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UNIVERSIDADE DE ITAÚNA – FACULDADE DE

DIREITO
DIREITO EMPRESARIAL II - 5º PERÍODO NOTURNO
– TURMA “A”
AULA Nº 9 EM 08 09 2022 – Professor Eduardo
Barbosa

TEMA 1: O que é sociedade em nome coletivo?

Muito usada no século anterior aqui no Brasil,


principalmente nas décadas de 70 e 80, porém
a tendência é o desuso, mas mantida pelo
CCivil 2002.

No Código Comercial Brasileiro de 1.850 a


sociedade em nome coletivo era tratada pelos
artigos 315 e 316, seguindo o Código Civil de 2002
o mesmo esquema básico daquele. As disposições
específicas do CC/2002 sobre a sociedade em nome
coletivo são contempladas, no que couber, pelo
disposto a respeito das sociedades simples, art.
1.040.

Seus sócios somente podem ser pessoas físicas – o


que limita a formação de grupos societários com a
utilização desse tipo.

Todos os sócios respondem perante terceiros de


forma subsidiária, solidária e ilimitadamente pelas
dívidas sociais (arts. 1.023 e 1.039, § único).
Internamente, podem os sócios regular, no ato
constitutivo, ou por modificação unânime posterior,
a limitação de suas responsabilidades. Esta
possibilidade traz algum benefício a sócios
minoritários, mas apenas se vier a ser alcançado
um efeito positivo de uma ação de regresso contra
outros sócios por dívida social que houverem pago.

Esse tipo de sociedade não mais se justifica na


sociedade atual em vista da responsabilidade ser
ilimitada. A meu ver parece fora de propósito que
podendo as pessoas realizar empreendimentos sem
o comprometimento de seus bens particulares e
familiares, optem pela responsabilidade ilimitada,
total e solidária. Daí porque são poucos os casos de
registros desta modalidade societária. Os
beneficiários desta modalidade são os credores, pois
todo o patrimônio particular dos sócios garante as
obrigações assumidas.

Além dos requisitos previstos no art. 997, o


contrato social deve, necessariamente, indicar a
firma social (antigamente também chamada de
“razão social”), que é o tipo de nome empresarial
passível de adoção pelas sociedades em nome
coletivo.

Somente sócios podem exercer a administração da


sociedade em nome coletivo o que é outro fator
limitativo de sua utilidade no campo empresarial. O
uso da firma social é privativo dos administradores
designados no contrato social. Diante do silêncio do
contrato social, qualquer sócio poderá administrar a
sociedade isoladamente. Art. 1.013.

Como regra geral, o credor particular do sócio não


pode requerer a liquidação da cota deste para a
satisfação de seu crédito. Em caráter excepcional, a
lei abre esta possibilidade nas seguintes hipóteses
(relação fechada): a - se o contrato social,
originariamente de prazo determinado, for
prorrogado tacitamente; ou b – se, tendo ocorrido
prorrogação do contrato por prazo determinado,
aprovada pelos sócios, for acolhida judicialmente
oposição pelo credor, efetuada no prazo do 90 dias
do ato dilatório.

A sociedade em nome coletivo dissolve-se por


qualquer das causas previstas para a sociedade
simples, além de chegar a tal resultado também
pela decretação de sua falência.

A sociedade em nome coletivo é considerada o tipo


societário mais simples, genérico, de modo que, se
no contrato social não ficar estipulado qual o tipo
social, considerar-se-á a mesma em nome coletivo.

A sociedade em nome coletivo é a sociedade mais


simples, tanto nas estruturas como nas funções, por
isso ela é considerada o protótipo das sociedades
empresariais em geral. Se os sócios não
demonstrarem expressamente a opção por
determinado tipo societário, pode-se considerar que
estamos diante de uma sociedade em nome
coletivo.

É regida pelos arts. 1.039 a 1.045 do Código Civil,


sendo que na omissão desses dispositivos, será
regulada em cará ter supletivo pelas normas da
sociedade simples, conforme menciona o art. 1.040
do Código Civil.

Trata-se de uma sociedade estritamente de pessoal,


uma vez que a pessoa física de seus sócios, com
seus atributos característicos é importantíssima
para o desenvolvimento da sociedade e para as
boas relações negociais com terceiros.
A responsabilidade dos sócios é sempre solidária e
ilimitada pelas obrigações sociais. Ilimitada porque
ultrapassa os limites do patrimônio social quando
este é insuficiente. Solidária em razão de
responderem todos os sócios pelo que faltar para a
total satisfação dos credores sociais, ou, na
conformidade da lei: “quando na mesma
obrigação concorre mais de um credor, ou
mais de um devedor, cada um com direito, ou
obrigado, à dívida toda”.

Esgotados os bens sociais, os credores poderão


acionar um, alguns ou todos os sócios
indistintamente, sem obedecer a qualquer ordem de
prioridade na cobrança, pois a solidariedade se
contrapõe ao benefício de ordem entre os sócios.
Essa solidariedade é a característica distintiva da
sociedade em nome coletivo, desde sua origem,
abraçada não só pelo Código Comercial (art. 317)
como também pelo Código Civil, art. 1.039).

Em regra, os credores particulares dos sócios


solidários não podem pretender a liquidação da cota
que seu devedor possuir em sociedade em nome
coletivo, ou mesmo como comanditado, em
sociedade em comandita simples, porque a
qualidade de sócio é pessoal, não podendo outra
pessoa estranha ingressar no quadro social para
substituir a retirada dos fundos do sócio executado,
e, ainda, porque essa retirada implica a redução do
capital na liquidação da sociedade, com grave
prejuízo à empresa e aos sócios remanescentes.
Somente na liquidação da sociedade, quando a
empresa não se encontra em exercício, torna-se
possível apurar a parte atribuível ao sócio devedor e
sua execução, para pagamento de sua dívida
particular.

Entretanto, o Código Civil previu duas possibilidades


para a execução dos bens do sócio em nome
coletivo (ou solidário) por parte de seu credor
particular:

a)Na prorrogação tácita do exercício da sociedade


(art. 1.043, § único, I).
b)Na prorrogação contratual, em havendo
oposição judicial de credor no prazo de 90 dias
da data da publicação do ato dilatório (art.
1.043, § único, II).

Explica-se:

As sociedades constituídas por prazo determinado


extinguem-se quando esgotado o estabelecido no
contrato ou nos estatutos. O código civil previu,
entretanto, a hipótese de prorrogação tácita
quando, vencido o prazo de duração, a sociedade
não entrar em liquidação, sem oposição de sócio
(art. 1.033) Nessa ocorrência, os credores poderão
não concordar em se sujeitar à prorrogação e exigir
seus créditos como se a sociedade estivesse em
liquidação, promovendo a cobrança contra os bens
comuns até o limite da participação do sócio
devedor. Igualmente, os credores poderão opor-se
judicialmente à prorrogação do contrato firmado por
tempo determinado dentro do prazo de 90 dias,
contados da publicação realizada pela Junta
Comercial, por ocasião da averbação da dilação do
Registro Público das Empresas.

O Código Comercial era omisso quanto à


possibilidade de limitação da responsabilidade entre
os sócios, mas a doutrina a admitia: “Os sócios
podem limitar a responsabilidade entre si,
repartindo-a em proporções distintas.
Exemplo: podem estipular no contrato que um
ou mais sócios não serão obrigados para com
os outros sócios, senão até a concorrência das
suas cotas ou de certa quantia”. O Código Civil
de 2002 tornou expressa a possibilidade de
convenção a esse respeito (art. 1.039).

Observe-se que o acordo produz efeito somente


entre os sócios. Os credores, que não são parte no
acordo de limitação recíproca de responsabilidade,
não perdem o direito de executar os sócios na
hipótese de o patrimônio não ser suficiente. Dessa
forma, esgotados os bens da sociedade e
verificando-se a insuficiência para pagamento de
seu crédito, o credor pode valer-se da solidariedade
entre os sócios, executando-os independentemente
de qualquer ordem de precedência entre eles.

Somente depois de pagos os credores sociais é que


os sócios farão uso da convenção limitativa de sua
responsabilidade, no exercício do direito de regresso
uns contra os outros: aquele que pagou além do
estipulado poderá exigir dos demais a diferença
para reaver o quanto excedeu em pagamentos. A
regra prevê a possibilidade de subtração do valor da
parte de sócio que se tornou insolvente, assunto
que será objeto de estudos no tema Falência.

A sociedade em nome coletivo, como ocorria na


legislação comercial, pode adotar exclusivamente
firma social (art. 1.041). Firma, nome de pessoa;
assinatura completa ou abreviada. No sentido
técnico, é um nome comercial, pessoa jurídica, que
não se confunde com a sociedade nem casa de
comércio ou empresa. Pode ser individual ou
singular, quando o empresário usa o seu próprio
nome. Goza da personalidade jurídica depois de
registrada, quando adquire direitos e assume
obrigações própris e autônomos, diferentes
daqueles de pessoa da vida civil; social ou coletiva,
quando designa sociedade, companhia mercantil ou
industrial, que adquire personalidade ao se registrar
e em seu contrato, antecessora, a que já existia e
foi substituída por outra; sucessora a que adquire
todo o patrimônio da firma antecessora.

Dessa forma, o nome da sociedade somente pode


ser composto pelo nome de um ou alguns dos
sócios, por extenso ou abreviadamente, acrescidos
da expressão “e companhia” de forma abreviada
ou por extenso. Se todos os nomes dos sócios que a
compõem forem utilizados, nenhum acréscimo
poderá ser usado, em obediência ao princípio da
veracidade, previsto no artigo 34 da Lei n.
8.934/94.

A administração da sociedade sempre cabe à pessoa


física que, necessariamente ostentando a qualidade
de sócio, é designada no contrato social. Na
ausência desta designação, todos os sócios
respondiam, na previsão da lei comercial (art. 316)
pelo uso da forma social. A mesma regra foi
mantida pelo CC 2002, na parte comum às
sociedades (art. 1.013), aplicável por força do art.
1.040.

É da tradição do direito pátrio a impossibilidade de


pessoa estranha figurar como órgão de
administração da sociedade em nome coletivo, mas
é possível que o sócio administrador outorgue
mandato a terceiros em situaç

Conforma-se tal premissa no fato de que pra


cederem suas cotas a terceiros estranhos, os sócios
precisam da concordância dos demais (art. 1.003 do
Código Civil), bem como pelo fato de que apenas
sócios podem se tornar administradores da
sociedade.

A sociedade em nome coletivo é um tipo societário


onde todos os sócios são solidários e todos
respondem ilimitadamente pelas dívidas da
sociedade, ou seja, a dívida da sociedade pode
atingir os bens dos sócios. De acordo com o art.
1.039 do Código Civil, essa sociedade é constituída,
necessariamente, por pessoas físicas. A
administração desta sociedade cabe exclusivamente
aos sócios, não podendo um terceiro exercer este
papel administrativo (art. 1.042, Código Civil).

A sociedade em nome coletivo deve ser registrada


no órgão competente, motivo pelo qual tem
personalidade jurídica e tem nome empresarial. O
nome empresarial é composto pelo patronímico dos
sócios ou alguns dos patronímicos, constando, ao
final do nome, “& companhia” (& Cia).

Desta forma, o contrato social deve conter as


cláusulas previstas no artigo 997, com os devidos
ajustes relativos ao nome empresarial que na
sociedade em nome coletivo deve ser adotada a
firma (composta pelo nome dos sócios), não
podendo usar denominação social.

A sociedade em nome coletivo não é uma invenção


brasileira. Ela existe desde a idade média. Sua
origem se deu no meio familiar daquela época em
que as pessoas se associavam para o exercício de
suas atividades e o patrimônio da sociedade se
confundia com dos membros da família. Todos
respondiam pelas dívidas da sociedade.

A constituição deste tipo de sociedade é restrita às


pessoas naturais (pessoas físicas, podendo ser
empresário individual ou não), não sendo admitido
que outras sociedades (pessoas jurídicas)
participem do quadro societário de uma sociedade
em nome coletivo.

Os sócios respondem ilimitadamente e


solidariamente entre eles pelas obrigações
financeiras e fiscais. Contudo, considerando que há
personalidade jurídica, há o benefício de ordem que
deverá ser respeitado em caso de execução
promovida por credores.

Esse tipo de sociedade também permite que os


sócios limitem entre si as suas responsabilidades no
momento de elaboração do Contrato Social.

No que se refere ao objeto social, este tipo


societário pode explorar atividade econômica,
comercial ou civil, na qual perante terceiros, os
sócios respondem solidária e ilimitadamente.

Além disso, é possível utilizar a desconsideração da


personalidade jurídica.

Muito usado no século anterior aqui no Brasil,


principalmente nas décadas de 70 e 80, era
costumeiro o patriarca colocar o nome da
empresa Fulano de Tal & Filhos Cia.
O fato dos bens particulares dos sócios ficarem
sujeitos a responder pelas dívidas da sociedade em
decorrência da responsabilidade ser ilimitada,
certamente é o ponto principal para a sua quase
inexistência na prática do mercado nacional.

Quais são as espécies de sociedade em nome


coletivo?

Tipo sociedade empresária:

-Deve ser registrada na Junta Comercial da


circunscrição local;
-Esta sujeita a Lei das Falências, em caso de
falência da sociedade, os sócios também serão
considerados falidos.

Tipo sociedade simples:

-Registrada no RTDCPJ - Registro de Títulos e


Documentos e Civil de Pessoa Jurídica;-Registrada
na OAB se sociedade de advogados;
-Não pode falir.

Diferente do que ocorre na sociedade simples, se a


sociedade estiver funcionando normalmente o
credor particular de sócio não pode, antes de
dissolver-se a sociedade, pretender a liquidação da
quota do devedor. Isto só será possível quando a
sociedade houver sido prorrogada tacitamente, nos
casos de sociedade com prazo determinado ou
tendo ocorrido prorrogação contratual, for acolhida
judicialmente oposição do credor, levantada no
prazo de noventa dias, contado da publicação do ato
dilatório (artigo 1.043).
Embora não tenha validade perante terceiros, entre
os sócios pode haver a limitação de
responsabilidade, desde que prevista no contrato
social ou em aditivo assinado por todos.

O incapaz não poderá ser sócio desta espécie de


sociedade, pois não há proteção patrimonial mínima
necessária (art. 974 do CC).

As quotas dos sócios na sociedade em nome


coletivo, sendo a sociedade por tempo
indeterminado, não são sujeitas à liquidação para
pagamento de dívidas particulares dos sócios. Este
é talvez o único atrativo para a constituição de uma
sociedade em nome coletivo, haja vista que estando
as quotas livres de liquidação em decorrência de
dívidas pessoais dos sócios, dependendo das
circunstâncias e não estando sujeita a
desconsideração da pessoa jurídica, poderá ser
utilizado este tipo societário como proteção ou
blindagem patrimonial de sócios de boa fé, sujeito a
dificuldade potencial.

No contrato deve conter também uma cláusula que


imponha responsabilidade ilimitada dos sócios, não
sendo possível excluir qualquer sócio da
responsabilidade subsidiária.

Destaca-se que neste tipo de sociedade é permitida


a participação de sócios sem que seja necessário
contribuir com dinheiro ou bens para a
integralização do capital social. Sua contribuição
poderá ser efetivada com prestação de serviços
(artigo 997, V).

O código civil faz poucas referências em termos de


regras para este tipo de sociedade (artigos 1.039 a
1.044). Para complementar sua constituição,
funcionamento e administração, o código determina
que devem ser aplicadas as normas da sociedade
simples, isto naturalmente no que não conflitar com
sua especificidade.

TEMA 2: O que é Sociedade em conta de


participação?

A sociedade em conta de participação (direito


brasileiro) ou conta da metade (direito português)
é uma sociedade empresária que vincula,
internamente, os sócios . É composta por duas ou
mais pessoas, sendo que uma delas
necessariamente deve ser empresário ou
sociedade empresária.

A sociedade em conta de participação (direito


brasileiro) ou conta da metade (direito português)
é uma sociedade empresária que vincula,
internamente, os sócios . É composta por duas ou
mais pessoas, sendo que uma delas
necessariamente deve ser empresário ou sociedade
empresária. Atualmente, os artigos de 991 a 996 do
Código Civil brasileiro dispõem sobre essa
modalidade societária.

Por ser apenas uma ferramenta existente para


facilitar a relação entre os sócios, não é uma
sociedade propriamente dita, ela não tem
personalidade jurídica autônoma, patrimônio
próprio e não aparece perante terceiros.

O empreendimento é realizado por dois tipos de


sócios: o sócio ostensivo e o sócio participativo
(esta denominação surgiu com o CC/2002, antes
esse sócio era conhecido como sócio oculto).
O sócio ostensivo (necessariamente empresário ou
sociedade empresária) realiza em seu nome os
negócios jurídicos necessários para ultimar o objeto
do empreendimento e responde pelas obrigações
sociais não adimplidas. O sócio participativo, em
contraposição, não tem qualquer responsabilidade
jurídica relativa aos negócios realizados em nome
do sócio ostensivo.

Por estar prevista no Código Civil brasileiro e este


ser integrante da Constituição Federal, caracteriza-
se por ser um instrumento legal de constituição de
sociedades a partir de duas ou mais pessoas.

Antes da publicação da IN, a Coordenação-Geral de


Tributação (COSIT), órgão responsável por
solucionar as consultas formuladas pelos
contribuintes, consolidou seu entendimento na
Solução de Consulta n° 121 de que as SCPs
estariam desobrigadas de tal inscrição, mas que
nada impediria que a RFB determinasse que todas
as SCP se inscrevessem no CNPJ.

É importante salientar que a IN RFB Nº 1634/16


também estabelece que a inscrição das entidades
perante o CNPJ pode se dar de ofício pela
Administração, porém sem prever sanções mais
severas do que a aplicação de multas pelo não
cumprimento.

Fonte: Instrução Normativa RFB nº 1634, de 06 de


Maio de 2016

Reucuperação Judicial (lei 11.101/2005) - As


sociedades em conta de participação não têm
legitimidade para requerer sua recuperação judicial,
ainda que comprovem o devido registro de seus
atos no órgão competente. Certa porque não tem
legitimidade as pessoas impedidas de comerciar e
as empresas sujeitas ao processo de liquidação
extrajudicial como: transportes aéreos,
seguradoras, instituições financeiras em geral.
Também não podem requerer à concordata as
sociedades irregulares o de fato e as sociedades em
conta de participação. [Direito Empresarial
(Comercial)Falência e Recuperação de
Empresas ,Recuperação Judicial].

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