes quantidades de microrganismos são produzidos
e lançados novamente para a corrente sanguínea. É nesta altura que se produz a chamada
bacteriémia secundária e infecção multisistêmica, que corresponde com as manifestações
clínicas.
Quadro Clínico
Para febre tifoide, o período de incubação (em geral de 8 a 14 dias) está inversamente
relacionado com o número de microrganismos ingeridos. O início é geralmente gradual, com
febre, cefaleia, artralgia, faringite, constipação intestinal, anorexia e sensibilidade e dor
abdominais. Sintomas menos comuns incluem disúria, tosse não produtiva e epistaxe.
Apresenta início insidioso com febre do tipo contínuo, cefaleia, mialgias, astenia, tosse seca e
calafrios.
Dor abdominal, náuseas, vómitos, diarreia que pode ou não ser sanguinolenta ou
menos frequentemente obstipação;
No sistema nervoso central como delirium, estupor, ou coma ocorrem em casos graves.
Em aproximadamente 10 a 20% dos pacientes, lesões cor-de-rosa discretas e
esbranquiçadas (manchas róseas) aparecem em surtos no tórax e no abdome durante a
2ª semana e se resolvem em 2 a 5 dias.
Diagnóstico
Para opter ou diagnosticar a febre tifóide e paratiróide, devem ser obtidas culturas de sangue,
fezes e urina.
Uma elevação de 4 vezes nos títulos de anticorpos O e H em espécimes obtidos com intervalo
de 2 semanas sugere infecção por S. Typhi. Porém, esse teste é apenas moderadamente (70%)
sensível e não é específico; muitas cepas de Salmonella não tifoides têm reação cruzada e a
cirrose hepática provoca um exame falso-positivo.
Teste de Widal – positivo. Lembre-se que este teste é para anticorpos contra salmonella
e pode não indicar infecção activa. Também, é de pouca utilidade devido aos falsos-
positivos que acontecem e os portadores crónicos.
Complicações
As principais complicações são:
Ambas são complicações graves que colocam em risco a vida do doente e que devem ser
prontamente controladas com hidratação, antibioterapia de amplo espectro e cirurgia.
Outras complicações digestivas: colecistite, ulceração do cólon, estomatites, parotidites,
abcesso esplénico e hepático.
Outras complicações incluem: meningite, osteomielite, colecistite, miocardite, nefrite.
Diagnóstico Diferencial
Deve ser diferenciada de outros casos que cursam com febre como:
Malária: o curso da doença é mais curto, excepto nos casos severos a febre é tão elevada.
Geralmente cursa com anemia. O HTZ e teste rápido (casos que não tiveram malária nos
últimos 30 dias) são de fácil acesso e úteis para confirmar ou excluir o diagnóstico da infecção.
Hepatite: apresenta sintomas inespecíficos no período prodrómico, mas depois manifesta-se
com icterícia, hepatoesplenomegália e dor ou desconforto abdominal no hipocôndrio direito.
Pode haver colúria (presença de pigmento biliar na urina).
Enterite bacteriana: há predomínio de sintomas gastrointestinais, sem febre tão alta e
prolongada. O exame a fresco de fezes e a coprocultura, são úteis para confirmar ou excluir
esta infecção.
Infecção aguda por HIV : este quadro é de difícil diagnóstico devido ao facto de ocorrer numa
altura em que o teste imunológico ainda não pode detectar a infecção, mas o clínico deve
suspeitar e fazer o seguimento e testagem posterior do doente (para HIV).
Tratamento
Cloranfenicol é o fármaco de 1ª linha para o tratamento da febre tifóide. Nas formas ligeiras
preferir tratamento ambulatório pela via oral. Nas formas moderadas a graves preferir a via EV.
A Posologia: Cloranfenicol (fármaco alternativo) – adultos e crianças maiores de 2 meses:
50 a 100 mg/kg/dia em 4 tomas,6/6h (máximo 4 gramas/dia no adulto). Um esquema em
adultos seria de cápsulas de 250 mg de 6 em 6 horas ou 500 mg de 6 em 6 horas.
Nos casos graves usar o cloranfenicol succinato sódico EV 500 a 1000mg de 6 em 6 horas.
Reduzir a dose logo que a situação melhore (recordar que o cloranfenicol pode induzir a aplasia
medular que é dose-dependente ou dose-independente).
Os portadores assintomáticos urinários ou biliares devem ser tratados para eliminar o seu
estado de portador. A amoxicilina, cotrimoxazol, ciprofloxacina por via oral são fármacos
usados nestes casos.
Prevenção
A educação para lavagem das mãos antes da confecção dos alimentos e das refeições
são medidas úteis para a prevenção da doença.
O tratamento da água para consumo é fundamental para evitar esta e outras doenças.
Lavagem adequada de frutos, legumes e alimentos que se ingerem crus, e fervura ou
pasteurização do leite e produtos lácteos são também medidas importantes.