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434
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
PODER JUDICIÁRIO
São Paulo
Registro: 2022.0000729014
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 2283702-88.2021.8.26.0000 e código 1BBAC8B5.
ACÓRDÃO
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por GASTAO TOLEDO DE CAMPOS MELLO FILHO, liberado nos autos em 09/09/2022 às 15:32 .
nº 2283702-88.2021.8.26.0000, da Comarca de São Paulo, em que é autor
PROCURADOR GERAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO, são réus
PREFEITO DO MUNICÍPIO DE CATANDUVA e PRESIDENTE DA CÂMARA
MUNICIPAL DE CATANDUVA.
CAMPOS MELLO
RELATOR
Assinatura Eletrônica
fls. 435
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
PODER JUDICIÁRIO
São Paulo
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 2283702-88.2021.8.26.0000 e código 1BBAC8B5.
Au to r : P r o c u r a d o r Ge r al d e Ju sti ça d o Est ad o d e Sã o P au l o .
Ré u s: Pr ef e ito d o Mu n ic íp i o d e C ata n d u v a e P r es id e n te d a Câ m ar a M u n i cip al d e
Cat an d u v a .
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LEI 6.231/2021, E, POR ARRASTAMENTO, DA LEI
4.929/2010, DA LEI 5.453/2013, DA LEI 6.063/2020 E LEI
6.231/2021, TODAS DO MUNICÍPIO DE CATANDUVA, QUE
DISPÕEM SOBRE A CONCESSÃO DE PRÊMIO ASSIDUIDADE
AOS SERVIDORES PÚBLICOS MUNICIPAIS. ALEGAÇÃO DE
INCONSTITUCIONALIDADE MATERIAL. ACOLHIMENTO.
REVELA-SE INADMISSÍVEL A CONCESSÃO DE VANTAGEM
A SERVIDOR PELO SIMPLES FATO DE SUA ASSIDUIDADE
AO SERVIÇO, A QUAL INTEGRA OS DEVERES FUNCIONAIS
INERENTES AO CARGO. ESTRITO CUMPRIMENTO DE
DEVER QUE NÃO DEVE SER OBJETO DE PREMIAÇÃO.
BONIFICAÇÃO QUE VIOLA O INTERESSE PÚBLICO E OS
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA. OFENSA AOS ARTIGOS 111, 128 E 144 DA
CONSTITUIÇÃO BANDEIRANTE CONFIGURADA.
NECESSÁRIA RESSALVA QUANTO À IRREPETIBILIDADE
DOS VALORES PERCEBIDOS DE BOA-FÉ ATÉ A DATA DA
INTIMAÇÃO DO PRESENTE ACÓRDÃO. DEMANDA
EXTINTA SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO, COM
FUNDAMENTO NO ART. 485, VI, DO C.P.C., EM RELAÇÃO
AO PEDIDO DE DECLARAÇÃO DE
INCONSTITUCIONALIDADE POR ARRASTAMENTO DAS
LEIS 4.929/2010 E 6.063/2020 DO MUNICÍPIO DE
CATANDUVA, POR FALTA DE INTERESSE DE AGIR
DECORRENTE DE REVOGAÇÃO DE TAL LEGISLAÇÃO, NO
MAIS, AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE
JULGADA PROCEDENTE, COM RESSALVA.
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Processou-se, a Procuradoria-Geral do Estado não
apresentou manifestação (cf. fls. 315) e nem o Presidente da Câmara
Municipal de Catanduva prestou informações (cf. certidão a fls. 316).
O Prefeito do Município de Catanduva prestou informações a fls.
301/31 e a Procuradoria Geral de Justiça bateu-se pela procedência do
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pedido (fls. 320/326).
É o relatório.
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aos servidores públicos da administração direta e autarquias do
Município de Catanduva.”.
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alterações posteriores e dá outras providências.”
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traduzem necessidade de atendimento de princípios estabelecidos na
Constituição Federal (art. 144 da Constituição Bandeirante).
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aos servidores públicos, que não demanda recompensa extra. Nesse
sentido, é lapidar a lição do Subprocurador Geral de Justiça em seu
parecer, a qual vale ser transcrita e integra os fundamentos do
presente julgado: “(...) Ora, o abono assiduidade não é adequado
para valorização do servidor público. Mecanismos de meritocracia
são relacionados ao cumprimento de deveres e, mormente, de metas,
inexistentes no pressuposto normativo enfocado, consistente na
assiduidade do servidor público. Tampouco é necessário. Ao
contrário, implica ônus excessivo aos cofres públicos, pelo dispêndio
indevido de verba. Nem é proporcional. Não existe relação lógica de
causalidade entre o fato gerador da mordomia e sua finalidade. A
necessidade de verificar se a vantagem pecuniária atende
efetivamente ao interesse público e às exigências do serviço, está
motivada pela parcimônia, sobriedade e prudência que os Municípios
devem ter em relação à gestão do dinheiro público e dos negócios
públicos. Não se desconsidera a importância e necessidade de bem
remunerar ou premiar os servidores públicos. No entanto, devem ser
observados os princípios orientadores da Administração Pública,
constitucionalmente previstos.” (fls. 426).
“(...)
As citadas gratificações retratam simplesmente
dispêndio público sem causa. Ora, não se vislumbra interesse público
nem socorro às exigências do serviço a título de remuneração ou
indenização a outorga de vantagem pecuniária que não tem qualquer
causa jurídica hígida e significa autêntica liberalidade com o
dinheiro público, o que é absolutamente imoral.
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descende diretamente dos princípios de seu art. 111, condiciona a
criação normativa subordinando a outorga de vantagens aos
servidores aos motivos nele indicados (interesse público e exigências
do serviço).
Não há na vantagem outorgada pelos atos normativos
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impugnados qualquer causa razoável a justificar sua instituição,
senão o implante de tratamento desigualitário em detrimento dos
trabalhadores em geral, incompatível com a vocação institucional da
Administração Pública e o conjunto de regras éticas extraídas da
disciplina interior da Administração, divorciado do interesse público
e da finalidade que não se coadunam com mordomias e benesses
instituídas em prol de outros interesses, lesivas ao erário e nocivas à
regularidade e a continuidade do serviço público.
Os atos normativos impugnados além de vulnerarem
os princípios de moralidade, interesse público, e finalidade, também
ofendem os princípios de razoabilidade e proporcionalidade, que
devem nortear a Administração Pública e a atividade legislativa e
que, como aqueles, têm assento no art. 111 da Constituição do Estado,
aplicável aos Municípios em razão do art. 144 da mesma Carta.
Por força desse princípio é necessário que a norma
passe pelo denominado “teste” de razoabilidade, ou seja, que ela seja
adequada, necessária, e proporcional em sentido estrito”.
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9.3.2022; Ação Direta de Inconstitucionalidade nº
2195291-06.2020.8.26.0000, Rel. Des. Torres de Carvalho, j. em
14.7.2021; Ação Direta de Inconstitucionalidade nº
2251531-83.2018.8.26.0000, Rel. Des. Cristina Zucchi, j. em 5.6.2019.
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Em resumo, a ação é procedente, na parte em que
permitida a análise do mérito. Anote-se ainda que, por razões de
segurança jurídica, não há que se cogitar de devolução de quantias já
recebidas pelos servidores do Município de Catanduva em virtude do
abono em questão, de natureza alimentar, irrepetíveis, e recebidas de
boa-fé. Mas não é caso de modulação da presente decisão, visto que
ausentes os requisitos previstos no art. 27 da Lei 9.868/99.
Campos Mello
Desembargador Relator