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DESCRIÇÃO

A concepção dos direitos humanos e a efetivação na dignidade da pessoa humana nas esferas
internacional, interamericana e nacional.

PROPÓSITO
A compreensão do verdadeiro sentido do termo “direitos humanos” é fundamental para
superar
preconceitos, discriminações e injustiças com que as pessoas humanas se
depararam e
poderão se deparar ao longo da vida, cabendo ao profissional psicólogo atuar
a fim de
promover o bem-estar integral do indivíduo social.

PREPARAÇÃO
Antes de iniciar seu estudo, tenha em mãos a Declaração Universal de Direitos Humanos, de
1948, e a Constituição Federal do Brasil de 1988.

OBJETIVOS

MÓDULO 1

Reconhecer a dignidade da pessoa humana na ordem


jurídica brasileira.
MÓDULO 2

Aplicar os direitos humanos no dia a dia e no


exercício profissional do psicólogo.

MÓDULO 3

Identificar a origem dos direitos humanos na


comunidade internacional.

MÓDULO 4

Analisar o Sistema Interamericano de Direitos Humanos.

INTRODUÇÃO
No princípio do século XX, o mundo vivenciou duas Guerras Mundiais que provocaram morte,
dor e sofrimento a milhares de pessoas, e seus reflexos são sentidos até hoje.
Atualmente,
podemos perceber que há uma preocupação por parte dos Estados (países),
tanto em nível
internacional como nacional, com assuntos relacionados aos direitos
humanos, os quais são
destaques nas agendas de discussão internacionais.

A Organização das Nações Unidas (ONU), considerando as grandes diferenças entre os


Estados, criou, em 1948, a Declaração Universal dos Direitos Humanos, objetivando tornar
universal o pensamento humanitário, estabelecendo diversos tratados de paz, justiça e
liberdade, além da proteção dos direitos humanos em nível global.

Diante disso, os direitos humanos podem ser entendidos como o conjunto de possibilidades
e
condições relacionadas às características e às capacidades naturais de cada ser humano
e os
meios que as pessoas podem utilizar em função da organização social.

Os direitos humanos são de extrema importância para as pessoas, porque, sem eles, elas
não
podem existir nem serem capazes de se desenvolver e de participar de forma plena da
vida.
Porém a ideia dos direitos humanos tem sido utilizada de forma errada por diversas
pessoas,
alterando o verdadeiro sentido desses direitos universais, tal como o direito à
vida.

Por isso, neste conteúdo, veremos assuntos relativos à dignidade da pessoa humana, à
ordem
jurídica brasileira e às aplicações dos direitos humanos na vida profissional do
psicólogo.
Veremos, ainda, a origem dos direitos humanos em nível internacional e como
funciona o
sistema interamericano de direitos humanos.

MÓDULO 1

 Reconhecer a dignidade da pessoa


humana na ordem jurídica brasileira.

O PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA


HUMANA
No decorrer dos anos, o convívio das pessoas em sociedade fez surgir a necessidade de
criar
formas de organização no intuito de garantir a ordem e a paz. Dessa forma,
conforme as
relações iam crescendo e se tornavam mais complexas, surgiram os Estados, as
constituições,
as normas, as regras e os direitos, bem como foram estabelecidos alguns
valores
fundamentais à vida humana em sociedade.

Entre os valores fundamentais, está a dignidade da pessoa humana. O foco


dela se volta
para assegurar uma vida digna. Neste módulo, veremos detalhadamente esse
conceito e a
importância de tal princípio conforme a Constituição Federal do Brasil de
1988 (CF/1988).
Além disso, você entenderá a história da dignidade da pessoa humana, bem como a sua
relevância para a ordem jurídica brasileira. E, ainda, veremos a relação desse princípio
com o
mínimo existencial e os direitos fundamentais de forma geral.

Mas, o que é e do que se trata o princípio da dignidade da pessoa


humana?

 RESPOSTA

Esse princípio pode ser expresso como a garantia das


necessidades vitais de cada
indivíduo. Trata-se de um dos fundamentos do Estado
Democrático de Direito, sendo previsto
no art. 1º, inciso III, da CF/88.
Portanto, é um fundamento extremamente importante da
República brasileira, mas a
ordem jurídica não apresentou uma definição clara acerca da
dignidade da pessoa
humana.

Antes de abordamos os conceitos de dignidade da pessoa humana, é importante estarmos


atentos ao conceito de ordem jurídica.

Entende-se por ordem jurídica o sistema de normas


(princípios ou regras) as quais relacionam-
se de uma forma hierarquizada em um Estado,
organizando as lacunas e as contradições das
leis, determinando a ordem que o direito
deverá seguir com relação às normativas
estabelecidas. A ordem jurídica visa alcançar o
melhor convívio e a paz social.

Pelo fato de a ordem jurídica não apresentar uma definição expressa, coube a diversos
autores
buscar por uma conceituação de dignidade humana. Diante disso, são apresentadas
as
definições propostas pelos autores Alexandre de Moraes, André Ramos Tavares e Ana
Paula
de Barcellos, os quais buscaram por uma conceituação mais clara sobre a dignidade
da
pessoa humana.

Segundo Alexandre de Moraes (2005), a dignidade da pessoa humana possui


um valor moral
e espiritual, o qual manifesta-se particularmente na autodeterminação
responsável e
consciente da própria vida, trazendo consigo a pretensão ao respeito por
parte das outras
pessoas. No entendimento de Alexandre de Moraes, esse princípio confere
igualdade aos
direitos e garantias fundamentais, sendo pertencente às pessoas humanas.
Dessa forma, são
afastadas as faces transpessoalistas do Estado e da Nação.

Para André Tavares (2020), definir dignidade da pessoa humana é uma


atividade trabalhosa.
Diante disso, ele recorreu aos dizeres de Werner Maihofer para
explicar tal princípio:
A DIGNIDADE HUMANA CONSISTE NÃO APENAS NA
GARANTIA NEGATIVA DE QUE A PESSOA NÃO SERÁ
ALVO DE OFENSAS OU HUMILHAÇÕES, MAS
TAMBÉM
AGREGA A AFIRMAÇÃO POSITIVA DO PLENO
DESENVOLVIMENTO DA PERSONALIDADE DE CADA
INDIVÍDUO. O PLENO DESENVOLVIMENTO DA
PERSONALIDADE PRESSUPÕE, POR SUA VEZ, DE UM
LADO, O RECONHECIMENTO DA TOTAL
AUTODISPONIBILIDADE, SEM INTERFERÊNCIAS OU
IMPEDIMENTOS EXTERNOS, DAS POSSÍVEIS
ATUAÇÕES PRÓPRIAS DE CADA HOMEM; DE OUTRO,
A
AUTODETERMINAÇÃO [...] QUE SURGE DA LIVRE
PROJEÇÃO HISTÓRICA DA RAZÃO HUMANA, ANTES
QUE DE UMA PREDETERMINAÇÃO DADA PELA
NATUREZA.

(TAVARES, 2020. p. 55)

A dignidade da pessoa humana, na perspectiva de Ana Paula de Barcellos,


surgiu antes e
fora da ordem jurídica e, posteriormente, foi adicionada a ela. De
maneira geral, a dignidade
humana confere aos indivíduos um status diferenciado na
natureza, um valor inerente e a
qualidade de ser titular de direitos independentemente
de atribuições de qualquer ordem
jurídica (BARCELLOS, 2019).

MARCOS HISTÓRICOS DOS DIREITOS


HUMANOS
Para Barcellos (2019), foram quatro momentos históricos que construíram a ideia do que
hoje
entendemos como dignidade da pessoa humana, a citar:

PRIMEIRO MOMENTO
SEGUNDO MOMENTO
TERCEIRO MOMENTO
QUARTO MOMENTO

PRIMEIRO MOMENTO

O cristianismo deixou a mensagem de salvação e, além de ser


individual e depender de uma
decisão pessoal, considerou também o valor do outro.
Com isso, deixou um sentimento de
solidariedade que refletiu nas ideias de direitos
sociais e de mínimo existencial.

SEGUNDO MOMENTO

O iluminismo pôs fim à visão religiosa em detrimento da razão


humana, trazendo para a ideia
de dignidade da pessoa humana uma visão sobre os
direitos individuais e de democracia, e
ainda buscou a igualdade entre os seres
humanos no contexto político.

TERCEIRO MOMENTO

Posteriormente, Immanuel Kant apresentou o que até hoje entende-se


como o conceito mais
consistente e complexo da natureza humana e suas relações. Ele
afirmou que o homem é o fim
em si mesmo, e não uma ferramenta do Estado, das
sociedades ou da nação, assim sendo, o
homem dispõe de uma dignidade ontológica.
Contrariamente, o direito e o Estado são aqueles
que devem se organizar a favor dos
benefícios das pessoas.

A partir do século XX, adicionou-se à visão de Kant a ideia de separação dos poderes
e direitos
individuais e, depois da Primeira Guerra Mundial, os direitos sociais.
QUARTO MOMENTO

Por último, a Segunda Guerra Mundial foi o último momento histórico


que consolidou a ideia
de dignidade da pessoa humana, em função dos milhares de
mortes e demais atrocidades que
ocorreram na época, como veremos no Módulo 3. Desse
modo, a dignidade da pessoa
humana passou a ser vista como o valor máximo dos
ordenamentos jurídicos e como o
princípio orientador da atuação dos Estados e de
organismos internacionais.

A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA NA


ORDEM JURÍDICA:
ALGUNS CASOS
PRÁTICOS

A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA NÃO É UM


DIREITO, MAS UM ATRIBUTO QUE TODO SER
HUMANO POSSUI, INDEPENDENTEMENTE DE SUA
ORIGEM, SEXO, IDADE, CONDIÇÃO SOCIAL OU
QUALQUER OUTRO REQUISITO. O ORDENAMENTO
JURÍDICO NÃO CONFERE DIGNIDADE A NINGUÉM,
MAS TEM A FUNÇÃO DE PROTEGÊ-LA CONTRA
QUALQUER TIPO DE VIOLAÇÃO.

(NOVELINO, 2008, p. 210)

Nesse sentido, a dignidade da pessoa humana é a base da nossa CF/1988. Porém é


necessário
ressaltar que desde a Constituição de 1934 a ideia de dignidade humana estava
presente
na legislação brasileira.

Além da CF/1988, a ordem jurídica brasileira apresentou tal princípio em vários


entendimentos,
como na Súmula Vinculante número 11, do Supremo Tribunal Federal (STF):

SÓ É LÍCITO O USO DE ALGEMAS EM CASOS DE


RESISTÊNCIA E DE FUNDADO RECEIO DE FUGA OU
DE PERIGO À INTEGRIDADE FÍSICA PRÓPRIA OU
ALHEIA, POR PARTE DO PRESO OU DE TERCEIROS,
JUSTIFICADA A EXCEPCIONALIDADE POR
ESCRITO,
SOB PENA DE RESPONSABILIDADE DISCIPLINAR,
CIVIL E PENAL DO AGENTE OU DA
AUTORIDADE E DE
NULIDADE DA PRISÃO OU DO ATO PROCESSUAL A
QUE SE REFERE, SEM
PREJUÍZO DA
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO.

(SÚMULA VINCULANTE Nº 11 DO STF)


SAIBA MAIS

Acerca da Lei da Anistia, o STF apresentou um outro


entendimento acerca da dignidade da
pessoa humana, afirmando que: o argumento
descolado da dignidade da pessoa humana para
afirmar a invalidade da conexão
criminal que aproveitaria aos agentes políticos que praticaram
crimes comuns
contra opositores políticos, presos ou não, durante o regime militar, não
prospera.

Em 2014, a Emenda Constitucional nº 81, dando atenção à dignidade da pessoa humana,


estabeleceu o combate ao trabalho escravo. Dessa forma, determinou que as propriedades
onde forem descobertas práticas de trabalho escravo serão conduzidas à reforma agrária e
aos
programas de habitação popular, bem como os bens de valor econômico confiscados
serão
direcionados para um fundo especial.

Um aspecto importante a ser falado sobre a dignidade da pessoa humana é que ela é uma
parte constituinte dos elementos que formam o mínimo existencial. De acordo com Flávia
Piovesan (2011), esse entendimento impõe àqueles que interpretam as legislações a
aplicá-las
de maneira favorável à proteção dos direitos humanos. O mínimo existencial
pode ser
entendido como o conjunto básico de direitos fundamentais que asseguram vida
digna a cada
pessoa, como alimentação, educação e saúde. Assim, um indivíduo sem
condições para si ou
para sustentar a própria família deverá receber ajuda da sociedade
e do Estado.

DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA E OS


DIREITOS FUNDAMENTAIS
Embora a dignidade da pessoa humana esteja relacionada aos direitos fundamentais, a
CF/1988 não adicionou a dignidade da pessoa humana à lista de direitos fundamentais.
Para
Ana Paula Barcellos (2019), um indivíduo terá a sua dignidade respeitada se os
direitos
fundamentais forem considerados e satisfeitos, ainda que a dignidade não se
finalize neles.

Consequentemente, é claro que a dignidade humana não se restringe, apenas, ao acesso dos
indivíduos à saúde, moradia, educação e alimentação, por exemplo. Incluem-se nela
também,
as mais variadas perspectivas do trabalho, da liberdade, da integridade, da
política, entre
outras, além da forma como esses valores relacionam entre si.

Assim, é de extrema importância que os agentes do


direito usem a retórica e a interpretação
para melhor aplicar o princípio da dignidade
de pessoa humana. Ressalta-se que a melhor
aplicação do direito é aquela que se atenta
aos limites da Constituição Brasileira de 1988.
A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA E A
ORDEM JURÍDICA
BRASILEIRA
Neste vídeo, o especialista explica o conceito de dignidade
da pessoa humana na ordem
jurídica brasileira, além de abordar alguns casos práticos.

VEM QUE EU TE EXPLICO!


Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de
estudar.

O princípio da dignidade da pessoa humana


Marcos históricos dos direitos humanos

VERIFICANDO O APRENDIZADO

MÓDULO 2

 Aplicar os direitos humanos no dia


a dia e no exercício profissional do psicólogo.

DIREITOS HUMANOS: CONCEITUAÇÃO E


SIGNIFICADO
O entendimento do verdadeiro sentido do termo “direitos humanos” é de
extrema importância
para evitar desvirtuamentos e superar preconceitos. As pessoas
humanas são titulares dos
direitos humanos e também são todas dotadas de valor,
dignidade e direitos. Por essa razão, é
fundamental respeitar as diferenças dadas em
função de fatores culturais, agindo com espírito
solidário.

 VOCÊ
SABIA
O termo “direitos humanos” é uma forma abreviada da
expressão “direitos fundamentais da
pessoa humana”. Tais direitos são tidos como
fundamentais, pois, sem eles, a pessoa humana
não consegue existir ou não é
capaz de se desenvolver e de participar de forma plena da vida.
Todas as pessoas
humanas devem ter resguardadas, desde o nascimento, todas as garantias
mínimas
necessárias para tornarem-se úteis à humanidade, bem como ter a possibilidade de
receber todos os benefícios que a vida em sociedade pode fornecer.

Os direitos humanos são o conjunto de possibilidades e de condições relacionado às


características naturais das pessoas, à capacidade natural de cada indivíduo e aos meios
de
que o indivíduo pode se valer como resultado da organização social.

Para compreendermos facilmente o que significa direitos humanos, é só termos em mente que
esses direitos estão relacionados às necessidades primordiais da pessoa
humana. Refere-
se àquelas necessidades que são iguais a todos os indivíduos
e que devem ser atendidas para
que seja possível viver com dignidade, devendo ser
garantida a todas as pessoas. Dessa
forma, por exemplo, a vida é um direito humano
fundamental, uma vez que, sem ela, a pessoa
não pode existir.

Assim, a preservação da vida é algo imprescindível a todas as pessoas humanas. Porém,


vendo como vivem e como são os seres humanos, notamos que existem outras necessidades
que também são fundamentais, como: moradia, alimentação, educação, saúde, dentre tantas
outras.
PESSOAS COM VALOR IGUAL, PORÉM
INDIVÍDUOS E CULTURAS
DIFERENTES
É bem verdade que todos os indivíduos necessitam de educação, moradia, alimentação etc.
Desse modo, todas as pessoas são iguais, ou seja, uma não tem mais valor que a outra e
todos os indivíduos podem e devem ter a possibilidade de satisfazer as necessidades
apontadas.

Um ponto a ser esclarecido é que a afirmação da igualdade de todos os indivíduos não


significa dizer igualdade psicológica ou intelectual. Cada pessoa humana tem a própria
personalidade, individualidade, forma de pensar, ver e sentir as coisas. Desse modo,
também,
os grupos sociais têm uma cultura particular, que é derivada de condições
sociais e naturais.

 EXEMPLO

Um grupo de pessoas, que sempre viveu próximo ao mar será


diferente do grupo que vive,
tradicionalmente, na montanha, ou na mata, ou em
uma região de planície. Da mesma forma,
as relações sociais e os costumes da
população de uma grande cidade não serão os mesmos
da população de uma pequena
cidade empobrecida e localizada no interior, longe e isolada dos
grandes centros
urbanos. Além disso, a cultura de uma população majoritariamente católica
será
diferente da cultura de uma população budista ou muçulmana.

Nesse aspecto, é notório que as pessoas são diferentes, porém continuam sendo todas
iguais,
pois são seres humanos tendo as mesmas faculdades e necessidades primordiais. É
daí que
surgem os direitos fundamentais, os quais são iguais para todos.

DIREITOS HUMANOS: FACULDADE DE


PESSOAS LIVRES
Todos os indivíduos nascem basicamente iguais e, dessa forma, têm direitos iguais e
nascem
livres. Tal liberdade está dentro deles, em sua consciência e inteligência. Todas
as pessoas, no
entanto, sofrem as influências da educação que recebem, bem como do meio
social em que
vivem e isso não apaga a liberdade fundamental de cada uma delas. Nesse
contexto, é comum
uma pessoa manter um modo de vida até certa idade e depois adotar um
outro completamente
diferente. Isso significa que esse indivíduo que estava submetido a
certas influências e
continuava livre, em determinado momento, resolveu utilizar a
própria liberdade e mudar seu
destino.

Uma consequência disso é que não podemos obrigar uma pessoa a utilizar todos os seus
direitos, porque é necessário respeitar a sua liberdade, que também é um direito
fundamental
da pessoa humana. Porém é preciso que todos tenham, de fato, a mesma
possibilidade de
usufruir dos direitos fundamentais. Assim, podemos falar que usar um
direito é uma faculdade
(escolha) da pessoa humana, e não uma obrigação.

Dessa forma, é preciso ter em mente que todas as pessoas nascem tendo os mesmos direitos
fundamentais, não importando o sexo, a localidade onde nasceu, menos ainda a cor de sua
pele e sua condição financeira, como também não são importantes aspectos como:
nome/sobrenome da família, crença religiosa, preferência política ou profissão.

Os direitos humanos fundamentais são ao mesmo tempo para todos os indivíduos. Tais
direitos
continuam existindo, inclusive, para aquelas pessoas que cometem crimes, ou
ainda, para
aquelas que praticam ações prejudiciais para as outras pessoas ou para a
sociedade. Nessas
circunstâncias, aquele que praticou uma ação contrária ao bem da
humanidade deverá sofrer
alguma punição prevista em lei existente, porém não se pode
esquecer que o criminoso ou
quem praticou a ação antissocial continuará a ser uma pessoa
humana.
DIREITOS HUMANOS, DIGNIDADE DA
PESSOA HUMANA E SOLIDARIEDADE
Não há nada mais valioso para os seres humanos do que a pessoa humana. Essa pessoa, em
função de seus atributos naturais, sendo provida de vontades, inteligência, consciência
e sendo
mais que uma simples porção de matéria, contém uma dignidade que a deixa acima
de todas
as coisas da natureza. Apesar de algumas teorias materialistas não aceitarem a
espiritualidade
da pessoa humana, elas sempre foram obrigadas a admitir que existe, em
todos os humanos,
uma parte não material. Existe a dignidade pertencente à condição
humana, e a proteção
dessa dignidade também integra os direitos humanos.

A dignidade da pessoa humana deverá sempre existir


em todos os lugares e de forma
igualitária a todos.

O progresso material e o crescimento econômico de um povo têm valor negativo se forem


obtidos por meio de insultos à dignidade humana.
As conquistas militares ou políticas de um indivíduo ou de um povo e, ainda, a
influência social
ou a obtenção de riquezas não serão válidos ou dignos de
consideração se forem obtidos a
partir de ofensas à dignidade e aos direitos
fundamentais dos indivíduos.

Em 1948, a Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou a Declaração Universal dos
Direitos Humanos, segundo a qual, já no primeiro artigo, “todos os seres humanos nascem
livres e iguais em dignidade e direito”. Ademais, a Declaração afirma que todos devem
agir
“com espírito de fraternidade” uns com os outros.

O indivíduo consciente do que é e do que são os outros e utiliza a própria inteligência


para
compreender a realidade sabe que não poderia ter nascido e sobrevivido sem a ajuda
de
outras pessoas. E todos, incluindo os já adultos saudáveis e ricos, podem facilmente
perceber
o quão indispensável é o constante auxílio de diferentes pessoas na satisfação
de suas
necessidades básicas. Portanto, existe uma solidariedade que é natural, a qual
se dá pela
fragilidade da pessoa humana, devendo ser preenchida com o espírito da
solidariedade.
É aí onde está o ponto de partida para o entendimento inicial dos direitos humanos. Se
houver
respeito aos direitos humanos de todos os indivíduos e se existir solidariedade e
menos
egoísmo nas relações entre os indivíduos, as injustiças sociais poderão ser
exterminadas e
toda a humanidade poderá viver em paz.

OS DIREITOS HUMANOS E A PSICOLOGIA


Um dos princípios fundamentais do Código de Ética Profissional dos
Psicólogos, elaborado
pelo Conselho Federal de Psicologia (2005), diz que
“o psicólogo baseará o seu trabalho no
respeito e na promoção da liberdade, da
dignidade, da igualdade e da integridade do ser
humano, apoiado nos valores que embasam
a Declaração Universal dos Direitos Humanos”.

Esse Código baseia-se na Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, na CF/1988 e
em outros documentos. Nota-se que a Psicologia se preocupa em não exercer práticas
excludentes e discriminatórias. Atua, também, estimulando a reflexão de cada
profissional
sobre a própria atuação. Assim, objetiva-se assegurar ações responsáveis da
categoria,
determinando um padrão de conduta que fortifique o reconhecimento da
profissão.
Para isso e conforme Conselho Regional de Psicologia (2005), há sete princípios
fundamentais
que devem direcionar a atuação do psicólogo:

Respeito e promoção da liberdade, da igualdade e da integridade do ser humano.

Promoção da saúde e da qualidade de vida.

Responsabilidade social.

Desenvolvimento da psicologia nos campos teórico e prático.

Acesso da população às informações sobre a ciência psicológica.

Zelo pelo exercício digno da profissão.

Criticidade quanto às relações de poder.

Acompanhe alguns aspectos relevantes a respeito da atuação do psicólogo no Brasil:

1
A atuação de psicólogos no Brasil contribuiu para a construção de um
compromisso social para
além da atenção ao adoecimento ou à oposição
entre o patológico e o normal. A saúde, como
direito fundamental,
segundo a CF/1988, amplia essa noção de cura de doenças, passando a
ser compreendida como uma condição integral, envolvendo qualidade de
vida e assegurando
outros direitos sociais.

A Psicologia tem caminhado para superar o histórico de ajustamento de


indivíduos para a
normalidade. Nesse viés, a Psicologia no Brasil
tem buscado promover a saúde mental como
um meio de viver a vida em
sua diversidade, singularidade e dimensão coletiva, sendo
essencial
para a noção de dignidade da pessoa humana.

A Psicologia é focada na condição humana, seja ela o comportamento, o


desenvolvimento ou a
subjetividade. Com isso, depois de formar, você
se ocupará com a cognição, a atenção, a
percepção, as motivações,
entre outros aspectos, e ainda com as vulnerabilidades e as
potencialidades resultantes da situação sócio-histórica das pessoas.

E como a Psicologia poderá agir a favor da dignidade humana?

 RESPOSTA

Ela pode, principalmente, questionar-se constantemente se


tal tarefa, que não é apenas sua,
bem como orientar de forma ética as próprias
práticas e produções. Sobretudo no contexto de
diversidade, a Psicologia deve
opor-se à naturalização do fenômeno de excluir e oprimir
pessoas como
justificativa para a desigualdade e a perpetuação de privilégios, como também
opor-se à autossuficiência que surge como resposta às precariedades.
Quanto à atuação no contexto da discriminação racial, por exemplo, a Psicologia precisa
dedicar-se sobre a temática das relações raciais, produzir subsídios teóricos que
possibilitem
aos psicológicos pensar sobre as suas práticas no contexto de uma sociedade
racializada, algo
que, para alguns estudiosos, ainda é timidamente realizado.

A partir desse direcionamento ético, apesar de ser nosso dever atuarmos em favor dos
princípios democráticos e da universalidade dos direitos humanos como seres humanos e
psicólogos, não podemos optar por esta ou por aquela ideologia cultural ou econômica. A
autonomia, a liberdade e a pluralidade pertencem à ação humana; por outro lado, a
precariedade, os privilégios e as opressões degradam a dignidade humana.

O sofrimento psíquico é um problema em crescimento


na sociedade brasileira, configurando
um grande desafio para os profissionais da
Psicologia.

Nesse contexto, é importante destacar que o cuidado com as pessoas somente será possível
quando a dignidade humana for tratada como fundamental e os direitos fundamentais forem
defendidos como inegociáveis para todos os indivíduos, independentemente de gênero,
raça,
orientação sexual, religião, classe ou quaisquer outros fatores, assegurando,
especialmente,
que as minorias possam usufruir desses direitos. Defender os direitos
humanos é defender a
vida, a Constituição e a democracia.
OS DIREITOS HUMANOS: QUESTÕES
GERAIS E NA
PSICOLOGIA
Neste vídeo, o especialista contextualiza os direitos
humanos de forma geral e traz aplicações
desses direitos na vida profissional do
psicólogo.

VEM QUE EU TE EXPLICO!


Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de
estudar.

Direitos humanos: conceituação e significado

Direitos humanos e a Psicologia

VERIFICANDO O APRENDIZADO

MÓDULO 3

 Identificar a origem dos direitos


humanos na comunidade internacional.
A ORIGEM E A INTERNACIONALIZAÇÃO
DOS DIREITOS
HUMANOS
A origem dos direitos humanos é muito antiga, sendo datada em 539 a.C., na Babilônia.
Porém
a disseminação da proteção aos direitos humanos é mais recente e se deu
diretamente em
1948, após a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), realizada
durante a
Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), tendo Eleanor Roosevelt como
presidente e o
membro mais influente da Comissão de Direitos Humanos na ONU,
impulsionando a criação da
DUDH.

Um dos eventos históricos que provocou o desenvolvimento da conscientização da


humanidade
foi, em especial, a Segunda Guerra Mundial, que causou a morte de milhares de
vidas
humanas. Após esse momento, debater somente sobre alguns aspectos da vida em
sociedade,
sobretudo questões relativas ao trabalho debatidas pela Organização Internacional
do
Trabalho (OIT), não era mais suficiente.
Podemos dizer que o processo de internacionalização dos direitos humanos tem muitas
fontes
históricas; contudo destacaremos aqui as três principais:

DIREITO HUMANITÁRIO
Elevou ao âmbito internacional a proteção da humanidade em casos de guerra,
regulamentando juridicamente, em nível internacional, o uso da violência nos
conflitos
armados, estabelecendo limites, nestes casos, à liberdade e à
autonomia dos Estados
conflitantes, mostrando, dessa forma, o caminho por
onde os direitos humanos,
posteriormente, também deveriam caminhar,
alcançando amplitude universal (SCHAFRANSKI,
2003).

A LIGA DAS NAÇÕES


Além de promover a paz e a cooperação internacional, expressou também, ainda
que
genericamente, disposições referentes aos direitos humanos, reforçando,
nestes termos, a
necessidade de relativizar a soberania dos Estados
(PIOVESAN, 2011).

A OIT
Foi criada logo depois da Primeira Guerra Mundial com o objetivo, entre
outros, de regularizar
as condições de trabalho no contexto internacional,
também porque constituiu uma fonte
histórica importante do processo de
internacionalização dos direitos humanos, dado que, desde
sua criação, em
1919, publicou algumas centenas de convenções internacionais visando
promover e garantir a dignidade da pessoa humana no ambiente de trabalho, em
nível mundial
(PIOVESAN, 2011).

Nesse viés, podemos dizer que o processo de internacionalização dos direitos humanos tem
como influências essas três fontes históricas, as quais contribuíram para o fim da
soberania
absolutista e intocável dos Estados, uma vez que eles eram tidos como os
únicos sujeitos do
direito internacional público. Assim, fez com que surgissem os
primeiros esboços do Direito
Internacional dos Direitos Humanos (BORGES, 2014).

 ATENÇÃO

É importante ressaltar que a Segunda Guerra Mundial foi um


fato histórico decisivo que
impulsionou o aparecimento e a consolidação de uma
estrutura global para promover e
assegurar os direitos humanos. Diante disso,
Piovesan (2011) afirmou que a
internacionalização dos direitos humanos
constituiu, dessa forma, um movimento muito recente
na história, surgindo após a
Segunda Guerra Mundial, como resposta aos horrores e às
atrocidades praticados
pelo nazismo.

Entretanto, era preciso debater os direitos e deveres dos seres humanos, tendo-os como
integrantes da comunidade global e seres cidadãos do planeta, com direitos e obrigações,
os
quais devem ser respeitados em quaisquer lugares que se encontrem (COELHO, 2007).

As etapas de preparação da DUDH decorreram de um conjunto


de trabalhos e decisões
tomado entre os anos 1947 e 1948, contendo
propostas que foram encaminhadas para a
Assembleia Geral das Nações Unidas.
Dessa forma, em 10/12/1948, foi decretada por tal
Assembleia a DUDH. Na votação
que contou com 58 estados-membros da ONU, 48 foram a
favor, oito abstiveram-se e
dois não compareceram (COELHO, 2007).

A princípio, a Declaração iria compor somente a primeira


parte de um proposital plano
geral de uma Carta Internacional de Direitos
Humanos, e posteriormente seriam
adicionadas à primeira parte
outras partes como pactos e medidas de implementação. No
entanto estas últimas
não constavam na DUDH, que, entretanto, incluíram direitos políticos,
civis
(artigos 2 a 21), e ainda econômicos, culturais e sociais (artigos 22 a 28)
(TRINDADE,
2018).

Em caráter histórico, foi extremamente importante que a DUDH de


1948 tenha se voltado para
a criação integral e obrigatória de todos os
direitos humanos, ultrapassando as divisões
de ideologia do mundo e
de seu próprio tempo. Assim, situou no mesmo plano todos os “tipos”
de direitos,
tais como: políticos, civis, econômicos, culturais e sociais. Esse foco seria
retomado
em 1968 na I Conferência Mundial de Direitos Humanos e depois, no ano
de 1993, na II
Conferência Mundial de Direitos Humanos (TRINDADE, 2018).

Os direitos declarados abrangeram os de caráter pessoal,


como aqueles voltados às
relações individuais, em grupos e com o mundo
exterior, aos direitos políticos e às
liberdades públicas, bem como
aos direitos culturais, sociais e econômicos.

A DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS


DIREITOS HUMANOS (DUDH)
Apesar das diferenças entre os países do mundo, sobretudo no período pós-guerra, e de
todas
as diferenças doutrinárias, ideológicas e peculiaridades culturais, foi possível
durante a Guerra
Fria fazer tratados sobre os direitos humanos, unindo várias culturas.
Diante disso, Trindade
(2018) afirmou que a DUDH abriu, de fato, um caminho para a
adoção de sucessivos
instrumentos e tratados internacionais de proteção dos direitos
humanos, a operarem hoje com
base regular e permanente, em níveis regionais e global.

Posteriormente, o mesmo autor afirmou que a autoridade da DUDH de 1948 se fortaleceu ao


reconhecer as leis do direito internacional usual, especialmente por ser tida como uma
interpretação da Carta das Nações Unidas no que se refere ao respeito aos direitos
humanos.

É evidente que o desenvolvimento dos assuntos relacionados aos direitos humanos está
ligado
também à gradativa superação de objeções clássicas “como a pretensa competência
nacional
exclusiva ou domínio reservado dos Estados, e a concomitante asserção da
capacidade de agir
dos órgãos de supervisão internacional” (TRINDADE, 2018, p. 415).

Nota-se que o Direito Internacional dos Direitos Humanos não se limita mais às questões
regionais, entretanto são examinadas em uma perspectiva tanto global, como regional, as
quais se complementam a favor da proteção dos direitos humanos. Isso se reflete na
possibilidade de os indivíduos, tendo como base os próprios instrumentos internacionais,
escolherem o procedimento internacional para solucionar ou minimizar conflitos.

O processo de reconhecimento dos direitos humanos também impactou no consenso mundial


de
reprimir e até dar fim aos crimes graves contra os direitos dos homens, tais como:
desaparecimento de pessoas, genocídio, tortura, apartheid e discriminação racial.


SAIBA MAIS
Para além disso, a DUDH também teve repercussões no
Direito Interno dos países, sendo
possível encontrar em diversas constituições,
como a do Brasil, os princípios de proteção aos
direitos humanos, passando a
atuar internamente por meio de acordos e tratados
internacionais oficializados
entre os Estados que concederam funções de proteção aos seus
órgãos.

AS CONFERÊNCIAS MUNDIAIS DE
DIREITOS HUMANOS
Como já foi mencionado, após a DUDH de 1948, foram realizadas a I e a II Conferência
Mundial dos Direitos Humanos, em Teerã (1968) e em Viena (1993).

CONFERÊNCIA EM TEERÃ

Em Teerã, foi inaugurada uma nova visão sobre direitos humanos, dando início a uma nova
discussão das doutrinas acerca dos direitos dos homens depois de 20 anos de
desenvolvimento e progresso.

Nessa conferência, havia uma preocupação quanto ao alcance dos direitos humanos na
comunidade internacional. Notava-se que a completa negação desses direitos colocava em
xeque os preceitos fundamentais de justiça, paz e liberdade, abrindo uma brecha
crescente
para que os países mais desenvolvidos economicamente frustrassem os objetivos
da DUDH de
1948.
Nesse contexto, considerou-se que a:

PROCLAMAÇÃO DE TEERÃ QUE, MUITO EMBORA AS


DESCOBERTAS CIENTÍFICAS E OS AVANÇOS
TECNOLÓGICOS RECENTES TIVESSEM ABERTO
AMPLAS
PERSPECTIVAS DE PROGRESSO
ECONÔMICO, SOCIAL E CULTURAL, TAIS
DESENVOLVIMENTOS PODIAM
NO ENTANTO PÔR EM
RISCO OS DIREITOS E LIBERDADES DOS SERES
HUMANOS, REQUERENDO ASSIM
ATENÇÃO
CONTÍNUA.

(TRINDADE, 2018, p. 118)

A Conferência em Teerã corroborou, sobretudo, para elaborar uma visão geral da


indivisibilidade e inter-relação dos direitos humanos, que, depois, seria reforçada pela
II
Conferência, em Viena.

CONFERÊNCIA EM VIENA

Caracterizou-se por buscar soluções globais aos problemas que impactavam e impactam as
pessoas. Como consequência, esse processo de inter-relação dos povos direcionou esforços
e
atenção para a criar uma infraestrutura nacional, gerando o fortalecimento das
instituições de
proteção aos direitos humanos (COELHO, 2007).

Depois de 25 anos da realização da primeira Conferência, a Conferência em Viena promoveu


os direitos humanos como uma temática global, confirmando novamente a sua
indivisibilidade, universalidade e
interdependência.

Nesses termos, o 5º parágrafo da Declaração de Viena (1993) estabeleceu o seguinte:

TODOS OS DIREITOS HUMANOS SÃO UNIVERSAIS,


INDIVISÍVEIS, INTERDEPENDENTES E INTER-
RELACIONADOS. A COMUNIDADE INTERNACIONAL
DEVE
TRATAR OS DIREITOS HUMANOS DE FORMA
GLOBAL, JUSTA E EQUITATIVA, EM PÉ DE
IGUALDADE E
COM A MESMA ÊNFASE. EMBORA
PARTICULARIDADES NACIONAIS E REGIONAIS
DEVAM SER LEVADAS
EM CONSIDERAÇÃO, ASSIM
COMO DIVERSOS CONTEXTOS HISTÓRICOS,
CULTURAIS E RELIGIOSOS, É
DEVER DOS ESTADOS
PROMOVER E PROTEGER TODOS OS DIREITOS
HUMANOS E LIBERDADES
FUNDAMENTAIS, SEJAM
QUAIS FOREM SEUS SISTEMAS POLÍTICOS,
ECONÔMICOS E CULTURAIS.

(DECLARAÇÃO DE DIREITOS HUMANOS DE VIENA, 1993)

Entretanto, apesar dos esforços, era fundamental parar de idealizar um universalismo


atuando
somente no campo conceitual, era necessário também uma aplicação no campo
operacional.
Os direitos humanos estavam além de questões regionais e geravam obrigações
aos Estados,
cujos efeitos atingiam todas as pessoas.

Mesmo com todas as conquistas obtidas e apesar do


crescimento do pensamento humano
sobre os próprios direitos e da grande quantidade de
confirmações dos Estados nos tratados
para direitos humanos, o que se verifica na
atualidade é o não amadurecimento da consciência
humana e das obrigações que os tratados
impuseram aos países com relação aos direitos
humanos.

Quando o assunto é direitos humanos, observa-se que os países mal conseguem dar conta de
suas obrigações internas e das obrigações assumidas diante da comunidade internacional,
ainda que o Direito Interno tenha diversas lacunas que precisem ser resolvidas por meio
de
legislações que se atentem aos direitos assumidos pelo próprio país.

O historiador italiano Norberto Bobbio (1992) explica que as questões que envolvem
direitos
humanos enfrentam problemas mais jurídicos e políticos do que filosóficos,
porque os
conceitos elaborados a partir da proteção dos direitos humanos são
incontestáveis, entretanto,
falta uma verdadeira aplicação desses conceitos.

Há, assim, casos de adição dos direitos humanos ao Direito Interno, como há na
Constituição
Federativa do Brasil de 1988, que prevê no artigo 5º, parágrafo 2º, o
respeito aos tratados
internacionais de que o Brasil faça parte.

Para que seja possível atingir uma consciência global acerca da proteção dos direitos
humanos, é preciso estarmos atentos à seguinte lição: “a responsabilização do Estado por
violação de direitos humanos é essencial para reafirmar a juridicidade deste conjunto de
normas voltado para a proteção dos indivíduos e para a afirmação da dignidade humana”
(RAMOS, 2002, p. 9).

Dessa maneira, temos muitos desafios a enfrentar. Discute-se no Direito Interno, a


possibilidade de tirar a responsabilidade de um certo governo por não atender às
obrigações
dos direitos humanos em um mandato, visto que a responsabilidade é do Estado
e, por fim, a
obrigação acaba sendo direcionada os sucessores dos governos, nos âmbitos
Executivo,
Judiciário e Legislativo.

A PROTEÇÃO INTERNACIONAL DOS


DIREITOS HUMANOS NA
ATUALIDADE
Passadas mais de sete décadas de lutas pela preservação dos direitos humanos, muitas
foram
as conquistas e garantias geradas pela DUDH de 1948, e diversas pessoas passaram a
ser
protegidas pela ONU.

Os tratados sobre os direitos humanos da ONU têm sido a base dos sistemas de proteção a
esses direitos. Entretanto, a luta pelo reconhecimento dos tratados que compreendem os
direitos humanos, tais como: direitos da criança, convenção contra tortura,
discriminação racial,
entre outros, enfrenta barreiras políticas, econômicas, sociais
etc. que impedem a verdadeira
universalidade dos direitos humanos.

Atualmente, a comunidade planetária apresenta disparidades sociais, culturais e


econômicas,
havendo em grande descaso para com essas questões tão essenciais para o
estabelecimento,
em nível internacional, de melhores condições de vida e dignidade para
todas as pessoas do
planeta.

Acerca dos problemas que atrasam a universalização dos direitos humanos, Norberto Bobbio
afirma que:
NÃO SE PODE PÔR O PROBLEMA DOS DIREITOS DO
HOMEM ABSTRAINDO-O DOS DOIS GRANDES
PROBLEMAS DE NOSSO TEMPO, QUE SÃO OS
PROBLEMAS
DA GUERRA E DA MISÉRIA, DO
ABSURDO CONTRASTE ENTRE O EXCESSO DE
POTÊNCIA QUE CRIOU
AS CONDIÇÕES PARA UMA
GUERRA EXTERMINADORA E O EXCESSO DE
IMPOTÊNCIA QUE CONDENA
GRANDES MASSAS
HUMANAS A FOME.

(BOBBIO, 1992, p. 45)

Com isso, observamos que esse processo de conscientização precisa surgir do Direito
Interno
de cada país, a partir disso é possível tomarmos consciência global sobre o
respeito aos
direitos de cada ser humano e às liberdades individuais.

 RESUMINDO

O futuro da proteção internacional dos direitos humanos,


embora esteja baseada nos
fundamentos dos direitos das pessoas, requer esforço
político para que se possa alcançar o
objetivo principal: a proteção universal
dos direitos humanos.
OS DIREITOS HUMANOS NA COMUNIDADE
INTERNACIONAL
Neste vídeo, o especialista relembra as conferências
mundiais sobre os direitos humanos e a
proteção desses direitos na atualidade.

VEM QUE EU TE EXPLICO!


Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de
estudar.

A origem e a internacionalização dos direitos


humanos
A Declaração Universal dos Direitos Humanos
(DUDH)

VERIFICANDO O APRENDIZADO

MÓDULO 4

 Analisar o Sistema Interamericano


de Direitos Humanos.

BREVE HISTÓRICO DO SISTEMA


INTERAMERICANO DE DIREITOS
HUMANOS
Os países do continente americano fundaram a Organização dos Estados Americanos (OEA).
Trata-se de uma instituição regional que une diversas estruturas visando à proteção dos
direitos humanos. A Carta Constitutiva da OEA contém muitos focos de atuação e objetiva
promover direitos humanos como:

direitos democráticos;

direitos econômicos;
direito à igualdade; e

direito à educação.

 Legenda da
imagem

A Carta determinou, ainda, a criação de dois relevantes órgãos escolhidos para promover e
proteger os direitos humanos, eles são: a Comissão Interamericana de Direitos Humanos
(CIDH) e a Corte Interamericana de Direitos Humanos.

1948

Em abril de 1948, em Bogotá, Colômbia, a OEA aprovou


a Declaração Americana dos Direitos
e Deveres do Homem. Foi o
primeiro documento internacional de direitos humanos de caráter
geral. A Comissão Interamericana de Direitos Humanos foi criada em
1959, mas se reuniu pela
primeira vez em 1960.
1961

Em 1961, a Comissão iniciou suas visitas a alguns


locais para observar a situação geral dos
direitos humanos de
determinado país ou para investigar uma situação específica. Desde
então, realizaram-se 92 visitas a 23 Estados-membros. A respeito de
suas observações gerais
sobre a situação de um país, a Comissão
publica informes especiais, tendo publicado 135
informes até o
momento.

1965

Desde 1965, a Comissão Interamericana foi autorizada


de forma expressa a receber denúncias
ou petições sobre casos
individuais em que se alegavam violações aos direitos humanos. Até
dezembro de 2011, a Comissão recebeu dezenas de milhares de
petições, as quais tornaram-
se 19.423 casos em processamento ou já
processados. Os informes finais, publicados com
relação a esses
casos, podem ser encontrados nos informes anuais da Comissão ou por
país
(CIDH, 2021a).

1969 E 1978

Em 1969, foi aprovada a Convenção Americana sobre


Direitos Humanos, que entrou em
vigência em 1978,
sendo ratificada/aderida, até dezembro de 2020, por 24 países:
Argentina,
Barbados, Brasil, Bolívia, Chile, Colômbia, Costa Rica,
Dominica, República Dominicana,
Equador, El Salvador, Granada,
Guatemala, Haiti, Honduras, Jamaica, México, Nicarágua,
Panamá,
Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela.

 VOCÊ
SABIA

A Convenção Americana estabeleceu os direitos humanos com


que os Estados-membros
devem se comprometer em nível internacional a fim de
promover o respeito e fornecer
garantias de que tais direitos sejam respeitados.
Ela também criou a Corte Interamericana de
Direitos Humanos, definindo
atribuições e procedimentos para a Corte e para a Comissão.
Ademais, a Comissão
mantém atribuições adicionais e anteriores à Convenção, as quais não
derivam
diretamente dela, como processar petições individuais relativas aos Estados que
ainda
não fazem parte da Convenção.

O Sistema Interamericano de Proteção dos Direitos Humanos é um dos três sistemas


regionais
destinado à proteção de direitos ao lado dos sistemas africano e europeu.
Trata-se do segundo
sistema regional mais consistente do planeta. Esse sistema é
composto por um conjunto de
documentos internacionais.

O Sistema Interamericano estabeleceu-se, sobretudo, com o ressurgimento da democracia nos


países americanos. A sua estrutura central é formada pela Convenção Americana de
Direitos
Humanos, ou Pacto de San José, adotada pela OEA em 22 de novembro de 1969. Dos
35
Estados-membro, 24 são membros da Convenção.

Tal Convenção apresentou requisitos mínimos de direitos humanos, orientando os


Estados-
membros a comprometerem-se com o respeito aos direitos humanos e às liberdades
nela
reconhecidos, bem como a garantia do livre e pleno exercício a toda e qualquer
pessoa sob o
poder de um Estado. A Convenção Americana é mais detalhada do que as outras
convenções
em contexto global, tratando, especialmente, de direitos políticos e civis e,
de forma geral, no
artigo 26, dos direitos sociais, econômicos e culturais.

A Convenção foi complementada por protocolos, pela Carta da OEA e por outras convenções
do Sistema Interamericano:
1

Os direitos sociais, econômicos e culturais são abordados


detalhadamente no Protocolo de
San Salvador.

O Protocolo contra a pena de morte determinou uma proibição mais


expressa a essa pena do
que o artigo 4º da Convenção Americana.

A Convenção Interamericana, no que diz respeito às mulheres,


introduziu a questão da
violência, não apresentada de forma clara na
Convenção Americana, menos ainda na
Convenção sobre a Mulher do
sistema global.

A Convenção Interamericana contra a Tortura deixa claro o direito


contra a tortura, presente no
artigo 5º da Convenção Americana, em
grande parte, repetindo a Convenção contra tortura do
sistema
global.

Nos próximos tópicos, apresentaremos os dois órgãos de monitoramento do Sistema


Interamericano de Direitos Humanos, que são: a Comissão e a
Corte Interamericana de
Direitos Humanos.
COMISSÃO INTERAMERICANA DE
DIREITOS HUMANOS
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) é um órgão representativo dos
Estados-membros da OEA, cuja sede é em Washington, capital dos Estados Unidos da
América
(EUA). A CIDH tem grande influência dentro do Sistema Interamericano de Proteção
aos
Direitos Humanos. É considerada por diversos autores o órgão mais relevante dentro do
sistema.

A Comissão é o órgão representativo de todos os


Estados-membros da OEA, não se
restringindo, assim, aos Estados-membros da Convenção
Americana. Os EUA, por exemplo,
não aderiram à Convenção Americana (IKWA et
al., 2006).

O trabalho da CIDH tem como base três pilares:

PRIMEIRO PILAR

O Sistema de Petição Individual.

SEGUNDO PILAR
A atenção às linhas temáticas prioritárias.

TERCEIRO PILAR

O monitoramento da situação dos direitos humanos nos Estados-membros.

Com essa estrutura, a CIDH considera que, no aspecto da proteção dos direitos de todas as
pessoas sob o poder (jurisdição) dos Estados americanos, é essencial dar atenção às
populações, às comunidades e aos grupos historicamente submetidos à discriminação. De
forma complementar, outros conceitos formam seu trabalho, como: o princípio pro
homine (cuja
interpretação da norma volta-se favoravelmente ao ser humano), a
necessidade de acesso à
justiça e a adição da perspectiva de gênero em todas as suas
atividades.

AS ATRIBUIÇÕES E AS FUNÇÕES DA CIDH

A Comissão tem função representativa, atuando principalmente para


promover a
observância e a defesa dos direitos humanos e, no exercício do seu mandato
(CIDH, 2021b):
Receber, analisar e investigar petições individuais que alegam violações dos
direitos
humanos, segundo o disposto nos artigos 44 a 51 da Convenção.

Observar o cumprimento geral dos direitos humanos nos Estados membros, e quando o
considera conveniente, publicar as informações especiais sobre a situação em um
estado
específico.

Realizar visitas in loco aos países para aprofundar a observação geral da


situação, e/ou
para investigar uma situação particular. Geralmente, essas visitas
resultam na preparação
de um relatório respectivo, que é publicado e enviado à
Assembleia Geral.

Estimular a consciência dos direitos humanos nos países da América. Além disso,
realizar e publicar estudos sobre temas específicos como: medidas para assegurar
maior
independência do poder judiciário; atividades de grupos armados irregulares; a
situação
dos direitos humanos dos menores, das mulheres e dos povos indígenas.

Realizar e participar de conferências e reuniões com diversos tipos de


representantes de
governo, universitários, organizações não governamentais etc.,
para difundir e analisar
temas relacionados com o sistema interamericano de direitos
humanos.

Fazer recomendações aos estados membros da oea acerca da adoção de medidas para
contribuir com a promoção e garantia dos direitos humanos.

Requerer aos estados membros que adotem “medidas cautelares” específicas para evitar
danos graves e irreparáveis aos direitos humanos em casos urgentes. Pode também
solicitar que a corte interamericana requeira “medidas provisionais” dos governos em
casos urgentes de grave perigo às pessoas, ainda que o caso não tenha sido submetido
à corte.

Remeter os casos à jurisdição da corte interamericana e atuar frente à corte em


determinados litígios.

Solicitar “opiniões consultivas” à corte interamericana sobre aspectos de


interpretação da
convenção americana.
A CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS
HUMANOS
A Corte Interamericana de Direitos Humanos, sediada em São José, Costa Rica, é um órgão
do Sistema Interamericano. Ela é um dos três tribunais regionais dedicados à proteção
dos
Direitos Humanos, junto com o Tribunal Europeu de Direitos Humanos e a Corte
Africana de
Direitos Humanos e dos Povos. Dessa forma, a Corte Interamericana tem
duas funções
essenciais dentro do Sistema, quais são:
contenciosa e consultiva.

Contenciosa

A função contenciosa é a
competência de julgar os casos encaminhados pela Comissão.


Consultiva

A função consultiva é a
capacidade da Corte de interpretar a Convenção e outros
instrumentos
internacionais sobre os direitos humanos.

Fundamentalmente, trata dos casos em que é alegado


que um dos Estados-membros possa
ter violado a liberdade ou um direito assegurado pela
Convenção, pode atuar inclusive na
orientação, no amparo e no crescimento dos Direitos
Humanos na América Latina.

Essas funções possibilitaram importantes discussões para efetivar a proteção dos direitos
humanos, como: garantias judiciais, habeas corpus, pena de morte,
responsabilização dos
Estados, dentre outras.

A Corte tem também o poder de realizar medidas provisórias, em casos de


grande urgência,
agindo por meio de “intervenções” nos Estados-membros para evitar
massacres, mortes e
infrações não remediáveis aos direitos humanos. É necessário
destacar que a Corte não pode
interferir nos Estados em conflito. Mesmo assim, existe a
possibilidade de realizar audiências
públicas voltadas ao direcionamento democrático dos
casos, isto é, a Corte assegura uma
maior participação das pessoas e das sociedades
interessadas.

Além disso, tem competência para julgar casos dos Estados-membros da Convenção que
tenham
claramente reconhecido seu poder. Em caso de ter havido o reconhecimento de um
fato em
que houve violação à Convenção, será determinada a adoção de medidas que sejam
necessárias para restaurar o direito violado, podendo condenar o Estado com o pagamento
de
uma justa compensação à vítima.

ALGUNS CASOS DE VIOLAÇÃO DOS


DIREITOS HUMANOS NO BRASIL
Será que o Brasil já praticou alguma infração?

 RESPOSTA

O Sistema Interamericano já atuou fortemente no Brasil, em


aspectos de alto impacto social.
Podemos citar algumas tragédias que marcaram a
história e a evolução do sistema jurídico,
como os casos Candelária,
Maria da Penha e Carandiru, que foram peticionados
junto à
CIDH, e o julgamento dos crimes durante a Ditadura,
proveniente de discussões no cenário
internacional, demandando do Brasil a
execução de justiça aos cidadãos.
A CIDH condenou o nosso país por violação dos direitos previstos na Convenção Americana
em três casos, os quais estão apresentados a seguir (IKWA et al., 2006):

CASO CARANDIRU

Foi denunciado em 1992, analisou o assassinato de 111 detentos por


policiais na Casa de
Detenção de São Paulo, atualmente desativada. A
Comissão exigiu que o Estado
compensasse as famílias das vítimas,
bem como a tomada de medidas para prevenir novas
ocorrências.

CASO CANDELÁRIA

Ocorrido em julho de 1993, analisou o assassinato de oito crianças e


adolescentes nas
adjacências da Igreja Candelária na cidade do Rio
de Janeiro. A denúncia apontou para a
autoria de policiais
militares. A Comissão impôs que houvesse investigações, além do
pagamento de indenizações às famílias.

CASO MARIA DA PENHA

Iniciado em agosto de 1998, evidenciou a demora da justiça penal


brasileira para julgar a
tentativa de homicídio intentada contra
Maria da Penha pelo ex-cônjuge. A justiça deixou que
se passassem
mais de 15 anos sem que houvesse uma sentença definitiva. A Comissão
pediu
ao Estado que, entre outras coisas, completasse de forma
rápida e efetiva o processamento
penal da tentativa de homicídio,
investigasse irregularidades do processo ou irregularidades
que
demandaram a demora não justificada, além de indenizar a vítima.

No contexto da Corte Interamericana, em função de sua jurisdição contenciosa, ela já


analisou
denúncias de violações de direitos humanos pelos Estados americanos. A seguir,
são
apresentadas duas situações em que a Corte atuou: o caso Velásquez Rodrigues e o
caso
Urso Branco (IKWA et al., 2006):
CASO VELÁSQUEZ RODRIGUEZ

Foi apresentado em 1981 à Comissão, a qual demonstrou ser possível


que, ao analisar um
caso individual, a Corte poderia avaliar também
violações sistemáticas relacionadas a ela. A
decisão deu-se em 1988.
Velásquez foi preso, torturado e morto pelas Forças Armadas de
Honduras em 1981. Entre os anos de 1981 e 1984, de 112 a 130 outros
desaparecimentos
aconteceram sob os mesmos contextos de Velásquez
Rodriguez. A Corte afirmou que
Honduras violou artigos 4º, 5º e 7º,
respectivos ao: direito à vida, direito à integridade pessoal e
direito à liberdade pessoal da Convenção Americana.

CASO URSO BRANCO

Deu-se com o massacre de detentos na Penitenciária de Urso Branco, na


capital Porto Velho,
Rondônia. Em março de 2002, depois do massacre
que aconteceu entre os detentos que gerou
a morte de mais de 30
pessoas, a Comissão solicitou à Corte o estabelecimento de medidas
preventivas a favor de 47 presos. A Corte definiu tais medidas em
junho de 2002. Até o ano de
1999, 63 casos tinham sido analisados.
Em 2002, somente sete casos haviam sido enviados à
Corte.
O SISTEMA INTERAMERICANO DE
DIREITOS HUMANOS
Neste vídeo, o especialista categoriza o funcionamento do
Sistema Interamericano de Direitos
Humanos e apresenta a atuação de seus órgãos na
defesa aos direitos humanos.

VEM QUE EU TE EXPLICO!


Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de
estudar.

Breve histórico do Sistema Interamericano de Direitos Humanos

As atribuições e as funções da CIDH

VERIFICANDO O APRENDIZADO

CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como vimos, os direitos humanos são de fundamental importância para todas as pessoas do
mundo, independentemente de sua origem, idade, sexo, condição social ou quaisquer outros
requisitos. Os direitos humanos se atentam ao respeito às necessidades das pessoas, para
que estas possam viver com dignidade, paz, justiça e liberdade.

No primeiro módulo, estudamos a dignidade da pessoa humana e seu contexto no


ordenamento jurídico brasileiro. Vimos o histórico do princípio da dignidade da pessoa humana,
alguns casos práticos e, ainda, as suas relações com os direitos fundamentais.

No segundo módulo vimos os direitos humanos, primeiramente sob uma perspectiva geral e
depois aplicados à Psicologia, mostrando as relações e a importância do psicólogo na garantia
dos direitos humanos.

No terceiro módulo, vimos que a proteção dos direitos humanos passou a ter maior atenção
depois das atrocidades das Grandes Guerras Mundiais, passando a ser mais respeitada em
função da crescente evolução do Direito Internacional e do Direito Interno dos Estados.

No último módulo, analisamos o Sistema Interamericano de Proteção aos Direitos Humanos,


vimos desde a sua formação dada pela Convenção Americana de Direitos Humanos, em 1969,
feita pela Organização dos Estados Americanos, até a sua estrutura, que se divide em dois
importantes órgãos, a Comissão e a Corte Interamericana de Direitos Humanos.

 PODCAST
Para concluir este estudo, o especialista explica os direitos humanos nas esferas internacional,
interamericana e nacional. Apresenta ainda casos de aplicação dos direitos humanos na rotina
profissional do psicólogo.
AVALIAÇÃO DO TEMA:

REFERÊNCIAS
BARCELLOS, A. P. Curso de Direito Constitucional. 2. ed. Rio de Janeiro, RJ: Forense,
2019.

BOBBIO, N. A era dos direitos. Tradução de Carlos Nelson Coutinho. Rio de Janeiro, RJ:
Campus, 1992.

BORGES, C. B. P. A atuação do Brasil no Conselho de Direitos Humanos da ONU à luz do


princípio da prevalência dos Direitos Humanos nas relações internacionais. 110 f. 2014.
Dissertação (Mestrado em Direitos Humanos, Cidadania e Políticas Públicas) - Programa de
Pós-Graduação em Direitos Humanos, Cidadania e Políticas Públicas, Universidade Federal da
Paraíba, 2014.

COELHO, F. L. A. A declaração universal de 1948 e o processo de internacionalização e


universalização dos direitos humanos: primeiras aproximações críticas. Revista Eletrônica
Direito e Política, Itajaí, v. 2, n. 2, 2007.

COMISIÓN INTERAMERICANA DE DERECHOS HUMANOS. CIDH. Informe anual:


introdducción. OEA, 2021a.

COMISSÃO INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS. CIDH. O que é a CIDH. 2021b.


Consultado na internet em: 05 out. 2021.

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. CFP. Resolução CFP nº 10/2005. Aprova o Código


de Ética Profissional do Psicólogo. Brasília, 2005.

DECLARAÇÃO DE DIREITOS HUMANOS DE VIENA. Declaração e programa de ação de


Viena: Conferência Mundial sobre Direitos Humanos. 1993. Consultado na internet em: 27 set.
2021.

MORAES, A. Constituição do Brasil Interpretada. 5. ed. São Paulo, SP: Atlas, 2005.

NOVELINO, M. Direito Constitucional. São Paulo, SP: Método, 2008.


PIOVESAN, F. Direitos humanos e o Direito Constitucional Internacional. 5. ed. São Paulo,
SP: Saraiva, 2011.

PIOVESAN, F. Temas de direitos humanos. 9. ed. São Paulo, SP: Saraiva, 2016.

RAMOS, A. C. Processo Internacional de direitos humanos: análise dos sistemas de


apuração de violações de direitos humanos e implementação das decisões no Brasil. Rio de
Janeiro, RJ: Renovar, 2002.

SCHAFRANSKI, S. M. D. Direitos Humanos & seu processo de universalização: análise da


convenção americana. Curitiba, PR: Juruá, 2003.

TAVARES, A. R. Curso de Direito Constitucional. 18. ed. São Paulo, SP. Saraiva, 2020.

TRINDADE, A. A. C. As sete décadas de projeção da Declaração Universal dos Direitos


Humanos (1948-2018) e a necessária preservação de seu legado. Rev. Fac. Direito UFMG,
Belo Horizonte, n. 73, pp. 97-140, jul./dez., 2018.

EXPLORE+
Para saber mais sobre os assuntos explorados neste conteúdo:

Acesse o site UNICEF Brasil e leia a Declaração Universal dos Direitos Humanos na
íntegra.

Assista ao vídeo Direitos Humanos no canal ONU Mulheres Brasil no YouTube.

CONTEUDISTA
Valdon Santos

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