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Ultra-Som

INTRODUÇÃO:

 Modalidade terapêutica que se utiliza de vibrações

mecânicas com fins terapêuticos.

 Som é toda onda mecânica perceptível ao ouvido humano.

 Onda: É toda perturbação que se propaga no espaço,

afastando-se do ponto de origem. Propaga energia e não

matéria.
Classificação das ondas

 As eletromagnéticas podem ser formadas a partir de

uma corrente passando por um condutor, esta corrente


vai produzir um campo elétrico em torno do condutor e
este campo elétrico promoverá um campo magnético.
Este tipo de onda não precisa de um meio para se
propagar, e seu efeito principal ao interagir com o tecido
biológico, é o efeito térmico. Veremos exemplos deste
tipo de onda nas aulas sobre microondas e ondas curtas.
Classificação das ondas - Eletromagnéticas
Classificação das ondas

 As ondas mecânicas são originadas a partir de uma

perturbação da matéria. Se esta perturbação puder ser


transmitida a outras partículas no meio em que se
encontra, então ela se propaga. Sendo assim, a
propagação deste tipo de onda só ocorre em um meio que
contenha matéria. Sua interação com o tecido biológico
produz tanto efeito térmico, quanto vários efeitos
atérmicos. Esse tipo de onda é a utilizada no Ultra-Som.
Classificação das ondas – Ondas Mecânicas
Ultra-Som

 Qualquer objeto que vibra é uma fonte de som. As ondas

sonoras podem ser geradas mecanicamente (cordas de um

violão) ou eletricamente (Em fisioterapia / medicina se

geram por meio dos chamados transdutores

eletroacústicos.)
Ultra-Som

 As ondas mecânicas perceptíveis ao ouvido humano estão

compreendidas, aproximadamente, entre as frequências de

20 Hz a 20.000 Hz. Quanto maior a frequência, mais agudo

é o som; quanto menor for a frequência mais grave é o som.

 Os sons de frequências abaixo de 20 Hz e acima de 20.000

Hz são inaudíveis ao ouvido humano, sendo denominados,

respectivamente, infra-sons e ultra-sons.


Ultra-Som
Efeito Piezoelétrico

 As irradiações ultra-sônicas foram descobertas no século

passado pelo casal Pierre e Marie Curie. Ao aplicar uma


corrente elétrica senoidal sobre um cristal de quartzo
colocado entre duas placas metálicas, estes cientistas
constataram a geração de uma vibração de alta frequência,
posteriormente caracterizada como ultra-som. A este
processo se denominou efeito piezoelétrico ou
simplesmente propriedade de piezoeletricidade.
Efeito Piezoelétrico Invertido
Efeito Piezoelétrico Invertido

Cristais

 Quartzo

 Zicanato-Titanato de Chumbo (ZTP)

 Titanato de Bário
Efeito Piezoelétrico
Características Biofísicas

 Propagação: As ondas sonoras necessitam de um meio

para se propagarem (líquidos, gases, e sólidos). Não se

propagam no vácuo.

 A velocidade do som no ar é de 330 m/s

 A velocidade do som água é de 1500 m/s


Características Biofísicas

Propagação:

 No ar a transmissão é mais lenta , porque há mais espaço entra as

moléculas. Uma molécula percorre uma distância relativamente


longa antes de afetar a mais próxima.

 Por outro lado, em meios líquidos suas moléculas ficam mais

próximas umas das outras. Um pequeno movimento já afeta a


molécula subsequente, assim líquidos têm velocidade de
propagação mais rápida. Por isso deve-se utilizar o gel terapêutico
como meio de contado entre o cabeçote e o paciente.
Características Biofísicas - Propagação
Características Biofísicas - Propagação
Características Biofísicas

Impedância Acústica – Resistência oferecida pelos tecidos

à passagem das ondas ultra-sonoras. Cada tecido tem uma

impedância acústica diferente.

OBS.: Estruturas mais compactas deixam passar menos


Características Biofísicas

 Reflexão: Se dá quando uma onda emitida volta ao meio

de origem, conservando sua frequência e velocidade. A

reflexão em uma superfície ocorre quando a impedância

acústica dos meios forem diferentes. Se os dois meios

possuírem a mesma impedância acústica isto não ocorrerá.


Características Biofísicas

Reflexão
Características Biofísicas

 Refração: Se dá quando uma onda emitida, passa para

outro meio (interfaces diferentes) sofrendo mudança na sua

velocidade, mas conservando sua frequência. A onda de

som penetra no tecido ou interface à um ângulo (chamado

de ângulo de incidência) e sai destes tecidos ou interface a

um ângulo diferente (ângulo de refração).


Características Biofísicas

Refração
Características Biofísicas

 Absorção: quando uma onda sonora atravessa qualquer

material, a energia é dissipada ou atenuada; é a capacidade

de retenção da energia acústica do meio exposto às ondas do

ultra-som, que são absorvidas e transformadas em calor.

 Tecidos com alto conteúdo de proteínas absorvem o US mais

prontamente do que aqueles com conteúdo de gordura mais

alto, e quanto maior a frequência maior a absorção.


Características Biofísicas
Características Biofísicas
Características Biofísicas

 A atenuação é o fenômeno caracterizado pela diminuição

da energia da onda sonora. Esta diminuição da energia

ocorre principalmente pelos seguintes motivos: reflexão e

absorção.

 A absorção das ondas sonoras vai depender

basicamente de dois fatores: um é a frequência da onda

sonora, e o outro são as características do tecido.


Características Biofísicas

Atenuação
 O uso da frequência do Ultra-som é muito amplo, no
entanto, terapeuticamente é muito comum utilizarmos
apenas cabeçotes de 1MHz e 3MHz.
 Se quisermos alterar o comportamento de um corpo,
temos que gastar energia para isso, e quanto maior for
essa alteração, maior tem que ser o gasto de energia. A
resistência que a massa oferece na tentativa de se opor ao
movimento, que chamamos de reatância de massa
Características Biofísicas

 Isso quer dizer que quanto maior o movimento que

quisermos dar à massa, maior será a reatância dessa

massa (resistência ao movimento), consequentemente,

maior terá que ser a energia absorvida para que esse

movimento seja possível. Em fim, se eu quiser que um

corpo em vez de vibrar a 1Mhz vibre a 3Mhz, terei que

gastar mais energia, ou seja, maior a absorção.


Características Biofísicas

 Sendo assim, quanto maior a frequência utilizada, maior

será o poder de absorção e mais intenso será o efeito

superficial. Por isso, é verdadeira a frase: quanto

maior a frequência do Ultra-som, menor seu

poder de penetração.
Características Biofísicas
Características Biofísicas

 Efeito tixotrópico: Capacidade do Ultra-Som na redução

da viscosidade do tecido ou na despolimerização da

substância fundamental amorfa. Através desse efeito,

ocorre o aumento da elasticidade tecidual e a diminuição de

consistência tecidual fibrótica.


Características Biofísicas

 Cavitação: A cavitação é a atividade das bolhas dentro de

um campo ultra-sônico. A pressão oscilante pode fazer com


que as bolhas cresçam e oscilem. Uma bolha oscilante faz
com que os líquidos em torno dela fluam, e pode ocorrer
forças de atrito consideráveis. Em alguns casos podem
tornar-se ressonantes, caso no qual começam a oscilar de
forma instável e podem sofrer um colapso violento,
causando dano tissular em sua vizinhança.
Características Biofísicas
Características Biofísicas
Características Biofísicas

 Cavitação: Este fenômeno tem sua importância na utilização

sobre o tecido, pois as cavitações estáveis juntas com outro


fenômeno chamado ondas estacionárias, aumentam o
metabolismo. Já as cavitações instáveis devem ser evitadas já que
podem facilmente produzir lesão tecidual, no entanto, há quem
as utilizem quando o objetivo é quebra de fibrose no tecido
epitelial, e alguns até as utilizam para quebra de células de
gorduras. Esses procedimentos (utilizar cavitação instáveis) não
são indicados e devem ser evitados.
Características Biofísicas

 Ondas estacionárias: Quando uma onda de ultra-som

atinge a interface entre dois tecidos com impedâncias

acústicas diferentes (por ex., osso e músculo), ocorre

reflexão de uma porcentagem da onda. As ondas refletidas

podem interagir com as ondas incidentes que estão

chegando para formar um campo de ondas estacionárias


Características Biofísicas
Características Biofísicas

Ondas estacionárias

O que deve ser feito para minimizar as ondas estacionárias?

 Basta que utilizemos o modo pulsátil em vez do contínuo.

 Não parar de mover o cabeçote durante o tratamento.

 Não utilizar doses elevadas.


Características Biofísicas

 Regime de emissão de onda: o modo contínuo

produzirá calor nos tecidos se a intensidade for alta o

suficiente, considerando que o ultra-som pulsado à mesma

intensidade instantânea tem uma intensidade média

temporal muito mais baixa e aquecimento menor ou, até

mesmo, desprezível.
Características Biofísicas
Características Biofísicas
Características Biofísicas

Campo Próximo X Campo Distante

 Pode-se distinguir duas áreas de um feixe ultra sônico:

campo próximo (zona de Fresnel) e campo distante (zona

de Fraunhofer).
Características Biofísicas
Características Biofísicas

Campo Próximo X Campo Distante


 O campo próximo possui uma pequena convergência e
caracteriza-se por fenômenos de interferência no feixe ultra
sônico que podem conduzir a picos de intensidade que podem
causar lesões tissulares, ou seja, o feixe ultra sônico neste campo
possui alta taxa de não uniformidade (alta BNR), pois existem
pontos onde ocorrem alta intensidade e pontos onde ocorrem
baixa intensidade, podendo prover picos de até 5 a 10 vezes
maiores que o valor ajustado no aparelho (às vezes picos 30 vezes
mais altos).
Características Biofísicas
Características Biofísicas

Campo Próximo X Campo Distante

 O campo distante caracteriza-se por uma baixa taxa de não

uniformidade do feixe (baixa BNR), ou seja, ocorrem

ausência quase total de fenômenos de interferência e o feixe

é mais uniforme. E a intensidade diminui gradualmente ao

aumentar a distância do transdutor.


Características Biofísicas

Campo Próximo X Campo Distante

 Para que se possa minimizar o efeitos de picos de

intensidade no campo próximo e prover segurança no

tratamento deve-se movimentar o cabeçote durante a

aplicação do ultra som, pois isso torna o campo mais

homogêneo (mais uniforme).


Efeitos Fisiológicos

 Efeito mecânico: Chamado de micromassagem celular. A

micromassagem dos tecidos se deve às oscilações

provocadas pelo feixe ultra-sônico que os atravessa. A

movimentação dos tecidos aumenta a circulação de fluidos

intra e extracelulares, facilitando a retirada de catabólitos e

a oferta de nutrientes.
Efeitos Fisiológicos

 Aumento da permeabilidade da membrana:

Alteração no potencial de membrana e aceleração dos

processos osmóticos (difusão), e consequente aumento do

metabolismo. Ocorre não só pelo efeito de aquecimento

como também pelo efeito não térmico do US. Este efeito é a

base para fonoforese.


Efeitos Fisiológicos

 Efeito térmicos: Tem por base o efeito Joule. É causado

pela absorção das ondas ultra-sônicas à medida que

penetram nas estruturas tratadas. A quantidade de calor

gerado depende de alguns fatores como por exemplo, o

regime de emissão (modo contínuo produz maior calor que

o pulsado), a intensidade, a frequência e a duração do

tratamento.
Efeitos Fisiológicos

 Vasodilatação: Há a liberação de substâncias vasoativas

como a Histamina; há inibição do simpático dos vasos,

diminuindo sua resistência tênsil; há aumento do

metabolismo e consequentemente aumento do consumo de

O2, aumentando com isso a presença de CO2, provocando a

vasodilatação.
Efeitos Fisiológicos

 Aumento do metabolismo: Se dá pela Lei de Van’t

Hoff, que relaciona o aumento de temperatura com a taxa

metabólica, mencionando que para cada aumento de 1° C

na temperatura corpórea deve ocorrer um aumento de 10 %

na taxa metabólica. Young (1998) cita que este aumento

seria de 13% da taxa metabólica.


Efeitos Fisiológicos

 Ação tixotrópica: Propriedade que o ultra som tem de

"amolecer" ou "liquefazer" estruturas com maior

consistência física (transforma colóides em estado sólido

em estado gel).
Efeitos Fisiológicos

 Aumento das atividades dos fibroblastos

 Aumento da síntese de colágeno

 Aumento da síntese de proteína

 Estimulação da angiogênese

São de fundamental importância no processo de reparação

dos tecidos
Efeitos Fisiológicos

 Aumenta as propriedades viscoelásticas dos tecidos

conjuntivos e ricos em colágeno. Aumenta a

extensibilidade, facilitando o alongamento


Efeitos Terapêuticos

 Anti-inflamatório: Sua ação na fase inflamatória inicial

da reparação é uma aceleração do processo, aumentando a

liberação de fatores de crescimento pela desgranulação dos

mastócitos, plaquetas e macrófagos. O ultra som atuaria

como um acelerador do processo inflamatório, portanto

não como anti-inflamatório.


Efeitos Terapêuticos

 Analgésico: Justifica-se por alguns fatores: aumento do

limiar de dor com ação nos nervos periféricos; eliminação

de substâncias mediadoras da dor como consequência do

aumento da circulação tissular; normalização do tônus

muscular; bloqueio da condução nervosa, etc


Efeitos Terapêuticos

Regeneração tissular e reparação dos tecidos moles:


 Fase inflamatória: a liberação de histamina, macrófagos, monócitos,

além de incrementar a síntese de fibroblastos e colágeno.

 Fase proliferativa do reparo: incremento da velocidade


angiogênica; aumento da secreção de proteína e colágeno (US pulsátil);
estimulação da "contração" da ferida, diminuindo significativamente
com isso a o tamanho da cicatriz (US pulsátil)

 Fase de remodelagem do reparo: O US aumenta a resistência

tênsil e a quantidade de colágeno (o colágeno tipo III é substituído por


colágeno tipo I, em resposta ao estresse mecânico promovido pelo US).
Efeitos Terapêuticos

 Regeneração óssea: Algumas pesquisas mostraram que o

ultra-som pode produzir um efeito piezoeléctrico no osso (na

molécula de colágeno) que, por sua vez, pode produzir

osteogênese; outras mostraram melhora significativa no

retardo de consolidação de fratura. A fase proliferativa do

reparo é subdividida na formação do calo mole e do calo

duro.

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