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Joana Margarida Pinheiro Teixeira

Representação Social da Equipa Multidisciplinar


Perspectiva do Doente Oncológico

Dissertação de Candidatura ao grau de Mestre em


Enfermagem Oncológica submetida ao Instituto de
Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade
do Porto.

Orientador – Doutor Carlos Alberto da Silva Lopes


Categoria – professor catedrático
Afiliação – Instituto de Ciências Biomédicas Abel
Salazar da Universidade do Porto.

Co-orientador – Lic. José Manuel Silva Teixeira


Categoria – Assistente Estagiário
Afiliação – Universidade Fernando Pessoa

-1-
AGRADECIMENTOS

Ao Professor Doutor Carlos Lopes, que com a sua experiência e sabedoria tornaram este
trabalho mais enriquecido.

Ao Professor José Teixeira, pelo tempo e ajuda que tornou possível este trabalho.

Ao meu Marido, pelo seu apoio incondicional e colaboração na realização deste trabalho.

Aos meus Pais e Irmã pela presença contínua, apoio e ponto de equilíbrio neste e em
outros momentos, e por permitirem mais uma etapa no meu conhecimento.

A Ana Almeida, grande amiga, que me ajudou na aplicação dos questionários e pela
força dada ao longo da realização do mesmo, obrigada por não me deixares desistir.

Aos doentes que participaram neste estudo, sem eles não seria possível a realização do
mesmo.

Ao IPO Porto que permitiu que desenvolvesse este estudo nos seus serviços de Cirurgia.

À Sílvia, Vânia e Mi…


RESUMO
Nos últimos anos, conceito de Representação Social têm aparecido com grande
frequência em diversas áreas. A teoria das representações sociais é um instrumento da
compreensão e transformação da vida social e, por consequência, dos seus significados.
No campo profissional o estudo das representações é complexa uma vez que existe uma
diversidade de saberes e culturas. Em contexto hospital é impensável que apenas alguns
profissionais exercem com eficácia necessária um complexo número de acções. Este
estudo aborda, a nível teórico a noção de Representação Social. Descreve a sua origem,
evolução, estrutura, dimensão e formação. Aborda também o conceito de equipa
multidisciplinar e competências dos seus intervenientes.

Objectivo: Perceber quais as diferentes evocações que levam à actual representação


social da equipa multidisciplinar.

Método: A população do estudo foi os doentes internados nos serviços de cirurgia do


IPO do Porto entre Janeiro de 2011 e Junho de 2011. A amostra é constituída por 181
doentes. Foi utilizado um processo de amostragem não probabilística e uma amostra por
conveniência. É um estudo descritivo-correlacional e a metodologia utilizada na
investigação do mesmo, insere-se num paradigma quantitativo. Como instrumento de
colheita de dados utilizou-se um questionário e o tratamento estatístico foi realizado
utilizando o programa SPSS (Statistic Package for Social Sciences) na sua versão 17.0.

Resultados: Verificou-se a existência de correlação entre algumas variáveis sócio-


demográficas: entre as habilitações literárias e a categoria profissional que possui papel
de maior importância durante o internamento; entre o género e habilitações literárias e a
representação social que atribuem à equipa multidisciplinar; entre o número de
internamentos e evocações associadas aos profissionais de saúde.

Conclusões: As evocações que contribuem para a representação social da equipa


multidisciplinar que são: profissionalismo e ajuda como elementos do núcleo central e
medicação e ajuda como elementos do núcleo periférico. No que respeita ao número de
internamentos e a sua implicação para as representações sociais, podemos afirmar que
estes alteram as mesmas. No que concerne às características sócio-demográficas
apenas encontramos relação nas habilitações literárias e a sua implicação nas evocações
atribuídas aos profissionais e implicação na escolha do profissional (s) da equipa
multidisciplinar que possui o papel de maior importância durante o internamento.
SUMMARY

In recent years, the concept of Social Representation have appeared frequently in various
fields of knowledge. The theory of social representations is an instrument of
understanding and transformation of social life and, consequently, on their meanings.
In the professional field the study of representations is complex since there is a diversity
of knowledge and culture. In clinical context it is unthinkable that only a few professionals
effectively perform a required number of complex actions. This study discusses the
theoretical level the concept of Social Representation. Describes the origin, evolution,
structure, size and training. It also discusses the concept of multidisciplinary team and
skills of its players.

Objective: Understand which the different invocations that lead to the current social
representation of the multidisciplinary team.

Method: The study population was patients hospitalized on surgical wards of Oporto IPO
between January 2011 and June 2011. The sample is composed of 181 patients. We
used a non-probability sampling process and a convenience sample. It is a descriptive-
correlational study and the methodology used to investigate the same, part of a
quantitative paradigm. As an instrument of data collection, was used a questionnaire and
statistical analysis was performed using SPSS (Statistic Package for Social Sciences)
version 17.0.

Results: Were found correlation between some socio-demographic variables: between


the educational and professional category that has greater role during hospitalization;
between gender and educational and social representation that attach to the
multidisciplinary team, among the number of evocations associated hospitalizations and
health professionals.

Conclusions: The evocations which contribute to the social representation of the


multidisciplinary team are: professionalism and help as the central core elements and
medication and help as peripheral core elements. In the case the number of admissions
and its implication for the social representations, we can say that they change the social
representations. Regarding the socio-demographic characteristics we only found
relationship between educational and its implication in evocations assigned to the
professionals and involvement in the choice of the professional (s) of the multidisciplinary
team that has the major role during hospitalization.
Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

ÍNDICE
0. Introdução .................................................................................................................... 10

Parte I – Enquadramento Teórico .................................................................................. 13


1. Conceito de Representações Sociais ..................................................................... 14
2. Evolução histórica das Representações Sociais ..................................................... 16
3. Teoria das Representações Sociais......................................................................... 18
4. Formação das Representação Social ...................................................................... 20
5. Dimensão e Função das Representações Sociais .................................................. 22
6. Estrutura das Representações Sociais ................................................................... 24
6.1 Objectivação.................................................................................................. 24
6.2 Ancoragem .................................................................................................... 25
7. Organização interna das Representações Sociais: Sistema Central e Sistema
Periférico ..................................................................................................................... 28
7.1 Função do Núcleo Central............................................................................. 30
7.2 Função do Núcleo Periférico ......................................................................... 32
7.3 Zona Muda das Representações Sociais...................................................... 33

8. Formas de Estudo das Representações Sociais ..................................................... 35


9. Consequências das Novas Práticas nas Representações Sociais ......................... 36
10. Equipa Multidisciplinar............................................................................................ 38
11. A comunicação da Equipa Multidisciplinar ............................................................. 45
12. Competências dos diferentes profissionais da equipa multidisciplinar .................. 47
12.1 Enfermeiros ................................................................................................. 48
12.2 Médicos ...................................................................................................... 50
12.3 Assistentes Operacionais............................................................................ 52
12.4 Fisioterapeutas............................................................................................ 54
12.5 Psicólogos ................................................................................................... 56
12.6 Assistentes Sociais ..................................................................................... 57

Parte II – Fase Metodológica .......................................................................................... 59


1. Investigação ............................................................................................................. 60
1.1 Justificação de Investigação ......................................................................... 60
1.2 Questão de Partida ....................................................................................... 60
1.3 Objectivos Gerais .......................................................................................... 61
1.4 Questões de Investigação............................................................................. 61
1.5 Questões Éticas ............................................................................................ 61

 
Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

2. Desenvolvimento da Investigação Empírica ............................................................ 63


2.1 Metodologia................................................................................................... 63
2.2 Selecção da População e da Amostra .......................................................... 64
2.3 Instrumento de Recolha de Dados................................................................ 64
2.4 Tratamento dos Dados.................................................................................. 66

Parte III – Fase Empírica ................................................................................................. 68


1. Apresentação e Análises dos Dados ............................................................................ 69
2. Caracterização da amostra ......................................................................................... 69
3. Análise distribuição dos indivíduos por local e frequência de internamento ................ 71
4. Análise da qualidade percepcionada no serviço ........................................................ 71
5. Análise da importância do papel e intervenção da equipa multidisciplinar .................. 72
5.1. Análise da categoria profissional com papel mais importante no internamento
por aspectos sociológicos..................................................................................... 73
5.2. Análise da categoria profissional com maior intervenção no internamento por
aspectos sociológicos............................................................................................... 78
6. Análise da importância da equipa multidisciplinar por número de internamentos ....... 82
7. Análise da disponibilidade da equipa multidisciplinar por aspectos sociológicos ....... 84
8. Análise do desempenho da equipa multidisciplinar .................................................... 86
9. Análise do modo de trabalhar da equipa multidisciplinar e influência de opinião por
terceiros ....................................................................................................................... 87
10. Análise da autonomia no processo de decisão da equipa multidisciplinar .................. 88
11. Análise das evocações associados à equipa multidisciplinar ...................................... 89
11.1. Análise das evocações associados à equipa multidisciplinar por elementos
sociológicos .......................................................................................................... 89
11.2. Análise das evocações associados à equipa multidisciplinar por número de
internamentos ....................................................................................................... 92
12. Discussão dos Resultados ........................................................................................... 94
12.1. Concretização dos objectivos formulados........................................................... 94

Parte IV – Conclusão ....................................................................................................... 98


Bibliografia ..................................................................................................................... 101
Anexos............................................................................................................................ 109
Anexo I – Instrumento de Recolha de Dados ........................................................... 110
Anexo II – Consentimento Informado ....................................................................... 111
Anexo III – Autorização da Comissão de Ética ......................................................... 112

 
ÍNDICE TABELAS

Tabela 1. Distribuição dos indivíduos por idade, género, estado civil, habilitações e sector
de actividade...................................................................................................................... 70

Tabela 2. – Distribuição dos indivíduos por local e frequência de internamento .............. 71

Tabela 3. Distribuição da opinião dos inquiridos acerca das experiências negativas e


positivas nas dimensões da qualidade nos serviços ......................................................... 72

Tabela 4. Distribuição da opinião dos inquiridos acerca dos profissionais de saúde


relativamente à importância do seu papel e à frequência de intervenção no internamento..

........................................................................................................................................... 73

Tabela 5. Análise da opinião dos inquiridos por categorias etárias da categoria


profissional com papel mais importante no internamento ................................................. 74

Tabela 6. Análise da opinião dos inquiridos por género da categoria profissional com
papel mais importante no internamento ............................................................................ 75

Tabela 7. Análise da opinião dos inquiridos por estado civil da categoria profissional com
papel mais importante no internamento ............................................................................ 75

Tabela 8. Análise da opinião dos inquiridos por habilitações literárias da categoria


profissional com papel mais importante no internamento ................................................. 76

Tabela 9. Análise da opinião dos inquiridos por sector económico de actividade da


categoria profissional com papel mais importante no internamento.................................. 77

Tabela 10. Análise da opinião dos inquiridos por categorias etárias da categoria
profissional com maior intervenção no internamento ....................................................... 78

Tabela 11. Análise da opinião dos inquiridos por género da categoria profissional com
maior intervenção no internamento ................................................................................... 79

Tabela 12. Análise da opinião dos inquiridos por estado civil da categoria profissional
com maior intervenção no internamento ........................................................................... 80

 
Tabela 13. Análise da opinião dos inquiridos por habilitações literárias da categoria
profissional com maior intervenção no internamento ........................................................ 81

Tabela 14. Análise da opinião dos inquiridos por sector económico de actividade da
categoria profissional com maior intervenção no internamento ........................................ 82

Tabela 15. Análise da opinião dos inquiridos por número de internamentos da categoria
profissional com papel mais importante no internamento ................................................. 83

Tabela 16. Análise da opinião dos inquiridos por número de internamentos da categoria
profissional com maior intervenção no internamento ........................................................ 84

Tabela 17. Distribuição da opinião dos inquiridos pelas categorias dos elementos sócio-
demográficas relativamente à disponibilidade dos profissionais de saúde ....................... 85

Tabela 18. Distribuição do desempenho dos diferentes profissionais de saúde .............. 86

Tabela 19. Distribuição da opinião dos inquiridos acerca do modo de trabalhar da equipa
multidisciplinar e influência de opinião por terceiros ........................................................ 87

Tabela 20. Distribuição da opinião dos inquiridos sobre a autonomia dos profissionais de
saúde no processo de decisão .......................................................................................... 88

Tabela 21. Distribuição da opinião dos inquiridos relativamente às evocações associadas


à equipa multidisciplinar de forma global........................................................................... 89

Tabela 22. Distribuição da opinião dos inquiridos por idade sobre as evocações
associadas à equipa multidisciplinar ................................................................................ 90

Tabela 23. Distribuição da opinião dos inquiridos por género sobre as evocações
associadas equipa multidisciplinar ................................................................................... 90

Tabela 24. Distribuição da opinião dos inquiridos por estado civil sobre as evocações
associadas equipa multidisciplinar ................................................................................... 91

Tabela 25. Distribuição da opinião dos inquiridos por habilitações literárias sobre as
evocações associadas equipa multidisciplinar ................................................................. 91

Tabela 26. Distribuição da opinião dos inquiridos por sector económico de actividade
sobre as evocações associadas equipa multidisciplinar .................................................. 92

 
Tabela 27. Distribuição da opinião dos inquiridos por número de internamentos sobre as
evocações associadas equipa multidisciplinar ................................................................. 93

 
Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

0. INTRODUÇÃO

O crescimento exponencial do conhecimento criou novas necessidades no mundo do


trabalho. Na Antiguidade, sábios eram, ao mesmo tempo, filósofos, matemáticos,
astrónomos, engenheiros, artistas, escritores etc. (Velloso 2005).

Na área da saúde, até a primeira metade do século passado, cerca de quatro


profissionais formalmente habilitados dominavam todo o conhecimento e exerciam todas
as acções do sector. Nos tempos actuais, é totalmente impossível que apenas alguns
profissionais exerçam, com toda eficiência necessária, o conjunto amplo e complexo das
acções de saúde (Velloso 2005).

No decorrer do século XX, a sociedade observou várias transformações de ordem


económica, social, cultural e tecnológica, com reflexos nas organizações, constituindo
grandes modificações no mundo do trabalho, o que provocou mudanças nas filosofias de
administração, controle e gestão da produção de bens e serviços. (Alves et al, 1999).

As necessidades demandadas de saúde e o crescente desenvolvimento científico e


tecnológico produziram estratégias e mecanismos para efectivar o trabalho em equipa,
com qualidade e eficiência. É compreensível, dentro das características contraditórias do
ser humano, que o aumento de profissões e essa tentativa de criar o trabalho em equipa
tenha criado polémica, competição e disputa por espaço e poder (Velloso 2005).

A equipa multidisciplinar é, hoje, uma realidade insofismável e necessária em todos os


espaços onde se praticam acções que visam melhorar a qualidade de saúde e de vida
das populações (Velloso 2005).

Perceber quais as diferentes evocações que levam à actual Representação Social da


Equipa Multidisciplinar, pode contribuir para alterar comportamentos que melhorem
aspectos da forma de prestação de cuidados para que a representação social evolua
positivamente.

O estudo do tema “Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do


Doente Oncológico” surge, na sequência de uma reflexão, do investigador, sobre a sua
vivência diária no local de trabalho, onde a equipa multidisciplinar possui um papel de
extrema importância, quer para o doente, quer para os profissionais.

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

Este estudo pretende dar cumprimento ao plano curricular do Curso de Mestrado em


Oncologia do Instituto Abel Salazar.

O estudo é dividido em quatro capítulos: enquadramento teórico, fase metodológica, fase


empírica e conclusão. O primeiro capítulo integra vários pontos, onde é abordada toda a
revisão bibliográfica, que inclui os itens considerados essenciais para a compreensão do
tema em estudo. O segundo capítulo é constituído por vários pontos onde são abordados
os procedimentos metodológicos que servem de base para este estudo, na fase empírica
são apresentados e interpretados os resultados obtidos, baseados nos dados colhidos
através de um questionário, previamente testado através da realização do pré-teste. É
feita ainda a discussão dos resultados de forma a dar resposta aos objectivos traçados.
No último capítulo é feita uma conclusão onde são apresentadas algumas sugestões, que
consideramos úteis, no sentido alterar as representações que os doentes oncológicos
têm dos profissionais da equipa multidisciplinar.

Na elaboração deste trabalho foi utilizado o método expositivo/descritivo, uma vez que se
pretende transmitir sucintamente e de uma forma clara e objectiva a informação
seleccionada através da pesquisa bibliográfica, tanto através de livros científicos,
Internet, artigos.

Pretendemos com este estudo conseguir responder à questão “Quais as evocações que
levam à Representação Social da Equipa Multidisciplinar por parte do doente oncológico”
Pretende-se também com este trabalho atingir os seguintes objectivos:

 Identificar a relação das variáveis sociológicas com a categoria profissional


com papel mais importante no internamento
 Identificar a relação das variáveis sociológicas com a categoria profissional
com a categoria profissional com maior importância nas diferentes etapas do
internamento
 Identificar a relação das variáveis sociológicas e a representação que os
doentes atribuem à equipa multidisciplinar
 Identificar a relação entre o número de internamentos e a representação que
os doentes atribuem à equipa multidisciplinar
 Identificar as evocações que pertencem ao núcleo central e periférico das
Representações Sociais resulte da influência do trabalho dos mesmos sobre
os utentes

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

Este estudo decorreu entre Janeiro de 2011 e Junho de 2011. Foram aplicados
questionários aos utentes internados nos serviços de internamento de cirurgia do IPO
Porto.

As dificuldades na elaboração deste trabalho, prende-se, na maioria das vezes, devido ao


estado de saúde do doente ou a desmotivação dos mesmos, assim como à falta de
contacto dos doentes com alguns dos elementos da equipa multidisciplinar, não por falta
de acessibilidade aos mesmos mas porque não ser necessário a sua intervenção.

Com este trabalho de investigação identificamos as evocações que contribuem para a


representação social da equipa multidisciplinar que são: profissionalismo e ajuda como
elementos do núcleo central e medicação e ajuda como elementos do núcleo periférico.

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

PARTE I – ENQUADRAMENTO TEÓRICO

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

1. CONCEITO DE REPRESENTAÇÕES SOCIAIS

Para compreendermos o verdadeiro significado das representações sociais não podemos


deixar de definir representação. Representação vem do latim “repraesentatione” que
significa a forma como o objecto é percebido pelo espírito. A representação é “acção de
tornar sensível qualquer coisa, através de uma figura de um símbolo ou de um signo”.

“Por representação eu quero dizer um conjunto de estímulos feitos pelos homens, que têm a finalidade
de serem como um substituto a um sinal ou som que não pode ocorrer naturalmente. Algumas
representações funcionam como substitutos de estímulos, elas produzem a mesma experiência que o
mundo natural produziria”(Bower, 1977).

“Representar significa, a uma vez e ao mesmo tempo trazer presentes coisas ausentes e
apresentar coisas de tal forma que satisfaçam as condições de uma coerência
argumentativa, de uma racionalidade e da integridade normativa do grupo” (Moscovici,
2005).

“ Representar uma coisa (…) não é com efeito simplesmente duplica-la, repeti-la ou reproduzi-la; é
reconstituí-la, retocá-la, modificar-lhe o texto. A comunicação que se estabelece entre o conceito e a
percepção, um penetrando no outro, transformando a substância concreta comum, cria a impressão de
“realismo” (…) Essas constelações intelectuais uma vez fixadas nos fazem esquecer de que são obra
nossa, que tiveram um começo e que terão um fim, que a sua existência o exterior leva a marca e uma
passagem pelo psiquismo individual e social” (Moscovici, 1976).

A representação social “é uma forma de conhecimento socialmente elaborada e


partilhada tendo uma visão prática e contribuindo para a construção de uma realidade
comum de um acontecimento social” (Jodelet cit in Guareschi 2003).

Após a leitura e análise dos trabalhos de Moscovici podemos afirmar que as


representações sociais dependem de mecanismos cognitivos, das características
individuais do assunto e da realidade social. Uma representação social é determinada
pela estrutura na qual se desenvolve.

Segundo Pereira (2002) a representação social provem quer de indivíduos quer de


grupos, dando-se grande ênfase nos processos comunicacionais. Contudo, e segundo o
autor supracitado há uma grande diferença entre representação social e representação
colectiva. A representação social está em constante reconstrução devido à interacção
entre as pessoas e grupos, as representações colectivas não variam e são estáticas.

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

Como consequência da grande difusão da Teoria das Representações Sociais no meio


científico a partir da década de 1970 e devido à complexidade do fenómeno em questão,
surgiram diferentes concepções sobre a noção de representação social.

As “representações sociais são sempre complexas e necessariamente inscritas dentro de


um referencial de um pensamento preexistente. Sempre dependentes, de sistemas de
crenças ancorados em valores, tradições e imagens do mundo e da existência”
(Moscovici, 2005 p. 216).
Segundo este autor, nós não conseguimos obter informação antes que esta seja sujeita
às representações impostas pelos objectos e pelas pessoas que lhe dão credibilidade e
fazem delas parcialmente inacessíveis.

“Quando contemplamos os indivíduos ou objectos, a predisposição herdada, as imagens,


os hábitos que aprendemos, as recordações que preservamos e as nossas categorias
culturais, tudo isto se junta para fazê-las tal e qual como as vemos” (Moscovici 2005).

Ainda segundo a ideia deste autor toda a “representação social é constituída como um
processo em que se pode localizar uma origem, mas uma origem é sempre inacabada, a
tal ponto que outros factos e discursos virão nutri-la ou deteriora-la” (Moscovici 2005).
“Elas são, sobretudo, o objecto de um permanente trabalho social, que pode ser
reincorporado dentro de modelos explicativos e justificativos que são familiares e
consequentemente aceitáveis”. (Moscovici, 2005, p. 216)

Segundo Jodelet, na comunidade científica, existe consenso em definir a representação


social como “ uma forma de conhecimento socialmente elaborado e compartilhado, tendo
a finalidade prática de uma realidade comum de um conjunto social” (Jodelet cit in
Guareschi 2003).

Esta autora faz referência ao papel da comunicação nos processos da formação das
representações sociais. Assim, tem-se a noção que “a representação social é
compreendida como sistema de interpretação, teorias não oficiais e espontâneas, saber
prático de senso comum que rege a relação do homem com o mundo, além de orientar e
organizar a sua conduta e as comunicações sociais” (Jodelet, 2001).

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

2. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS

No século XIX Emile Durkheim (1858-1917) foi o primeiro a evocar a noção de


representações que chamava de “colectivas” através de estudos das religiões e dos
mitos. Para este sociólogo, “os primeiros sistemas de representações que o Homem tem
do mundo e dele são de origem religiosa” (Durkheim, 1991).

Este autor distinguiu as representações colectivas das individuais: “A sociedade é uma


realidade sui generis, com características próprias que não se encontram da mesma
forma, no resto do universo. As representações que experimentamos em conjunto têm
um conteúdo diferente que as representações puramente individuais e podemos
assegurar que as primeiras incorporam alguma coisa das segundas” (Durkheim, 1991).

Só no século XX, decorridos 30 anos, o conceito de representação social conhece um


interesse renovado em todas as disciplinas das ciências humanas.

A teoria das Representações Sociais foi elaborada inicialmente pelo psicólogo Romeno,
naturalizado em França, Serge Moscovici, a partir dos dados recolhidos em estudos
realizados entre 1952 e 1959 e a partir dos quais resultou na sua tese de doutoramento.
O objectivo da sua pesquisa era compreender como uma novidade, no campo do
conhecimento especializado, no caso a psicanálise, era recebida pelo público francês na
década de 1950 e reconstruída no imaginário social, transformando-se em saber prático
do senso comum.

Uma das preocupações de Moscovici era a construção de uma psicologia mais


socialmente orientada em oposição à perspectiva individualista da tradição norte-
americana dominante.

Durkheim (1968) define representações por uma dupla separação.

Numa primeira fase as representações colectivas separam-se das individuais, como o


conceito se separa da percepção ou imagem. Estas, próprias de cada indivíduo são
variáveis e alteram-se de forma interrupta. O conceito não varia, é universal e impessoal.
Numa segunda fase as representações individuais têm base a consciência de cada um,
enquanto que as representações colectivas têm por base a sociedade na sua totalidade.

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

Assim, estas não são o denominador comum daquelas, mas antes a sua origem,
correspondendo “á maneira pela qual esse ser especial, que é a sociedade, pensa as
coisas da sua própria experiência” (Durkheim, 1968, p. 621).

Compreende-se que tal representação seja homogénea e vivida por todos os membros
de um grupo, da mesma forma que partilham uma língua. Ela tem por função preservar o
vínculo entre eles, prepará-los para pensar e agir de modo uniforme. Ela é colectiva
porque perdura pelas gerações e exerce uma coerção sobre os indivíduos, traço comum
a todos os factores sociais.

Em geral, Durkheim (1968,p.609) opõem as representações colectivas às representações


individuais por meio de um mesmo critério, a estabilidade da transmissão e da
reprodução de algumas, a variabilidade ou o carácter efémero das outras.

“ Se é comum a todos é porque é obra da comunidade. Já que não traz a marca de nenhuma
inteligência particular, é porque é elaborada por uma inteligência única, onde todas as outras se
reúnem e vêm, de certa forma, alimentar-se. Se ele tem mais estabilidade que as sensações ou as
imagens é porque as representações colectivas são mais estáveis que as individuais, pois, enquanto o
indivíduo é sensível até mesmo a pequenas mudanças que se produzem em seu meio interno ou
externo, só eventos suficientemente graves conseguem afectar o equilíbrio mental da sociedade”.

Weber (1971) faz das representações sociais um quadro de referência e um vector da


acção dos indivíduos.

“ É evidente que essas situações colectivas que fazem parte do pensamento quotidiano ou do
pensamento jurídico (ou de qualquer outro pensamento especializado) são representações de algo
que, para uma parte do ser, para uma parte do dever ser, paira sobre a cabeça dos homens reais (não
só os juízes e os funcionários, mas também o público), segundo as quais eles orientam sua actividade;
e tais estruturas têm uma importância causal considerável, até mesmo frequentemente dominante,
para a natureza do desenvolvimento da actividade dos homens reais” (Weber, 1971, p.12).

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

3. TEORIA DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS

Em 1898 Durkheim para explicar diversos fenómenos de ordem psicológicos utilizou a


noção de representações colectivas. A ideia de Durkheim reside sob o postulado pelo
qual a sociedade forma um todo, uma entidade original, diferente da simples soma dos
indivíduos que a compõem. A ideia específica do conceito de representações sociais é o
modo como o conhecimento se constrói colectivamente. Uma representação social não é
fruto de uma minoria de indivíduos que propõem a sua visão sobre certos aspectos do
mundo. Trata-se de uma elaboração colectiva que de certa maneira vai definir um
conceito social.

Moscovici (1961) com a publicação do seu trabalho Psychanalyse: son image et son
public, tentou mostrar como e porquê, diversos grupos sociais elaboram a representação
de um objecto mal conhecido, e no fundo, como é uma teoria científica, difundida e como
é que esta muda a visão que as pessoas têm.

O autor supracitado distingue-se por sugerir a existência de um pensamento social


resultante das experiências, das crenças e das trocas de informações presentes na vida
quotidiana. Para Moscovici (1961) o fenómeno das representações sociais é próprio das
sociedades pensantes “thinking society”. Este fenómeno constitui uma forma de
pensamento social que incluiu as informações, experiências, conhecimentos e modelos
que são recebidos e transmitidos através das tradições, educação e pela comunicação
social, circulam na sociedade.

A partir de Moscovici concluiu-se que a representação social é de ordem cognitiva:


articula as informações sobre o objecto de representação e as atitudes do sujeito
relativas a este. É deste modo, um guia para a acção e um modelo de interpretação da
realidade.

No contexto das representações sociais verificam-se 2 grandes modelos de


representações sociais: o representacional e o construtivista. O primeiro procura
sustentar a representação nos seus aspectos discursivos admitindo que não existem
diferenças significativas entre o discurso e pensamento. O segundo procura incorporar
todos os elementos que possam explicar a génese das representações. O modelo
representacional recorre ao que é comum e partilhado entre os indivíduos.

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

A partir Moscovici foram muitos os trabalhos desenvolvidos sobre as representações


sociais.

Abric (1984) e Flament (1989) desenvolveram ainda um modelo teórico que caracteriza a
representação social formada a partir de um núcleo central e um núcleo periférico. Esta
concepção foi aceite e validada através de trabalhos laboratoriais e constituiu um grande
progresso na compreensão das representações sociais.

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

4. FORMAÇÃO DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS

Para operacionalizar o conceito de representação social, Moscovici (1961) recorreu a


outros teóricos para apoiar a sua perspectiva a respeito da formação do saber e do valor
do saber prático. Vários foram os autores a quem Moscovici recorreu, mas os que maior
contributo deram foram: Piaget, Freud e Lévy-Bruhl.

Piaget esteve sempre muito íntimo ao pensamento de Lévy-Bruhl, tanto no seu método,
como na sua psicologia. Sem exagero, pode-se dizer que a psicologia das
representações “primitivas” estabelecidas por Lévy-Bruhl é repetida na psicologia das
representações das crianças por exemplo, no animismo infantil, no realismo intelectual,
etc. Por outras palavras, um descobriu nas representações públicas das sociedades, o
outro redescobriu, de maneira transposta, nas representações supostamente privadas
das crianças.

Piaget, contudo, distanciou-se de Lévy-Bruhl, e aproximou-se de Durkheim e Freud,


quando ele imaginou uma evolução contínua estendendo-se dessas representações “pré-
lógicas” da criança, para as representações mais lógicas e individuais dos adolescentes.
Piaget, deu o seu contributo a respeito do desenvolvimento do pensamento infantil – a
forma como se estrutura e se configura, mostra que ele se dá por imagens e também por
corte-e-cola, juntando fragmentos do que a criança já conhece para formar uma
configuração que traduza o que ela desconhece – o que muitas vezes se manifesta mais
claramente para os adultos como o “falar errado” das crianças. Mas também a partir do
julgamento moral, indicando a importância do contacto com os adultos, primeiramente, e
com outras crianças, mais tarde, para o desenvolvimento desse tipo de juízo e para a
construção das regras pelas crianças. A contribuição de Piaget diz respeito ao
desenvolvimento do pensamento infantil, a forma como se estrutura e se configura.

Freud através das teorias sexuais acerca das crianças mostrou como elas elaboram e
interiorizam as suas próprias teorias sobre questões fundamentais para a humanidade,
que carregam marcas sociais da sua origem.

Lévy- Bruhl contribuiu por meio dos seus estudos sobre pensamento místico encontrado
em povos distantes, aponta outras formas lógicas para pensar o mundo, baseado em
princípios diversos dos do pensamento ocidental.

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

Com estas contribuições Moscovici encontrou alguns fundamentos da construção do


saber prático. Segundo Moscovici (1984) há dois tipos de universos de pensamento, o
consensual e o reificado. O consensual é o senso comum, encontra-se na prática
interactiva diária onde se constroem as representações sociais através de pressões do
dia-a-dia e de contradições da sociedade. O universo reificado refere-se ao mundo das
ciências, da objectividade.

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

5. DIMENSÃO E FUNÇÃO DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS

Desde o inicio dos anos oitenta que têm sido realizadas inúmeros estudos sobre a
organização interna das representações sociais (Abric, 1984; Flament, 1989; Sá, 1996).
Umas das primeiras proposições quanto á organização interna das representações,
estabelece que esta se configura ao longo de três dimensões: informação, atitude e
campo de representação ou imagem.

De acordo com Moscovici (cit in Sá 2002), “a informação refere-se à organização dos


conhecimentos que um grupo possui a respeito de um objecto social.”
Ainda segundo o mesmo autor “o campo de representação remete para a ideia de
imagem, de modelo social, ao conteúdo concreto e limitado das proposições acerca de
um aspecto preciso do objecto da representação social.”
A atitude “termina por focalizar a orientação global em relação ao objecto da
representação social”.

“… a atitude é a mais frequente das três dimensões e, talvez geneticamente a primeira. Por
conseguinte, é razoável concluir que as pessoas se informam e representam alguma coisa somente
depois de terem tomado uma posição e em função da posição tomada” (Moscovici cit in Sá 2002).

Todos estes trabalhos permitiram reduzir incertezas relativamente aos elementos


constituintes das representações sociais,

“ Com efeito, o tipo de realidade social para que aponta o conceito de representação social está
finamente tecido por um conjunto de elementos de natureza muito diversa: processos cognitivos,
inserções sociais, factores afectivos, sistemas de valores… que devem caber simultaneamente no
instrumento conceitual utilizado para elucidá-lo” (Ibañez cit in Sá 2002).

Moscovici (1981) atribui às representações sociais a função de tornar uma novidade algo
familiar. Percebe-se, assim, a sua importância como fonte de segurança para um grupo,
na medida em que representar o novo permite ao grupo manter o seu sentimento de
estabilidade diante de algo estranho e desprovido de significado.

Uma explicação adequada sobre as representações sociais deve ter em conta a sua
origem, fins ou funções e das circunstâncias da sua produção. Deste modo Abric
sistematizou a questão das finalidades próprias das representações sociais, atribuindo-
lhe quatro funções essenciais:

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

“Funções de saber: permitem compreender e explicar a realidade. (…) elas permitem aos actores
sociais adquirir conhecimentos e integrá-los a um quadro assimilável e compreensível para eles, em
coerência com o seu funcionamento cognitivo e os valores aos quais aderem. Por outro lado, elas
facilitam – e são mesmo condição necessária para a comunicação social;
Funções identitárias: definem a identidade e permitem a salvaguarda da especificidade dos grupos. “
(…) As representações têm também por função situar os indivíduos e os grupos no campo social
(permitindo) a elaboração de uma identidade social e pessoal gratificante, ou seja compatível com
sistemas de normas e de valores sociais e historicamente determinados;
Funções de orientação: guiam comportamentos e as práticas. A representação intervém directamente
na definição da finalidade da situação, determinando assim a priori o tipo de relações pertinentes para
o sujeito;
Funções justificatórias – permitem justificar a posteriori as tomadas de posição e os comportamentos”
Abric (cit in Sá 2002).

Segundo este autor, as representações sociais podem preservar e justificar a


diferenciação social, contribuindo para a discriminação e manutenção da distância social
entre diferentes grupos.

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

6. ESTRUTURA DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS

“Não é fácil transformar palavras, ideias, seres desconhecidos em palavras usuais,


próximas e actuais. Para que seja possível entendê-las é necessário pôr em
funcionamento dois mecanismos de um processo de pensamento baseado na memória e
em conclusões passadas” (Moscovici, 2001).

“O primeiro mecanismo tenta ancorar ideias estranhas, reduzi-las a categorias e imagens comuns,
coloca-las num contexto familiar. O segundo mecanismo tem como finalidade objectivá-los, ou seja,
transformar algo abstracto em concreto, transferir algo que esta na mente em alguma coisa presente
no mundo físico. Estes mecanismos transformam o não familiar em familiar, primeiramente
transferindo-o para a nossa própria esfera particular onde nós somos capazes de compará-lo e
interpretá-lo e depois reproduzindo-o entre as coisas que nós podemos ver e tocar e
consequentemente controlar” (Moscovici, 2001).

Os processos constitutivos da representação social, a ancoragem e a objectivação


segundo Moscovici 2001 estão relacionados com a formação e o funcionamento das
mesmas, estão intrinsecamente ligados e são delineados por factores sociais.
“A ancoragem e a objectivação são maneiras de lidar com a memória” (Moscovici, 2005).

“A ancoragem mantém a memória em movimento e a memória é dirigida para dentro, está sempre a
colocar e a retirar pessoas, objectos e acontecimentos, que classifica de acordo com um tipo e rotula
com um nome. A objectivação é direccionada para fora, para os outros, tira daí conceitos e imagens
para juntá-los e reproduzi-los no mundo exterior, para fazer as coisas conhecidas a partir do que já é
conhecido” (Moscovici, 2005).

6.1. Objectivação

“A objectivação refere-se á forma como se organizam os elementos constituintes da


representação e ao percurso através do qual tais elementos adquirem materialidade, isto
é, se tornam expressões de uma realidade vista como natural” (Vala, 2002,p. 465).
A objectivação une a ideia de não-familiar com a de realidade, torna-se a verdadeira
essência da realidade.

Objectivar é “descobrir a qualidade icónica de uma ideia, ou ser mal definido isto é, fazer
equivaler o conceito com a imagem”(Moscovici, 1981, p. 199).

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

As imagens que foram seleccionadas, devido a sua capacidade de ser representadas,


são integradas no núcleo figurativo, um complexo de imagens que reproduzem
visivelmente um complexo de ideias.

“Aquelas [palavras] que, devido à sua capacidade para serem representadas, tiverem sido
seleccionadas, (…) são integradas ao que chamei de um padrão de núcleo figurativo, um complexo de
imagens que reproduz visivelmente um conjunto de ideias (…). Uma vez que a sociedade tenha
adoptado tal paradigma ou núcleo figurativo, fica mais fácil falar sobre qualquer coisa que possa ser
associado ao paradigma e, por causa dessa facilidade, as palavras referentes a ele são usadas mais
frequentemente” (Moscovici cit in Sá, 2002).

De acordo com Cabecinhas (2004, pág.128) o processo de objectivação envolve 3


etapas:

 Na primeira fase, as informações e crenças sobre um objecto da


representação sofrem um afastamento e descontextualização para que
apenas uma parte da informação disponível seja retida. Este processo
depende dos valores e das normas de cada grupo.
 A segunda fase da objectivação corresponde à organização dos elementos.
Para a organização dos elementos Moscovici recorre ao esquema de nó
figurativo, em que os elementos da representação estabelecem entre si um
padrão de relações estruturadas.
 A terceira e última fase da objectivação diz respeito à naturalização, ou seja,
os elementos adquirem materialidade, tornam-se concretos através da sua
expressão em imagens.

Objectivar significa transformar (ou materializar) elementos do pensamento em elementos


reais, que fazem parte da língua ou do vocabulário e são controlados pela memória.

Corresponde, também, “a um processo de associação de uma imagem a um conceito,


que fica concluído quando as diferenças entre a imagem e a realidade deixem de existir e
o conceito se transforma numa “cópia da realidade” (Oliveira, 2008).

6.2. Ancoragem

“Processo que transforma algo estranho e perturbador, que nos intriga, no nosso sistema
particular de categorias e o compara com um paradigma de uma categoria que nós
pensamos ser apropriada” (Moscovici, 2005, p.61).

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A ancoragem é designada como operação mental que vai permitir incorporar qualquer
coisa que não conhecemos ou conhecemos pouco, aproximando-a de qualquer coisa que
já conhecemos.

“No momento em que determinado objecto ou ideia é comparado ao paradigma de uma categoria,
adquire características dessa categoria e é reajustado para que se enquadre nela, se a classificação,
assim obtida, é geralmente aceite, então qualquer opinião que se relacione com a categoria irá se
relacionar também com o objecto ou com a ideia” (Moscovici, 2005, p.61).

“Ancorar é classificar e dar nome a alguma coisa”(Moscovici, 2005).

Classificar alguma coisa, significa que nós o limitamos a um conjunto de comportamentos


e regras que estipulam o que é, ou não é, permitido, em relação a todos os indivíduos
pertencentes a essa classe.

Rotular, relaciona-se à nomeação com uma palavra que o faz, significa, segundo
Moscovici, receber uma posição segura dentro da matriz de identidade da cultura a qual o
grupo pertence.

Desta forma no final desse processo o não identificável passa a ter uma identidade, o que
permite, por exemplo, que um conceito científico penetre na linguagem do dia-a-dia.

“Mas classificar e dar nomes não são simplesmente meios de graduar e de rotular
pessoas ou objectos considerados como entidades discretas. O seu principal objectivo é
facilitar a interpretação de características, a compreensão de intenções e motivos
subjacentes às acções das pessoas, ou seja, formar opiniões” (Moscovici, 2005).

“A grande maioria das classificações são feitas comparando as pessoas a um protótipo,


geralmente aceite como representante de uma classe e que o primeiro é definido através
da aproximação, ou da coincidência com o último. Classificar e dar nome são dois
aspectos da ancoragem das representações sociais” (Moscovici, 2005).

De encontro com Cabecinhas (2004) o processo de ancoragem por um lado precede a


objectivação e, por outro lado, situa-se na sua sequência. Como precedente a ancoragem
necessita de pontos de referência para tratar a informação, como sequente refere-se à
função social, ou seja permite compreender de que forma os elementos que estão
representados contribuem para construir as relações sociais.

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Segundo Jodelet (cit in Cabecinhas 2004) “a ancoragem serve à instrumentalização do


saber conferindo-lhe um valor funcional para a interpretação e a gestão do ambiente”
Vala (1993, p.363), afirma “o processo de ancoragem é, a um tempo, um processo de
redução do novo ao velho e reelaboração do velho tornando-o novo”.

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7. ORGANIZAÇÃO INTERNA DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS: SISTEMA


CENTRAL E SISTEMA PERIFÉRICO

Foi na base das constatações feitas por Abric (1976) que ele procurou mostrar que na
representação social existem elementos centrais em torno dos quais a representação se
organiza.

Assim sendo, a organização interna das representações sociais contém dois sistemas
fundamentais:

“ um central e outro periférico que em permanente dinâmica influenciam por sua vez as ancoragens e
as tomas de posição, colocando em relevo duas dimensões, uma individual, através das atitudes a
influenciaremos princípios organizadores das tomadas de posição e outra social através das pertenças
grupais”. (Pereira cit in Vala, 1993)

Todas as representações sociais são organizadas em redor de um núcleo central, que


tem como função a estrutura e gere o conjunto do campo representativo em relação a um
objecto. Segundo Flament (1989) o núcleo central de uma representação corresponde a
uma estrutura que dá coerência e sentido à representação.

Á volta do núcleo central e organizados para este encontram-se os elementos periféricos


que desempenham funções importantes.

Em 1992 Abric afirmou que as representações sociais têm a estrutura proposta por
Flament.

“ A organização de uma representação apresenta uma característica particular: não apenas os


elementos da representação são hierarquizados, mas além disso toda a representação é organizada
em torno do núcleo central, constituído de um ou alguns elementos que dão á representação o seu
significado” (Abric, 1994,p. 19).

O sistema central possui, segundo Abric (1994, p.20), as seguintes características:

“É determinado pela história do grupo, pelas suas referências ideológicas e normativas assim é
extremamente marcado pela memória colectiva;
Tem uma função consensual porque constitui a base comum colectivamente compartilhado das
representações sociais;
A sua estabilidade, a sua coerência, a sua resistência às mudanças permitem-lhe assegurar uma
segunda função, a de continuidade e a permanência da representação;

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Por fim o sistema central é pouco sensível ao contexto imediato”.


“Os elementos periféricos são governados pelo núcleo central que determina as suas
funções. Têm um papel essencial na dinâmica das representações sociais porque podem
ser definidos como modelos, prescritores de comportamentos” (Flament, 1989).

“O sistema periférico tem como primeira função a concretização do sistema central em termos de
conduções ou tomadas de posição. Por outro lado, o sistema central é menos flexível e evolutivo, o
que permite assegurar uma segunda função, a de regulação e adaptação deste à realidade concreta
na qual o grupo está organizado” (Flament, 1989).

São os elementos periféricos que protegem o núcleo central, alguns destes elementos
podem ser transformados sem que haja diminuição do significado central.

“Duas representações diferem unicamente se os seus núcleos centrais não forem os


mesmos” (Guimelli, 1994).

“As representações sociais são consensuais pelos seus núcleos centrais mas podem absorver fortes
diferenças inter-individuais nos seus sistemas periféricos. É a articulação deste duplo sistema que
permite as representações sociais assumir a sua função essencial: a adaptação sócio cognitiva”
(Guimelli, 1994).

Abric (2005), aponta, num trabalho recente, para a existência de uma região de difícil
explicitação das representações sociais, que denominou “zona muda” (zone muette).
“Esse fenómeno aconteceria, sobretudo, para determinados tipos de objectos mais
sensíveis, fortemente marcados por valores e normas sociais” (Abric, 2005).

Nesta perspectiva, Flament, Guimelli e Abric (2006) afirmam que os sujeitos


seleccionariam os aspectos expressáveis da representação de determinados objectos em
razão da normatividade que percebem estar em jogo na situação em que se encontram e,
então, apresentam aquilo que imaginam ser a “boa resposta” ou o discurso “politicamente
correcto”.

“Exactamente, nessas situações existem duas facetas da representação: uma representação explícita,
verbalizada pelos sujeitos; e uma segunda parte da representação, não verbalizada ou não expressa
pelos sujeitos, a qual consistiria em uma zona muda das representações sociais” (Abric, 2005).

Segundo Abric (2005) é importante salientar que a zona muda das representações
sociais não é a parte inconsciente das representações. Os elementos nela contidos

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

integram a consciência de cada indivíduo, mas devido à situação social, normas e valores
não podem ser expressos.

A representação social por conseguinte é constituída por conjunto de elementos ou


modelos cognitivos, estruturados e hierarquizados. Efectivamente, alguns desses
elementos ocupam uma posição estruturante que constitui assim o sistema central. Estes
elementos ocupam uma posição privilegiada no campo representativo porque o núcleo
central constitui o coração da representação. “É o elemento mais estável e mais
resistente à mudança” (Guimelli, 1994).

O conjunto do campo representativo compreende os elementos ou modelos cognitivos


centrais mas igualmente os modelos ou elementos periféricos. Estes desempenham um
papel diferente. Estão sob a dependência do núcleo central. A importância que pode
tomar um elemento periférico no campo representativo depende essencialmente da
estrutura e significado do núcleo central para o assunto. Os elementos periféricos são
muito mais flexíveis e mais evolutivos que os elementos centrais. Podem, sob efeito de
práticas novas mais ou menos contraditórias com a representação, sofrer uma
transformação, sem que o núcleo central seja posto em causa. Asseguram assim a
protecção dos elementos centrais.

7.1. Função do Núcleo Central

O núcleo central é o elemento mais estável da representação. É muito difícil de modificar,


nesta prestectiva Mugny e Carugati (1985) falam de “núcleo duro”. É a volta deste que se
organizam os elementos periféricos. “A mudança do núcleo central implica uma mudança
da representação social” (Pereira cit in Vala, 1993).

“ Ele será na representação o elemento que mais vai resistir à mudança. Com efeito, toda modificação
do núcleo central conduz a uma transformação completa da representação. Nós assumimos portanto
que é o levantamento desse núcleo central que permite o estudo comparativo das representações.
Para que duas representações sejam diferentes, elas devem ser organizadas em torno de dois núcleos
centrais diferentes. A simples descrição do conteúdo de uma representação não é portanto suficiente
para reconhecê-la e especificá-la. É a organização desse conteúdo que é essencial: duas
representações definidas pelo mesmo conteúdo podem ser radicalmente diferentes, se a organização
desse conteúdo, e portanto a centralidade de certos elementos, for diferente” (Abric, 1994, p.22).

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

É este núcleo central que permite determinar, se uma representação é ou não autónoma.
É autónoma se, segundo Flament (1989) o princípio organizador (núcleo central) em si
mesmo é único.

Este autor refere ainda que a teoria do núcleo central procura explicar as diferenças
individuais a partir do sistema periférico. Para a teoria do núcleo central as diferenças
individuais são materializadas nas diferentes organizações do sistema cognitivo, a partir
de crenças normativas que impõe modulações diferentes.

A noção de núcleo figurativo, elaborado por Moscovici, foi retomada e desenvolvida por
Abric sob o tema de núcleo central ou (núcleo estruturante). Segundo esta teoria, uma
representação é um conjunto organizado à volta do núcleo central, composta por
elementos que dão significado à representação. O núcleo estruturante é um elemento
fundamental da representação. A sua localização permite o estudo comparativo das
representações sociais.

Abric (1994, p.22) afirma que o núcleo central assegura o comprimento de duas funções
essenciais:

“uma função geradora: ele é o elemento pelo qual se cria, ou se transforma, a significação dos outros
elementos constitutivos da representação. É por ele que esses elementos tomam um sentido, um
valor;
uma função organizadora: é o núcleo central que determina a natureza dos laços que unem entre si o
elemento unificador e estabilizador da representação”.

Para se saber o que está a ser representado é necessário encontrar o objecto de


representação, ou seja, precisamos de fazer o levantamento do núcleo central.

“ Observação em nosso entendimento fundamental: pois qualquer objecto não é necessariamente


objecto de representação. Para que um objecto seja objecto de representação é necessário que os
elementos organizadores de sua representação façam parte ou sejam directamente associados ao
próprio objecto” (Abric, 1994, p.24).

O conteúdo do núcleo central é constituído por elementos que dão sentido à


representação:

 A natureza do objecto representado;


 A relação deste objecto com o sujeito ou grupo;

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

 O sistema de valores e de normas (o contexto ideológico).

7.2. Função do Núcleo Periférico

Mesmo sendo o núcleo central o fundamento da representação, os elementos periféricos


têm um lugar importante na representação.

“ Eles compreendem as informações retidas, seleccionadas e interpretadas, os julgamentos


formulados a propósito de um objecto e da sua envolvente, os estereótipos e as crenças… Eles
constituem o interface entre o núcleo central e a situação da elaboração e funcionamento da
representação” (Abric, 1994, p.25).

Se o sistema central é normativo, o sistema periférico é funcional isto é, é devido ao


sistema periférico que a representação pode ancorar-se na realidade do momento.

Assim sendo, Sá cit in Abric (1994a) descreve as funções periférico em


complementaridade com o sistema central:

“ A sua primeira função é portanto a concretização do sistema central em termos de tomadas de


posição ou de condutas. Contrariamente ao sistema central ele é pois mais sensível e determinado
pelas características do contexto imediato. Ele é (…) mais flexível que os elementos centrais,
assegurando assim uma segunda função: a de regulação e de adaptação do sistema central aos
constrangimentos e às características da situação concreta à qual o grupo se encontra confrontado.
Ele é um elemento essencial nos mecanismos de defesa que visam proteger a significação central da
representação. É o sistema periférico que vai inicialmente absorver as novas informações ou eventos
susceptíveis de colocar em questão o núcleo central.
Por outro lado (…), o sistema periférico permite uma certa modulação individual da representação. Sua
flexibilidade e sua elasticidade permitem a integração na representação das variações individuais
ligadas à história própria do sujeito, a suas experiências pessoais, ao seu vivido. Ele permite assim a
elaboração de representações sociais individualizadas organizadas não obstante em torno de um
núcleo central comum”.

De acordo com Sá (2002), o núcleo central é muito resistente à mudança. Os elementos


periféricos permitem a integração de elementos novos na representação o que conduz, á
sua transformação.

Para Flament, os elementos periféricos são os esquemas que indicam o que é normal, ou
que não é, numa dada situação. São então os esquemas normais.

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

Dependendo de certas circunstâncias os esquemas normais podem transformar-se em


esquemas estranhos. Assim, são definidas quatro componentes:

 A noção de normal;
 A designação do elemento estranho;
 A afirmação de uma contradição entre dois termos;
 A proposição de uma racionalização que permita suportar (no decurso do tempo)
a contradição (Flament, 1994).

Os modelos periféricos asseguram o funcionamento quase instantâneo da representação


como grelha descodificada de uma situação: indicam a maneira, às vezes muito
específica, do que é normal (e por contraste, o que não o é) e por conseguinte, o que é
necessário compreender e memorizar. Ainda segundo o autor supracitado os modelos
normais permitem que a representação funcione eficientemente, sem que haja
necessidade, a cada momento, de analisar a situação em relação aos princípios
organizadores que é o núcleo central.

7.3. “Zona Muda” das Representações Sociais

Segundo Abric (2005), há algum desfasamento entre o que as pessoas dizem e o que
elas pensam, entre o que elas dizem (nos seus discursos) e o que elas fazem (na sua
prática), o que coloca em dúvida a compreensão das representações sociais. Para este
autor as pessoas entrevistadas não nos dizem tudo, elas escondem alguns componentes
dos seus pensamentos em certas situações, e nestas existem duas facetas da
representação: uma explícita, verbalizada e outra não verbalizada, não expressa,
denominada “zona muda”.

A impossibilidade de estudar as representações sociais a partir apenas do que as


pessoas expressam verbalmente de forma directa tem sido defendida por diversos
especialistas das representações sociais, uma vez que elas não são necessariamente
totalmente conscientes. As explicações em relação à falta de consciencializar de
elementos que integram as representações são diversas e estão em consonância com as
concepções teóricas sobre as representações sociais que têm sido elaboradas por
diferentes autores.

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

Para Abric (2005), a “zona muda” é “constituída pelos elementos da representação que
têm um carácter contra-normativo”. Para explicar essa ideia, Abric (2005) toma as
concepções de Guimelli e Deschamps (2000), que denominam a zona muda como um
subconjunto específico de cognições ou de crenças que, mesmo sendo disponíveis, não
são expressas pelos sujeitos nas condições normais de produção, e, se fossem
expressas (notadamente em certas situações), poderiam questionar os valores morais ou
as normas valorizadas pelos grupos.

Assim, certos elementos de representação – mesmo aqueles que seriam centrais –


podem ficar “escondidos” ou “mascarados”, de modo que aparecem só os elementos
periféricos. Abric (2005), considerando ainda, que os elementos do núcleo central podem
ser funcionais – práticas em relação ao objecto da representação –, ou normativos –
avaliação, julgamentos, atitudes ou estereótipos em relação ao objecto da representação
sugere que os que ficam na zona muda são os normativos, pois estes são mais ligados a
avaliações e valores, que aparecem como ilegítimos para o grupo de pertença do
indivíduo que os representa.

Para Abric (2005) e Menin, (2006), conseguir revelar os elementos da zona muda de
representação implica descobrir e desenvolver novos instrumentos de investigação que
permitam demarcá-la e evidenciá-la.

Menin (2006) sugere instrumentos que reduzam a pressão normativa sobre o sujeito que
representa, permitindo que ele expresse seus pensamentos através da redução dos
riscos de julgamento negativo da parte de seus interlocutores.

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

8. FORMAS DE ESTUDO DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS

O estudo teórico das Representações Sociais pode ser feito, segundo Camargo (1998)
de 3 formas:
 Dimensional
 Estrutural
 Dinâmica

O estudo da abordagem dimensional iniciou-se com Moscovici que prioriza o conteúdo e


trabalha com três dimensões: a informação, a atitude e o campo de pesquisa.

A informação identifica e estuda todas as informações que os sujeitos/grupos têm sobre o


objecto de pesquisa. A atitude identifica o tipo de disposição que o sujeito tem perante o
objecto, exprime a orientação geral do grupo. O campo da pesquisa permite visualizar o
conhecimento que o grupo tem do objecto e a articulação deste conhecimento.

A abordagem estrutural das Representações Sociais funciona como sistema de


interpretação da realidade de determinado comportamento. Segundo Camargo (1998)
esta concepção define quatro funções para a Representação Social: de saber, identitária,
de orientação e justificadoras.

Abric (1998) organiza a abordagem estrutural da mesma forma que Moscovici, e trabalha
com a teoria do núcleo central das representações.

O núcleo central é identificado através das palavras que são primeiramente evocadas e
possuem maior frequência, o sistema periférico é identificado através das demais
palavras, possui uma maior variedade mas uma menor frequência.

No que diz respeito à abordagem dinâmica trabalha-se com dois elementos: a ancoragem
e a objectivação, abordados anteriormente.

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9. CONSEQUÊNCIAS DAS NOVAS PRÁTICAS NAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS

“Ser profissional é exercer uma actividade geralmente no seio de uma organização


pública ou privada, depois de obtida uma formação, que garanta uma competência
específica e assegure a obtenção de um diploma” (Blin, 1997).

As representações sociais evoluem e transformam-se. Estas representações não se


transformam de um dia para o outro. Como todos os fenómenos sociais evolutivos a
transformação de uma representação é condicionada pela história prévia.

“A história de uma representação social é marcada por acontecimentos sucessivos que


são susceptíveis de interferir com o seu objecto” (Rouquette et al, 1992).

“Certos acontecimentos têm um grau de incidência mais ou menos importante nas representações
sociais de um grupo. Assim sendo, para que um determinado acontecimento possa ter repercussões a
nível das representações sociais dos indivíduos é necessário que estes sejam particularmente
implicados. Naturalmente, nem todos os grupos sociais são implicados da mesma forma para um
mesmo acontecimento. Isto, depende da natureza do grupo ao qual o indivíduo pertence” (Rouquette,
1990).

Segundo o autor supracitado, o grau de implicação dos actores sociais numa situação
nova não é o suficiente para desencadear transformações nas representações sociais.

Flament (1994) introduziu a noção de reversibilidade da situação. Quando os indivíduos


implicados numa situação levam a efeito novas práticas pode considerar-se que esta
situação é reversível ou não. Isto é, o regresso às práticas antigas é impossível ou de
outra forma este regresso é possível e a situação actual é apenas temporária.
A evolução das representações sociais em termos de transformação, será totalmente
diferente conforme a situação é reversível ou não.

“É unicamente na medida em que as modificações das circunstâncias são percebidas como


irreversíveis que o processo de transformação das representações sociais (…) se pode conduzir”
(Roquette e Guimelli, 1992,p.14).

As práticas estão actualmente a sofrer modificações irreversíveis. Quando estas


modificações são percebidas como reversíveis, estas vão provocar modificações
superficiais ao nível das representações, vão apenas interferir com o núcleo periférico.
Por outro lado, se as novas práticas são percebidas como irreversíveis, vão ter

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

consequências muito importantes a nível da estrutura representativa atingindo assim


núcleo central.

Actualmente pode falar-se de três tipos de transformação das representações sociais.,


segundo o autor Abric (1998):
Transformação Resistente – Quando as práticas podem ser desenvolvida pelo
sistema periférico, forma-se os chamados esquemas estranhos, configurações de
elementos que evitam, provisoriamente, a contestação do sistema central. No entanto, a
proliferação desse tipo de formação leva à mudança do sistema central.
Transformação progressiva – No caso em que as novas práticas não contradizem
totalmente o núcleo central, e os novos elementos são gradativamente acrescentados a
ele, constituindo uma nova representação a isto chama-se
Transformação brutal – Quando as novas práticas atacam o núcleo de modo
inegociável pelo sistema periférico, tem-se uma transformação imediata do sistema
central e, consequentemente, da representação.

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

10. EQUIPA MULTIDISCIPLINAR

Segundo Peduzzi (1998), o termo equipa deriva da palavra francesa “esquif”, cujo
significado se relacionava com filas de barcos amarrados uns aos outros e rebocados por
homens ou cavalos. Como os homens que puxavam os barcos trabalhavam
colectivamente na busca de um objectivo comum – rebocar a fila de barcos amarrados –
compartilhando sua tarefa, acabou-se por utilizar o termo equipa de trabalhadores para
designar o trabalho colectivo, compartilhado, de vários trabalhadores no desenvolvimento
de uma tarefa, compreendida como a meta comum do grupo.

“O crescimento exponencial do conhecimento criou necessidades no mundo do trabalho.


Na Antiguidade, sábios eram, ao mesmo tempo, filósofos, matemáticos, astrónomos,
engenheiros, artistas, escritores, etc.” (Velloso, 2005).

De acordo com Velloso (2005) na área da saúde até à primeira metade do século
passado, cerca de quatro profissionais formalmente habilitados dominavam todo o
conhecimento e exerciam todas as acções do sector

“No decorrer do século XX, a sociedade observou várias transformações de ordem económica, social,
cultural e tecnológica, com reflexo nas organizações, constituindo grandes modificações no mundo do
trabalho, o que provocou mudanças nas filosofias das administrações, controle e gestão da produção
de bens e serviços” (Alves et al 1999).

Peduzzi (1998) caracteriza o trabalho como um processo de transformação que ocorre


porque o homem tem necessidades que precisam ser satisfeitas. Para este autor um
determinado processo de trabalho não ocorre isoladamente, mas sim numa rede de
processos que se alimentam reciprocamente. Nessa rede, ocorre o encadeamento de
distintos processos de trabalho que se diferenciam pela sua peculiar conexão dos
elementos constituintes (objecto, instrumentos, actividades) e se integram por meio das
relações entre as necessidades que precisam interligar para se realizar. Tal como ocorre
no campo da saúde, em que distintas áreas profissionais, cada qual realizando um
processo de trabalho próprio, encontram nas necessidades de saúde seu ponto de
convergência.

Equipa, e trabalho em equipa são noções que fazem parte da mitologia das profissões
relacionadas com a saúde. Trabalhar em equipa implica a realização de um conjunto de
tarefas ou missões concretas como expressão da nossa linguagem profissional.

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

“O trabalho em equipa, é a actividade sincronizada e coordenada de diversos profissionais, de


categorias diferentes para cumprir um objectivo comum, sendo que o produto final (equipa) é diferente
da soma das partes, ou seja, o trabalho desenvolvido por cada trabalhador isoladamente é diferente
daquele realizado pela equipa” (Loff, 1994).

Ao longo da história e segundo Pires (2000), as práticas de cuidados, as formas de


desenvolvimento de trabalho, a divisão do trabalho, o processo de formação profissional
e de produção de conhecimentos modificaram-se, sendo influenciados pelo modo de
produção hegemónico, pela cultura e pela forma de organização da produção nos
sectores mais dinâmicos da economia

Há uma tendência, de acordo com Peduzzi (2002), a uma maior qualificação dos
trabalhadores, pois o produto depende cada vez menos das operações directas do
trabalhador individual, e cada vez mais da articulação dos trabalhos colectivos.
Para Almeida e Mishima (2001) a construção do trabalho em equipa, pode levar, na
prática, para além de um trabalho técnico hierarquizado, um trabalho com interacção
social entre os trabalhadores, com maior horizontalidade e flexibilidade dos diferentes
poderes, possibilitando maior autonomia e criatividade dos agentes e, maior integração
dos trabalhadores.

O ‘trabalho em equipa” não tem na sua origem apenas o carácter de racionalização da assistência
médica, no sentido de garantir a melhor relação custo-benefício do trabalho médico e ampliar o acesso
e a cobertura da população atendida, mas também responde à necessidade de integração das
disciplinas e das profissões entendida como imprescindível para o desenvolvimento das práticas de
saúde a partir da nova concepção biopsicossocial do processo saúde doença (Almeida e Mishima,
2001).

Fortuna (1999) e Fortuna et al. (2005, p. 264) definem o ‘trabalho em equipa’ como “uma
rede de relações entre pessoas, rede de relações de poderes, saberes, afectos,
interesses e desejos, onde é possível identificar processos grupais”. As autoras destacam
a dinâmica grupal das equipas e propõem o reconhecimento e a compreensão desses
processos grupais pelos seus integrantes como forma de construir a própria equipa,
concebendo o ‘trabalho em equipa’ como as relações que o grupo de trabalhadores
constroem no quotidiano do trabalho.

De acordo com Bergamini (1982), “embora os indivíduos sejam tecnicamente capazes de


desenvolver tarefas sozinhos, não o fazem porque têm a necessidade social de agirem
em grupos sociais”.

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

Assim, os sujeitos estão constantemente a reunir-se em grupos, formais ou informais,


para satisfazerem as suas necessidades de segurança, status, auto-estima, associação,
poder e facilitação do alcance de suas metas individuais (Matheus, 1995; Munari, 1997;
Ingram, Desombre, 1999; Robbins, 2001).

Nas relações de trabalho, embora essa dinâmica seja válida, torna-se mais complexa
pelo facto de os indivíduos não escolhem os seus grupos, mas são neles inseridos de
acordo com suas responsabilidades e actividades dentro da instituição. Esses grupos são
denominados grupos formais, uma vez que não são compostos de acordo com as
afinidades pessoais, mas sim de acordo com uma estrutura formal de trabalho (Ingram,
Desombre, 1999; Robbins, 2001).

Já os chamados grupos informais são aqueles compostos a partir das escolhas pessoais
dos indivíduos, de acordo com suas afinidades, que se formam naturalmente dentro dos
ambientes formais. São os grupos de amigos de uma empresa, os colegas de escola,
enfim, aqueles grupos que respondem pelas necessidades sociais dos sujeitos (Ingram,
Desombre, 1999; Robbins, 2001).

“Embora os termos grupo e equipa sejam largamente utilizados para denominar um conjunto de
sujeitos, é importante considerar que tanto o grupo quanto a equipa definem um conjunto de pessoas
que desenvolvem as suas tarefas de acordo com um objectivo comum definido pelo conjunto, de
maneira que o resultado não seja simplesmente a soma das habilidades individuais de cada
membro”(Robbins, 2001; Abreu et al., 2005).

Ambos são trabalhos colectivos, que congregam profissionais interagindo entre si e


articulando suas acções. O que diferencia o trabalho em grupo do trabalho em equipa é a
situação de trabalho, a dinâmica do processo. O grupo pode existir sem a necessidade
de produzir resultados – como os grupos de amigos – mas a equipa está pautada na
dinâmica do processo de trabalho, com a preocupação de produzir resultados.

“A equipa deve ser organizada de forma coesa, a partir de um processo de maturidade do


grupo, no qual cada agente se sinta responsável pelo trabalho colectivo” (Bergamini,
1982).

“Tanto o processo de planeamento como a tomada de decisão são desenvolvidos por todos os
agentes do grupo, sendo que a tarefa de liderar a equipe é alternada entre seus membros, de acordo
com as necessidades do trabalho, assim como a partir do grau de maturidade da equipe e de seus
membros “(Canoletti, 2008).

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

Na busca de se tornarem eficientes e eficazes, as equipas devem percorrer o caminho


em direcção à maturidade, estudada por autores como Bergamini (1982) e Robbins
(2001). De acordo com esses autores, as equipas caminham por diversas etapas do
desenvolvimento humano em grupo, para criar uma “cultura” que permita sua actuação
plena enquanto equipa.

A maturidade das equipas ocorre a partir de estadios de desenvolvimento. Segundo


Robbins (2001), estes estadios são:

 Formação – caracterizado por uma fase de incerteza acerca dos objectivos do


grupo e da determinação de suas regras de comportamento. Essa fase se encerra
no momento em que os agentes se percebem enquanto parte da equipa;
 Adaptação – é uma fase de conflitos entre a existência do grupo e os limites a
individualidade de cada membro. Também é o estadio no qual se configura a
imagem do líder;
 Normalização – na busca pela maturidade, o grupo começa a demonstrar coesão
e identidade grupal;
 Desempenho – os agentes da equipe transferem os seus esforços em conhecer e
compreender os outros para o desenvolvimento da actividade para o qual a
equipe foi formada.
 Transferência – os grupos podem desfazer-se, quer por terem atingido os
objectivos pretendidos, ou por um dos elementos sair devido ao desinteresse, a
equipa pode ser reestruturada.

“O alcance da maturidade da equipa pode ser reconhecido, a partir dessas duas análises, no momento
em que os indivíduos do grupo se reconhecem como membros da equipa sentem-se responsáveis
tanto pelos seus fracassos quanto pelos seus sucessos, participam da tomada de decisão e
principalmente, possuem clareza quanto à comunicação das informações relevantes para o trabalho
da equipa” (Ingram, Desombre, 1999; Wasch, 2005).

Apesar de proposto há décadas, o termo “trabalho em equipa” é utilizado na literatura


indistintamente tanto para denominar o conjunto de agentes de uma mesma instituição,
caracterizados como equipa apenas por trabalharem juntos, como para denominar a
possibilidade de trabalho cooperativo e integrado, no qual os saberes são articulados em
busca de metas comuns (Fortuna et al., 2005).

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

Segundo Peduzzi (2001), o “trabalho em equipa consiste numa modalidade de trabalho


colectivo que se configura na relação recíproca entre as intervenções técnicas e a
interacção dos agentes” (p.103).

Segundo Peduzzi (2006), a origem da concepção de trabalho em equipa na área da


saúde está relacionada há três vertentes:

 a busca estratégica pela integração, no campo da medicina preventiva, nas


décadas de 1950 a 1970;
 a adopção do conceito da multicausalidade do processo saúde-doença;
 as alterações no processo de trabalho, a partir das mudanças da finalidade do
trabalho, seus objectos de intervenção e as novas tecnologias em saúde.

“É totalmente impossível, que na actualidade, apenas alguns profissionais exerçam, com


toda eficiência necessária, o conjunto amplo e complexo das acções de saúde” (Peduzzi,
2006).

Hoje, há um consenso em torno do ‘trabalho em equipa’ no sector saúde, porém Peduzzi


(2006) refere que ainda persiste e predomina uma noção de equipa que se restringe à
coexistência de vários profissionais numa mesma situação de trabalho.

“Embora uma equipa de trabalho possa, de forma sumária e restrita, ser definida como um grupo de
pessoas trabalhando com uma meta comum, não se pode deixar de compreender que tais grupos
apresentam diferenças relevantes se analisados à luz da ideia de equipa”(Canoletti, 2008).

Embora traga benefícios, a organização do trabalho em equipa expõe a diferente


valorização social dada ao trabalho intelectual, desenvolvido principalmente pelos
profissionais médicos, e trabalho manual, desenvolvido pelos demais profissionais de
saúde, os enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem. Embora não haja diferença
no que se refere à necessidade técnica dos trabalhos intelectual e manual, socialmente
essa diferença de valor representa um entrave no desenvolvimento das equipes
compostas por profissionais de diversas áreas do conhecimento (McCalling, 2001).

“O trabalho em equipa expressa uma possibilidade real de alcançar a integração de


diferentes áreas profissionais e disciplinares, incluindo as suas intervenções técnicas e a
interacção dos diferentes agentes – profissionais”(Schofield, Amodeo, 1999).

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

Peduzzi (1998; 2001) reitera que “é por meio da relação entre trabalho e interacção que
os agentes da equipa são capazes de construir projectos comuns, que respondam às
necessidades dos usuários dos serviços de saúde”.

Embora muito se fale acerca do termo equipa, a sua utilização restringe-se àquele
conjunto de sujeitos que trabalham em busca do alcance de uma meta comum
determinada por eles mesmos, que articulam as suas acções de acordo com seus
diferentes saberes e experiências, e interagem entre si, de maneira que os seus esforços
estejam em sinergia, isto é, os esforços da equipa são maiores do que simplesmente a
soma dos esforços individuais (Lorimer, Manion, 1996; Ingram, Desombre, 1999;
McCalling, 2001; Abreu et al., 2005; Wasch, 2005).

São características indispensáveis das equipas a colaboração e a cooperação na


interacção de seus agentes, assim como a articulação e a interdependência de suas
acções e projectos, visando um objectivo comum (Ciampone, Peduzzi, 2005).

O trabalho em equipa revela-se complexo, uma vez que congrega em si as necessidades


dos usuários do serviço, da própria instituição, bem como os desejos e a individualidade
de cada membro da equipa.

Posto isto, não se pode negligenciar o facto de que embora o trabalho seja de equipa,
esta é composta por indivíduos com diferentes histórias de vida, saberes e formações
diversas (Canoletti, 2008).

Matheus (1995) pontua a importância dos indivíduos se sentirem satisfeitos em


desenvolver suas actividades, e essa satisfação está intimamente ligada ao
reconhecimento do indivíduo pela equipa, assim com a possibilidade de alcançar suas
metas individuais. Essa situação gera conflitos, mas também pode estimular a
criatividade, conduzindo a equipa na direcção de uma tomada de decisão mais
consciente e consistente, através da análise dos problemas sob as várias perspectivas
trazidas pelos diversos profissionais da equipa (Robbins, 2001; Wiecha 2004, Pollard,
2004; Fortuna et al., 2005; Peduzzi, Ciampone, 2005).

Importante ressaltar, que quando se fala em integração dos profissionais e


potencialização de suas competências, não se fala em igualar saberes, isto é, os
diferentes profissionais possuem conhecimentos diferentes que se completam e
cooperam entre si, mas não são uniformizados ou simplesmente somados (Peduzzi,

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

1998; 2001). Dessa forma, percebe-se que o trabalho em equipa não pode ser
considerado uma actividade automática ou natural da capacidade técnica ou profissional
dos sujeitos, mas sim uma qualidade constantemente desenvolvida como propriedade
colectiva, na qual as habilidades necessárias ao trabalho em equipa eficaz devem ser
constantemente desenvolvidas e amadurecidas (Matheus, 1995; McCalling, 2001).

“As equipas podem ser mais flexíveis que os indivíduos isolados, reagindo melhor às
situações de mudança, tão rápidas e vitais nos dias actuais” (Robbins, 2001).

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

11. A COMUNICAÇÃO DA EQUIPA MULTIDISCIPLINAR

De acordo com Peruzzolo (2002, p. 20), comunicação é diálogo e partilha.

“A convivência social é um modo de se comunicar, pois ela é a respiração de uma


sociedade., sendo também ressaltada como um processo de influências. Comunicar-se
implica a existência de um relacionamento entre uma pessoa e outra pessoa, através de
um meio material”(Peruzzolo 2002, p. 28).

Logo, a comunicação é uma relação de um ser, o emissor com outro ser o receptor, que
recebe a mensagem, a percebe e emite uma resposta para que se tenha a certeza de
que a comunicação ocorreu. Possui um significado comum tanto para o emissor quanto
ao receptor (Peruzzolo 2002).

“No âmbito organizacional, a comunicação é entendida como um processo relacional


entre indivíduos, departamentos, unidades e organizações”(Kunsch, 2003, p. 71).

“A comunicação entre os membros de uma equipe de trabalho, e especificamente nas equipas de


saúde, revela-se como a chave necessária à solução de diversos problemas, como a discussão dos
valores, da filosofia e dos objectivos da equipa, e o planeamento de suas acções e dos recursos
necessários ao seu trabalho” (Wiecha, Pollard, 2004; McCalling, 2001).

Segundo Peduzzi (1998; 2001; 2007), a comunicação e o diálogo constituem-se como


dimensões essenciais para a integração do trabalho em equipa. É a partir da
comunicação que a interacção dos agentes se torna possível, assim como a articulação
dos trabalhos especializados com a interacção dos agentes da equipa, sendo que sem
interacção não se pode falar em trabalho em equipa. Assim, a dimensão comunicativa é
considerada intrínseca ao trabalho em equipa, é o seu denominador-comum. É através
da mediação da linguagem que a articulação das actividades, a integração dos saberes
técnicos e a interacção dos agentes se torna possível (Peduzzi, 1998; 2001).

Os agentes que compõem a equipa de trabalho apresentam como característica a


capacidade de elaborar conjuntamente a linguagem, objectivos, propostas e projectos
comuns, isto é, a elaboração de uma cultura comum à equipa de trabalho, desde a
concepção até a execução do trabalho (Peduzzi, 1998; 2001; Ingram, Desombre, 1999).
O ambiente propício para a eficiência da equipa é aquele onde a comunicação é clara,
frequente e aberta (Wasch, 2005). Portanto, uma equipa representa, para além de

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

relações de trabalho, relações de saberes, poderes e principalmente, relações


interpessoais, o que configura duas dimensões de uma equipa: a articulação das acções
executadas pelos diversos profissionais que a compõem e a interacção destes agentes
(Peduzzi, 2001; Fortuna et al., 2005; Peduzzi, Ciampone, 2005).

Segundo Peduzzi e Ciampone (2005, p. 15), o trabalho em equipa eficiente exige certas
competências que devem ser constantemente desenvolvidas, tais como “o aprender a
viver junto, a viver com os outros, a conviver (...) aprender a questionar o próprio
conhecimento, aprender a aprender com o outro (...). Implica, em última instância, em
trabalhar o autoconhecimento e a auto-estima”.

Para Dugas (1990), a característica mais importante a ser desenvolvida no profissional de


saúde, além do respeito mútuo, é a empatia. Considerada como a capacidade de
reconhecer e entender os sentimentos da outra pessoa em determinada situação, ela
contribui para a criação de um clima interpessoal de confiança, elemento básico no
relacionamento de assistência à saúde e desenvolvido lentamente à medida que uma
pessoa conhece a outra.

O processo comunicativo, por si só, interfere na relação interpessoal entre os pares


organizacionais, uma vez que, em situações normais do quotidiano, a comunicação
recebe interferência das mais variadas formas, sendo fundamental no contorno ou
superação dos momentos de crises organizacionais.

É imprescindível que a equipe multiprofissional de saúde tenha em conta a importância


da comunicação interpessoal no contexto organizacional, pois é através dessa
consciência organizacional que poderá trabalhar a eficiência de seu relacionamento com
o paciente em meio hospitalar (Kunsch, 2003).

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

12. COMPETÊNCIAS DOS DIFERENTES PROFISSIONAIS DA EQUIPA


MULTIDISCIPLINAR

“O trabalho em saúde é marcado pelas relações interpessoais entre os profissionais e usuários


Caracteriza-se por ser um trabalho reflexivo e dependente do recrutamento de saberes distintos:
científico, técnico, derivado de experiências de trabalho e sociais e de valores ético-
políticos”(Depresbiteris, 2011).

Distingue-se também pela complexidade, isto é, incorpora a diversidade profissional, dos


actores e interesses, das tecnologias, da organização do espaço; pela heterogeneidade
devido à variedade de processos de trabalhos coexistentes e pela fragmentação
conceitual, do pensar e fazer, da técnica (pluralidade profissional) e social (divisão social
do trabalho e entre as categorias) (Depresbiteris, 2011).

O conceito de competência tem carácter polissémico, sendo descrito como: capacidade


para aplicar habilidades, conhecimentos e atitudes; habilidade de utilizar o conhecimento
a fim de chegar a um propósito; capacidade de utilizar conhecimentos e habilidades
adquiridos para o exercício profissional; capacidade de mobilizar saberes — saber-fazer,
saber-ser, saber-agir; capacidade para resolução de um problema (Perrenould, 1999).

Assim sendo, competência significa a construção de disposições e esquemas que


permitem mobilizar os conhecimentos, no momento certo e com discernimento. A
competência seria a capacidade de orquestração destes esquemas. Um especialista é
competente porque é capaz de dominar rapidamente situações comuns com esquemas
que entram em acção automaticamente e, além disso é capaz de, coordenar e diferenciar
rapidamente os esquemas de acção e os conhecimentos para enfrentar de situações
inéditas (Ramos, 2001).

Competências profissionais é aquilo que nos constitui e nos caracteriza como indivíduos,
são capacidades relacionais – facilitadoras ou impeditivas de uma boa inserção social.

Mobilizam um conjunto de recursos cognitivos (saberes, capacidades, informações) para


solucionar situações de forma eficaz, são um conjunto de conhecimentos, qualidades,
capacidades e aptidões. Capacidade do sujeito mobilizar saberes, conhecimentos,
habilidades e atitudes para a resolução de problemas e para a tomada de decisões
adequadas (Zabala, 1998).

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

Pressupõem conhecimentos teóricos fundamentados, acompanhados das qualidades e


das capacidades que permitem executar as decisões sugeridas. Podem estar presentes
nas actividades políticas, sociais e educativas como um todo. Aptidão para trabalhar em
equipa. Envolve facetas que vão do individual ao sócio-cultural, situacional (contextual
organizacional) e processual (Manfredi, 1998).

Competências não podem ser confundidas com o simples “desempenho” de tarefas.

12.1. ENFERMEIROS

Segundo o Conselho de Enfermagem da Ordem dos Enfermeiros (2004) são


competências dos Enfermeiros de Cuidados Gerais:

 Adopção de uma conduta responsável e ética e actuar no respeito pelos direitos e


interesses, legalmente protegidos, dos cidadãos.
 Promoção da saúde, prevenção da doença, tratamento, reabilitação e a
reinserção social.
 Os enfermeiros têm uma actuação de complementaridade funcional relativamente
aos demais profissionais de saúde, mas dotada de idêntico nível de dignidade e
autonomia de exercício profissional.
 As intervenções dos enfermeiros são autónomas e interdependentes.
 Consideram-se autónomas as acções realizadas pelos enfermeiros, sob sua
única e exclusiva iniciativa e responsabilidade, de acordo com as respectivas
qualificações profissionais, seja na prestação de cuidados, na gestão, no ensino,
na formação ou na assessoria, com os contributos na investigação em
enfermagem.
 Consideram-se interdependentes as acções realizadas pelos enfermeiros de
acordo com as respectivas qualificações profissionais, em conjunto com outros
técnicos, para atingir um objectivo comum, decorrentes de planos de acção
previamente definidos pelas equipas multidisciplinares em que estão integrados e
das prescrições ou orientações previamente formalizadas.
 Organização, coordenação, execução e avaliação das intervenções de
enfermagem nos três níveis de prevenção;
 Decisão sobre técnicas e meios a utilizar na prestação de cuidados de
enfermagem, potenciando e rentabilizando os recursos existentes, criando a

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

confiança e a participação activa do indivíduo, da família, dos grupos e da


comunidade;
 Utilização de técnicas próprias da profissão de enfermagem, com vista à
manutenção e recuperação das funções vitais, nomeadamente, respiração,
alimentação, eliminação, circulação, comunicação, integridade cutânea e
mobilidade;
 Participação na coordenação e dinamização das actividades inerentes à situação
de saúde / doença quer o utente seja seguido em internamento, ambulatório ou
domiciliário;
 Administração da terapêutica prescrita, detectando os seus efeitos e actuando em
conformidade, devendo, em situação de emergência, agir de acordo com a
qualificação e os conhecimentos que detêm, tendo como finalidade a manutenção
ou recuperação das funções vitais;
 Participação na elaboração e concretização de protocolos referentes a normas e
critérios para administração de tratamentos e medicamentos;
 Ensino do utente sobre a administração e utilização de medicamentos ou
tratamentos.
 Concebem, realizam e promovem e participam em trabalhos de investigação que
visem o progresso da enfermagem, em particular, e da saúde, em geral.
 Contribuem, no exercício da sua actividade na área de gestão, investigação,
docência, formação e assessoria, para a melhoria e evolução da prestação dos
cuidados de enfermagem, nomeadamente:
o Organizando, coordenando, executando, supervisando e avaliando a
formação dos enfermeiros;
o Avaliando e propondo os recursos humanos necessários à prestação dos
cuidados de enfermagem, estabelecendo normas e critérios de actuação e
procedendo à avaliação do desempenho dos enfermeiros;
o Propondo protocolos e sistemas de informação adequados para a
prestação dos cuidados;
o Dando parecer técnico acerca de instalações, materiais e equipamentos
utilizados na prestação de cuidados de enfermagem;
o Colaborando na elaboração de protocolos entre as instituições de saúde e
as escolas, facilitadores e dinamizadores da aprendizagem dos
formandos;
o Participando na avaliação das necessidades da população e dos recursos
existentes em matéria de enfermagem e propondo a política geral para o
exercício da profissão, ensino e formação em enfermagem;

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

o Promovendo e participando nos estudos necessários à reestruturação,


actualização e valorização da profissão de enfermagem.
Os enfermeiros só podem delegar tarefas em pessoal deles funcionalmente dependentes,
quando este tenha a preparação necessária para as executar, conjugando-se sempre a
natureza das tarefas com o grau de dependência do utente em cuidados de enfermagem.

12.2. MÉDICOS

Segundo o Decreto-lei nº 57/2008 de 4 de Setembro. Diário da República nº 171 - I Série


cabe ao médico enquanto profissional da equipa multidisciplinar:

 Prestação dos melhores cuidados ao seu alcance, agindo sempre com correcção
e delicadeza, no exclusivo intuito de promover ou restituir a saúde, conservar a
vida e a sua qualidade, suavizar os sofrimentos, nomeadamente nos doentes sem
esperança de cura ou em fase terminal, no pleno respeito pela dignidade do ser
humano.
 Tomar decisões ditadas pela ciência e pela sua consciência.
 Liberdade de escolha de meios de diagnóstico e terapêutica, devendo, porém,
abster-se de prescrever desnecessariamente exames ou tratamentos onerosos ou
de realizar actos médicos supérfluos.
 Deve exercer a sua profissão em condições que não prejudiquem a qualidade dos
seus serviços e a especificidade da sua acção, não aceitando situações de
interferência externa que lhe cerceiem a liberdade de fazer juízos clínicos e éticos
e de actuar em conformidade com as leges artis.
 Dever de comunicar à Ordem todas as tentativas de condicionar a liberdade do
seu exercício ou de imposição de condições que prejudiquem os doentes.
 Responsável pelos seus actos e pelos praticados por profissionais sob a sua
orientação, desde que estes não se afastem das suas instruções, nem excedam
os limites da sua competência.

Nas equipas multidisciplinares, a responsabilidade de cada médico deve ser apreciada


individualmente.
 Deve abster-se de quaisquer actos que não estejam de acordo com as leges artis.
 não deve ultrapassar os limites das suas qualificações e competências.
 Quando lhe pareça indicado, deve pedir a colaboração de outro médico ou indicar
ao doente um colega que julgue mais qualificado.

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

 Quando delegar competências noutros profissionais de saúde, médicos ou não


médicos devidamente habilitados, é dever do médico não ultrapassar nesta
delegação as competências destes profissionais, sendo também responsável
pelos actos delegados, excepto em situações de emergência em que não possa
recorrer em tempo útil a colega competente, o médico não pode, em caso algum,
praticar actos médicos para os quais reconheça não ser capaz ou não possuir a
competência técnica e capacidade física e mentais exigíveis.
 Tem o direito de recusar a prática de acto da sua profissão quando tal prática
entre em conflito com a sua consciência, ofendendo os seus princípios éticos,
morais, religiosos, filosóficos ou humanitários
 O exercício da objecção de consciência deverá ser comunicado à Ordem, em
documento registado, sem prejuízo de dever ser imediatamente comunicada ao
doente ou a quem no seu lugar prestar o consentimento.
 A objecção de consciência não pode ser invocada em situação urgente e que
implique perigo de vida ou grave dano para a saúde e se não houver outro médico
disponível a quem o doente possa recorrer.
 Deve sempre respeitar a pessoa do doente, a idade, o sexo, as convicções do
doente, bem como a natureza da doença são elementos que devem ser tidos em
consideração no exame clínico e tratamento do doente.
 Deve respeitar o direito do doente a mudar de médico, devendo mesmo antecipar-
se, por dignidade profissional, à menor suspeita de que tal vontade exista.
 Pode recusar-se a prestar assistência a um doente, excepto quando este se
encontrar em perigo iminente de vida ou não existir outro médico de qualificação
equivalente a quem o doente possa recorrer.
 Recusar -se a continuar a prestar assistência a um doente, quando se verifiquem
cumulativamente os seguintes requisitos:
o Não haja prejuízo para o doente, nomeadamente por lhe ser possível
assegurar assistência por médico de qualificação equivalente;
o Tenha fornecido os esclarecimentos necessários para a regular
continuidade do tratamento;
o Tenha advertido o doente ou a família com a antecedência necessária a
assegurar a substituição.
 A incapacidade para controlar a doença não justifica o abandono do doente.
 Recusar qualquer acto ou exame cuja indicação clínica lhe pareça mal
fundamentada.
 Dever de prestar o esclarecimento sobre o diagnóstico, a terapêutica e o
prognóstico da sua doença.

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

 O esclarecimento deve ser prestado previamente e incidir sobre os aspectos


relevantes de actos e práticas, dos seus objectivos e consequências funcionais,
permitindo que o doente possa consentir em consciência.
 O esclarecimento deve ser prestado pelo médico com palavras adequadas, em
termos compreensíveis, adaptados a cada doente, realçando o que tem
importância ou o que, sendo menos importante, preocupa o doente.
 O esclarecimento deve ter em conta o estado emocional do doente, a sua
capacidade de compreensão e o seu nível cultural.
 O esclarecimento deve ser feito, sempre que possível, em função dos dados
probabilísticos e dando ao doente as informações necessárias para que possa ter
uma visão clara da situação clínica e optar com decisão consciente
 A actuação dos médicos deve ter sempre como finalidade a defesa dos melhores
interesses dos doentes, com especial cuidado relativamente aos doentes
incapazes de comunicarem a sua opinião, entendendo – se como melhor
interesse do doente a decisão que este tomaria de forma livre e esclarecida caso
o pudesse fazer.
 Deve respeitar as opções religiosas, filosóficas ou ideológicas e os interesses
legítimos do doente.
 O médico deve usar de particular solicitude e cuidado para com o menor, o idoso
ou o deficiente, especialmente quando verificar que os seus familiares ou outros
responsáveis não são suficientemente capazes ou cuidadosos para tratar da sua
saúde ou assegurar o seu bem -estar.
 Sempre que o médico, chamado a tratar um menor, um idoso, um deficiente ou
um incapaz, verifique que estes são vítimas de sevícias, maus-tratos ou assédio,
deve tomar providências adequadas para os proteger, nomeadamente alertando
 O médico respeitará o desejo do doente de fazer -se acompanhar por alguém da
sua confiança, excepto quando tal possa interferir com o normal desenvolvimento
do acto médico.
 O médico pode limitar o horário e a duração das visitas de terceiros aos doentes
sob sua responsabilidade, se entender necessário à saúde do doente ou à defesa
dos direitos de terceiros, tendo em vista o normal funcionamento dos serviços.

12.3. ASSISTENTE OPERACIONAL

São competência do assistente operacional as seguintes actividades de acordo com a


Portaria n.º 1041/2010 de 7 de Outubro. Diário da República nº 195: o assistente

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

operacional de saúde é o profissional que, sob a orientação de profissionais de saúde


com formação superior.

 Auxilia na prestação de cuidados de saúde aos utentes,


 Na recolha e transporte de amostras biológicas,
 Na limpeza, higienização e transporte de roupas, materiais e equipamentos, na
limpeza e higienização dos espaços e no logístico e administrativo das diferentes
unidades e de saúde.
 Auxiliar na prestação de cuidados aos utentes, de acordo com orientações do
enfermeiro:
o Ajudar o utente nas necessidades de eliminação e nos cuidados de
higiene e conforto de acordo com orientações do enfermeiro;
o Auxiliar o enfermeiro na prestação de cuidados de eliminação, nos
cuidados de higiene e conforto ao utente e na realização de tratamentos a
feridas e úlceras;
o Auxiliar o enfermeiro na prestação de cuidados ao utente que vai fazer, ou
fez, uma intervenção cirúrgica;
o Auxiliar nas tarefas de alimentação e hidratação do utente,
nomeadamente na preparação de refeições ligeiras ou suplementos
alimentares e no acompanhamento durante as refeições;
o Executar tarefas que exijam uma intervenção imediata e simultânea ao
alerta do profissional de saúde;
o Auxiliar na transferência, posicionamento e transporte do utente, que
necessita de ajuda total ou parcial, de acordo com orientações do
profissional de saúde;
o Auxiliar nos cuidados post-mortem, de acordo com orientações do
profissional de saúde;
o Assegurar a limpeza, higienização e transporte de roupas, espaços,
materiais e equipamentos, sob a orientação de profissional de saúde;
o Assegurar a recolha, transporte, triagem e acondicionamento de roupa da
unidade do utente, de acordo com normas e ou procedimentos definidos;
o Efectuar a limpeza e higienização das instalações superfícies da unidade
do utente, e de outros espaços específicos, de acordo com normas e ou
procedimentos definidos;
o Efectuar a lavagem e desinfecção de material hoteleiro, material clínico e
material de apoio clínico em local próprio, de acordo com normas e ou
procedimentos definidos;

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

o Assegurar o armazenamento e conservação adequada de material


hoteleiro, material de apoio clínico e clínico de acordo com normas e ou
procedimentos definidos;
o Efectuar a lavagem (manual e mecânica) e desinfecção química, em local
apropriado, de equipamentos do serviço, de acordo com normas e ou
procedimentos definidos;
o Recolher, lavar e acondicionar os materiais e equipamentos utilizados na
lavagem e desinfecção, de acordo com normas e ou procedimentos
definidos, para posterior recolha de serviço interna ou externa;
o Assegurar a recolha, triagem, transporte e acondicionamento de resíduos
hospitalares, garantindo o manuseamento e transporte adequado dos
mesmos de acordo com procedimentos definidos.
 Assegurar actividades de apoio ao funcionamento das diferentes unidades e
serviços de saúde:
o Efectuar a manutenção preventiva e reposição de material e
equipamentos;
o Efectuar o transporte de informação entre as diferentes unidades e
serviços de prestação de cuidados de saúde;
o Encaminhar os contactos telefónicos de acordo com normas e ou
procedimentos definidos;
o Encaminhar o utente, familiar e ou cuidador, de acordo com normas e ou
procedimentos definidos.

12.4. FISIOTERAPEUTAS
 

Cabe aos fisioterapeutas enquanto tecnico da área de saúde as seguinte actividades


publicadas no Decreto-lei nº 564/99 de 21 de Dezembro. Diário da República nº 295 - I
Série A.

O Fisioterapeuta centra-se na

 Análise e avaliação do movimento e da postura, baseadas na estrutura e função


do corpo, utilizando modalidades educativas e terapêuticas específicas, com
base, essencialmente, no movimento, nas terapias manipulativas e em meios
físicos e naturais, com a finalidade de promoção da saúde e prevenção da
doença, da deficiência, de incapacidade e da inadaptação e de tratar, habilitar ou

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

reabilitar indivíduos com disfunções de natureza física, mental, de


desenvolvimento ou outras, incluindo a dor, com o objectivo de os ajudar a atingir
a máxima funcionalidade e qualidade de vida;

A carreira de terapêutica reflecte a diferenciação e qualificação profissionais inerentes ao


exercício das funções próprias de cada profissão, devendo aquelas ser exercidas com
plena responsabilidade profissional e autonomia técnica, sem prejuízo da
intercomplementaridade ao nível das equipas em que se inserem.

Ao fisioterapeuta compete-lhe:
 Planear, recolher, seleccionar, preparar e aplicar os elementos necessários ao
desenvolvimento normal da sua actividade profissional;
 Recolher os meios e prestar os serviços e cuidados de saúde necessários à
prevenção da doença, à manutenção, à defesa e à promoção do bem-estar e
qualidade de vida do indivíduo e da comunidade;
 Prestar cuidados directos de saúde, necessários ao tratamento e reabilitação do
doente, por forma a facilitar a sua reintegração no respectivo meio social;
 Preparar o doente para a execução de exames, assegurando a sua vigilância
durante os mesmos, bem como no decurso do respectivo processo de
diagnóstico, tratamento e reabilitação, por forma a garantir a eficácia e
efectividade daqueles;
 Assegurar, através de métodos e técnicas apropriados, o diagnóstico, o
tratamento e a reabilitação do doente, procurando obter a participação esclarecida
deste no seu processo de prevenção, cura, reabilitação ou reinserção social;
 Assegurar, no âmbito da sua actividade, a oportunidade, a qualidade, o rigor e a
humanização dos cuidados de saúde;
 Assegurar a gestão, aprovisionamento e manutenção dos materiais e
equipamentos com que trabalha, participando nas respectivas comissões de
análise e escolha;
 Assegurar a elaboração e a permanente actualização dos ficheiros dos utentes do
seu sector, bem como de outros elementos estatísticos, e assegurar o registo de
exames e tratamentos efectuados;
 Integrar júris de concursos;
 Articular a sua actuação com outros profissionais de saúde, para a prossecução
eficaz dos cuidados de saúde;
 Zelar pela formação contínua, pela gestão técnico- científica e pedagógica dos
processos de aprendizagem e aperfeiçoamento profissional, bem como pela

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

conduta deontológica, tendo em vista a qualidade da prestação dos cuidados de


saúde;
 Avaliar o desempenho dos profissionais da carreira e colaborar na avaliação de
outro pessoal do serviço;
 Desenvolver e ou participar em projectos multidisciplinares de pesquisa e
investigação;
 Assegurar a gestão operacional da profissão no serviço em que está inserido.
 Integrar órgãos de gestão ou direcção, nos termos da legislação aplicável;
 Integrar equipas técnicas responsáveis pelo processo de instalação de novos
serviços;
 Ministrar o ensino das tecnologias da saúde e ou orientar estágios profissionais no
âmbito da sua profissão.

12.5. PSICÓLOGOS

Diário da República, 1.ª série — N.º 171 — 4 de Setembro de 2008, publica as


actividades/competências destes profissionais de saúde.
No exercício da sua actividade profissional, devem ser respeitados pelo psicólogo os
seguintes princípios gerais:

 Actuar com independência e isenção profissional;


 Prestigiar e dignificar a profissão;
 Colocar a sua capacidade ao serviço do interesse público;
 Empenhar -se no estabelecimento de uma dinâmica de cooperação social com o
objectivo de melhorar o bem-estar individual e colectivo;
 Defender e fazer defender o sigilo profissional;
 Exigir aos seus membros e colaboradores o respeito pela confidencialidade;
 Utilizar os instrumentos científicos adequados ao rigor exigido na prática da sua
profissão;
 Conhecer e agir com respeito pelos preceitos legais e regulamentares;
 Respeitar as normas de incompatibilidade que decorram da lei.

O psicólogo, na sua actividade profissional, deve:


 Abster -se de sancionar documentos ou de fazer declarações que indevidamente
resultem em favorecimento próprio ou de outrem;

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

 Evitar a deturpação da interpretação do conteúdo, explícito ou implícito, de


documentos de apoio técnico ao exercício da profissão, com o intuito de iludir a
boa fé de outrem;
 Defender os princípios da ética da profissão, recusando colaborar ou participar em
qualquer serviço ou empreendimento que julgue ferir esses princípios;
 Exercer a sua actividade em áreas dentro da psicologia para as quais não tenha
recebido formação específica;
 Recusar quaisquer interferências no exercício da sua actividade que ponham em
causa aspectos técnico-científicos ou éticos do exercício profissional, sejam quais
forem as suas funções e dependências hierárquicas ou o local onde exerce a sua
actividade;
 Abster -se de utilizar materiais específicos da profissão para os quais não tenha
recebido formação, que saiba desactualizados ou que sejam desadequados ao
contexto de aplicação.
 Respeitar o trabalho dos colegas;
 Manter qualquer tipo de colaboração quando seja necessário.

12.6. ASSISTENTES SOCIAIS

Segundo o código de ética da Associação Nacional dos Assistentes Sociais (Março 2007)
são competências profissionais:
 
 Ajudar pessoas carentes e ter em conta problemas sociais.
 Elevar o seu trabalho acima dos próprios interesses.
 Utilizar os seus conhecimentos, valores e capacidades de modo a ajudar pessoas
necessitadas tendo em atenção os problemas sociais.
 Exercer serviço voluntário sem esperarem retribuição financeira significante.
 Procurar a mudança social particularmente no interesse de indivíduos ou grupos
sociais oprimidos e vulneráveis. Os esforços dos assistentes sociais no que diz
respeito à mudança social centram-se principalmente em questões de pobreza,
desemprego, discriminação e outras formas de injustiça social. Estas actividades
procuram promover sensibilidade e conhecimentos acerca da opressão e acerca
da diversidade étnica e cultural.
 Assegurar a todas as pessoas o acesso à informação necessária, serviços e
recursos, promovendo a igualdade de oportunidades e a participação activa na
tomada de decisões.

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

 Promoção da auto determinação do cliente. Procuram fazer com que o cliente


tenha a capacidade de ter noção das suas próprias necessidades e aproveite
oportunidades de mudança.
 Responsabilidade dupla para com os clientes e para com a sociedade. Procuram
resolver os conflitos que existem entre os interesses do indivíduo e os interesses
da sociedade em geral, de um modo socialmente responsável, em coerência com
os valores, princípios, e padrões éticos da profissão.
 Procurar fortalecer as relações entre as pessoas num esforço resoluto para
promover, restaurar, manter e alcançar o bem-estar dos indivíduos, das famílias,
grupos sociais, organizações e comunidades.

Os assistentes sociais estão sempre conscientes da missão da sua profissão, valores,


princípios e padrões éticos, actuando em coerência com os mesmos. Assim, actuam
honestamente e de forma responsável, promovendo práticas éticas no âmbito das
organizações para as quais trabalham.
Os assistentes sociais esforçam-se continuamente para aumentar o seu conhecimento
profissional e as suas capacidades aplicando-as na prática.
Os assistentes sociais devem ambicionar contribuir para o crescimento dos
conhecimentos base da profissão.

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

PARTE II – FASE METODOLÓGIA

-59-
Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

1. INVESTIGAÇÃO

1.1. Justificação de Investigação


 

Com o aumento das experiências no âmbito da vivência hospitalar, constatamos que


muitas têm sido as mudanças quer por parte da intervenção dos profissionais da equipa
multidisciplinar quer do nível de exigência dos utentes.

Esta situação deriva do facto de nos últimos anos se terem produzido uma série de
transformações na sociedade portuguesa, que trouxeram mudanças estruturais.

O desenvolvimento das várias ciências e a influência das diferentes correntes sociais,


económicas e culturais provocaram uma mudança e necessidade de adaptação dos
diferentes profissionais de saúde impondo o trabalho em equipa.

Apesar de todas estas transformações continuamos sem saber qual o “valor social” da
prática da equipa multidisciplinar. Põem-se ainda uma outra questão, com tantas
alterações que existiram, como é que estas contribuíram para a alteração da prática
desenvolvida pelos diferentes elementos da equipa multidisciplinar?

Por considerarmos que é necessário, perceber quais as evocações que levam ás


diferentes representações e identificar a actual representação social que os utentes têm
da equipa multidisciplinar, faz-nos emergir a vontade de nos debruçarmos atentamente
sobre o tema:”Representação Social da Equipa Multidisciplinar”.

O estudo deste tema contribuirá não só para perceber as evocações que levam á actual
representações social da equipa multidisciplinar, mas também, como é que os diferentes
elementos da equipa multidisciplinar podem fazer para contribuir, caso seja necessário,
para uma representação social que se enquadre com o desempenho e competência dos
mesmos.

1.2. Questão de Partida

Quais as evocações que levam à actual Representação Social da Equipa Multidisciplinar


por parte do doente oncológico?

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

1.3. Objectivos Gerais


 

 Identificar as evocações que pertencem ao núcleo central e periférico das


Representações Sociais resulte da influência do trabalho dos mesmos sobre
os utentes
 Identificar a relação das variáveis sociológicas com a categoria profissional
com papel mais importante no internamento
 Identificar a relação das variáveis sociológicas com a categoria profissional
com a categoria profissional com maior importância nas diferentes etapas do
internamento
 Identificar a relação das variáveis sociológicas e a representação que os
doentes atribuem à equipa multidisciplinar
 Identificar a relação entre o número de internamentos e a representação que
os doentes atribuem à equipa multidisciplinar

1.4. Questões de Investigação

 Quais as evocações que pertencem ao núcleo central e periférico que contribuem


para a representação social da Equipa Multidisciplinar e que resulte da influência
do trabalho dos mesmos sobre os utentes?
 Qual a relação das variáveis sociológicas com a categoria profissional com papel
mais importante no internamento?
 Qual a relação das variáveis sociológicas com a categoria profissional com a
categoria profissional com maior importância nas diferentes etapas do
internamento?
 Qual a relação das variáveis sociológicas e a representação que os doentes
atribuem à equipa multidisciplinar?
 Qual a relação entre o número de internamentos e a representação que os
doentes atribuem à equipa multidisciplinar

1.5. Questões Éticas

Na elaboração de qualquer trabalho científico é essencial ter-se em atenção as


considerações éticas, pois, segundo Rogers (1997, p.448), é indispensável proteger os

-61-
Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

direitos dos indivíduos envolvidos na realização da investigação, designadamente o


direito ao livre arbítrio, o direito à privacidade, à confidencialidade e ao anonimato.

Na tentativa de respeitar o princípio da autonomia, em que as pessoas são livres de


participar e podem desistir quando quiserem, sem coacção nem medo de recriminações,
teve-se o cuidado de as informar desse direito, uma vez que, para Rogers (1997, p. 448),
os indivíduos objecto de investigação devem ter acesso pleno às informações,
considerando que a sonegação destas é indevida e constitui fraude.

Outros direitos que assistem aos investigados e que foram assegurados são a
confidencialidade e o anonimato. Segundo Rogers (1997, p.448), confidencialidade
significa que as informações divulgadas por um indivíduo, objecto da investigação, serão
guardadas e não serão tornadas públicas nem partilhadas com terceiros. O anonimato
verifica-se quando a identidade dos indivíduos não pode ser associada às suas
respostas.

Não se sobrepôs os interesses do investigador aos interesses dos investigados e não


existem riscos associados à participação dos mesmos neste estudo.

A nível ético teve-se em conta o tipo, a finalidade, os resultados e como é feito o estudo.
Como já foi referido anteriormente, a pessoa tem que aceitar participar no estudo e pode
desistir em qualquer altura. Todos estes princípios foram respeitados de forma a tornar
este estudo válido.

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

2. DESENVOLVIMENTO DA INVESTIGAÇÃO EMPÍRICA

2.1. Metodologia

A metodologia desempenha um papel essencial no desenvolvimento de um trabalho de


investigação, pois quase sempre os resultados finais são condicionados pelo processo, o
método e a forma como se obtiveram estes dados. Segundo Fortin (1999, p.131) a fase
metodológica consiste em precisar como o fenómeno em estudo, será integrado num
plano de trabalho que ditará as actividades conducentes à realização da investigação.

Segundo Polit e Hungler (1995, p.17), o método científico constitui um instrumento


extremamente poderoso que auxilia na compreensão do mundo em que vivemos e na
solução de muitos problemas de ordem prática.

É importante que na elaboração de um trabalho de investigação, os elementos


metodológicos em estudo estejam em perfeita sintonia, possibilitando deste modo, uma
maior e melhor adequação das decisões e dos procedimentos científicos.

Este estudo empírico, desenvolveu-se no período compreendido entre Janeiro de 2011 e


Junho de 2011, tem como finalidade identificar as evocações que levam à Representação
Social da Equipa Multidisciplinar na perspectiva do doente oncológico.

Um dos factores fundamentais para a determinação da metodologia de um estudo é o


fenómeno a estudar, a abordagem do mesmo e o objectivo do estudo.

Atendendo à finalidade e à natureza específica do estudo sobre a descoberta de relações


entre factores, optou-se por uma metodologia quantitativa.

O presente estudo é descritivo-correlacional.

As variáveis atributo são:


 Sexo
 Idade
 Habilitações Literárias
 Estado Civil
 Sector de Actividade

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

Tem como variável dependente a Representação Social, que vai ter uma acção directa
na variável independente.

A variável independente, ou seja, aquela que vai ser manipuladas com a finalidade de
estudar os seus efeitos na variável dependente, é a perspectiva dos doentes.

2.2. Selecção da População e da Amostra

A população deste estudo são os doentes internados no IPO Porto nos serviços de
cirurgia, no período de Janeiro de 2011 e Junho de 2011.

A amostra é constituída por 181 doentes internados. Foi escolhido o número de 181 por
se considerar uma amostra suficientemente grande para detectar diferenças estatísticas,
considerando o tempo disponível para a realização deste estudo.

O método de amostragem escolhido foi o não probabilístico. A escolha deste método de


amostragem deve-se ao facto da população alvo ser somente aquela que se encontra
internada nos serviços de cirurgia do Ipo Porto.

A amostra é uma amostra de conveniência ou acidental, porque são escolhidos de entre


a população de doentes, que estão internados nos serviços de cirurgia, ou seja, aqueles
que são mais convenientes para o investigador. A forma de colher os dados consiste na
entrega de um questionário a cada doente no período estipulado para a colheita de
dados. Este procedimento continuará até que se complete o número de inquiridos
necessários para formar a amostra deste estudo.

2.3. Instrumento de Recolha de Dados


 
Na escolha do método de colheita de dados, o investigador deve ter em conta se a
informação que vai colher corresponde aos objectivos do que se vai investigar. Neste
estudo que é descritivo-correlacional, o objectivo é tentar recolher uma grande parte da
informação com o objectivo estudar relações entre variáveis.
O questionário utilizado (Anexo 1) permite organizar, normalizar e controlar os dados,
para que as informações procuradas sejam colhidas de forma rigorosa, evitando assim o
desvio às questões efectuadas.

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

Como instrumento de colheita de dados, o questionário apresenta vantagens e


desvantagens. As vantagens existentes e que neste estudo são válidas, são o facto de
ser menos dispendioso que a entrevista e exigir menos apetências por parte de quem o
põe em prática; é impessoal, apresentando-se de forma uniforme, com a mesma ordem
de questões colocadas, facilitando a comparação entre os indivíduos; as pessoas
sentem-se mais à vontade, exprimindo livremente as suas opiniões devido ao anonimato
das respostas. Entre as desvantagens, podemos destacar o custo elevado e a
superficialidade das respostas.

Para a colheita de dados optámos pelo questionário, com questões fechadas, onde
figuram um conjunto estruturado de questões, as quais são respondidas na ausência do
pesquisador.

O questionário utilizado neste estudo foi elaborado pelo investigador, tendo-se realizado
um pré-teste, pois houve necessidade de verificar se todos os termos eram facilmente
compreensíveis e desprovidos de equívocos (verificação de compreensão semântica).
O pré teste foi realizado na última semana de Dezembro de 2010 a 20 doentes da
população.

O pré-teste tem por objecto principal avaliar a eficácia e a pertinência do questionário e


verificar os seguintes elementos:
Se os termos utilizados são facilmente compreensíveis e desprovido de equívocos: é o
teste da compreensão semântica;
 Se a forma das questões utilizadas permite colher as informações desejadas;
 Se o questionário não é muito longo e não provoca desinteresse ou irritação;
 Se as questões não apresentam ambiguidade.

O resultado do pré-teste revelou que havia necessidade de se efectuarem alterações na


estrutura do questionário.

Foi necessário aumentar o tempo médio de resposta ao questionário de 10 para 20


minutos, uma vez que grande parte dos doentes demorava cerca de 20 minutos a
responder ao mesmo.
Foi necessário agrupar a pergunta “Durante a sua hospitalização que tipo de experiência
(s) positiva (s) vivenciou?” e “Durante a sua hospitalização que tipo de experiência (s)
negativa (s) vivenciou?”, uma vez que a maioria dos doentes referia não ter vivenciados
experiências negativas.

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

Retiramos a pergunta “Quando se fala de Profissionais de Saúde quais as palavras que


lhe surgem”, uma vez que não obtivemos quase nenhuma resposta à mesma questão.

Na pergunta “Considera que os profissionais de saúde referidos anteriormente trabalham


em equipa?” pedimos aos inquiridos para justificar a resposta negativa, dos inquiridos
que a seleccionaram não obtivemos qualquer justificação, por isso optamos por retirar a
mesma de forma a não condicionar as respostas dos inquiridos.

Devido à dificuldade na interpretação de algumas foi necessário alterara o vocabulário de


algumas questões, nomeadamente a questão “Tendo em conta o desempenho dos
diferentes profissionais de saúde, identifique qual (ais) considera importante (s):
Readaptação funcional”;” profissionais anteriormente referidos, quais os que considera
autónomos”.

2.4. Tratamento dos Dados

Para tornar possível o tratamento dos dados foi necessário transformar em unidades de
medida toda a informação recolhida, ou seja, operacionalizar as variáveis, isto significa
definir as variáveis de maneira a que possam ser medidas, significa também atribuir um
significado às variáveis, especificando as operações necessárias para as medir.

Segundo Ribeiro (1999, p.105) a investigação científica depende de quão bem os


conceitos se possam medir, da possibilidade dos resultados de uma qualquer variável se
distribuírem por categorias ou valores. Torna-se assim necessário atribuir números a
objectos ou acontecimentos, de forma a que os dados colhidos possam ser medidos.

As escalas de medida nominais reflectem diferenças qualitativas em vez de diferenças


quantitativas, assim as palavras podem ser substituídas por números.

Para Fortin (1999, p. 222), a escala de medida nominal representa o grau mais elementar
das escalas de medida. O investigador com este tipo de escala está limitado no que diz
respeito à utilização das estatísticas, porque os números utilizados na escala nominal não
podem ser tratados de forma aritmética. A escala nominal permite a utilização de
estatísticas descritivas.

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

Segundo Ribeiro (1999, p.106) dois critérios se impõem à utilização deste tipo de escalas
e são eles os critérios de mútua exclusividade e da exaustibilidade, que foram objecto de
atenção aquando da sua utilização.

Com o intuito de se alcançar não apenas a estrutura mas os elementos que constituem o
núcleo central e periférico das representações sociais optei por aplicar a técnica do
“Quadro das Quatro Casas, criados Vergés (1992). Este quadro é indicado para analisar
evocações, considerando a frequência e a ordem em que estas foram produzidas. Para
este autor, os termos que atendam simultaneamente aos critérios aos critérios de
evocação com maior frequência e nos primeiros lugares, teriam maior importância no
esquema cognitivo do sujeito. Estes seriam então o núcleo central da representação.

Combinam-se assim 2 critérios a frequência e a ordem.

O trabalho de análise estatística que se apresenta foi realizado com recurso ao software
SPSS 17.0. Ao longo de todo o estudo apenas se considerou as respostas válidas. Tendo
em consideração a exactidão que o estudo exige optou-se por definir, para todas as
análises inferenciais, um nível de significância de 0,05, ou seja, que se admite um erro de
5%.

Para a consecução dos objectivos recorreu-se a análise e interpretação de frequências e


respectivas percentagens e, atendendo ao tipo de variáveis, à aplicação dos testes não
paramétricos, nomeadamente o teste de Mann-Whitney e o teste de Kruskal Wallis. Neste
último, para analisar as diferenças entre as categorias de cada variável procedeu-se à
comparação múltipla de médias das ordens ao método LSD de Fisher, como recomenda
Maroco (2007).

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

PARTE III – FASE EMPÍRICA

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

1. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

Neste capítulo, apresentam-se os resultados e discutem-se paralelamente, colocando-os


em confronto com as concepções teóricas da revisão da literatura, documentadas nos
capítulos anteriores.

Esta abordagem procurará descrever os aspectos gerais caracterizadores da nossa


amostra e em simultâneo analisar os objectivos definidos no estudo.

2. CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA

A amostra é constituída por 181 indivíduos que internados nos diferentes serviços de
internamento de cirurgia do IPO Porto entre Janeiro e Junho de 2011.

Iniciemos a caracterização dos indivíduos relativamente aos aspectos sociológicos idade,


género, estado civil, habilitações e sector de actividade conforme evidencia a Tabela 1.

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

Tabela 1 – Distribuição dos indivíduos por idade, género, estado civil, habilitações e sector de actividade

Caracterização sociológica  n  % 

Idade  Entre 20 e 39 anos  22  12,2% 

  Entre 40 e 59 anos  65  35,9% 

  Entre 60 e 79 anos  82  45,3% 

  Superior a 80 anos  12  6,6% 

Género  Feminino  83  45,9% 

Masculino  98  54,1% 

Estado Civil  Casado(a)  103  56,9% 

  Solteiro(a)  21  11,6% 

  Viúvo(a)  45  24,9% 

  Divorciado(a)  12  6,6% 

Habilitações  4º ano  69  38,1% 

  6º e 9º ano  43  23,8% 

  12º ano  22  12,2% 

  Estudos Superiores  32  17,7% 

  Outro  15  8,3% 

Sector económico de  Sector Primário  19  10,5% 


actividade 
Sector Secundário  37  20,4% 

Sector Terciário  71  39,2% 

Desempregado  9  5,0% 

Reformado  43  23,8% 

Estudante  2  1,1% 

A idade dos elementos inquiridos está compreendida entre os 20 e 85 anos, com uma
média de 58,4 anos e um desvio padrão de 14,7 anos. Agrupou-se a idade em quatro
categorias nomeadamente entre 20 e 39 anos com 12,2%, entre 40 e 59 anos com
35,9%, entre 60 e 79 anos com 45,3% e superior a 80 anos com 6,6%. Relativamente ao
género, verifica-se que, 45,9% dos inquiridos são do sexo feminino e 54,1% do sexo
masculino. Ao nível do estado civil constata-se que 56,9% são casados, 11,6% solteiros,
24,9% viúvos e 6,6% são divorciados. Relativamente às habilitações 38,1% referem 4º
ano, 23,8% escolaridade de 6º e 9º ano, 12,2% escolaridade de 12º ano, 17,7% estudos
superiores e 8,3% outras habilitações. Acerca da profissão verificou-se uma grande
diversidades de actividades pelo que se decidiu proceder-se ao seu agrupamento por
sectores económicos de actividade e aos quais se acrescentaram as situações de

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

desempregado, reformado e estudante. Assim, verificou-se que 10,5% são trabalhadores


do sector primário, 20,4% do sector secundário, 39,2% do sector terciário, 5,0% estão em
situação de desemprego, 23,8% em situação de reformado e 1,1% encontra-se ainda a
estudar.

3. ANÁLISE DISTRIBUIÇÃO DOS INDIVÍDUOS POR LOCAL E FREQUÊNCIA DE


INTERNAMENTO

Nesta etapa ir-se-á proceder à caracterização dos indivíduos relativamente ao número de


internamentos conforme evidencia a Tabela 2.

 
Tabela 2 – Distribuição dos indivíduos por local e frequência de internamento

    Global serviço  Uma ou duas  Três ou mais 


Primeira vez internado 
vezes  vezes 

  n  %      n  %  n  %  n  % 

Não  46  56,8%  16  34,8%  30  65,2% 


Primeira vez internado no serviço 
Não  81  45,0%  Sim  35  43,2%         

Internamento Global      39  48,1%  42  51,9% 

Sim  99  55,0%                 

 
Verificamos que dos 180 doentes que responderam à questão, 45% não era a primeira
vez que se encontravam internados e 55% era a primeira vez. Dos 81 doentes que já
tinham estado internados no serviço onde foi aplicado o questionário 48,1% esteve
internado uma ou duas vezes naquele serviço e 51,9% três ou mais vezes.
 
4. ANÁLISE DA QUALIDADE PERCEPCIONADA NO SERVIÇO

De forma a proceder-se a uma caracterização global da qualidade percepcionada por


parte dos indivíduos relativamente aos internamentos solicitou-se aos inquiridos
referencias que neste âmbito estivessem associadas a experiências positivas e
negativas. Estas menções foram categorizadas nas dimensões da qualidade nos

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

serviços 1 identificadas por Parasuraman et al. (1988) e apresentam-se as frequências e


respectiva percentagem na Tabela 3.

Tabela 3 – Distribuição da opinião dos inquiridos acerca das experiências negativas e positivas nas dimensões da qualidade nos serviços

Experiências Negativas Experiências Positivas


Dimensões da qualidade nos serviços
n % n %

Tangibilidade 191 46,2% 5 0,9%

Fiabilidade 22 5,3% 215 39,6%

Capacidade de resposta 106 25,7% 9 1,7%

Confiabilidade e segurança 56 13,6% 83 15,3%

Empatia 38 9,2% 231 42,5%

Foi pedido aos inquiridos que referissem no mínimo 3 experiências negativas e 3


experiências positivas vivenciadas ao longo dos internamentos, de uma forma geral no
que diz respeito às experiências negativas estas aparecem em maior número 46,2%
relacionadas com a tangibilidade, isto é, ligadas à aparência dos elementos físicos e
humanos, 25,7% diz respeito à capacidade de resposta.

Relativamente às experiências positivas 42,5% refere-se à empatia, relacionada com o


cuidado e atenção dada a cada doente, 39,6% refere-se à fiabilidade, capacidade de
prestar um serviço de forma digna e cuidada.

5. ANÁLISE DA IMPORTÂNCIA DO PAPEL E INTERVENÇÃO DA EQUIPA


MULTIDISCIPLINAR
 

De seguida procede-se à caracterização da opinião dos indivíduos da nossa amostra


acerca dos profissionais de saúde com maior importância e os de maior intervenção
durante o internamento. Para o efeito apresenta-se a frequência e respectiva
percentagem da menção ao profissional de saúde e a percentagem das menções perante
os restantes elementos que compõem a equipa multidisciplinar conforme evidencia a
Tabela 4.

                                                            
1
Parasuraman et al. (1988) identificaram cinco dimensões da qualidade nos serviços nomeadamente a Tangibilidade
ligada à aparência dos elementos físicos e humanos, a fiabilidade associada à capacidade da organização prestar o
serviço de forma digna e cuidada, a capacidade de resposta que traduz a disponibilidade para ajudar os clientes e prestar
um serviço rápido, a confiabilidade e segurança que reflecte o conhecimento e cortesia dos empregados e a sua
capacidade de criar confiança e segurança e a empatia relacionada com o cuidado e a atenção individual dados ao cliente.

-72-
Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

Tabela 4 – Distribuição da opinião dos inquiridos acerca dos profissionais de saúde relativamente à importância do seu papel e à frequência
de intervenção no internamento

Papel de maior importância durante o Maior intervenção nas diferentes


seu internamento etapas do internamento
Profissionais de Saúde
% %
n % global n % global
individual individual

Enfermeiros 170 93,9% 40,3% 166 91,7% 41,7%

Médicos 158 87,3% 37,4% 144 79,6% 36,2%

Assistentes Operacionais 80 44,2% 19,0% 73 40,3% 18,3%

Fisioterapeutas 5 2,8% 1,2% 6 3,3% 1,5%

Assistente Social 3 1,7% 0,7% 2 1,1% 0,5%

Psicólogos 6 3,3% 1,4% 7 3,9% 1,8%

Como podemos observar na tabela acima os enfermeiros são os profissionais que os


inquiridos consideram que têm um papel de maior importância durante o seu
internamento com 40,3% das respostas, seguidos dos médicos com 37,4% e dos
assistentes operacionais com 19,9%.

No que respeita ao papel de maior intervenção nas diferentes etapas os enfermeiros


obtêm 41,7% das respostas, os médicos 36,2% e os assistentes operacionais 18,3%.

5.1. Análise da categoria profissional com papel mais importante no


internamento por aspectos sociológicos

Nesta fase procede-se à caracterização e análise da opinião dos indivíduos por grupos
etários relativamente à importância do papel dos profissionais de saúde durante o
internamento. Para o efeito apresenta-se para cada categoria etária a frequência e
respectiva percentagem da menção ao profissional de saúde e o valor e a significância do
teste de Fisher, conforme evidencia a Tabela 5.

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

Tabela 5 – Análise da opinião dos inquiridos por categorias etárias da categoria profissional com papel mais importante no internamento

Categoria  Assistentes 
Global Enfermeiros  Médicos  Fisioterapeutas Assistente Social  Psicólogos 
Profissional  Operacionais 

 
Teste  Teste  Teste  Teste  Teste 
n  n  %  n  %  n  %  Teste Fisher n  %  n  %  n  % 
  Idade  Fisher  Fisher  Fisher  Fisher  Fisher 

Entre 20 e 39 anos  22  20  90,9% 19 86,4% 12 54,5% 0  0,0% 0  0,0% 0  0,0%

Entre 40 e 59 anos  65  61  93,8% =0,881  55 84,6% =0,845 23 35,4% =5,430 4  6,2% =3,013 2  3,1% =1,358  3  4,6% =0,881

Entre 60 e 79 anos  82  77  93,9% p=0,882  73 89,0% p=0,849  37 45,1% p=0,140  1  1,2% p=0,336  1  1,2% p=0,777  3  3,7% p=0,882 

Superior a 80 anos  12  12 100,0% 11 91,7% 8  66,7% 0  0,0% 0  0,0% 0  0,0%

De uma forma global, as respostas obtidas nesta pergunta foram dadas em maior número
por inquiridos com idades compreendidas entre os 69 e 79 anos e entre os 40 e 59 anos.

Se observarmos a tabela por categoria profissional, podemos verificar que dos inquiridos
que seleccionaram a categoria profissional enfermeiro 77 respostas foram dadas por
indivíduos com idade compreendidas entre os 60 e 79 anos, seguidos dos inquiridos com
idades compreendidas entre os 40 e 59 anos. O mesmo se passa para a categoria
profissional médicos que obtêm maior número de respostas de inquiridos com idades
compreendidas entre os 60 e 79 anos (73 respostas) seguidos dos inquiridos com idades
compreendidas entre os 40 e 59 anos (55 respostas). Na categoria assistentes
operacionais a situação repete-se sendo o número de respostas inferiores às anteriores
categorias mas em maior número dadas por inquiridos com idades compreendidas entre
os 60 e 79 anos (37 respostas), seguidos dos inquiridos com idades compreendidas entre
os 40 e 59 anos (23 respostas). Nas categorias fisioterapeutas, assistentes sociais e
psicólogos as idades dos inquiridos que escolheram esta categoria profissional, em maior
número, têm idades compreendidas entre os 40 e 59 anos, sendo que os psicólogos têm
o mesmo número de respostas de inquiridos com idades entre os 60 e 79 anos. Podemos
observar que não existe diferença estatisticamente significativa entre a opinião dos
inquiridos diferentes faixas etárias sobre a categoria profissional com papel mais
importante no internamento.

Seguidamente procede-se à caracterização e análise da opinião dos indivíduos por


género relativamente à importância do papel dos profissionais de saúde durante o
internamento. Para o efeito apresenta-se para cada género a frequência e respectiva
percentagem da menção ao profissional de saúde e o valor e a significância do teste de
Fisher, conforme evidencia a Tabela 6.

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

Tabela 6 – Análise da opinião dos inquiridos por género da categoria profissional com papel mais importante no internamento

Categoria  Assistentes 
Global Enfermeiros  Médicos  Fisioterapeutas Assistente Social  Psicólogos 
Profissional  Operacionais 

 
Teste  Teste  Teste  Teste  Teste 
n  n  %  n  %  n  %  Teste Fisher n  %  n  %  n  % 
  Género  Fisher  Fisher  Fisher  Fisher  Fisher 

Feminino  83  76 91,6% 71 85,5% 40 48,2% 3  3,6% 1  1,2% 1  1,2%


=1,491  =0,424 =0,991 =0,414 =0,193  =2,130

Masculino  98  94 95,9% p=0,350  87 88,8% p=0,655  40 40,8% p=0,368  2  2,0% p=0,662  2  2,0% p=1,000  5  5,1% p=0,221 

Dos inquiridos que consideram os enfermeiros os profissionais com o papel mais


importante durante o internamento, 91,6% pertencem ao sexo feminino e 95,9% ao sexo
masculino. Os que seleccionaram como sendo mais importante os médicos 85,5% são do
sexo feminino e 88,8% do sexo masculino. Os que seleccionaram os assistentes
operacionais 48,2% pertencem ao sexo feminino e 40,8% ao sexo masculino. Aos
fisioterapeutas 3,6% das respostas são do sexo feminino e 2,0% do sexo masculino. Os
assistentes sociais obtêm 1,2% das respostas do sexo feminino e 2,0% do sexo
masculino. Por fim os psicólogos obtêm 1,2% das respostas pertencentes à classe
feminina e 5,1% à classe masculina. Como nos mostra a tabela acima referida, não existe
diferenças estatisticamente significativas dos inquiridos de géneros diferentes sobre a
categoria profissional com papel mais importante no internamento

Seguidamente procede-se à caracterização e análise da opinião dos indivíduos por


estado civil relativamente à importância do papel dos profissionais de saúde durante o
internamento. Para o efeito apresenta-se para cada categoria do estado civil a frequência
e respectiva percentagem da menção ao profissional de saúde e o valor e a significância
do teste de Fisher, conforme evidencia a Tabela 7.

Tabela 7 – Análise da opinião dos inquiridos por estado civil da categoria profissional com papel mais importante no internamento

Categoria  Assistentes 
Global Enfermeiros  Médicos  Fisioterapeutas Assistente Social  Psicólogos 
Profissional  Operacionais 

 
Teste  Teste  Teste  Teste  Teste 
n  n  %  n  %  n  %  Teste Fisher n  %  n  %  n  % 
  Estado Civil  Fisher  Fisher  Fisher  Fisher  Fisher 

Casado(a)  103  97  94,2% 87 84,5% 42 40,8% 4  3,9% 2  1,9% 3  2,9%

Solteiro(a)  21  18  85,7% 18 85,7% 9  42,9% 0  0,0% 0  0,0% 0  0,0%


=2,703  =4,238 =1,613 =3,290 =3,535  =2,160

Viúvo(a)  45  43  95,6% p=0,383  43 95,6% p=0,217  23 51,1% p=0,664  0  0,0% p=0,267  0  0,0% p=0,263  2  4,4% p=0,539 

Divorciado(a)  12  12 100,0% 10 83,3% 6  50,0% 1  8,3% 1  8,3% 1  8,3%

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

Quando verificamos qual o estado civil dos inquiridos que seleccionaram o profissional
enfermeiros como o que possui o papel de maior importância durante o internamento
podemos verificar que 97 doentes são casados, 43 são viúvos, 18 solteiros e 12
divorciados. Ao profissional médico o maior número de doentes 87 pertencem ao estado
civil casados, 43 viúvos, 18 solteiros e 10 divorciados. Os assistentes sociais obtêm 42
respostas de inquiridos casados, 23 respostas de inquiridos viúvos, 9 de solteiros e 6 de
divorciados. Dos inquiridos que seleccionaram os fisioterapeutas 4 são casados e 1
divorciado. Os que seleccionaram os assistentes sociais 2 são casados e 1 divorciado.
Os psicólogos obtêm 3 respostas de inquiridos casados e 1 uma resposta de divorciado.
Relativamente ao estado civil dos inquiridos podemos afirmar que não existem diferenças
estatisticamente significativas na opinião destes sobre categoria profissional com papel
mais importante no internamento

Seguidamente procede-se à caracterização e análise da opinião dos indivíduos por


habilitações literárias relativamente à importância do papel dos profissionais de saúde
durante o internamento. Para o efeito apresenta-se para cada categoria das habilitações
literárias a frequência e respectiva percentagem da menção ao profissional de saúde e o
valor e a significância do teste de Fisher, conforme evidencia a Tabela 8.

Tabela 8 – Análise da opinião dos inquiridos por habilitações literárias da categoria profissional com papel mais importante no internamento

Categoria  Assistentes 
Global Enfermeiros  Médicos  Fisioterapeutas Assistente Social  Psicólogos 
Profissional  Operacionais 

 
Teste  Teste  Teste  Teste  Teste 
  Habilitações  n  n  %  n  %  n  %  Teste Fisher n  %  n  %  n  % 
Fisher  Fisher  Fisher  Fisher  Fisher 
Literárias 

4º ano  69  66  95,7% 65 94,2% 29 42,0% 1  1,4% 1  1,4% 3  4,3%

6º ano e 9º ano  43  37  86,0% 32 74,4% 19 44,2% 1  2,3% 0  0,0% 0  0,0%

=6,205  =8,922 =1,900 =2,768 =3,046  =3,076


12º ano  22  21  95,5% 20 90,9% 10 45,5% 1  4,5% 1  4,5% 1  4,5%
p=0,116  p=0,046  p=0,768  p=0,585  p=0,484  p=0,477 
Est. Superiores  32  32 100,0% 28 87,5% 17 53,1% 2  6,3% 1  3,1% 2  6,3%

Outro  15  14  93,3% 13 86,7% 5  33,3% 0  0,0% 0  0,0% 0  0,0%

De uma forma geral, os inquiridos que seleccionaram, quer os enfermeiros, médicos ou


assistentes operacionais os mais importantes durante o internamento, possuem o 4º ano
de escolaridade. No caso dos fisioterapeutas observa-se que o maior número de
respostas obtidas é de inquiridos com estudos superiores (2). Os assistentes sociais

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

obtêm o mesmo número de respostas de inquiridos com o 4º ano de escolaridade (1) 12º
ano (1) e estudos superiores (1). Os psicólogos obtêm respostas de inquiridos com o 4º
ano (3), 12º ano (1) e estudos superiores (2). Através da tabela acima mencionada,
podemos afirmar que para a resposta dos inquiridos sobre categoria profissional com
papel mais importante no internamento existem diferenças estatisticamente significativas
dos indivíduos com diferentes habilitações literárias.

Seguidamente procede-se à caracterização e análise da opinião dos indivíduos por


sectores económicos de actividade relativamente à importância do papel dos
profissionais de saúde durante o internamento. Para o efeito apresenta-se para cada
categoria etária a frequência e respectiva percentagem da menção ao profissional de
saúde e o valor e a significância do teste de Fisher, conforme evidencia a Tabela 9.

Tabela 9 – Análise da opinião dos inquiridos por sector económico de actividade da categoria profissional com papel mais importante no
internamento

Categoria  Assistentes 
Global Enfermeiros  Médicos  Fisioterapeutas Assistente Social  Psicólogos 
Profissional  Operacionais 

 
Teste  Teste  Teste  Teste  Teste 
  Sector de  n  n  %  n  %  n  %  Teste Fisher n  %  n  %  n  % 
Fisher  Fisher  Fisher  Fisher  Fisher 
Actividade 

Sector Primário  19  18  94,7% 16  84,2%  5  26,3% 0  0,0% 0  0,0% 2  10,5%

Sector Secundário  37  34  91,9% 31  83,8%  16 43,2% 3  8,1% 2  5,4% 2  5,4% 

Sector Terciário  71  66  93,0% 62  87,3%  30 42,3% 2  2,8% 1  1,4% 1  1,4% 
=1,418  =1,839 =6,224 =5,371 =5,169  =5,464

Desempregado  9  9  100,0% p=0,969  9  100,0% p=0,858  4  44,4% p=0,267  0  0,0% p=0,347  0  0,0% p=0,440  0  0,0%  p=0,288 

Reformado  43  41  95,3% 38  88,4%  23 53,5% 0  0,0% 0  0,0% 1  2,3% 

Estudante  2  2  100,0% 2  100,0% 2  100,0% 0  0,0% 0  0,0% 0  0,0% 

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

A maior parte das respostas que indicam o enfermeiro como o profissional de saúde que
possui o papel de maior importância no internamento pertence a inquiridos do sector
terciário de actividade (66), o mesmo acontece com os médicos (62) e com os
assistentes operacionais (30). As respostas atribuídas aos fisioterapeutas são em maior
número do sector secundário de actividade (2). As respostas dos indivíduos que
seleccionaram a categoria profissional psicólogos são provenientes de inquiridos com
actividade no sector primário (2), secundário (2), terciário (1) e reformados (1). Não se
observam diferenças estatisticamente significativas no que diz respeito ao sector de
actividade de cada indivíduo da categoria profissional com papel mais importante no
internamento

5.2. Análise da categoria profissional com maior intervenção no


internamento por aspectos sociológicos
 

Nesta fase procede-se à caracterização e análise da opinião dos indivíduos por grupos
etários relativamente à importância da intervenção aos profissionais de saúde durante o
internamento. Para o efeito apresenta-se para cada categoria etária a frequência e
respectiva percentagem da menção ao profissional de saúde e o valor e a significância do
teste de Fisher, conforme evidencia a Tabela 10.

Tabela 10 – Análise da opinião dos inquiridos por categorias etárias da categoria profissional com maior intervenção no internamento

Categoria  Assistentes 
Global Enfermeiros  Médicos  Fisioterapeutas  Assistente Social  Psicólogos 
Profissional  Operacionais 

 
Teste  Teste  Teste  Teste 
n  n  %  Teste Fisher  n  %  n  %  Teste Fisher n  %  n  %  n  % 
  Idade  Fisher  Fisher  Fisher  Fisher 

Entre 20 e 39 anos  22  19  86,4% 20 90,9% 8  36,4% 0  0,0% 0  0,0% 0  0,0%

Entre 40 e 59 anos  65  60  92,3% =1,572  51 78,5% =2,096 24 36,9% =2,108 5  7,7% =4,238 1  1,5% =1,312  3  4,6% =0,779

Entre 60 e 79 anos  82  75  91,5% p=0,677  63 76,8% p=0,548  34 41,5% p=0,556  1  1,2% p=0,201  1  1,2% p=1,000  4  4,9% p=0,855 

Superior a 80 anos  12  12 100,0% 10 83,3% 7  58,3% 0  0,0% 0  0,0% 0  0,0%

Tentamos identificar a que faixa etária pertenciam as respostas que seleccionaram os


diferentes profissionais de saúde como tendo maior intervenção nas diferentes fases do
internamento e respostas com maior número, no caso dos enfermeiros, médicos e
assistentes operacionais pertencem a inquiridos com idades compreendidas entre os 60

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

e os 79 anos. No caso dos fisioterapeutas as respostas com maior número provêm de


inquiridos com idades compreendidas entre os 40 e os 59 anos. No caso dos assistentes
sociais as respostas dividem-se entre inquiridos com idades compreendidas entre os 40 e
59 anos e 40 e 59 anos. Os psicólogos obtêm respostas de inquiridos com idades
compreendidas entre os 40 e 59 anos e 60 e 79 anos. Não se observam diferenças
estatisticamente significativas entre a opinião dos inquiridos e as diferentes faixas etárias

Na próxima fase procede-se à caracterização e análise da opinião dos indivíduos por


género relativamente à importância da intervenção aos profissionais de saúde durante o
internamento. Para o efeito apresenta-se para cada género a frequência e respectiva
percentagem da menção ao profissional de saúde e o valor e a significância do teste de
Fisher, conforme evidencia a Tabela 11.

Tabela 11 – Análise da opinião dos inquiridos por género da categoria profissional com maior intervenção no internamento

Categoria  Assistentes 
Global Enfermeiros  Médicos  Fisioterapeutas  Assistente Social  Psicólogos 
Profissional  Operacionais 

 
Teste  Teste  Teste 
n  n  %  n  %  n  %  Teste Fisher n  %  Teste Fisher n  %  Teste Fisher n  % 
  Género  Fisher  Fisher  Fisher 

Feminino  83  73  88,0%  67  80,7% 31 37,3% 3  3,6% 1  1,2% 4  4,8% 
=2,853  =0,128 =0,566 =0,043 =0,014  =0,374

Masculino  98  93  94,9%  p=0,109  77  78,6% p=0,854  42 42,9% p=0,543  3  3,1% p=1,000  1  1,0% p=1,000  3  3,1%  p=0,704 

Provêm do sexo masculino as respostas, em maior número, que seleccionam os


enfermeiros médicos e assistentes operacionais. As respostas que seleccionam os
fisioterapeutas obtêm o mesmo número quer do sexo feminino quer do sexo masculino.
No caso dos psicólogos o sexo feminino que responde em maior número. Não se
observam diferenças estatisticamente significativas entre as respostas dadas e o género
dos inquiridos.

Na próxima fase procede-se à caracterização e análise da opinião dos indivíduos por


estado civil etários relativamente à importância da intervenção aos profissionais de saúde
durante o internamento. Para o efeito apresenta-se para cada categoria do estado civil a
frequência e respectiva percentagem da menção ao profissional de saúde e o valor e a
significância do teste de Fisher, conforme evidencia a Tabela 12.

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

Tabela 12 – Análise da opinião dos inquiridos por estado civil da categoria profissional com maior intervenção no internamento

Categoria  Assistentes 
Global  Enfermeiros  Médicos  Fisioterapeutas  Assistente Social  Psicólogos 
Profissional  Operacionais 

 
Teste  Teste  Teste  Teste  Teste  Teste 
n  n  %  n  %  n  %  n  %  n  %  n  % 
  Estado Civil  Fisher  Fisher  Fisher  Fisher  Fisher  Fisher 

Casado(a)  103  94  91,3% 78  75,7%  35 34,0% 5  4,9% 2  1,9%  4  3,9% 

Solteiro(a)  21  18  85,7% 21  100,0%  =7,91 8  38,1% =5,41 0  0,0% =0,90 0  0,0%  =1,52 0  0,0%  =1,71
=4,928
0  5  3  7  5 
Viúvo(a)  45  44  97,8% p=0,126  36  80,0%  24 53,3% 1  2,2% 0  0,0%  2  4,4% 
p=0,041 p=0,143 p=0,806 p=1,000  p=0,612

Divorciado(a)  12  10  83,3% 9  75,0%  6  50,0% 0  0,0% 0  0,0%  1  8,3% 

Dos inquiridos que seleccionam as diferentes categorias profissionais podemos verificar


que as respostas em maior número pertencem a inquiridos casados, verificamos que a
categoria profissional enfermeiro obteve 94 respostas, a categoria profissional médicos
com 78 respostas a categoria assistentes operacionais com 35 respostas, os
fisioterapeutas com 5 respostas dadas, os assistentes sociais com 2 respostas e os
psicólogos com 4 respostas obtidas. Concluimos que não se observam diferenças
estatisticamente significativas entre o estado civil e as respostas dos inquiridos.

Na próxima fase procede-se à caracterização e análise da opinião dos indivíduos por


habilitações literárias relativamente à importância da intervenção aos profissionais de
saúde durante o internamento. Para o efeito apresenta-se para cada categoria das
habilitações literárias a frequência e respectiva percentagem da menção ao profissional
de saúde e o valor e a significância do teste de Fisher, conforme evidencia a Tabela 13.

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

Tabela 13 – Análise da opinião dos inquiridos por habilitações literárias da categoria profissional com maior intervenção no internamento

Categoria  Assistentes 
Global Enfermeiros  Médicos  Fisioterapeutas  Assistente Social  Psicólogos 
Profissional  Operacionais 

 
Teste  Teste  Teste 
  Habilitações  n  n  %  n  %  n  %  Teste Fisher n  %  Teste Fisher n  %  Teste Fisher n  % 
Fisher  Fisher  Fisher 
Literárias 

4º ano  69  64  92,8%  60  87,0% 24 34,8% 1  1,4% 1  1,4% 3  4,3% 

6º ano e 9º ano  43  38  88,4%  28  65,1% 15 34,9% 3  7,0% 0  0,0% 1  2,3% 

=2,710  =7,860 =3,826 =2,982 =3,399  =3,692


12º ano  22  20  90,9%  17  77,3% 11 50,0% 1  4,5% 1  4,5% 2  9,1% 
p=0,605  p=0,088  p=0,432  p=0,491  p=0,538  p=0,372 
Est. Superiores  32  31  96,9%  26  81,3% 16 50,0% 1  3,1% 0  0,0% 0  0,0% 

Outro  15  13  86,7%  13  86,7% 7  46,7% 0  0,0% 0  0,0% 1  6,7% 

Dos inquiridos que seleccionaram a categoria profissional enfermeiro, médicos e


assistentes operacionais, podemos verificar que as respostas obtidas com maior número,
são provenientes de inquiridos com o 4º ano de escolaridade. Já os fisioterapeutas obtêm
maior número de respostas provenientes de inquiridos com o 6º e 9º ano de escolaridade.
No caso dos assistentes sociais as respostas dividem-se entre inquiridos casados e
inquiridos com o 12º ano de escolaridade. Os psicólogos obtêm respostas em maior
número de inquiridos casados e com o 12º ano de escolaridade. Não se observam
diferenças estatisticamente significativas.

Na próxima fase procede-se à caracterização e análise da opinião dos indivíduos por


sectores económicos de actividade relativamente à importância da intervenção aos
profissionais de saúde durante o internamento. Para o efeito apresenta-se para cada
categoria dos sectores económicos de actividade a frequência e respectiva percentagem
da menção ao profissional de saúde e o valor e a significância do teste de Fisher,
conforme evidencia a Tabela 14.

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

Tabela 14 – Análise da opinião dos inquiridos por sector económico de actividade da categoria profissional com maior intervenção no
internamento

Categoria  Assistentes 
Global Enfermeiros  Médicos  Fisioterapeutas  Assistente Social  Psicólogos 
Profissional  Operacionais 

 
Teste  Teste  Teste  Teste  Teste  Teste 
  Sector de  n  n  %  n  %  n  %  n  %  n  %  n  % 
Fisher  Fisher  Fisher  Fisher  Fisher  Fisher 
Actividade 

Sector Primário  19  17  89,5%  17  89,5%  4  21,1% 0  0,0% 0  0,0%  1  5,3% 

Sector 
37  33  89,2%  30  81,1%  15 40,5% 4  10,8% 2  5,4%  2  5,4% 
Secundário 

Sector Terciário  71  64  90,1%  53  74,6%  26 36,6% 2  2,8% 0  0,0%  2  2,8% 
=2,280  =4,461 =8,041 =6,966 =7,516  =4,049

Desempregado  9  9  100,0% p=0,813  9  100,0% p=0,453  4  44,4% p=0,135  0  0,0% p=0,170  0  0,0%  p=0,170  1  11,1% p=0,527 

Reformado  43  41  95,3%  33  76,7%  22 51,2% 0  0,0% 0  0,0%  1  2,3% 

Estudante  2  2  100,0% 2  100,0% 2  100,0% 0  0,0% 0  0,0%  0  0,0% 

De uma forma geral as respostas obtidas sobre a equipa multidisciplinar, pertencem a


inquiridos que trabalham no sector de actividade terciário (71 respostas) seguidos de
inquiridos reformados (43 respostas). Se observarmos individualmente cada categoria
profissional podemos verificar que 64 respostas dos inquiridos que seleccionaram a
categoria profissional enfermeiros são de inquiridos pertencentes ao sector de actividade
terciário, o mesmo se passa com a categoria profissional médicos (53 respostas) e a
categoria profissional assistentes operacionais (26 respostas). Os fisioterapeutas e
assistentes sociais obtêm respostas provenientes de inquiridos do sector de actividade
secundária, os psicólogos obtêm maior número de respostas quer do sector secundário
quer do sector terciário. Não se observam diferenças estatisticamente significativas entre
o sector de actividade e as respostas dadas pelos inquiridos.

 
6. ANÁLISE DA IMPORTÂNCIA DA EQUIPA MULTIDISCIPLINAR POR NÚMERO DE
INTERNAMENTOS
 
Seguidamente procede-se à caracterização e análise da opinião dos indivíduos por
número de internamentos relativamente à importância do papel dos profissionais de
saúde durante o internamento. Para o efeito apresenta-se para cada categoria do número
de internamentos a frequência e respectiva percentagem da menção ao profissional de
saúde e o valor e a significância do teste de Fisher, conforme evidencia a Tabela 15.

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

Tabela 15 – Análise da opinião dos inquiridos por número de internamentos da categoria profissional com papel mais importante no
internamento

Categoria  Assistentes 
Global Enfermeiros  Médicos  Fisioterapeutas  Assistente Social  Psicólogos 
Profissional  Operacionais 

 
Teste  Teste  Teste  Teste  Teste 
  Nº de  n  n  %  n  %  n  %  Teste Fisher n  %  n  %  n  % 
Fisher  Fisher  Fisher  Fisher  Fisher 
internamentos 

Nunca esteve 
99  93  93,9%  86 86,9% 35 35,4% 4  4,0% 2  2,0%  2  2,0% 
internado 

Uma ou duas vezes =5,502  =0,383 =7,094 =1,276 =0,859  =2,592


40  35  87,5%  36 90,0% 21 52,5% 0  0,0% 0  0,0%  3  7,5% 
internado 
p=0,053  p=0,875  p=0,029  p=0,610  p=1,000  p=0,237 

Três ou mais vezes 
42  42  100,0% 36 85,7% 24 57,1% 1  2,4% 1  2,4%  1  2,4% 
internado 

Quisemos saber de que forma as respostas obtidas pelos inquiridos se alteravam ou não
com o número de internamentos a que eram sujeitos. Podemos verificar que à medida
que o número de internamentos cresce, o número de inquiridos que seleccionam o
profissional enfermeiros decresce, o mesmo se passa com a categoria profissional
médicos assistentes operacionais. No caso dos fisioterapeutas os inquiridos que
estiveram internados uma ou duas vezes não seleccionam esta categoria profissional e o
maior número de respostas são obtidas por inquiridos que nunca estiveram internados.
Os psicólogos obtêm maior número de respostas de doentes que estiveram internados
uma ou duas vezes, os inquiridos com três ou mais internamentos seleccionaram esta
resposta em menor número. Não se observam diferenças estatisticamente significativas.

Na próxima fase procede-se à caracterização e análise da opinião dos indivíduos por


número de internamentos relativamente à importância da intervenção aos profissionais de
saúde durante o internamento. Para o efeito apresenta-se para cada categoria do número
de internamentos a frequência e respectiva percentagem da menção ao profissional de
saúde e o valor e a significância do teste de Fisher, conforme evidencia a Tabela 16.

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

Tabela 16 – Análise da opinião dos inquiridos por número de internamentos da categoria profissional com maior intervenção no internamento

Categoria  Assistentes 
Global Enfermeiros  Médicos  Fisioterapeutas Assistente Social  Psicólogos 
Profissional  Operacionais 

 
Teste  Teste  Teste  Teste  Teste 
n  n  %  n  %  n  %  Teste Fisher n  %  n  %  n  % 
  Estado Civil  Fisher  Fisher  Fisher  Fisher  Fisher 

Nunca esteve 
99  90 90,9% 80 80,8% 40 40,4% 6  6,1% 2  2,0% 4  4,0%
internado 

Uma ou duas vezes  =0,166  =0,324 =0,746 =3,764 =0,957  =0,503


40  37 92,5% 31 77,5% 18 45,0% 0  0,0% 0  0,0% 2  5,0%
internado 
p=1,000  p=0,884  p=0,693  p=0,114  p=1,000  p=0,890 

Três ou mais vezes 
42  39 92,9% 33 78,6% 15 35,7% 0  0,0% 0  0,0% 1  2,4%
internado 

No que diz respeito ao profissional com maior intervenção nas diferentes etapas do
internamento verificamos que em todas as categorias profissionais o número de
respostas atribuídas a cada profissional diminui com o número de internamentos. Não se
observam diferenças estatisticamente significativas.

7. ANÁLISE DA DISPONIBILIDADE DA EQUIPA MULTIDISCIPLINAR POR


ASPECTOS SOCIOLÓGICOS

Nesta fase procede-se à caracterização e análise da opinião dos indivíduos por


categorias dos elementos sociológicos relativamente à disponibilidade dos profissionais
de saúde durante o internamento que foi avaliada numa escala ordinal de cinco itens 2 .
Para o efeito apresenta-se para cada categoria a frequência e respectiva mediana e o
valor e a significância do teste de Kruskal-Wallis ou Mann-Whitney, conforme evidencia a
Tabela 17.

                                                            
2
A escala estava definida por: 1- Nada Disponível; 2- Pouco Disponível; 3- Nem muito nem pouco disponível; 4-
Disponível; 5- Muito Disponível.

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

Tabela 17 – Distribuição da opinião dos inquiridos pelas categorias dos elementos sociológicos relativamente à disponibilidade dos
profissionais de saúde

Elementos sociológicos  n  Mediana  Teste de Kruskal‐Wallis 

Idade  Entre 20 e 39 anos  22  5,0 

Entre 40 e 59 anos  63  5,0  H=3,173 

Entre 60 e 79 anos  80  4,0  p=0,366 

Superior a 80 anos  12  5,0 

Género  Feminino  81  5,0  U=3680,5  a) 

W=8336,5 
Masculino  96  5,0 
p=0,491 

Estado Civil  Casado(a)  99  4,0 

Solteiro(a)  21  5,0  H=9,569 

Viúvo(a)  45  5,0  p=0,023 

Divorciado(a)  12  4,0 

Habilitações  4º ano  68  5,0 


Literárias 
6º ano e 9º ano  41  4,0 
H=6,679 
12º ano  21  4,0 
p=0,154 
Estudos Superiores  32  5,0 

Outro  15  5,0 

Sector de  Sector Primário  19  4,0 


Actividade 
Sector Secundário  33  4,0 

Sector Terciário  71  5,0  H=6,948 

Desempregado  9  5,0  p=0,225 

Reformado  43  5,0 

Estudante  2  4,5 

a) Teste de Mann-Whitney justificado pelo número de categorias da variável género

Relativamente à opinião dos indivíduos acerca da disponibilidade dos profissionais de


saúde ressaltam dois aspectos primordiais. Um primeiro evidencia que,
independentemente da categoria do elemento sociológico em análise, os indivíduos
consideram que os profissionais de saúde demonstram elevados índices de
disponibilidade. Um segundo revelador de existências de diferenças estatisticamente
significativas ao nível das categorias do estado civil dos inquiridos, que de acordo com a
comparação múltipla de médias das ordens são entre as categorias Divorciado(a) e as
restantes categorias (p Divorciado(a)/Casado(a) = 0,020; p Divorciado(a)/Solteiro(a) = 0,006 e

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

p Divorciado(a)/Viúvo(a) = 0,004) (Anexo 17B) sendo a categoria Divorciado(a) aquela que revela
a existência de uma menor disponibilidade por parte dos profissionais de saúde.

 
8. ANÁLISE DO DESEMPENHO DA EQUIPA MULTIDISCIPLINAR

Neste momento procede-se à caracterização e análise da opinião dos indivíduos sobre o


desempenho dos profissionais de saúde da equipa multidisciplinar durante o
internamento. Para o efeito apresenta-se a frequência e respectiva percentagem da
menção ao profissional de saúde conforme evidencia a Tabela 18.

Tabela 18 – Distribuição do desempenho dos diferentes profissionais de saúde

  Assistentes  Assistente 
Enfermeiros  Médicos  Fisioterapeutas  Psicólogos 
Operacionais  Social 

  n  %  n  %  n  %  n  %  n  %  n  % 

Esclarecimento de dúvidas  159  87,8%  130  71,8%  4  2,2%  5  2,8%  0  0,0%  8  4,4% 

Satisfação das necessidades dos doentes  163  90,1%  66  36,5%  87  48,1%  6  3,3%  4  2,2%  5  2,8% 

Promover a saúde  152  84,0%  144  79,6%  9  5,0%  10  5,5%  1  0,6%  6  3,3% 

Preparação da alta  148  81,8%  169  93,4%  0  0,0%  5  2,8%  4  2,2%  5  2,8% 

Bem‐estar e autonomia do doente  174  96,1%  62  34,3%  117  64,6%  11  6,1%  0  0,0%  5  2,8% 

Organização dos cuidados de saúde  173  95,6%  51  28,2%  69  38,1%  1  0,6%  2  1,1%  2  1,1% 

Ensinos  170  93,9%  57  31,5%  9  5,0%  20  11,0%  1  0,6%  3  1,7% 

Adaptação às novas condições/limitações após 
164  90,6%  88  48,6%  13  7,2%  23  12,7%  5  2,8%  10  5,5% 
cirurgia 

Apoio Emocional  162  89,5%  34  18,8%  85  47,0%  5  2,8%  3  1,7%  31  17,1%

No que se refere ao esclarecimento de dúvidas os profissionais de saúde enfermeiros e


médicos obtêm o maior número de respostas os enfermeiros com 87,8% e os médicos
71,8%, segundo o que podemos verificar na tabelo os profissionais assistentes sociais
não obtêm nenhuma resposta. Relativamente à satisfação das necessidades dos doentes
são os enfermeiros (90,1%) e os assistentes operacionais (48,1%) que os inquiridos
consideram mais importantes. Quer na promoção da saúde, quer na preparação da alta
as classes profissionais com maior número de respostas são os enfermeiros e os
médicos, de salientar que os assistentes operacionais não obtêm nenhuma resposta no
que respeita à preparação da alta. No bem-estar e autonomia dos doentes os inquiridos

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

consideram que os profissionais que mais contribuem são os enfermeiros (96,1%) e os


assistentes operacionais (64,6%), s assistentes sociais não obtêm nenhuma resposta.

Quando questionados sobre a organização dos cuidados de saúde os inquiridos


consideram, na sua maioria, que são os enfermeiros (95,6%) que maior contributo dão.
Relativamente aos ensinos a categoria profissional que obtêm maior número de
respostas são os enfermeiros (93,9%), médicos (31,5%) e fisioterapeutas (11%).

Da mesma forma que acontece com os ensinos, também as categorias profissionais que
surgem quando questionados os indivíduos sobre a categoria profissional mais
importante na adaptação às novas condições/limitações após cirurgia são os enfermeiros
(90,6%) os médicos (48,6%) e os fisioterapeutas (12,7%) que surgem como sendo os
mais importantes.

Finalmente os inquiridos foram questionados sobre os profissionais de saúde que


consideram mais importantes para o apoio emocional e as três categorias profissionais
que ressaltam são os enfermeiros (89,5%), os auxiliares (47%) e os psicólogos (31%).

9. ANÁLISE DO MODO DE TRABALHAR DA EQUIPA MULTIDISCIPLINAR E


INFLUÊNCIA DE OPINIÃO POR TERCEIROS

Nesta fase procede-se à caracterização e análise da opinião dos indivíduos acerca do


modo de trabalhar da equipa multidisciplinar e, ainda, a influência de opinião por terceiros
dos profissionais de saúde durante o internamento. Para o efeito apresenta-se a
frequência e respectiva percentagem conforme evidencia a Tabela 19.

Tabela 19 – Distribuição da opinião dos inquiridos acerca do modo de trabalhar da equipa multidisciplinar e influência de opinião por
terceiros

  Sim  Não 

  n  %  n  % 

Profissionais de Saúde trabalham em equipa  142  78,5%  34  18,8% 

Opinião pessoal sobre Profissionais de Saúde é influenciada pela opinião de outras pessoas  9  5,0%  172  95,0% 

Como podemos verificar 78,5% dos inquiridos consideram que os profissionais de saúde
trabalham em equipa e 18,8% considera que não.

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

Quisemos saber se a opinião dos outros contribui de algum modo para a opinião pessoal
que os inquiridos têm sobre a equipa multidisciplinar observamos que apenas 5% dos
inquiridos responde que sim e 95% responde que a sua opinião não é influenciada por
terceiros.

10. ANÁLISE DA AUTONOMIA NO PROCESSO DE DECISÃO DA EQUIPA


MULTIDISCIPLINAR

Seguidamente procede-se à caracterização e análise da opinião dos indivíduos acerca da


independência no processo de decisão da equipa multidisciplinar durante o internamento.
Para o efeito apresenta-se para cada categoria profissional a frequência e respectiva
percentagem conforme evidencia a Tabela 20.

Tabela 20 – Distribuição da opinião dos inquiridos sobre a autonomia dos profissionais de saúde no processo de decisão

Independência no processo de decisão 
Profissionais de Saúde 
n  % 

Enfermeiros  102  56,4% 

Médicos  169  93,4% 

Assistentes Operacionais  3  1,7% 

Fisioterapeutas  50  27,6% 

Assistente Social  34  18,8% 

Psicólogos  40  22,1% 

A classe profissional que apresenta maior autonomia para os inquiridos são os médicos
com 93,4% das respostas, seguidos dos enfermeiros com 56,4%, os fisioterapeutas com
27,6% das respostas, os psicólogos com 22,1% os assistentes sociais com 18,8% e os
profissionais com menor autonomia no processo de decisão os assistentes operacionais
com 1,7%.

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

11. ANÁLISE DAS EVOCAÇÕES ASSOCIADOS À EQUIPA MULTIDISCIPLINAR

Iniciemos esta fase com a caracterização e análise da opinião dos indivíduos acerca das
evocações associados à categoria profissional dos elementos da equipa multidisciplinar.
Para o efeito apresenta-se para cada conceito por categoria profissional a frequência e
respectiva percentagem conforme evidencia a Tabela 21.

Tabela 21 – Distribuição da opinião dos inquiridos relativamente às evocações associadas à equipa multidisciplinar de forma global

  IMPORTÂNCIA 

FORTE  FRACA 

EVOCAÇÕES  %  EVOCAÇÕES  % 
Frequência 

  Profissionalismo  20,7%  Humanos  18,1% 

Forte  Ajuda  20,1% 

      Prestação de Cuidados  11,6% 

Fraca  Competência  19,1%  Medicação  10,3% 

Como podemos observar pela tabela as evocações que pertencem ao núcleo central são
“Profissionalismo e Ajuda”, as que pertencem ao núcleo periférico são as evocações “
Prestação de cuidados e Medicação”. As evocações “Competência e Humanos” são
elementos intermediários.

11.1. Análise das evocações associados à equipa multidisciplinar por


elementos sociológicos

Para uma análise global da equipa multidisciplinar optou-se por construir uma escala
avaliativa para cada conceito resultante da soma das evocações atribuídas a cada
categoria profissional em cada conceito. Deste modo obteve-se para cada conceito uma
escala que varia entre um mínimo de zero e um máximo de seis, que permitirá
desenvolver a análise da opinião dos indivíduos sobre os conceitos que se encontram
associados à equipa multidisciplinar pelos diversos elementos sociológicos considerados.

Assim, nesta primeira fase procede-se à caracterização e análise da opinião dos


indivíduos por idade sobre dos conceitos associados à equipa multidisciplinar. Para o
efeito apresenta-se para cada categoria da idade a média associada a cada conceito e
apresenta-se o valor do teste de Kruskal-Wallis e a respectiva significância conforme
evidencia a Tabela 22.

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

Tabela 22 – Distribuição da opinião dos inquiridos por idade sobre conceitos associados equipa multidisciplinar

Profissionalismo  Humanos  Medicação  Prestação Cuidados Competência  Ajuda 


Elemento 
sociológico ‐ 
Teste de  Teste de  Teste de  Teste de  Teste de  Teste de 
Idade  Média  Média  Média  Média Média  Média 
Kruskal‐Wallis  Kruskal‐Wallis Kruskal‐Wallis Kruskal‐Wallis Kruskal‐Wallis  Kruskal‐Wallis

Entre 20 e 39 anos  2,0  1,7  0,8  1,0  2,2  1,8 


H=1,280 
Entre 40 e 59 anos  2,3  H=2,409  1,9  H=0,840  1,0  H=7,700  1,3  H=2,817  1,9  2,1  H=3,324 
p=0,734 
Entre 60 e 79 anos  2,0  p=0,492  1,9  p=0,840  1,1  p=0,053  1,2  p=0,421  2,0  2,2  p=0,344 
 
Superior a 80 anos  2,4  1,9  1,8  1,4  1,8  2,1 

Constata-se que não se verificam diferenças estatisticamente significativas ao nível das


categorias da idade relativamente a qualquer um dos conceitos associados à equipa
disciplinar.

Numa segunda fase procede-se à caracterização e análise da opinião dos indivíduos por
género sobre dos conceitos associados à equipa multidisciplinar. Para o efeito apresenta-
se para cada género a média associada a cada conceito e apresenta-se o valor do teste
de Mann-Whitney e a respectiva significância conforme evidencia a Tabela 23.

Tabela 23 – Distribuição da opinião dos inquiridos por género sobre conceitos associados equipa multidisciplinar

Profissionalismo  Humanos  Medicação  Prestação Cuidados Competência  Ajuda 

Elemento sociológico ‐ 
Teste de  Teste de  Teste de  Teste de  Teste de  Teste de 
Género 
Média  Mann‐ Média  Mann‐ Média  Mann‐ Média Mann‐ Média Mann‐ Média  Mann‐
Whitney  Whitney  Whitney  Whitney  Whitney  Whitney 

U=3011,5  U=2803,0  U=3777,0 U=3526,5 U=2326,5  U=3500,0


Feminino  2,4  2,2  1,1  1,3  2,4  2,2 

W=7862,5  W=7654,0  W=8628,0 W=8377,5 W=7177,5  W=8351,0

Masculino  1,9  1,6  1,0  1,1  1,6  2,0 


p=0,002  p<0,001  p=0,373  p=0,086  p<0,001  p=0,092 

Constatam-se diferenças estatisticamente significativas ao nível do género dos indivíduos


relativamente às evocações “Profissionalismo, Humanos e Competência” traduzidas por
maiores menções por parte dos elementos do género feminino relativamente ao género
masculino.

Na terceira fase procede-se à caracterização e análise da opinião dos indivíduos por


estado civil sobre as evocações associados à equipa multidisciplinar. Para o efeito
apresenta-se para cada categoria do estado civil a média associada a cada conceito e
apresenta-se o valor do teste de Kruskal-Wallis e a respectiva significância conforme
evidencia a Tabela 24.

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

Tabela 24 – Distribuição da opinião dos inquiridos por estado civil sobre conceitos associados equipa multidisciplinar

Profissionalismo  Humanos  Medicação  Prestação Cuidados  Competência  Ajuda 


Elemento 
sociológico – 
Teste de 
Teste de  Teste de  Teste de  Teste de  Teste de 
Média  Média  Média Média Kruskal‐ Média Média 
Estado Civil  Kruskal‐Wallis  Kruskal‐Wallis Kruskal‐Wallis Kruskal‐Wallis  Kruskal‐Wallis
Wallis 

Casado(a)  2,1  1,8  1,0  1,2  1,9  2,0 

Solteiro(a)  2,3  H=0,835  1,8  H=1,556  0,7  H=7,244  0,9  H=6,558  2,2  H=1,393  1,8  H=4,293 

Viúvo(a)  2,1  p=0,841  2,1  p=0,669  1,2  p=0,065  1,2  p=0,087  2,0  p=0,707  2,3  p=0,231 

Divorciado(a)  2,4  2,1  1,4  1,8  2,2  2,4 

Constata-se que não se verificam diferenças estatisticamente significativas ao nível das


categorias do estado civil relativamente a qualquer um dos conceitos associados à
equipa multidisciplinar.

Numa quarta fase procede-se à caracterização e análise da opinião dos indivíduos por
habilitações literárias sobre dos conceitos associados à equipa multidisciplinar. Para o
efeito apresenta-se para cada categoria das habilitações literárias a média associada a
cada conceito e apresenta-se o valor do teste de Kruskal-Wallis e a respectiva
significância conforme evidencia a Tabela 25.

Tabela 25 – Distribuição da opinião dos inquiridos por habilitações literárias sobre conceitos associados equipa multidisciplinar

Profissionalismo  Humanos  Medicação  Prestação Cuidados  Competência  Ajuda 


Elemento 
sociológico ‐ 
Teste de  Teste de 
Habilitações  Teste de  Teste de  Teste de  Teste de 
Média  Média  Média Média Kruskal‐ Média Média  Kruskal‐
Literárias  Kruskal‐Wallis  Kruskal‐Wallis Kruskal‐Wallis Kruskal‐Wallis 
Wallis  Wallis 

4º ano  2,1  2,0  1,2  1,2  1,9  2,1 


         
6º ano e 9º ano  2,1  1,7  1,0  1,1  2,0  2,0 
H=1,771  H=2,485  H=4,728  H=2,377  H=6,290  H=11,493 
12º ano  2,2  1,9  1,3  1,3  2,0  2,6 
p=0,778  p=0,647  p=0,316  p=0,667  p=0,179  p=0,022 
Estudos Superiores  2,4  2,1  0,8  1,3  2,3  1,9 
         
Outro  1,9  1,7  1,1  1,1  1,3  1,5 

Constata-se que apenas para a evocação “Ajuda” se verificam diferenças


estatisticamente significativas ao nível das habilitações literárias dos indivíduos. De
acordo com a comparação múltipla de médias das ordens, pode-se afirmar que as
médias entre a categoria 12º ano e as categorias Estudos Superiores e Outro são
significativamente diferentes, sendo os indivíduos da categoria 12º ano os que atribuem
maior menção à evocação “Ajuda”.

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

Numa última fase procede-se à caracterização e análise da opinião dos indivíduos por
sector económico de actividade sobre dos conceitos associados à equipa multidisciplinar.
Para o efeito apresenta-se para cada categoria do sector económico de actividade a
média associada a cada conceito e apresenta-se o valor do teste de Kruskal-Wallis e a
respectiva significância conforme evidencia a Tabela 26.

Tabela 26 – Distribuição da opinião dos inquiridos por sector económico de actividade sobre conceitos associados equipa multidisciplinar

Elemento  Profissionalismo  Humanos  Medicação  Prestação Cuidados  Competência  Ajuda 


sociológico – 
Sector  Teste de  Teste de 
Teste de  Teste de  Teste de  Teste de 
Económico de  Média  Média  Média Média Kruskal‐ Média Média  Kruskal‐
Kruskal‐Wallis  Kruskal‐Wallis Kruskal‐Wallis Kruskal‐Wallis 
Actividade  Wallis  Wallis 

Sector Primário  1,5  1,4  0,8  1,2  1,9  1,8 


         

Sector 
2,1    1,6    1,1    1,1    1,6    2,1 
Secundário 

H=5,877  H=7,072  H=3,947  H=9,480  H=8,526  H=6,704 


Sector Terciário  2,3  2,1  1,1  1,4  2,2  2,0 

p=0,318  p=0,215  p=0,557  p=0,091  p=0,130  p=0,244 


Desempregado  2,2  2,1  1,3  1,2  2,3  2,3 

         
Reformado  2,1  1,9  1,0  1,0  1,9  2,2 

         
Estudante  2,5  2,0  1,5  1,5  3,0  4,5 

Constata-se que não se verificam diferenças estatisticamente significativas ao nível das


categorias do sector económico de actividade relativamente a qualquer um dos conceitos
associados à equipa disciplinar.

11.2. Análise das evocações associados à equipa multidisciplinar por


número de internamentos

Neste momento procede-se à caracterização e análise da opinião dos indivíduos por


número de internamentos sobre dos conceitos associados à equipa multidisciplinar. Para
o efeito apresenta-se para cada categoria do número de internamentos a média
associada a cada conceito e apresenta-se o valor do teste de Kruskal-Wallis e a
respectiva significância conforme evidencia a Tabela 27.

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

Tabela 27 – Distribuição da opinião dos inquiridos por número de internamentos sobre conceitos associados equipa multidisciplinar

Profissionalismo  Humanos  Medicação  Prestação Cuidados  Competência  Ajuda 


Elemento 
sociológico – 
Teste de  Teste de 
Número de  Teste de  Teste de  Teste de  Teste de 
Média  Média  Média Média Kruskal‐ Média Média  Kruskal‐
Internamentos  Kruskal‐Wallis  Kruskal‐Wallis Kruskal‐Wallis Kruskal‐Wallis 
Wallis  Wallis 

Nunca esteve 
2,3  1,9  1,0  1,2  2,1  2,0 
internado 

H=9,309  H=6,000  H=6,569  H=3,801  H=2,051  H=2,634 


Uma ou duas 
1,7  1,5  0,9  1,0  1,7  1,9 
vezes internado 
p=0,010  p=0,050  p=0,037  p=0,150  p=0,359  p=0,268 

Três ou mais 
2,2  2,2  1,3  1,4  2,0  2,4 
vezes internado 

Constatam-se para as evocações “Profissionalismo, Humanos e Medicação” há


diferenças estatisticamente significativas ao nível do número de internamentos dos
indivíduos. Para a evocação “Profissionalismo”, de acordo com a comparação múltipla de
médias das ordens, verifica-se que as médias das categorias Nunca esteve internado e
Três ou mais vezes internado são significativamente diferentes da categoria Uma ou duas
vezes internado, sendo os últimos os que atribuem uma menor menção a esta evocação.
Para a evocação Humanos, de acordo com a comparação múltipla de médias das
ordens, verifica-se que a média da categoria Três ou mais vezes internado é
significativamente diferente da categoria Uma ou duas vezes internado, sendo os
primeiros os que atribuem uma maior menção a esta evocação. Para ao evocação
Medicação, de acordo com a comparação múltipla de médias das ordens, verifica-se que
a média da categoria Três ou mais vezes internado é significativamente diferente quer da
categoria Nunca esteve internado quer da categoria Uma ou duas vezes internado, sendo
os primeiros os que atribuem uma maior menção a esta evocação.

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

12. DISCUSÃO DOS RESULTADOS

Neste capítulo iremos proceder à discussão dos resultados encontrados, descrevendo


as possíveis implicações t e ó r i c a s e práticas, tendo como p o n t o s d e r e f e r ê n c i a a
síntese bibliográfica apresentada nos capítulos anteriores sobre o tema em estudo e
os objectivos formulados inicialmente.

12.1. Concretização dos objectivos formulados

Com a finalidade de darmos resposta aos objectivos propostos no início deste trabalho
de investigação, vamos discutir os resultados por nós encontrados. Recordamos os
objectivos por nós propostos:

A. Identificar as evocações que contribuem para a Representação Social da Equipa


Multidisciplinar que resulte da influência do trabalho dos mesmos sobre os utentes
B. Identificar a relação entre o número de internamentos e a representação que os
doentes atribuem à equipa multidisciplinar
C. Identificar a relação das variáveis sócio-demográficas e a representação que os
doentes atribuem à equipa multidisciplinar
D. Identificar a relação das variáveis sócio-demográficas com a categoria profissional
com maior importância nas diferentes etapas do internamento
E. Identificar a relação das variáveis sócio-demográficas com a categoria profissional
que possui o papel de maior importância durante o internamento.

Esta será a ordem pela qual nos propomos a apresentar discussão dos resultados por
nós encontrados.

Na pesquisa efectuada através das bases disponíveis aquando a realização deste


estudo, não encontramos estudos semelhantes a este de forma a servirem de
comparação ao estudo actual. Contudo, a forma como foi realizado este estudo segue os
mesmos moldes de estudos encontrados sobre representação social nomeadamente
Gomes e Oliveira (2005), Oliveira e Gomes (2008), Shimamoto (2004), Demathé e
Cordeiro (2009) e Marques e tal (2003).

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

A. Identificar as evocações que contribuem para a Representação Social da Equipa


Multidisciplinar que resulte da influência do trabalho dos mesmos sobre os utentes

As evocações que contribuem para a Representação Social da Equipa Multidisciplinar na


perspectiva dos doentes oncológicos são “Profissionalismo, Ajuda, Prestação de
cuidados e Medicação”.

Como núcleo central fazem parte os elementos “Ajuda e Profissionalismo” tendo em


conta um critério de importância e frequência mais forte na base da percentagem. Estes
elementos fazem parte do núcleo central, e este tem como função a estrutura que dá
coerência e sentido à representação. Como elementos periféricos da nossa
representação temos as evocações “Prestação de Cuidados e Medicação”. De qualquer
das formas este núcleo periférico é importante também ser aqui referenciado porque não
só é uma complementaridade para o núcleo central como também o influencia. Podemos
afirmar que o núcleo periférico é funcional, e que devido a este, a representação pode
ancorar-se á realidade do momento, ou seja tem um papel essencial na dinâmica das
representações sociais porque podem ser definidos como modelos, prescritores de
comportamentos. Assim, o núcleo periférico tem como primeira função a concretização
do sistema central em termos de condução ou tomadas de posição.

Sabemos pela pesquisa efectuada que o trabalho em equipa tornou-se uma realidade na
grande maioria das instituições. Apesar do núcleo central ser pouco sensível ao contexto
imediato e dos os elementos periféricos evoluírem primariamente e protegerem os
elementos do núcleo central de sofrerem alterações, estes ainda nos parecem muito
primitivos e longe de traduzir a evolução da equipa multidisciplinar no contexto hospitalar.

B. Identificar a relação das variáveis sócio-demográficas com a categoria


profissional que possui o papel de maior importância durante o internamento.

No que se refere às variáveis idade, género, estado civil e sector de actividade foi
demonstrado pelas tabelas anteriormente apresentadas (tabelas nº 5,6,7 e 9) não existe
diferença estatisticamente significativa no que respeita à relação das variáveis sócio-
demográficas acima referidas e a categoria profissional que possui um papel de maior
importância durante o internamento, isto quer dizer que independentemente do que neste
estudo são os enfermeiros e o médicos. Mas podemos observar pela tabela
anteriormente apresentada (tabela nº 8) que nas respostas dos inquiridos de diferentes
habilitações literárias sobre a categoria profissional médicos à diferenças estatisticamente

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

significativas, isto poderá demonstrar a percepção que os indivíduos com graus de


habilitação literárias superiores têm sobre a evolução do trabalho em equipa, sendo que o
médico deixa de ser apenas o profissional que desempenha, na visão dos utentes, todas
as tarefas.

C. Identificar a relação das variáveis sócio-demográficas com a categoria


profissional com maior importância nas diferentes etapas do internamento

Foi demonstrado pelas tabelas anteriormente apresentadas (tabelas nº 10,11,12,13 e 14)


que relativamente à categoria profissional com maior importância nas diferentes etapas
do internamento as variáveis sócio demográficas não interferem na opinião dos
inquiridos, não existe diferença estatisticamente significativa da opinião destes com
diferentes características sócio demográficas.

D. Identificar a relação das variáveis sócio-demográficas e a representação que os


doentes atribuem à equipa multidisciplinar

Relativamente às evocações que cada inquirido atribui a cada elemento da equipa


multidisciplinar podemos observar pelas tabelas anteriormente apresentadas (tabelas nº
22,23,24,25 e 26) as variáveis sócio-demográficas e as respectivas evocações.
A idade e estado civil de cada um dos inquiridos não alteram as evocações que atribuem
à equipa multidisciplinar.

No que diz respeito ao género podemos observar diferenças estatisticamente


significativas para as evocações “Profissionalismo, Humanos e Competência”, traduzidas
por maiores menções por parte dos elementos do género feminino relativamente ao
género masculino.

De acordo com a Tabela nº 25, referente às habilitações literárias dos inquiridos e a sua
influência ao nível da representação social apenas observamos diferenças
estatisticamente significativas para o conceito “Ajuda”.

Contudo com os testes realizados podemos afirmar que as medias das respostas dos
inquiridos pertencentes à categoria 12º ano e às categorias Estudos Superiores e Outro
são significativamente diferentes, o que traduz de alguma forma o conhecimento sobre a
evolução do trabalho da equipa multidisciplinar tal como nos diz Velloso (2005).

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

E. Identificar a relação entre o número de internamentos e a representação que os


doentes atribuem à equipa multidisciplinar

A tabela nº 27 mostra-nos que existem diferenças estatisticamente significativas no que


diz respeito ao número de internamentos dos inquiridos e as evocações que atribuem à
equipa multidisciplinar. Constatam-se para as evocações “Profissionalismo, Humanos e
Medicação” existem diferenças estatisticamente significativas ao nível do número de
internamentos dos indivíduos. Para a evocação “Profissionalismo” verifica-se que as
médias das categorias Nunca esteve internado e Três ou mais vezes internado são
significativamente diferentes da categoria Uma ou duas vezes internado, sendo os
últimos os que atribuem uma menor menção a esta evocação. Para a evocação
“Humanos”, verifica-se que a média da categoria Três ou mais vezes internado é
significativamente diferente da categoria Uma ou duas vezes internado, sendo os
primeiros os que atribuem uma maior menção a esta evocação. Para a evocação
“Medicação verifica-se que a média da categoria Três ou mais vezes internado é
significativamente diferente quer da categoria Nunca esteve internado quer da categoria
Uma ou duas vezes internado, sendo os primeiros os que atribuem uma maior menção a
esta evocação.

Podemos concluir que com o aumento do número de internamentos dos inquiridos as


evocações referentes à tarefa desempenhada pelos profissionais de saúde se
confundem com as características de cada profissional, ao contrário dos inquiridos que
nunca estiveram internados ou apenas estiveram um vez internados que dão mais
ênfase às características destes, o que nos leva a pensar que de uma forma geral os
inquiridos deste estudo não têm um verdadeiro conhecimento sobre as tarefas de cada
profissional de saúde e as características da equipa de saúde.

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

PARTE IV – CONCLUSÃO

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

Consideramos pertinente, neste momento, “tecer” algumas reflexões no que concerne


aos resultados obtidos e a todo o percurso vivenciado, numa perspectiva crítico-reflexiva.

Como é evidente este estudo de âmbito limitado, não se pretende apresentar análises
definitivas no campo das representações sociais da equipa multidisciplinar profissão de
enfermagem, mas sim compreender o que está em modificação e, essencialmente
conhecer o que é evocado em relação á representação dos profissionais de saúde

No fundo tentamos, perceber qual/quais as evocações que levam á actual representação


social da equipa multidisciplinar de forma a permitir aos profissionais de saúde uma
alteração nos comportamentos e intervenções realizadas.

No que diz respeito á pergunta de partida e para a qual pretendíamos uma resposta
fidedigna chegamos á conclusão que as principiais evocações que caracterizam os
elementos da equipa multidisciplinar para esta amostra, no que diz respeito à sua
representação social, são o profissionalismo e a ajuda.

Podemos ainda retirar deste estudo que o número de internamentos altera as evocações
que os utentes têm dos profissionais da equipa multidisciplinar, o que quer dizer que com
o aumento do numero dos internamentos as evocações sobre estes profissionais alteram-
se, o que nos leva a crer que competências e características profissionais não estão
ainda bem definidas para os doentes deste estudo. Referimos ainda que as habilitações
literárias, de um modo geral, são um factor sócio-demográfico importante para a
percepção do trabalho e evolução da equipa multidisciplinar.

No decurso do nosso trabalho percebemos a dimensão da teoria das representações


sociais, no ângulo da antropologia, da sociologia, da história e de outra ciências. Com
este trabalho de investigação não quisemos levantar polémicas, mas sim, como já foi
referido por Jodelet, tentar dar o nosso contributo para aprofundar e enriquecer o
conhecimento desta teoria, de forma particular no campo da intervenção da equipa
multidisciplinar. Por outro lado, reflectir um pouco mais sobre a actividade que
desenvolvemos enquanto elementos da equipa multidisciplinar e desta forma permitir
clarificar a importância dos mesmos para o doente.

Pela nossa parte, e após reflexão sobre esta temática, achamos que seria pertinente, que
se desenvolvessem ao nível do campo de investigação, outros estudos que visassem
estudar esta problemática.

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

O desenvolvimento e conclusão da presente investigação permitiu identificar lacunas,


que, por falta de condições temporais, técnicas ou circunstanciais ocorreram e forneceu
sugestões para futuras investigações.

Assim, analisam-se de seguida alguns dos problemas identificados e algumas


perspectivas futuras no âmbito da investigação.

O facto da amostra incluir utentes de uma só instituição do Serviço Nacional de Saude


(IPOPFG, EPE), impede a extrapolação dos resultados deste estudo, não permitindo tirar
conclusões para a população portuguesa.

Futuramente, seria importante:

Realizar um estudo prospectivo e longitudinal, que possa esclarecer sobre as


experiências vivenciadas, aquando do internamento dos doentes.

Assim, acredita-se que os resultados resultantes do estudo Representação Social num


futuro próximo, poderá contribuir para integrar a avaliação nos serviços de saúde, tendo
como objectivo a satisfação do doente.

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

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Anexos

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ANEXO I – INSTRUMENTO DE COLHEITA DE DADOS

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

ANEXO II – CONSENTIMENTO INFORMADO

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ANEXO III – AUTORIZAÇÃO DA COMISSÃO DE ÉTICA

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