Classificação e tipos de rolamentos

1
Elementos de máquinas
Professor: Franco Picoli

Maio 2018
2 Dimensionamento de elementos de máquinas Professor: Franco Picoli
Mancais de rolamento
Mancais de rolamentos ou simplesmente rolamentos são elementos de
máquinas destinados a apoiar outros elementos como eixos, polias engrenagens etc.,
transmitindo movimento de rotação com baixo coeficiente de atrito.
Figura 1: Rolamentos diversos

Fonte: Sulamerica rolamentos
Vantagens e desvantagens que os mancais de rolamentos possuem em
relação aos mancais de deslizamento.
Vantagens:
 menor atrito ( menor aquecimento e desgaste);
 coeficiente de atrito de partida (estático) não superior ao de operação
(dinâmico);
 pouca variação do coeficiente de atrito com variação de carga e velocidade;
 baixa exigência de lubrificação;
 Intercambiabilidade;
 mantém a forma do eixo (não há desgaste do eixo ou da carcaça);
 pequeno aumento da folga durante a vida útil.
Vantagens e desvantagens que os rolamentos possuem em relação aos
mancais de deslizamento.
Desvantagens:
 maior sensibilidade aos choques;
 maiores custos de fabricação;
 tolerâncias apertadas para a carcaça e o eixo;
 não suporta cargas tão elevadas como os mancais de deslizamento;
 ocupa maior espaço radial.
A figura abaixo mostra os principais elementos de um mancal de rolamento.
Vedações
Anel interno
Gaiola
Corpos girantes
Anel externo
Figura 2: Partes de um rolamento
Fonte: Adaptado de Asensar
Classificação dos rolamentos
Quanto ao tipo de carga que suportam, os rolamentos podem ser:
 Radiais - suportam cargas radiais e leves cargas axiais.
 Axiais - não podem ser submetidos a cargas radiais.
 Mistos - suportam tanto carga axial quanto radial.
Figura 3: Rolamentos
Fonte: NSK
Classificação dos rolamentos
Quanto ao tipo de elemento rolante: Rolamentos de esferas e rolamentos
de rolos
Auto Auto Rolos

Rígido de Contato compensador Rolos compensador cônicos
esferas angular de esferas cilíndricos Agulhas De rolos
Fonte: Adaptado de NSK
Tipos construtivos de rolamentos:

Rolamento fixo de uma carreira de esferas
É o mais comum dos rolamentos. Suporta
cargas radiais e pequenas cargas axiais e é apropriado
para rotações elevadas. Sua capacidade de ajustagem
angular é limitada, por consequência, é necessário um
perfeito alinhamento entre o eixo e os furos da caixa onde
é acoplado.

Rolamento de contato angular de uma
carreira de esferas
Admite cargas axiais somente em um
sentido, portanto, deve sempre ser montado em pares,
contraposto a um outro rolamento que possa receber a
carga axial no sentido contrário.
Figura 6: Rolamento

Rolamento de contato angular de duas
carreiras de esferas
Admite cargas axiais nos dois sentidos, por isso
pode ser montado individualmente.
Figura 7: Rolamento

Rolamento auto compensador de esferas
É um rolamento de duas carreiras de esferas
com pista esférica no anel externo, o que lhe confere a
propriedade de ajustagem angular, ou seja, compensar
possíveis desalinhamentos ou flexões do eixo.
Figura 8: Rolamento

Rolamento de rolo cilíndrico
É apropriado para cargas radiais elevadas e seus
componentes são separáveis, o que facilita a montagem e
desmontagem.
Figura 9: Rolamento

Rolamento auto compensador com duas
carreiras de rolos
É utilizado para serviços pesados. Tem a
capacidade de compensar possíveis desalinhamentos ou
flexões do eixo.
Figura 10: Rolamento


Rolamento de rolos cônicos
Além de cargas radiais, os rolamentos de rolos
cônicos também suportam cargas axiais em um sentido.
Como só admitem cargas axiais em um sentido, de modo
geral torna-se necessário montar os anéis aos pares, um
contra o outro.


Rolamento axial de esfera
Admitem elevadas cargas axiais,
porém, não podem ser submetidos a cargas
radiais. Para que as esferas sejam guiadas
firmemente em suas pistas, é necessária a
atuação permanente de uma determinada
carga axial mínima.

Rolamento axial auto compensador de rolos
Possui grande capacidade de carga axial e,
devido à disposição inclinada dos rolos, também pode
suportar consideráveis cargas radiais. A pista esférica do
anel da caixa confere ao rolamento a propriedade de
alinhamento angular, compensando possíveis
desalinhamentos ou flexões do eixo. Figura 13: Rolamento

Rolamento de agulhas
Possui uma secção transversal muito fina, em
comparação com os rolamento de rolos comuns. É
utilizado especialmente quando o espaço radial é
limitado.


Unidades de rolamento.
Características:
 Acomodam erros iniciais de alinhamento;
 Arranjos simples e econômicos;
 Montagem simples;
 Disponível com vedações.
Figura 15: Unidade de Rolamento

Mancais de rolamento - Características

A tabela abaixo mostra algumas características de alguns tipos de rolamentos.
Tabela 1: Características de rolamentos

Fonte: NSK
Proteção e vedação de rolamentos
Placas de proteção Placas de vedação de Placas de vedação

baixo atrito
Figura 16: Proteção de Rolamento Figura 17: Proteção de Rolamento Figura 18: Proteção de Rolamento
Fonte: Adaptado de SKF Fonte: Adaptado de SKF Fonte: Adaptado de SKF
Gaiolas
As principais funções das gaiolas são:
 Evita o contato entre os corpos girantes para minimizar o atrito e a
geração de calor;
 Retém os corpos girantes quando os rolamentos separáveis são montados
ou desmontados;
 Mantém os elementos rolantes equidistantes.

Fonte: Adaptado de NTN
Gaiolas
Tipos de gaiolas:
Figura 20: Gaiola de Figura 21: Gaiola de Figura 22: Gaiola

material sintético chapa estampada maciça usinada
Fonte: NTN Fonte: NTN Fonte: NTN
Seleção de rolamentos
Número de identificação dos rolamentos:
Figura 23: Codificação de Rolamento

Fonte: Adaptado de NTN
Número de identificação dos rolamentos:
Figura 24: Série de Rolamentos Figura 25: Série de Rolamentos

Fonte: Adaptado de NTN Fonte: Adaptado de NTN
Figura 26: Série de Rolamentos Figura 27: Série de Rolamentos

Fonte: Adaptado de NTN Fonte: Adaptado de NTN
O desempenho requerido nos mecanismos de máquinas e equipamentos
que utilizam rolamentos, se tornaram cada vez maiores, aumentando
consequentemente, as exigências dos rolamentos.
Para que os rolamentos suportem as exigências requeridas a eles é
necessário que uma seleção correta seja feita na hora do projeto. Esta seleção leva em
consideração inúmeros fatores.
Considerações na hora de selecionar um rolamento.
Espaço permissível para o rolamento. Precisão de posição dos componentes.

Intensidade e direção da carga. Intensidade de pré-carga.
Vibração e choque. Temperatura de utilização.
Velocidade de rotação e limite de rotação. Ambiente de operação(maresia, vácuo, gás e
Desalinhamento dos anéis interno e externo. produtos químicos).
Fixação na direção axial e disposição. Método de lubrificação.
Dificuldade na instalação e remoção. Sistema de vedação.
Ruído e torque. Manutenção e inspeção.
Disponibilidade e custo.
Dimensionamento de rolamentos
Rolamentos solicitados estaticamente
Cada modelo de rolamento possui uma capacidade estática de carga,
chamada de capacidade de carga básica estática, que é informada nos catálogos de
fabricantes de rolamentos. O vetor considerado nestes casos possui direção radial em
rolamentos radiais e mistos e axial em rolamentos axiais.
Figura 29: Rolamentos Axiais

Figura 28: Rolamentos Radiais
Quando se trata de solicitação estática, utiliza-se o fator de esforços
estáticos fs para garantir que o rolamento selecionado possua uma capacidade de
carga estática suficiente.
O fator de esforço estático fs é um valor de segurança contra deformações
elásticas elevadas, nos pontos de contato dos corpos rolantes. Para rolamentos que
devam ter um giro suave e silencioso, deverá ser alcançado um fator elevado de
esforços estáticos. Se as exigências forem menores, bastarão fatores fs menores. De
um modo geral, devem ser atingidos os seguintes valores:
 fs = 1,5 a 2,5 para trabalho com baixo ruído.
 fs = 1 a 1,5 para trabalhos normais.
O fator de esforço estático é calculado com a equação:
𝑪𝒐
𝒇𝒔 =
𝑷𝒐
Onde: 𝑓𝑠 : fator de esforço estático [adimensional];

𝐶𝑜 : capacidade de carga básica estática do rolamento [N; Kgf];
𝑃𝑜 : carga estática equivalente no rolamento [N; Kgf].
A capacidade de carga estática 𝐶𝑜 é encontrada nas tabelas dos fabricantes

de rolamentos.
A carga estática equivalente 𝑃𝑜 é proveniente do cálculo de projeto.
Quando temos forças com vetores inclinados atuando no rolamento
teremos uma decomposição destas forças em força radial e axial. Nestes casos o
rolamento está sendo solicitado por cargas compostas e a carga estática equivalente
𝑃𝑜 deve ser calculada da seguinte forma: 𝑭𝒓
𝑷𝒐 = 𝑿𝒐 . 𝑭𝒓 + 𝒀𝒐 . 𝑭𝒂
𝑭𝒂
Onde: 𝑃𝑜 : carga estática equivalente [N];
𝑋𝑜 : fator radial [adimensional];
𝐹𝑟 : força radial atuando no rolamento [N];
𝑌𝑜 : fator axial [ adimensional];
𝐹𝑎 : força axial atuando no rolamento[N]. Figura 30: Rolamento
Fonte: NSK
Os valores para 𝑋𝑜 e 𝑌𝑜 bem como indicações para o cálculo da carga
estática equivalente são encontrados nos catálogos de fabricantes de rolamentos.
Rolamentos solicitados dinamicamente
Cada modelo de rolamento possui também, uma capacidade dinâmica de
carga, chamada capacidade de carga básica dinâmica, que também é informada em
catálogos de fabricantes de rolamentos. O vetor considerado nestes casos possui
direção radial em rolamentos radiais e mistos e axial em rolamentos axiais.
Figura 32: Rolamentos Axiais

Figura 31: Rolamentos Radiais
Da mesma forma que os rolamentos solicitados estaticamente, quando
temos forças com vetores inclinados atuando no rolamento teremos uma
decomposição destas forças em força radial e axial. Nestes casos a carga dinâmica
equivalente 𝑃 deve ser calculado da seguinte forma: 𝑭𝒓
𝑷 = 𝑿. 𝑭𝒓 + 𝒀. 𝑭𝒂
𝑭𝒂
Onde: 𝑃: carga dinâmica equivalente [N];
𝑋: fator radial [adimensional];
𝐹𝑟 : força radial atuando no rolamento [N];
𝑌: fator axial [ adimensional];
𝐹𝑎 : força axial atuando no rolamento[N]. Figura 33: Rolamento
Fonte: NSK
Os valores para X e Y bem como indicações para o cálculo da carga dinâmica
equivalente geralmente são encontrados nos catálogos de fabricantes de rolamentos.
Cálculo de vida nominal do rolamento
O cálculo da vida para os rolamentos dinamicamente solicitados, segundo a
DIN ISO 281, tem por base a fadiga do material como causa da falha. A equação para o
cálculo de vida nominal de rolamentos é:
𝟏𝟎
𝑪 𝟑 𝑪 𝟑
𝑳= (rolamentos de esferas) 𝑳= (rolamentos de rolos)
𝑷 𝑷
Onde: L: vida nominal do rolamento em rotações [milhões de rotações]

C: capacidade de carga básica dinâmica do rolamento [N]
P: carga dinâmica equivalente no rolamento [N]
Cálculo de vida nominal do rolamento
A vida nominal do rolamento pode também ser expressa em horas:
𝑳
𝑳𝒉 =
𝒏.𝟔𝟎
Onde: 𝐿ℎ : vida nominal em horas [h];

𝐿 : vida nominal do rolamento em rotações [rotações];
𝑛: rotações por minuto [RPM];
Fator para a probabilidade de falha (𝒂𝟏)
O cálculo da vida do rolamento considera uma probabilidade de falha de
10% para um lote de rolamentos. Para termos uma probabilidade menor de falha
multiplica-se a vida do rolamento pelo fator 𝑎1 , conforme mostra a tabela abaixo:
Probabilidade
10 5 4 3 2 1
de falha (%)
Fator 𝑎1 1 0,62 0,53 0,44 0,33 0,21
Fonte: NSK
Correção da Capacidade de Carga Básica em função da Temperatura
A dureza dos materiais dos rolamentos diminuem quando usados em
temperaturas acima de 120°C, consequentemente, há necessidade de estimar a
redução proporcional na capacidade de carga pela seguinte equação:
𝑪 𝒕 = 𝒇𝒕 . 𝑪
Onde: 𝐶𝑡 : Capacidade de carga corrigida em função da temperatura de trabalho [N];

𝑓𝑡 : Coeficiente de temperatura [adimensional];
𝐶: Capacidade de carga básica dinâmica do rolamento[N].
Correção da Capacidade de Carga Básica em função da Temperatura
O coeficiente de temperatura 𝑓𝑡 pode ser retirado da tabela abaixo:
Temperatura do
125 150 175 200 250
rolamento (°C)
Fator 𝑓𝑡 1 1 0,95 0,9 0,75
Fonte: NSK
Folga interna dos Rolamentos
A folga é a medida pela qual um anel do rolamento pode ser deslocado, em
relação ao outro, em sentido radial (folga radial) ou axial (folga axial).
As folgas nos rolamentos possuem tolerâncias normalizadas em termos de
classes conforme o aumento da tolerância. A tabela abaixo mostra as classes mais
comuns.
Aumento da tolerância da folga
Classe de
C2 CN C3 C4 C5
tolerância
Classe
Figura 34: Folgas do Rolamento
normal Fonte: NSK
Dimensionamento de rolamentos - Tolerâncias de montagem dos

rolamentos em eixos.
Tabela de tolerâncias. Fonte: NSK

Dimensionamento de rolamentos - Tolerâncias de montagem dos

rolamentos em furos.
Tabela de tolerâncias. Fonte: NSK

Exercício 1:
Dimensione um rolamento para uma carga radial de 2800 N, uma carga axial
de 700 N e rotação de 3600 RPM. Dimensione para a vida de cinco anos de trabalho,
trabalhando 8 horas por dia útil. Trabalho normal em ambiente relativamente limpo.
Exercício 2:
Dimensione os rolamentos para os mancais A e B do sistema com polia da
figura abaixo. Calcule os rolamentos para uma vida de 3840 horas com rotação de 900
RPM. Ambiente de trabalho limpo.
50 120
P= 600 N
Exercício 3:
Dimensione os rolamentos para os mancais A e B do sistema com polia da
figura abaixo. Calcule os rolamentos para uma vida de 1920 horas com rotação de
1200 RPM. Ambiente de trabalho é agressivo podendo chegar a temperaturas no
rolamento perto de 200°C. A confiabilidade do rolamento deve ser superior a 95%.
30 110
P= 720 N
Referências:
ASENSAR: Parts in bearing. Disponível em: <https://www.asensar.com/article/basics/radial-bearing-
guides.html>. Acesso em 8/9/2017.
FAG. Catálogo de rolamentos WL 41 520/3 PB. 1999.
NSK. Rolamentos. Catálogo. 2000.
NTN. Rolamento de esferas e de rolos – AP 04. CAT. N° 2202-IX/P. 2017
SULAMERICA ROLAMENTOS. Rolamentos. Disponível em <http://www.rolamentossulamerica.com.br/>

Acesso em 8/9/2017.
TELECURSO 2000 – ENSINO PROFISSIONALIZANTE. Rolamentos. 2000.

Classificação e tipos de rolamentos

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Figura 1: Rolamentos diversos

Auto Auto Rolos

Tipos construtivos de rolamentos:

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Figura 10: Rolamento

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Figura 11: Rolamento

Tipos construtivos de rolamentos:

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Figura 14: Rolamento

Tipos construtivos de rolamentos:

Figura 15: Unidade de Rolamento

Mancais de rolamento - Características

Tabela 1: Características de rolamentos

Proteção e vedação de rolamentos

Placas de proteção Placas de vedação de Placas de vedação

Figura 19: Rolamento

Figura 20: Gaiola de Figura 21: Gaiola de Figura 22: Gaiola

Figura 23: Codificação de Rolamento

Figura 24: Série de Rolamentos Figura 25: Série de Rolamentos

Figura 26: Série de Rolamentos Figura 27: Série de Rolamentos

Espaço permissível para o rolamento. Precisão de posição dos componentes.

Figura 29: Rolamentos Axiais

Onde: 𝑓𝑠 : fator de esforço estático [adimensional];

A capacidade de carga estática 𝐶𝑜 é encontrada nas tabelas dos fabricantes

Figura 32: Rolamentos Axiais

Onde: L: vida nominal do rolamento em rotações [milhões de rotações]

Onde: 𝐿ℎ : vida nominal em horas [h];

Onde: 𝐶𝑡 : Capacidade de carga corrigida em função da temperatura de trabalho [N];

Aumento da tolerância da folga

Dimensionamento de rolamentos - Tolerâncias de montagem dos

Tabela de tolerâncias. Fonte: NSK

Dimensionamento de rolamentos - Tolerâncias de montagem dos

Tabela de tolerâncias. Fonte: NSK

FAG. Catálogo de rolamentos WL 41 520/3 PB. 1999.

NSK. Rolamentos. Catálogo. 2000.

NTN. Rolamento de esferas e de rolos – AP 04. CAT. N° 2202-IX/P. 2017

SULAMERICA ROLAMENTOS. Rolamentos. Disponível em <http://www.rolamentossulamerica.com.br/>

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