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TRIBUNAL DE JUSTIÇA
PODER JUDICIÁRIO
São Paulo

Registro: 2022.0000729014

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 2283702-88.2021.8.26.0000 e código 1BBAC8B5.
ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Direta de Inconstitucionalidade

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por GASTAO TOLEDO DE CAMPOS MELLO FILHO, liberado nos autos em 09/09/2022 às 15:32 .
nº 2283702-88.2021.8.26.0000, da Comarca de São Paulo, em que é autor
PROCURADOR GERAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO, são réus
PREFEITO DO MUNICÍPIO DE CATANDUVA e PRESIDENTE DA CÂMARA
MUNICIPAL DE CATANDUVA.

ACORDAM, em Órgão Especial do Tribunal de Justiça de São Paulo,


proferir a seguinte decisão: "JULGARAM A AÇÃO PROCEDENTE, COM RESSALVA,
NA PARTE CONHECIDA. V.U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra
este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores RICARDO


ANAFE (Presidente), VIANNA COTRIM, FÁBIO GOUVÊA, MATHEUS FONTES,
AROLDO VIOTTI, JACOB VALENTE, JAMES SIANO, COSTABILE E SOLIMENE,
LUCIANA BRESCIANI, ELCIO TRUJILLO, LUIS FERNANDO NISHI, JARBAS
GOMES, MARCIA DALLA DÉA BARONE, TASSO DUARTE DE MELO,
FIGUEIREDO GONÇALVES, FLAVIO ABRAMOVICI, GUILHERME G. STRENGER,
FERNANDO TORRES GARCIA, XAVIER DE AQUINO, DAMIÃO COGAN,
MOACIR PERES, FERREIRA RODRIGUES E FRANCISCO CASCONI.

São Paulo, 6 de setembro de 2022

CAMPOS MELLO
RELATOR
Assinatura Eletrônica
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PODER JUDICIÁRIO
São Paulo

Aç ão Dir eta d e I n co n sti tu c io n ali d ad e 2 2 8 3 7 0 2 - 8 8 .2 0 2 1 . 8 .2 6 .0 0 0 0 VOTO 80622

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Au to r : P r o c u r a d o r Ge r al d e Ju sti ça d o Est ad o d e Sã o P au l o .
Ré u s: Pr ef e ito d o Mu n ic íp i o d e C ata n d u v a e P r es id e n te d a Câ m ar a M u n i cip al d e
Cat an d u v a .

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ART. 291


DA LEI COMPLEMENTAR 31/1996, DA LEI 4.542/2008, DA

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LEI 6.231/2021, E, POR ARRASTAMENTO, DA LEI
4.929/2010, DA LEI 5.453/2013, DA LEI 6.063/2020 E LEI
6.231/2021, TODAS DO MUNICÍPIO DE CATANDUVA, QUE
DISPÕEM SOBRE A CONCESSÃO DE PRÊMIO ASSIDUIDADE
AOS SERVIDORES PÚBLICOS MUNICIPAIS. ALEGAÇÃO DE
INCONSTITUCIONALIDADE MATERIAL. ACOLHIMENTO.
REVELA-SE INADMISSÍVEL A CONCESSÃO DE VANTAGEM
A SERVIDOR PELO SIMPLES FATO DE SUA ASSIDUIDADE
AO SERVIÇO, A QUAL INTEGRA OS DEVERES FUNCIONAIS
INERENTES AO CARGO. ESTRITO CUMPRIMENTO DE
DEVER QUE NÃO DEVE SER OBJETO DE PREMIAÇÃO.
BONIFICAÇÃO QUE VIOLA O INTERESSE PÚBLICO E OS
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA. OFENSA AOS ARTIGOS 111, 128 E 144 DA
CONSTITUIÇÃO BANDEIRANTE CONFIGURADA.
NECESSÁRIA RESSALVA QUANTO À IRREPETIBILIDADE
DOS VALORES PERCEBIDOS DE BOA-FÉ ATÉ A DATA DA
INTIMAÇÃO DO PRESENTE ACÓRDÃO. DEMANDA
EXTINTA SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO, COM
FUNDAMENTO NO ART. 485, VI, DO C.P.C., EM RELAÇÃO
AO PEDIDO DE DECLARAÇÃO DE
INCONSTITUCIONALIDADE POR ARRASTAMENTO DAS
LEIS 4.929/2010 E 6.063/2020 DO MUNICÍPIO DE
CATANDUVA, POR FALTA DE INTERESSE DE AGIR
DECORRENTE DE REVOGAÇÃO DE TAL LEGISLAÇÃO, NO
MAIS, AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE
JULGADA PROCEDENTE, COM RESSALVA.

Trata-se de ação direta de inconstitucionalidade de


leis municipais, proposta pelo Procurador Geral de Justiça do Estado
de São Paulo, para declarar a inconstitucionalidade do art. 291 da Lei
Complementar 31/1996, da Lei 4.542/2008, da Lei 6.231/2021, e, por
arrastamento, da Lei 4.929/2010, da Lei 5.453/2013 e da Lei
6.063/2020, todas do Município de Catanduva, que versam sobre a
concessão de abono assiduidade aos servidores públicos municipais.

O autor aduz que a concessão de abono assiduidade


aos servidores públicos municipais não se compatibiliza com os
princípios da moralidade, razoabilidade e finalidade, não atendendo
também ao interesse público ou às exigências do serviço. Argumenta
que assiduidade do servidor não caracteriza fato gerador legítimo ao
direito à percepção de benefício, mediante o cumprimento de deveres
inerentes à função, que não demandam recompensa, além da
contraprestação pecuniária pelo vencimento. Em resumo, sustenta que
as normas em questão violam os artigos 111, 128 e 144 da
Constituição Estadual e o artigo 37, caput, da Constituição Federal.

Direta de Inconstitucionalidade nº 2283702-88.2021.8.26.0000 - São Paulo - VOTO Nº 80622 2/7


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Pede a declaração de inconstitucionalidade.

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Processou-se, a Procuradoria-Geral do Estado não
apresentou manifestação (cf. fls. 315) e nem o Presidente da Câmara
Municipal de Catanduva prestou informações (cf. certidão a fls. 316).
O Prefeito do Município de Catanduva prestou informações a fls.
301/31 e a Procuradoria Geral de Justiça bateu-se pela procedência do

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pedido (fls. 320/326).

No prosseguimento, o autor requereu o aditamento da


petição inicial, para que também seja declarada inconstitucional a Lei
6.231/2021, pelas mesmas razões descritas na exordial (fls. 330/403).
E, à luz do disposto no art. 10 do C.P.C. e do conteúdo da
manifestação a fls. 330/403, foi novamente determinada a requisição
de informações ao Prefeito e Presidente da Câmara Municipal de
Catanduva, a respeito da matéria suscitada na presente ação, bem
como fora determinada nova intimação da Procuradoria Geral do
Estado e da Procuradoria Geral de Justiça (fls. 404). Foram novamente
prestadas informações apenas pelo Prefeito de Catanduva (fls.
411/413) e a Procuradoria Geral de Justiça apresentou novo parecer a
fls. 423/428. Então, os autos vieram-me conclusos.

É o relatório.

A presente ação deve ser julgada procedente.

Os dispositivos impugnados possuem o seguinte teor,


objeto de negritos nossos:

Lei Complementar 31/96:

“Artigo 290 - As faltas ao serviço, até o máximo de 6 (seis)


por ano, não excedendo 1 (uma) por mês, poderão ser abonadas, no
primeiro dia em que o servidor comparecer ao serviço.

Parágrafo 1° - Abonada a falta, o servidor terá direito ao


vencimento correspondente àquele dia de serviço.

Parágrafo 2° - O pedido de abono deverá ser feito pelo


servidor no primeiro dia que comparecer ao serviço, em requerimento
escrito com anuência do chefe imediato.

Artigo 291 - Fica o Executivo Municipal autorizado a


conceder "prêmio" ao Servidor que não utilizar da vantagem
prevista pelo Artigo anterior, mediante Decreto regulamentar.”

Direta de Inconstitucionalidade nº 2283702-88.2021.8.26.0000 - São Paulo - VOTO Nº 80622 3/7


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Lei 4.542/2008 que “Institui “Prêmio Assiduidade”

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aos servidores públicos da administração direta e autarquias do
Município de Catanduva.”.

Lei 6.231/2021 que “Dá nova redação aos artigos 2º


e 3º, da Lei Municipal nº 4.542, de 10 de abril de 2008, revoga

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alterações posteriores e dá outras providências.”

Lei 4.929/2010 que “Dá nova redação a dispositivos


da Lei Municipal nº 4.542, de 10 de abril de 2008, que institui
“Prêmio Assiduidade” aos servidores públicos da administração
direta e autarquias do Município de Catanduva.”

Lei 5.453/2013 que “Dá nova redação e acrescenta


dispositivos a artigos da Lei Municipal nº 4.542, de 10 de abril de
2008, alterada pela Lei nº 4.929, de 08 de março de 2010, que
instituiu o prêmio assiduidade aos servidores públicos da
administração direta e autarquias do Município de Catanduva.”

Lei 6.063/2020 que “Dá nova redação ao artigo 2º,


da Lei Municipal nº 5.453, de 22 de agosto de 2013, que deu nova
redação e acrescentou dispositivos a artigos da Lei Municipal nº
5.452, de 10 de abril de 2008, alterada pela Lei 4.929, de 08 de
março de 2010, que instituiu o prêmio assiduidade aos servidores
públicos da administração direta e indireta e autarquias do
Município de Catanduva.”

Assente-se, de início, que a Lei 6.063 de 2020 restou


integralmente revogada pela Lei 6.231/2021, de forma que não há
interesse de agir em apreciação de inconstitucionalidade de norma já
revogada. O mesmo ocorreu com a Lei 4.929/2010, que foi
integralmente revogada pela Lei 5.453/2013. Nesse ponto, a demanda
deve ser extinta, com fundamento no art. 485, VI, do C.P.C.

No mais, a análise das demais normas revela que elas


estão eivadas de inconstitucionalidade material.

Não obstante a autonomia atribuída aos Municípios, a


concessão de prêmio ou abono-assiduidade a seus servidores públicos,
em decorrência unicamente de cumprimento de dever funcional
ordinário, qual seja, de assiduidade, sem qualquer conotação de
encargo adicional ou execução anormal do serviço, viola o artigo 128
da Constituição do Estado de São Paulo e os princípios de moralidade,
igualdade, razoabilidade, proporcionalidade, finalidade e interesse

Direta de Inconstitucionalidade nº 2283702-88.2021.8.26.0000 - São Paulo - VOTO Nº 80622 4/7


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público previstos no artigo 111 do mencionado diploma, os quais

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traduzem necessidade de atendimento de princípios estabelecidos na
Constituição Federal (art. 144 da Constituição Bandeirante).

Vale lembrar que pontualidade, qualidade,


assiduidade, eficiência e dedicação são deveres funcionais elementares

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aos servidores públicos, que não demanda recompensa extra. Nesse
sentido, é lapidar a lição do Subprocurador Geral de Justiça em seu
parecer, a qual vale ser transcrita e integra os fundamentos do
presente julgado: “(...) Ora, o abono assiduidade não é adequado
para valorização do servidor público. Mecanismos de meritocracia
são relacionados ao cumprimento de deveres e, mormente, de metas,
inexistentes no pressuposto normativo enfocado, consistente na
assiduidade do servidor público. Tampouco é necessário. Ao
contrário, implica ônus excessivo aos cofres públicos, pelo dispêndio
indevido de verba. Nem é proporcional. Não existe relação lógica de
causalidade entre o fato gerador da mordomia e sua finalidade. A
necessidade de verificar se a vantagem pecuniária atende
efetivamente ao interesse público e às exigências do serviço, está
motivada pela parcimônia, sobriedade e prudência que os Municípios
devem ter em relação à gestão do dinheiro público e dos negócios
públicos. Não se desconsidera a importância e necessidade de bem
remunerar ou premiar os servidores públicos. No entanto, devem ser
observados os princípios orientadores da Administração Pública,
constitucionalmente previstos.” (fls. 426).

O fato é que a instituição de vantagens pecuniárias ou


pessoais para servidores públicos só se mostra legítima se em
conformidade com o interesse público e com as exigências do serviço,
à luz do disposto no art. 128 da Constituição do Estado, aplicável aos
Municípios (art. 144 do referido diploma). O abono-assiduidade em
análise retrata simples dispêndio de verba pública sem causa. E assim
já se entendeu neste Órgão Especial em caso semelhante, de relatoria
do ilustre Desembargador Matheus Fontes (Ação Direta de
Inconstitucionalidade nº 2205700-41.2020.8.26.0000, j. em
27.4.2022), verbis:

“(...)
As citadas gratificações retratam simplesmente
dispêndio público sem causa. Ora, não se vislumbra interesse público
nem socorro às exigências do serviço a título de remuneração ou
indenização a outorga de vantagem pecuniária que não tem qualquer
causa jurídica hígida e significa autêntica liberalidade com o
dinheiro público, o que é absolutamente imoral.

Direta de Inconstitucionalidade nº 2283702-88.2021.8.26.0000 - São Paulo - VOTO Nº 80622 5/7


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O art. 128 da Constituição Estadual, norma que

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descende diretamente dos princípios de seu art. 111, condiciona a
criação normativa subordinando a outorga de vantagens aos
servidores aos motivos nele indicados (interesse público e exigências
do serviço).
Não há na vantagem outorgada pelos atos normativos

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impugnados qualquer causa razoável a justificar sua instituição,
senão o implante de tratamento desigualitário em detrimento dos
trabalhadores em geral, incompatível com a vocação institucional da
Administração Pública e o conjunto de regras éticas extraídas da
disciplina interior da Administração, divorciado do interesse público
e da finalidade que não se coadunam com mordomias e benesses
instituídas em prol de outros interesses, lesivas ao erário e nocivas à
regularidade e a continuidade do serviço público.
Os atos normativos impugnados além de vulnerarem
os princípios de moralidade, interesse público, e finalidade, também
ofendem os princípios de razoabilidade e proporcionalidade, que
devem nortear a Administração Pública e a atividade legislativa e
que, como aqueles, têm assento no art. 111 da Constituição do Estado,
aplicável aos Municípios em razão do art. 144 da mesma Carta.
Por força desse princípio é necessário que a norma
passe pelo denominado “teste” de razoabilidade, ou seja, que ela seja
adequada, necessária, e proporcional em sentido estrito”.

Confira-se ainda hipótese idêntica analisada em ação


de relatoria do Desembargador Moacir Peres: “Ação Direta de
Inconstitucionalidade. Prêmio Anual. Artigo 139 da Lei n. 2.995, de
15 de outubro de 2007, do Município de Ubatuba. Impossibilidade de
concessão pelo simples fato da assiduidade do servidor público
municipal, que é mero dever funcional e não deve ser premiada.
Inobservância ao interesse público e às exigências do serviço.
Gratificação que ofende os princípios constitucionais da
Administração Pública. Ausência de razoabilidade e de
proporcionalidade. Desrespeito aos artigos 111, 128 e 144 da
Constituição Estadual. Ressalva apenas quanto à irrepetibilidade dos
valores percebidos de boa-fé até a data deste julgamento. Ação
julgada procedente, com observação.” (Ação Direta de
Inconstitucionalidade nº 2061891-90.2020.8.26.0000, j. em
21.7.2021).

Em idêntico sentido, já decidiu este Órgão Julgador


em casos semelhantes: Ação Direta de Inconstitucionalidade nº
2005828-11.2021.8.26.0000, Rel. Des. Francisco Casconi, j. em
23.3.2022; Ação Direta de Inconstitucionalidade nº

Direta de Inconstitucionalidade nº 2283702-88.2021.8.26.0000 - São Paulo - VOTO Nº 80622 6/7


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2182359-49.2021.8.26.0000, Rel. Des. Luciana Bresciani, j. em

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9.3.2022; Ação Direta de Inconstitucionalidade nº
2195291-06.2020.8.26.0000, Rel. Des. Torres de Carvalho, j. em
14.7.2021; Ação Direta de Inconstitucionalidade nº
2251531-83.2018.8.26.0000, Rel. Des. Cristina Zucchi, j. em 5.6.2019.

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Em resumo, a ação é procedente, na parte em que
permitida a análise do mérito. Anote-se ainda que, por razões de
segurança jurídica, não há que se cogitar de devolução de quantias já
recebidas pelos servidores do Município de Catanduva em virtude do
abono em questão, de natureza alimentar, irrepetíveis, e recebidas de
boa-fé. Mas não é caso de modulação da presente decisão, visto que
ausentes os requisitos previstos no art. 27 da Lei 9.868/99.

Pelo exposto, julgo extinta a demanda sem resolução


do mérito, com fundamento no art. 485, VI, do C.P.C., em relação ao
pedido de declaração de inconstitucionalidade por arrastamento das
Leis 4.929/2010 e 6.063/2020, e, no mais, procedente a presente
demanda, para declarar a inconstitucionalidade do art. 291 da Lei
Complementar 31/1996, da Lei 4.542/2008, da Lei 6.231/2021, e, por
arrastamento, da Lei 5.453/2013, todas do Município de Catanduva,
com ressalva de que não haverá repetição de valores recebidos até a
data da intimação do presente acórdão, considerada sua natureza
alimentar e a boa-fé no seu recebimento.

Campos Mello
Desembargador Relator

Direta de Inconstitucionalidade nº 2283702-88.2021.8.26.0000 - São Paulo - VOTO Nº 80622 7/7

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