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PATRÍCIA J.

ARAÚJO L´AMOUR

PPG PROFISSIONAL EM GESTÃO, PESQUISA E DESENVOLVIMENTO


NA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA

DISCIPLINA: GESTÃO DA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA

Resumo da aula 2 – Desenvolvimento de Medicamentos -


como parte dos requisitos necessários à obtenção da
aprovação na disciplina.

Docente: Helvécio V.A.Rocha


Rio de Janeiro, maio de 2019

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O desenvolvimento de uma nova molécula demanda recursos e tempo – a cadeia de
desenvolvimento é longa, complexa e cara. Ao observá-la percebe-se que 30% (± 42 meses) são
consumidos na fase não clínica; 47% (± 66 meses), consumidos na fase clínica e 23% (±32 meses)
consumidos na fase mercadológica.
O desenvolvimento farmacotécnico apresenta-se como uma área de grandes desafios e
oportunidades; contudo, é uma área lenta do ponto de vista de lançamento de um novo produto, haja
vista a rigorosa regulamentação que recai sobre a indústria farmacêutica. E por esse mesmo motivo
que o profissional, além de possuir as habilidades de pesquisador – pesquisar, investigar e observar -,
deve estar em constante atualização, pois o desenvolvimento de novas tecnologias são conduzidos
diariamente.
Enquanto no passado o profissional trabalhava por tentativa e erro, não fazendo uso de
quaisquer métodos ou planejamento experimental que colaborassem para a racionalização e a
pesquisa, hoje as regulamentações são dinâmicas e efetivas sobre o que é pesquisado e como é
produzido.
Dentro desse contexto, o profissional dessa área precisa estar em constante interação com
outras disciplinas de apoio e muito alinhado com os demais setores da organização, principalmente
com a parte regulatória. A medida que esse cenário de regulamentação foi sendo aprimorado, a
carência de profissionais habilitados foi evidenciada.
Outro fator que pode colaborar para essa carência profissional é a questão de perfis de
profissionais que atuam nas organizações multinacionais e nacionais; enquanto a pesquisa e
desenvolvimento da primeira é realizado na matriz por profissionais habilitados na área, o
profissional da multinacional que atua no mercado nacional tende a ser diferente, pois este apenas
realiza a transferência de tecnologia. Outro fator para essa carência seria o alto grau de
especialização demandada pela área de desenvolvimento de produto, pois o profissional precisa
entender muito de várias disciplinas, impactando, assim, na apropriação muitos conhecimentos
envolvidos. A contar da maior regulamentação que foi se desenhando no Brasil, e do crescente no
setor de desenvolvimento de produto, cada vez mais, foi sendo exigindo maior habilitação dos
profissionais.
O desenvolvimento do produto também ocorre através da terceirização. Algumas
organizações optam pela terceirização da produção, por questões estratégicas de mercado, pois o
investimento em algumas, plantas tecnológicas para produção de um ou dois produtos om baixa
demanda não é rentável; contudo, a terceirização de algum produto fortalece o portfólio terapêutico
O desenvolvimento do produto, a exemplo do genérico, começa com a pesquisa
bibliográfica, buscando todas as informações sobre o fármaco em questão. Em seguida, é elaborado
um planejamento experimental para fabricação de lotes experimentais, que são realizados em poucas
quantidades. Os lotes experimentais. Esses lotes não precisam ser produzidos em áreas certificadas.
A medida que se avança nos experimentos e ajustes nos processos, e baseado no que a área
de desenvolvimento analítico expõe, se procede com os lotes pilotos; esses precisam
obrigatoriamente ser produzidos em áreas certificadas para realizar os estudos de estabilidade,
equivalência farmacêutica, todo um processo de controle de qualidade, denominado trinômio geral;
na sequência se reúne a documentação para prosseguir com solicitação de registro na Anvisa.
Diferentemente dos lotes experimentais os lotes pilotos são produzidos em escala industrial.
Algumas organizações tem uma área piloto. De acordo com a legislação em vigor, os lotes pilotos
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precisam ser feitos com a mesma fórmula e em número de três, e precisam ser feitos com o mesmo
fabricante do fármaco. Os lotes pilotos precisam passar pelos estudos de estabilidade e equivalência
farmacêutica, porque as características do produto não podem sofrer variações. Esses estudos são
feitos de duas condições: de forma acelerada (40ºC e 75% de umidade) e de forma de longa duração
(30ºC e 75% de umidade). A Anvisa exige estudos completos de estabilidade para a forma acelerada
e seis meses para a forma de longa duração para fornecer o registro, que geralmente é de 24 meses. O
que se supõe que poderia ser possível obter um registro da Anvisa em 6 meses. Os estudos de
estabilidade devem continuar durante esse período; em havendo qualquer alteração no produto, a
Anvisa deve ser comunicada e o prazo de validade do produto será alterado, conforme os estudos de
estabilidade apresentados.
Os estudos de estabilidade estão diretamente ligados ao tempo de validade do produto, pois
são eles que dirão por quanto tempo o produto manterá suas características inalteradas, ou, ainda,
dentro de uma faixa de aceitação. A questão de estabilidade impacta em alguns fatores como
logística, no tipo de produto, se controlado ou não, pois muitas vezes a organização trabalha com
demanda, ou por campanha, ou por questões políticas ou econômicas. Assim, é produzido muito de
um produto, que pode ser guardado por muito tempo (validade) para liberar o parque tecnológico
para retomar a produção anterior. Para isso, se procede com uma limpeza eficaz do maquinário para
que não ocorra contaminação.
Em seguida, ou paralelamente, aos estudos de estabilidade, se procede com os estudos de
equivalência farmacêutica e a biodisponibilidade. A equivalência farmacêutica se refere ao
comportamento do produto genérico em relação ao produto de referência, e é realizado in vitro em
laboratórios; os testes de biodisponibilidade são feitos in vivo. Nesta fase de equivalência se
incrementa o teste de perfil de dissolução para verificar in vitro como o produto genérico vai se
comportar em relação ao produto de referência. Isso para garantir segurança para aqueles que se
oferecem para testes produtos em desenvolvimento.
Todo esse processo ocorre num laboratório certificado pela Anvisa. É esse laboratório que
vai determinar se o produto em desenvolvimento é equivalente com o produto de referência.
O processo de bioequivalência ocorre em três etapas: clínica, analítica e estatística.
Geralmente, é um processo mais longo em relação à equivalência farmacêutica. Alguns fatores
biofarmacêuticos afetam o teste de biodisponibilidade como as características físico-químicas,
fatores farmacêuticas e fatores fisiológicos.
Quanto a processabilidade é o nível de facilidade de se reproduzir o produto, sem maiores
gastos ou investimentos. A reprodutibilidade deve ser viável.
De acordo com a regulação os atributos do produto devem ser atendidos quanto segurança,
qualidade e reprodutibilidade e eficácia.
A cristalinidade diz respeito à regularidade de organização das moléculas, se não há
organização, uma regularidade de organização elas são denominadas amorfas. A energia é o que
organiza essas moléculas. É possível transmitir energia às moléculas e alterar seu estado de
organização. O amorfo é energeticamente instável. Então, é importante saber como é constituído o
fármaco, se com moléculas cristalinas ou amorfas.
O monitoramento em tempo real está em crescimento na indústria. Isso significa que
durante o processo de fabricação, qualquer divergência no processo pode ser identificada através da

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presença de uma sonda dentro do equipamento. Atualmente, o processo é regularmente monitorado,
conforme o tempo programado, de forma mais detalhado e mais eficiente. É o design Science no
desenvolvimento do produto.

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