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INTRODUÇÃO A DOENÇAS INFECCIOSAS

Doenças infecciosas é uma doença ou distúrbio de funções orgânicas, causada por um agente
infeccioso ou ou as suas toxinas através da transmissão desse agente ou seus produtos, do
reservatório de uma pessoa ou animal infectado indiretamente, por meio de hospedeiro
intermediário vegetal ou animal, por meio de um vetor, ou através do meio ambiente
inanimado. BENENSON, Abram S.

As doenças infecciosas são doenças causadas por microrganismos como Vírus, bactérias,
protozoários ou fungos, que podem estar presentes no organismo sem causar qualquer dano ao
organismo. No entanto, quando há alguma alteração no sistema imune e outra condição
clínica esses microrganismos podem proliferar, causando doença e facilitar a entrada de
outros microrganismos. http/tuasaude.com

As doenças infecciosas podem ser adquiridas por meio do contacto directo de agente
infeccioso ou através da exposição da pessoa á água ou alimentos contaminados, bem como
também por meio da via respiratória sexual ou ferimentos causados por animais. Muitas vezes
as doenças infecciosas também podem ser transmitidas de pessoa para pessoa sendo
denominadas doenças infecto-contagiosas.

Classificação dos agentes infecciosos

As doenças infecto-contagiosas podem ser causadas por Vírus, fungos, bactérias, ou parasitas
e, dependendo do agente infeccioso, podem causar doenças com sintomas específicos. Dentre
as principais doenças infecciosas, podem ser citadas:

 Doenças infecciosas causadas por vírus: viroses, Zica, ebola, e Sarampo;


 Doenças infecciosas causadas por bactérias: tuberculose, vaginose, clamidia,
escarlatina, sífilis, e hanseniase;
 Doenças infecciosas causadas por fungos: Candidiase, Micoses;
 Doenças infecciosas causadas por parasitas: Toxoplasmose.

Outros exemplos específicos:

 Malária: Protozoários do género Plasmodium


 Fasceíte necrotizante: Bactéria do gênero Staphylococcus
 Tétano: Bactéria de gênero Clostridium
 Tuberculose: Bactéria do gênero Mycobacterium
 AIDS (HIV): Vírus: do gênero Lentivirus
 Catapora: Vírus do gênero Varicela-zoster
 Ebola: Vírus do gênero Ebolavirus
 Dengue: Vírus, arbovírus da família Flaviviridae

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 Poliomielite: Vírus Enterovirus da família Picornaviridae
 Caxumba: Vírus do gênero Paramixovírus.

IMUNOLOGIA
Imunologia é o ramo da biologia que estuda as reacções de defesa do organismo. A palavra
“imunidade” é derivada do latim immunis, significando “livre de encargos”. Em essência, o
sistema imune existe para manter a integridade de nossos tecidos através da exclusão ou da
remoção de microrganismos potencialmente danosos ou ameaçadores, que podem invadir os
tecidos, provenientes do meio ambiente.

Imunidade – Estado ou qualidade de um indivíduo que esta protegido contra certas doenças
infecciosas ou contra a acção de certos tóxicos e venenos.

Células mutantes com potencial maligno, que constituem ameaça de origem interna, também
induzem resposta pelo sistema imune.
A imunologia estuda os mecanismos de defesa dos seres vivos responsáveis pela eliminação
dos agentes causadores de doenças como bactérias, vírus, fungos, parasitas, e substancias
estranhas que apois invasão do organismo podem causar danos teciduais.

Existem dois tipos de defesas imunológicas:


1. imunidade natural ou inata: compreende principalmente as defesas preexistentes,
inespecíficas, contra o antígeno.
Esse tipo de imunidade já nasce com a pessoa, representada por barreiras físicas, químicas e
biológicas.

Veja no quadro a seguir quais são e como elas actuam na defesa do nosso organismo

Barreira Acção no organismo


Pele É a principal barreira que o corpo tem contra agentes patogénicos.
Cílios Ajudam a proteger os olhos, impedindo a entrada de pequenas partículas e em
alguns casos ate pequenos insectos
Lágrimas Faz a limpeza e lubrificação dos olhos ajudando a proteger o globo ocular de
infecções.
Muco E fluido produzido pelo organismo que tem a função de impedir que
microrganismos entrem no sistema respiratório por exemplo.
Plaquetas Actuam na coagulação do sangue que, diante a um ferimento, por exemplo, elas
produzem uma rede de fios para impedir a passagem das hemácias reter o sangue
Salivas Ela possui uma substancia uma substancia que mantém a lubrificação da boca e
ajuda a proteger contra vírus que podem invadir os órgãos do sistema respiratório
e digestivo
Suco É um líquido produzido pelo estômago que actua no processo de digestão dos
gástrico alimentos. Devido sua acidez elevada, ele impende a proliferação de
microrganismo.
Suor Possui ácidos graxos que ajudam a pele a impedir a entrada de fungos pela pele.

A imunidade inata também e representada pelas células de defesa, como leucócitos,


neutrófilos e macrofagos.

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Os principais mecanismos da imunidade inata são fagocitose, liberação de mediadores
inflamatórios e activação de proteínas.

2. Imunidade adaptativa ou adquirida: compreende resposta antígeno-específica do sistema


imune com finalidade de neutralizar eficientemente o desafio antigênico e reter a memória, de
modo que qualquer encontro futuro com esse mesmo desafio resultará em resposta protectora
e intensificada.
A imunidade adaptativa a defesa adquirida ao longo da vida, tais como anticorpo e vacinas.
Constitui mecanismos desenvidos para expor as pessoas com objectivo de fazer evoluir as
defesas do corpo. A imunidade adaptativa age diante de algunm problema especifico. Por
isso, depende da ativacao de celulas especializadas, os linfocitos.

Existem dois tipos de imunidade adquirida:


Imunidade humoral: depende do reconhecimento dos antigenos, atraves dos linfocitos B
Imunidade celular: mecanismo de defesa mediado por células, atraves dos linfócitos T.

Durante o seu desenvolvimento, o sistema imune deve ser educado especificamente para
evitar reagir contra os componentes normais do organismo (tolerância). A imunologia pode
ser considerada “a ciência da discriminação próprio-não próprio”.

A importância vital do sistema imune é evidente nas infecções com risco de vida sofrida
pelos pacientes com deficiências imunes (imunodeficiência). Em outras situações, a
imunidade pode responder de maneira muito intensa (hipersensibilidade).
Dessa forma, alguns subprodutos da resposta imune podem ser danosos às nossas células,
entretanto o dano normalmente é limitado pelos rigorosos mecanismos imunes regulatórios.
Deficiências na imunorregulação podem ser a raiz para a causa de doenças como
hipersensibilidade, autoimunidade e alergias.

Factores associados ao ganho/aquisição de imunidade

Exposição ao agente infeccioso – resulta em activação dos linfócitos B e produção de


anticorpos
 Vacinação: é o acto de inocular uma substância biológica a base de microorganismos
mortos ou vivos atenuados, de forma a conseguir uma imunização activa artificial.
Representa forma mais eficiente de evitar doenças, ou seja, de torna imune contra os agentes
infecciosos que causam enfermidades. Desde o nascimento a toda infância devem ser
administradas diversas vacinas, algumas das quais necessitam de doses adicionais ou reforços.

 Transferência passiva de anticorpos da mãe para o bebé

I. Via placentária – IgG (ex: sarampo, varicela)


II. Via aleitamento (colostro e leite) – IgA principalmente (ex: contra doenças
diarreicas), mas também as outras imunoglobulinas (IgG, IgM).
A partir do 2º - 3º mês de vida do recém-nascido, a imunidade adquirida por via materna
começa a decrescer e o recém-nascido começa a produzir os seus anticorpos, porém ainda em
quantidades ínfimas. Por volta do 6º a 9º mês se regista um avançado declínio dos anticorpos
maternos porém ainda permanecem em pequenas quantidades no sangue do bebé até por volta

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dos 15 a 18 meses de vida. É por volta do 6º mês que ocorre o amadurecimento do sistema
imune do recém-nascido e a produção de anticorpos começa a ter um avanço significativo.

Factores associados a redução da imunidade em geral

 Idosos  Doenças crónicas


 Crianças  Malignidade
 Prematuridades  Diabetes
 Malnutrição  Gravidez
 HIV/SIDA  Alterações da barreira cutânea
 Medicamentos

Malnutrição (desnutrição): É a causa mais comum de imunodeficiência adquirida no nosso


meio.
Idade – as crianças e idosos, tem uma diminuição da capacidade de resposta imune. Nas
crianças, isto é devido ao facto do sistema imune estar imaturo; nos idosos, se deve a
ineficiência do sistema imune relacionado com o próprio processo de envelhecimento.
Alguns tipos de cancro: especialmente aqueles que afectam à medula óssea e as células
sanguíneas, também produzem imunodeficiência.

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Gestação – a gravidez induz a um estado de imunodeficiência relacionado com as hormonas
elevadas para suster o feto.
Medicamentos: certos medicamentos induzem a imunodepressão, como o caso de terapia
prolongada com corticosteróides (prednisolona), medicamentos para o tratamento de cancros.
Certas doenças infecciosas também produzem imunodeficiência. Entre elas, a mais
conhecida é a infecção pelo HIV. O HIV ataca às células T auxiliares (CD4) e reduz o seu
número. Isto impede a produção normal de anticorpos, e portanto leva à incapacidade para
lutar contra muitos patógenos. Normalmente, as pessoas com infecção avançada pelo HIV
(estádio de SIDA), morrem devido a uma variedade de doenças infecciosas, que podem ser
virais, bacterianas, fúngicas ou parasitárias.
Outras situações que levam a imunodepressão: alcoolismo, diabetes, radioterapia (uso de
raios X para tratamento de certos cancros).
Quando possível, o tratamento ou eliminação da causa pode resolver a imunodeficiência
adquirida. Porém, até a imunodeficiência desaparecer, muitas vezes é necessário tratar as
infecções oportunistas que aparecem.

Vacinas e seu uso clínico

Vacinas – são substâncias biológicas preparadas no laboratório a partir de microrganismos


causadores de doenças - bactérias ou vírus, e que induzem a produção de certas substâncias
protectoras no corpo (chamados de anticorpos). Portanto, é a indução ou melhoria da
imunidade do organismo de forma artificial através da introdução no organismo dessas
substâncias biológicas (imunidade activa artificial).
Vacinar - é o acto de administrar substâncias biológicas no organismo de forma a criar um
estado de protecção contra determinadas doenças, através de produção (pelo organismo - a
pessoa nesse caso) de defesas (anticorpos) contra as bactérias e vírus que causam tais doenças
Mecanismo de acção

 Geralmente, a substância contida numa vacina tem alguma semelhança com um


microrganismo infeccioso (ou partes dele).
 Depois de um tratamento laboratorial, os microrganismos ou partes deles, perdem o
poder de causar doença. São então inoculados (introduzidos) no organismo humano e
actuam como um antígeno, e estimulam o sistema imune a produzir anticorpos
protectores e células de memória contra aquele microrganismo, mas sem causar doença
(resposta imune primária).Os anticorpos e células de memória produzidos em resposta
a uma vacina permanecerão no organismo durante períodos prolongados de tempo.
Assim, o sistema imunológico de uma pessoa estará preparado para gerar uma potente
e rápida resposta protectora no caso de um patógeno entrar em contacto com o
organismo no futuro (resposta imune secundária).

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Exemplo: a vacina contra o Sarampo contém os vírus que provocam o Sarampo, mas estão
modificados de modo a não provocarem a doença, e ajudam o organismo a produzir as defesas
que lhe vão proteger caso o vírus entre em contacto com o organismo.

Objectivos da Vacina

 Proteger o indivíduo contra algumas doenças infecciosa (Exemplo: vacina antitetânica


– VAT)
 Proteger o indivíduo contra formas graves da doença (exemplo: BCG – que protege
contra formas graves de tuberculose)
 Reduzir a transmissão e o número de novos casos (incidência) geral das doenças
infecciosas preveníveis por vacina no seio da sociedade (no contexto de um programa
alargado de vacinação - PAV)
 Reduzir/limitar a ocorrência de surtos epidémicos.
Composição das vacinas
 As vacinas são produzidas por microrganismos mortos ou vivos inactivados ou
atenuados, ou então pelas toxinas que os microrganismos produzem.
 De maneira geral, as vacinas constituídas por microrganismos vivos são mais
eficientes, mas devem ser preparadas com microrganismos inofensivos ou
modificados, relacionados antigenicamente com os patógenos, que não possam
provocar uma doença infecciosa. O processo pelo qual se enfraquecem os patógenos
para que sejam incapazes de produzir doença é chamado atenuação.
Tipos de vacina

Existem diferentes tipos de vacinas, segundo a estratégia utilizada para diminuir o risco de provocar
doença e manter a capacidade de induzir a resposta imunológica.

Vacinais inactivadas: são constituídas por Patógeno mortos por calor ou substâncias
químicas. Podem ser virais ou bacterianas. Como exemplos podemos considerar as vacinas
contra a hepatite A (viral), gripe (viral), poliomielite (viral), raiva (viral), e febre tifóide
(bacteriana).
Vacinas atenuadas: geralmente estas vacinas contêm Patógeno mutantes não virulentos (não
patógenos). Não é aconselhável administrar este tipo de vacinas a indivíduos com
imunossupresão, já que os patógenos atenuados podem provocar doenças nestas pessoas.
Exemplos são as vacinas de sarampo (viral), rubéola (viral), poliomielite (viral), febre-
amarela (viral), tuberculose (bacteriana, chamada BCG), cólera, febre tifóide.
Vacinas de subunidades: são vacinas que utilizam as partes antigénicas do patógeno, em vez
de utilizar o patógeno inteiro. Normalmente são proteínas. São produzidas no laboratório por
meio de técnicas de cloração. Entre elas estão as vacinas contra hepatite B e o vírus do
papiloma humano.
Vacinas conjugadas. Alguns microrganismos têm antígonos pouco potentes, que não
estimulam o sistema imune o suficiente para gerar uma resposta protectora. Estes antígonos

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podem se ligar quimicamente a proteínas para aumentar a sua antigenicidade e estimular
adequadamente o sistema imune. Por exemplo, as vacinas contra Haemophilus influenza tipo
B, ou meningite meningocócica.
Vacinas com toxóides: um toxóide é uma toxina produzida por um patógeno e que foi
inactivada por calor ou substâncias químicas. Um toxóide pode ser inoculado com segurança
para estimular a síntese de anticorpos contra a toxina produzida por um patógeno
determinado. São muito eficazes. Exemplos são os toxóides contra tétanos, difteria e
botulismo.
Os anticorpos contra toxinas podem ser isolados ou produzidos no laboratório, e são
chamados anti-toxinas. Os soros que contêm anti-toxinas são chamados anti-soros – conferem
imunidade passiva artificial.
As vacinas disponíveis no programa de vacinação em Moçambique

Existem muitas doenças infecciosas imuno-preveníveis, porém, as que são cobertas pelo
Programa Alargado de Vacinação (PAV), são apenas as listadas abaixo:
 BCG - protege contra formas graves de Tuberculose
 VAP: protege contra a Pólio
 DTP/HepB-Hib – chamada de vacina pentavalente por ser constituída por 5
antígenos, protege contra Difteria, Tétano, Pertussis, Hepatite B e Haemophilus
influenzae tipo B
 VAS – protege contra o Sarampo
 VAT – protege contra o Tétano

Embora não sejam administradas de forma rotineira, a Febre-amarela e a Meningite


meningocóccica são também doenças alvo do PAV no contexto de saúde internacional e
prevenção e controlo de epidemias, respectivamente.

CADEIA DE INFECÇÃO E INTERACÇÃO PATÓGENO – HOSPEDEIRO

Exposição ao agente infeccioso – resulta em activação dos linfócitos B e produção de


anticorpos.

Infecção: é a penetração e desenvolvimento de um agente infeccioso no organismo do


homem ou animal. Benenson o.c. ressalta que infeccção não é sinônimo de doença infecciosa
sobretudo pela possibilidade de ser inaparente, ou seja existe a presença de infecção num
hospedeiro sem o aparecimento de sinais ou sintomas clínicos, sendo detectada apenas por
métodos de laboratório. Observe-se porém que a infeção inaparente ou subclínica não
corresponde à fase pré clínica da história natural da doença.

Doença infecciosa – também chamada de doença transmissível, é aquela causada pela


transmissão de um agente infeccioso específico para um hospedeiro susceptível. Exemplo:
malária, tuberculose, brucelose.

Doenças contagiosas – são aquelas que podem ser transmitidas pelo contacto directo entre os
seres humanos, sem necessidade de um vector ou veículo interveniente. Exemplo: o sarampo

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e a sífilis são doenças infecciosas e contagiosas, transmitidas por via respiratória e sexual,
respectivamente.
.
Infecção latente – é quando o agente infeccioso se encontra presente no organismo do
hospedeiro sem causar doença clínica. Exemplo: o bacilo de Koch após penetrar no
organismo do hospedeiro fica latente por algum tempo, até ser reactivado e causar doença
com manifestações clínicas.
Infecção activa – é quando o agente infeccioso, após sua entrada no hospedeiro, está em
replicação.

Infecção aguda – é aquela em que os sintomas clínicos são marcantes e aparecem


rapidamente após a instalação do agente infeccioso no hospedeiro.

Infecção crónica – aquela em que a doença clínica demora a aparecer ou não aparece após
instalação do agente infeccioso no hospedeiro. Segue-se à fase aguda e caracteriza-se pela
diminuição da sintomatologia clínica, devido ao equilíbrio relativo existente entre o
hospedeiro e o agente infeccioso.

Portador – é uma pessoa infectada que não mostra qualquer evidência de doença clínica, mas
que pode transmitir a infecção. É um reservatório humano. Ex: HIV no primeiro estadio da
OMS.

Reactivação – é quando o agente infeccioso que anteriormente estava latente, volta a causar
doença clínica após um determinado período. Vários factores (ex: stress emocional,
imunodepressão, exposição ao sol e frio) podem estar por detrás desta reactivação. Os
principais são os seguintes:
Exemplo: o herpes labial, após um período assintomático e mediante a exposição à
determinados factores (ex: frio ou sol excessivos, imunodepressão), pode ser reactivado e
provocar doença clínica. Outro exemplo é o da varicela, que após um período assintomático,
pode ser reactivado, originando a doença herpes zóster.

Reinfecção é uma infecção provocada pelo mesmo agente que provocou a primeira. A
reinfecção pode ser exógena (proveniente, do meio ambiente) ou endógena (proveniente
proveniente do mesmo organismo).

Patógeno - é uma agente biológico (vírus, bactérias, parasitas ou fungos) capaz de causar
doença. O termo é sinónimo de agente infeccioso. Só uma pequena percentagem de
microrganismos é que são patógenos.
Patógeno oportunistas – são os patógenos que só causam doença em indivíduos
imunodeprimidos ou debilitados.

Patogenicidade é capacidade que um agente infeccioso tem de produzir a doença num


hospedeiro susceptível. Esta capacidade depende tanto do poder invasivo ou virulência deste
agente como da resistência e susceptibilidade do hospedeiro. O grau de patogenicidade ou
virulência deve ser distinguido da capacidade invasiva do agente, sua capacidade de espalhar-
se e disseminar-se no corpo, a exemplo do Clostridium tetani altamente patogênico, graças a

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sua endotoxina mas com limitada capacidade invasiva na pele integra (os esporos do tétano
são introduzidos no corpo através de ferimentos).
Hospedeiro - é uma pessoa ou animal que proporciona um local adequado para que um
agente infeccioso cresça e se multiplique em condições naturais.
Hospedeiro intermediário – é o hospedeiro que alberga o estagio assexuado ou larva.
Exemplo: o hospedeiro intermediário do parasita da malária é o homem.
Hospedeiro definitivo – é o hospedeiro que alberga o estagio sexuado ou verme adulto. Por
exemplo: o hospedeiro definitivo do parasita da malária é o mosquito.
Ciclo de vida – é o conjunto de transformações por que podem passar os indivíduos de uma
especie para assegurar a sua continuidade/existência.

Reservatório - é o habitat natural de um microrganismo e pode incluir humanos, animais e


fontes ambientais (planta, solo ou matéria inanimada). No reservatório, o microrganismo
normalmente vive, se multiplica ou sobrevive, e é deste que poder de ser transmitido a um
hospedeiro susceptível.
Veículos - são objectos ou elementos contaminados que podem transmitir infecção.
São fontes secundárias ou intermediárias que veiculam o agente infeccioso do reservatório
para o hospedeiro, podendo ser fômites (objectos ou elementos contaminados como roupa,
talheres, lencinhos, instrumentos cirúrgicos) ou substâncias de natureza alimentar (água,
alimentos). Exemplo: a água e os alimentos, são veículos do Vibrião cholerae.
Vectores - são seres vivos que transportam o agente infeccioso desde o reservatório até ao
hospedeiro potencial. Os vectores podem ser biológicos ou mecânicos. (exemplo: moscas,
mosquitos).

 Vectores biológicos – são seres vivos, nos quais o agente infeccioso desenvolve uma
parte do ciclo vital antes de passar ao hospedeiro. Ex: o mosquito Anopheles é o
vector biológico do Plasmodium, pois nele, este (Plasmodium) sofre uma série de
modificações e se converte em esporozoítos (fase em que pode ser injectado no
hospedeiro).
 Vectores mecânicos – são aqueles que transportam simplesmente os agentes de um
ponto para outro de uma forma passiva, sem participar do ciclo vital. Exemplo: a
mosca que ao pousar nas fezes, transporta com suas patas cistos de um parasita de um
local para outro, deixando na comida que posteriormente é ingerida pelo hospedeiro.

Cadeia de infecção é um conjunto de elementos (fonte de infecção, via de eliminação, via de


transmissão, porta de entrada, susceptível) relacionados, que demonstra o processo de propagação
de doenças transmissíveis.

História natural das doenças infecciosas no geral


Os períodos de uma doença infecciosa são: período de incubação, prodrômico, de doença e
por fim os períodos de convalescência ou morte (situação a evitar).
O diagrama abaixo mostra os períodos de uma doença infecciosa, de forma sequenciada:

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Período de incubação: é o tempo compreendido entre a deposição do patógeno sobre o
hospedeiro e o aparecimento do sintoma, o sintoma, nesse contexto, refere-se à exteriorização
da doença observável a olho nu. Bergamin filho, ARMANDO; AMORIM, LILIAN

Em epidemiologia, a importância do período de incubação deve-se ao fato de a quantificação


da doença basearse, via de regra, em sintomas visíveis ou casos clínicos definidos,
comprovados ou suspeitos.

Vários factores influenciam a duração do período de incubação tais como:



Estado de imunidade do hospedeiro
Estado nutricional
 Virulência do agente infeccioso
 Dose infectiva
Período prodrómico – é o período durante o qual o paciente se encontra “indisposto” mas
ainda não está com os sinais e sintomas típicos da doença causada pelo agente infeccioso.

Período de doença – é o período em que o paciente apresenta os sinais e sintomas típicos da


doença ocasionada por determinado agente infeccioso (doença clínica).
Período de convalescência – é o período em que o paciente se recupera. Essa recuperação
pode ser completa ou com incapacidades (surdez depois de uma infecção do ouvido, paralisia
após a poliomielite, lesão cerebral após encefalite ou meningite).

Morte: quando a infecção evolui para a perda completa dos sinais vitais do hospedeiro.

Figura 2: História natural das doenças infecciosas

Espectro da doença – é a ampla variação da progressão de uma doença após exposição de


um hospedeiro susceptível ao agente infeccioso. Inicialmente, a doença, na maior parte dos
casos não se pode identificar clinicamente, e só uma pequena parte é clinicamente identificada
podendo ter diferentes evoluções (manifestações clínicas ausentes, ligeiras, moderadas a
graves com ou sem desenvolvimento de defesas, óbito, portador).

Possíveis situações após exposição a um agente infeccioso

a) Doença aguda
b) Doença subclínica

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c) Infecção crónica/lactente
d) Imunidade
e) Reactivação – é quando o agente infeccioso que anteriormente estava latente, volta a
causar doença clínica após um determinado período. Vários factores (ex: stress
emocional, imunodepressão, exposição ao sol e frio) podem estar por detrás desta
reactivação
f) Transmissão – é a transferência de um microrganismo (agente infeccioso) de um
hospedeiro/reservatório para uma porta de entrada através do qual a infecção pode
ocorrer. Quando a transferência é imediata (exemplo: toque, beijo, relação sexual, tossir
ou espirrar) fala-se de transmissão directa. Quando a transferência envolve um vector,
veículo, fala-se de transmissão indirecta.
PRINCÍPIOS DE TERAPÊUTICA ANTIMICROBIANA

Antibiótico
Medicamento capaz de combater uma infecção causada por microrganismos.
Antibiótico (do grego αντί - anti + βιοτικός - biotikos, "contra um ser vivo") é qualquer
medicamento capaz de combater uma infecção causada por microorganismos que causam
infecções a outro organismo. Não destroem vírus. http://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-
portuguesa/antibióticos
O termo antibiótico tem sido utilizado de modo mais restrito para indicar substâncias que
atingem bactérias, embora possa ser utilizado em sentido mais amplo contra outros parasitas
(protozoários, fungos ou helmintos).
Ele pode ser bactericida, quando tem efeito mortífero sobre a bactéria, ou bacteriostático,
se interrompe a sua reprodução ou inibe seu metabolismo mas também causa efeitos
significativos em doenças causadas por vírus como a gripe.
http://www.patient.co.uk/health/antibiotics-leaflet
As primeiras substâncias descobertas eram produzidas por fungos, como a penicilina.
Atualmente, existem também antibióticos sintetizados ou alterados em laboratórios
farmacêuticos para evitar resistências e diminuir efeitos colaterais.

Antimicrobianos - um grupo de agentes quimioterápicos usados para tratar doenças causadas


por micróbios.
Espectro bacteriano – é a diversidade de bactérias que são afectadas pelo agente anti-
bacteriano. Assim, os anti-bacterianos podem ter dois tipos de espectro:
 Amplo espectro – são aqueles que são capazes de destruir tanto bactérias gram
positivas quanto gram negativas. Exemplo: ampicilina, cloranfenicol, tetraciclina,
rifampicina
 Espectro limitado - são aqueles que são capazes de destruir apenas bactérias gram
positivas ou gram negativas, mas não ambos tipos. Exemplo: contra apenas gram
positivas – vancomicina. Contra apenas gram negativas: ácido nalidíxico

Tratamento – é o conjunto de meios biológicos, cirúrgicos, farmacológicos, físicos,


higiénicos e psíquicos usados para curar, atenuar ou abreviar uma doença.

Profilaxia – conjunto de medidas (exemplo, vacinas, medicamentos, etc) que têm como
objectivo proteger o indivíduo ou sociedade de uma determinada doença.

Quimioprofilaxia – é a utilização de substâncias químicas (fármacos) para proteger o


indivíduo ou sociedade de uma determinada doença. Exemplo: quimioprofilaxia de infecções
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oportunistas em pacientes HIV positivos com recurso ao cotrimoxazol, ou quimioprofilaxia de
tuberculose em crianças menores de 5 anos contactos de pacientes com TB infecciosa e em
pacientes HIV positivos com recurso à isoniazida.

Quimioterapia - uso de substâncias químicas para matar organismos patogénicos sem


prejudicar o hospedeiro. É um tipo de tratamento em que se utilizam medicamentos para

combater o câncer. Agentes quimioterápicos (drogas) – qualquer substância química usada


na prática médica.

Tratamento empírico – é o tratamento iniciado pelo clínico com base num determinado
quadro clínico ou doença cujo diagnóstico etiológico não foi confirmado, guiando-se em
algoritmos padronizados para uso geral. Exemplo: num quadro compatível com cistite, após a
colheita de urina para estudo laboratorial, o clínico inicia tratamento com amoxicilina, tendo
em conta que a Escherichia coli é o agente etiológico mais frequentemente relacionado com
esta infecção.

Tratamento específico – é o tratamento iniciado pelo clínico para uma determinada doença
cujo agente etiológico já foi determinado. Exemplo: um paciente com tosse com expectoração
há mais de 2 semanas, febre, emagrecimento, com baciloscopia positiva para o bacilo de
koch, o clínico decide iniciar o tratamento específico para a tuberculose pulmonar.

Tratamento curativo – é o tratamento que visa curar ou eliminar o agente etiológico que
determinou a doença. Exemplo: um paciente com diagnóstico estabelecido de malária, o
clínico decide iniciar o tratamento para curar o paciente da malária, eliminando o agente
etiológico.

Tratamento intermitente – é o tratamento que é administrado ao paciente em períodos de


tempo regulares e de forma sistemática com vista a tratar ou prevenir uma determinada
doença ou seus efeitos. Exemplo: na fase de manutenção do tratamento da tuberculose pode-
se dar os medicamentos anti-tuberculose 3x por semana e não diariamente ; fansidar na mulher
gravida.

AO ADMINISTRAR O TRATAMENTO FARMACOLÓGICO, O CLÍNICO DEVE


TER EM MENTE O TIPO DE RESULTADO (DESCRITOS ACIMA) QUE
PRETENDE ALCANÇAR, E USAR OS FÁRMACOS DE FORMA RACIONAL.

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