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LIBRAS

Curso de
Libras Básico
Aula 1
Professores:
Lucas Castelhano
Beatriz Bosco
LIBRAS
Conteúdos:
Contexto Histórico dos Surdos
e da Língua de Sinais;

Parâmetros da Libras;

Alfabeto Manual.
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CONTEXTO HISTÓRICO
DOS SURDOS
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Egito Antigo: os surdos eram considerados pessoas especialmente escolhidas.
Grécia Antigo: a bravura era considerada característica essencial, devido aos
conflitos armados. Por isso, todos aqueles vistos, de alguma
forma, como um peso para a sociedade eram eliminados.

Para os filósofos gregos, o pensamento só poderia ser concebido através das palavras.

O filósofo Aristóteles, em determinado momento, afirmou ser o ouvido o órgão mais


fundamental para a aprendizagem, o que prejudicou ainda mais o direito do Surdo à
educação naquela época.
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Os surdos não eram,
de modo geral,
considerados
humanos
Não tinham direito a testamentos, à educação
(escolaridade) e a frequentar os mesmos ambientes que
os ouvintes.
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Idade Média:
A Igreja Católica desempenhou um forte impacto na discriminação às pessoas deficientes, uma vez que
pregavam o fundamento de o homem ter sido criado à “imagem e semelhança de Deus”, desmerecendo todos
aqueles que não se encaixavam neste posto.

Nesta época, em uma organização da sociedade em feudos, os nobres nos castelos, com a finalidade de não
dividir suas heranças com demais famílias, casavam-se entre si, o que potencializou o aumento da população
surda entre eles. Como esses surdos não continham uma língua para sua comunicação, não confessavam na
Igreja, deste modo, suas almas eram consideradas mortais.

A Igreja Católica convidou os monges que estavam de clausura e já tinham realizado o Voto do Silêncio a se
tornarem os encarregados pela educação e instrução dos Surdos.

A Igreja Católica começou a se preocupar em instruir os surdos da nobreza para que os laços não fossem
rompidos, já que não podia prescindir daqueles com poder econômico.
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CONTEXTO HISTÓRICO
DA EDUCAÇÃO
DA LÍNGUA DE
SINAIS

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Pedro Ponce de Leon:
Um monge benedito espanhol que viveu em um monastério em seu país, em 1570, no qual utilizava
de sinais rudimentares para sua comunicação, em detrimento do Voto de Silêncio praticado.

Foi o tutor de diversos surdos e foi o encarregado de provar que a pessoa Surda era capaz de
aprender, contrariando o pensamento antigo de Aristóteles.

O trabalho iniciava com o ensino da escrita, através do nome dos objetos, e, logo após, o ensino da fala,
começando pelos fonemas.

O monge recebeu os créditos como o primeiro professor para os surdos.


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Juan Pablo Bonet:
O padre espanhol deu continuidade ao trabalho de Pedro Ponce de León, ensinando, através de outra
metodologia (método oral), os surdos a lerem e a falarem.
Em 1620, ele criou o primeiro tratado de ensino de surdos que iniciava com a escrita sistematizada pelo
alfabeto, o qual foi editado na França. Logo, entende-se que foi o primeiro a idealizar e desenhar o
alfabeto manual.

Thomas Braidwood:
Educador de surdos inglês, em 1760, fundou a primeira escola na Grã- Bretanha como academia
privada, em Edimburgo. Recomendou o uso de um alfabeto que utilizasse as duas mãos, o qual é
utilizado na Inglaterra até hoje. Seus alunos aprendiam palavras escritas, seu significado, sua pronúncia
e a leitura orofacial, além do alfabeto manual.
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Abade Charles-Michel de L’Epée:
O conhecido como “Pai dos Surdos” foi um educador filantrópico que se dispôs a aprender a Língua de
Sinais para poder se comunicar com os surdos.
Foi o responsável por criar a primeira escola pública no mundo para Surdos, em Paris, que ficou
nomeada como Instituto Nacional para Surdos-Mudos, no ano de 1760.
O século XVIII é tido por diversos especialistas da área como um dos períodos mais promissores para a
educação dos surdos, visto que foi nesse momento que houve a inauguração de várias escolas para
esse público, as quais ganharam espaço perante os demais preceptores (médicos, religiosos e
gramáticos).
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Estados Unidos:
A educação dos surdos apresentou maiores complexidades em comparação ao continente europeu, já que
o acesso à metodologia inglesa de ensino era sempre negado.

Thomas Hotpink Gallaudet (1787-1851) visitou a Europa, mais especificamente à França, no Instituto Nacional
de Surdos-Mudos de Paris, onde foi aceito para realizar um estágio e conheceu Laurent Clerc (1785-1869), um
professor surdo da instituição .


1817:
15 de abril de Ambos regressaram aos Estados Unidos, terra natal de
Gallaudet, e fundaram a primeira escola pública para surdos do país, “Asilo de Connecticut para Educação
e Ensino de Pessoas Surdas e Mudas”,
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Edward Gallaudet:
O filho de Thomas Gallaudet, abriu, no ano de 1864, a primeira faculdade para surdos, localizada em
Washington, a qual é chamada atualmente como Universidade Gallaudet, sendo a única escola de
ensino superior de artes liberais para estudantes surdos do mundo.

Alexander Graham Bell:


O cientista e inventor do telefone defendia o Oralismo, afirmando que a surdez era um desvio e que os
surdos deveriam se passar por ouvintes, a fim de se encaixarem neste mundo. A partir desses ideais, em
1876, criou o telefone como uma tentativa de criação de um acessório para pessoas surdas.
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I Congresso Internacional de Surdos-Mudos
Foi realizado em 1878, e foi estabelecido que a melhor metodologia de ensino para os surdos
relacionava-se à articulação com leitura labial e ao uso de gestos nas séries iniciais

II Congresso Mundial de Surdos-Mudos


Ocorreu no ano de 1880, com a intenção de organizar uma votação para definir a melhor maneira para a
educação dos surdos. Com base nesta votação entre os membros do congresso, no qual havia apenas
um surdo participante - que foi convidado a se retirar da sala de votação, não obtendo direito ao voto -,
foi determinado que o método oral puro seria o mais benéfico.
O uso da Língua de Sinais na educação dos surdos estava oficialmente abolida.
A partir do II Congresso Internacional de Surdos-Mudos o método oral passou a ser empregado em
diversos países europeus, com base no ideal de ser a melhor forma para o surdo receber informações.
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Junho de 2010:
Após 100 anos a realização do 21º
Congresso Internacional de Educação de
Surdos, em Vancouver, Canadá, no qual
houve uma votação formal e todas as oito
resoluções do Congresso de Milão foram
rejeitadas.
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CONTEXTO HISTÓRICO
DA LIBRAS
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Segundo Império:
Convite do imperador Dom Pedro II a um professor francês Ernest Huet, o qual era surdo desde os 12
anos de idade e era adepto do método de comunicação e ensino estabelecido por Charles Michel de
l’Épée, no século XVIII.

Hipótese: o motivo para tal convite seria um parente, possivelmente um neto e/ou genro,
surdo do imperador, que buscou por especialistas que pudessem desenvolver o trabalho no país.

Há evidências que dizem que isso seria impossível, pela idade das filhas,
casamento e nascimento dos netos, posterior à vinda de E. Huet.

Huet, um renomado estudioso do Instituto Nacional de Surdos de Paris, veio ao Brasil, em 1856, com o
objetivo de fundar uma escola para surdos.
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INES:
Foi fundado no Rio de Janeiro o IISM (Imperial Instituto dos Surdos-Mudos), sendo um
1857: instituto de atendimento apenas a surdos do sexo masculino.

1957:Surdos).
IISM mudou seu nome para o conhecido INES (Instituto Nacional de Educação de

Sua importância dá-se por promover a produção, desenvolvimento e divulgação


nacional de conhecimento tecnológicos e científicos sobre a surdez. Além de garantir o
completo desenvolvimento da pessoa surda, o respeito aos seus direitos e sua plena
socialização.
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FENEIS
criação da FENEIS (Federação Nacional de Educação e
16 de maio de 1987: Integração dos Surdos).

Uma entidade filantrópica, sem fins


lucrativos, que tem por finalidade a defesa
de políticas linguísticas, educação,
cultura, emprego, saúde e assistência
social, em favor da comunidade surda
brasileira, bem como a defesa de seus
direitos.
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Lei Federal nº 10.436


De 24 de abril de 2002, a qual reconhece a Língua Brasileira de Sinais Libras como meio legal de
comunicação e expressão, e torna obrigatória sua adoção, pelo poder público em geral e por
empresas concessionárias de serviços públicos.

Essa lei não dá à Língua Brasileira


de Sinais o caráter de segunda
língua oficial. A Libras não é a
segunda língua oficial do Brasil.
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SINAIS E FONEMAS
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O que é o SINAL?
O Sinal é o nome do léxico nas LS, assim como a “palavra” para as LO.
Os sinais são formados a partir da combinação do formato das mãos, com um determinado
movimento, em um determinado lugar, podendo este lugar ser uma parte do corpo ou um espaço em
frente ao corpo.
Cada um desses itens são as unidades mínimas da LS, os fonemas. Da mesma forma que
são os sons nas Línguas Orais (LO).
há uma grande diferença na formação do léxico na LO e na LS.

Nas LO as palavras são realizadas de forma sequencial e nas


LS isso ocorre de forma simultânea.
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Na LO, a palavra BOLA é feita


a partir da junção dos
fonemas, b/o/l/a, de forma
sequencial, um fonema
seguido do outro. Essa
junção de sons forma a
palavra BOLA.
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a LS, o sinal de BOLA possui
diferentes tipos de fonemas: tem
as mãos abertas com os dedos
pouco curvados, feito frente ao
corpo, há ainda variação com
movimentos, as palmas são
postas de frente a frente e a feição
e de forma mais neutra,
dependendo do contexto.
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OS 5 PARÂMETROS
DA LÍNGUA DE SINAIS
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M
PA Or Os 5 Parâmetros da

da

ENM Língua de Sinais

CM Configuração de Mão (CM)


Ponto de Articulação (PA)
Movimento (M)
Orientação da Palma (Or)
Expressões Não-Manuais (ENM)
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Configuração de Mão (CM):

As configurações de mão são as diversas


formas que uma ou as duas mãos
possuem na realização de um sinal.
Cada configuração pode ser feita pela
mão dominante (mão direita para os
destros, mão esquerda para os
canhotos), ou pelas duas mãos (iguais ou
diferentes) dependendo do sinal.
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Ponto de Articulação (PA):
O Ponto de Articulação, ou Locação (L), é o espaço, o local onde os sinais são articulados, pode ser no
corpo ou espaço neutro (frente ao corpo).
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Movimento (M):
Alguns sinais são estáticos em um local, outros contêm algum movimento.
O parâmetro de movimento refere-se ao modo como as mãos se movimentam (movimento linear, em
movimento da forma de seta arqueada, circular, simultânea ou alternada com ambas as mãos, etc.) e
para onde estão movimentando (para a frente, em direção à direita, esquerda, etc.
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Orientação da Palma (Or):
É o parâmetro da direção para qual a palma da mão aponta na produção do sinal”. Para esse parâmetro,
há 6 tipos:
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Expressões Não-Manuais (ENM):
São as expressões faciais e corporais vinculadas
ao sinal que podem ter diversas funções.
É a prosódia da LS, como se fosse a entonação
da fala, na qual carregará a emoção/sentimento.
Também é utilizada dentro da língua como
marcador de construção sintática
(perguntas,afirmações, topicalização, etc, e
diferenciação de itens lexicais (referenciação e
na flexão do sinal).
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ALFABETO MANUAL
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O ALFABETO MANUAL NÃO É LIBRAS!!
A Libras é composta por cinco diferentes unidades mínimas, e não tem relação alguma com o
alfabeto usado na língua portuguesa.
A Libras é uma língua de modalidade visuoespacial e o portugues de modalidade oral-auditiva,
seria quase impossível haver uma relação de contato entre ambas, uma vez que não se comunicam
pelo mesmo canal

O que o Alfabeto Manual é?


Alfabeto Manual é um empréstimo linguístico de configurações de mãos relacionadas às letras do
alfabeto da língua portuguesa que formam as palavras. Dessa forma, é uma ponte de comunicação
entre ambas as línguas, oral e sinalizada.
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Em quais situações geralmente usamos o
alfabeto manual?
Para perguntar ou responder o nome de pessoas, lugares, marcas e termos
técnicos que ainda não possuem sinal próprio em Libras;
Para perguntar os sinais que ainda não conhecemos. Por exemplo, se alguém
não conhece o sinal de Alemanha, pode perguntar soletrando A-L-E-M-A-N-H-A;
Para explicar ao surdo a forma escrita de uma palavra em língua portuguesa;
Para sinalizar uma palavra da língua portuguesa que por empréstimo passou a
pertencer à Libras. Exemplo: CPU, USB.
LIBRAS
A B C
A B C
Ç
Ç D
D E F G
E F G

H I J
H I J
K
K L
L M N O
M N O

P Q R
P Q R
S
S T
T U V W
U V W

X X
Y Y Z
Z

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