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Poder Judiciário

Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho

PROCESSO Nº TST-AIRR - 1407-63.2012.5.09.0028

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1003F53C2446B125DD.
Agravante: GABRIEL RODRIGUES DOS SANTOS
Advogado : Dr. Antônio Assad Mansur Neto
Agravante: PLAENGE INDUSTRIAL LTDA E OUTRA
Advogada : Dra. Priscilla Menezes Arruda Sokolowski
Advogado : Dr. Daniel José dos Santos
Agravado : OS MESMOS

GMDS/mtr/

D E C I S Ã O

Agravos de Instrumento interpostos contra decisão pela qual


se negou seguimento a Recursos de Revista das partes agravantes.
Apelos interpostos antes da vigência da Lei n.º 13.467/2017.
Preenchidos os requisitos de admissibilidade dos Agravos de
Instrumento.
O Regional, ao examinar a admissibilidade recursal, concluiu
por denegar seguimento aos Recursos de Revista nos seguintes termos:

“ PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS
Recurso tempestivo (decisão publicada em 29/03/2016 - fl. 903;
recurso apresentado em 05/04/2016 - fl. 904).
Representação processual regular (fl. 21).
Preparo inexigível.

PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS

DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Atos


Processuais / Nulidade / Negativa de prestação jurisdicional.
Alegação(ões):
- violação dos artigos 5º, "caput" e incisos XXXV, LIV e LV, e 93,
inciso IX, da Constituição Federal.
- violação da (o) Código de Processo Civil de 1973, artigos 458,
"caput" e inciso II, e 535; Código de Processo Civil de 2015, artigo 489,
"caput", inciso II, § 1º e incisos I, III, IV e VI; Consolidação das Leis do
Trabalho, artigo 832.
O autor pede o reconhecimento de que houve negativa de entrega da
prestação jurisdicional. Afirma que nos embargos de declaração suscitou

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questões e matérias de fato que não foram apreciadas: 1) quais seriam os
elementos de prova que permitiram limitar o término da jornada ao sábados
como sendo às 15h00min e reconhecer a ausência de trabalho nos
domingos; 2) trechos de gravação e do recurso ordinário que não foram
transcritos e apreciados para o fim de prova do dano moral, em que
prepostos da ré teriam pedido desculpas pela acusação de apropriação de
cheque; 3) se o pagamento extemporâneo das férias, por conta de grosseira
fraude perpetrada pela ré, ensejaria o pagamento das multas dos artigos 467
e 477 da Consolidação das Leis do Trabalho; 4) deixou de constar a data da
rescisão complementar, tal como requerido no recurso, onde se constata que
significativa parte das verbas rescisórias, relativamente às férias fraudadas,
somente foram quitadas mais de um mês depois do término do contrato.
Fundamentos da decisão de embargos de declaração:
"HORAS EXTRAS
Alega o embargante contradição no que se refere aos horários fixados
para a jornada. Sustenta que deve ser reconhecida a jornada apontada na
inicial (até às 17h nos sábados e dois domingos por mês das 08h00 às
15h00, com 01h00 de intervalo), nos termos da súmula 368, I, do TST, já
que a ré não trouxe aos autos os controles de frequência. (fls. 860/861)
Sem razão.
Não se vislumbra nas razões de embargos apresentadas quaisquer das
hipóteses previstas nos artigos 535 do CPC e 897-A da CLT a ensejar a
oposição do remédio processual em questão.
(...)
O v. acórdão manifestou-se expressamente sobre o tema em questão,
nos seguintes termos (fls. 816/818):
"(...)
Considerando-se a ausência de registro das efetivas jornadas, incide à
hipótese o entendimento contido na Súmula 338, I, do TST, segundo o qual
é ônus do empregador que conta com mais de 10 (dez) empregados o
registro da jornada de trabalho na forma do art. 74, § 2º, da CLT. A não
apresentação injustificada dos controles de freqüência gera presunção
relativa de veracidade da jornada de trabalho, a qual pode ser elidida por
prova em contrário.
(...)
Considerando-se a jornada apontada na inicial, bem como as
delimitações da prova oral, reconheço que o reclamante trabalhava: de
segunda a sexta, das 08h às 18h00, com 1h00min de intervalo intrajornada,
elastecendo a jornada até 20h30 duas vezes por semana; em três sábados
por mês, trabalhava das 9h00 às 15h00 e não trabalhava aos domingos.
(...)"
Com efeito, pretensas ausências de manifestação quanto a
determinado aspecto da prova que a parte entende prevalecente com vistas a
acolhimento de sua tese, logicamente é matéria questionada com vistas à

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reforma da decisão, ou seja, questão que não se enquadra no descrito no art.
535 do CPC.
Note-se que o julgado analisou toda a prova e fundamentou nessa,
observando todo o contexto, relevância e pertinência jurídica de cada
aspecto, concluindo, da análise global, em atenção ao sistema jurídico
vigente, em sentido contrário ao pretendido pelo embargante.
Supostas violações que a parte julga, logicamente não dizem respeito
a integração do julgado e, assim, não cabe suscitar a matéria através de
embargos declaratórios.
Vale ressaltar que, de acordo com a Súmula 338 do TST, "A
não-apresentação injustificada dos controles de freqüência gera presunção
relativa de veracidade da jornada de trabalho, a qual pode ser elidida por
prova em contrário".
Ainda, a valoração das provas no processo funda-se pelo princípio do
livre convencimento motivado, atrelado ao da persuasão racional, abrigado
pelo ordenamento jurídico brasileiro e contemplado nos artigos 832 da CLT
e 131 do CPC.
Rejeito.
DANO MORAL
Requer o autor, ora embargante, seja "sanada a omissão supra (de que
a prova da acusação de roubo de cheque é de difícil produção pelo autor),
imprimindo efeito modificativo para condenar a ré ao pagamento de
indenização por danos morais. Sucessivamente seja transcrito no v. acórdão
o trecho da degravação onde a preposta da ré se desculpa pela imputação ao
autor de apropriação do cheque, para fins de prequestionamento. (fls.
861/862)
(...)
O v. acórdão manifestou-se expressamente sobre o tema em questão,
nos seguintes termos:
"(...)
Quanto à acusação de roubo de cheque, note-se que dos depoimentos
prestados, nenhuma testemunha presenciou tal acusação, apesar do autor ter
afirmado na inicial que foi acusado na presença de 10 pessoas de ter se
apropriado de cheques da reclamada. Ao contrário, a única testemunha que
disse algo a respeito (Luiz Clementino), relatou que "não ocorreu qualquer
problema na obra por conta da circulação de cheques que tenha envolvido o
autor e o depoente".
(...)
Neste compasso, reputa-se não caracterizado o dano moral, ensejador
da indenização.
Mantenho.
O que discute a embargante não é questão vinculada à integração do
Julgado, e sim oposição de tese diversa daquela adotada no v. Acórdão,
segundo interpretação jurídica exposta no mesmo.

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A Súmula nº 297 do C. TST, quando diz que incumbe à parte opor
embargos declaratórios visando o prequestionamento da matéria,
obviamente, atua sob a ótica de ter havido omissão no julgado, o que não
ocorreu no presente caso.
Rejeito.
MULTA DOS ARTS. 467 E 477 DA CLT
Alega o embargante omissão quanto ao pedido de pagamento das
multas dos arts. 477 e 467 da CLT. Sustenta que este E. Tribunal não se
manifestou "acerca do principal fundamento da pretensão, sobretudo em
relação à multa do art. 477 da CLT, qual seja: o pagamento extemporâneo
de significativa parte das verbas rescisórias (R$ 6.281,02), relativamente às
férias fraudadas, somente quitadas em 17/09/2012, conforme comprovam
os documentos de fls. 267/269 (juntados pelas rés), ou seja, mais de um
mês após o término do contrato". Requer condenação da ré ao pagamento
da multa em questão. Sucessivamente, requer "seja transcrito no acórdão a
data, valor e verbas a que se refere a rescisão complementar de fls.
267/269" e ainda "seja adota tese acerca da violação do § 8º do art. 477 da
CLT no caso do afastamento da multa mesmo quando comprovado o
pagamento extemporâneo das férias que seriam devidas na ocasião da
rescisão". (fls. 862/863)
Sem razão.
O v. acórdão manifestou-se expressamente sobre o tema em questão,
nos seguintes termos (fls. 834/835):
"Pleiteia o reclamante pagamento das multas dos arts. 467 e 477 da
CLT. Alega que as verbas rescisórias não foram integralmente pagas no
prazo legal, "o que ocorreu por conta da fraude praticada em relação às
férias". (fls. 732/734)
Sem razão.
O art. 467, CLT é claro no sentido de que apenas a incontrovérsia a
respeito de verbas rescisórias enseja a aplicação da multa em comento. No
caso, contudo, o pagamento das férias é controverso, pelo que indevida a
condenação ao pagamento da multa do art. 467, CLT.
Quanto à multa do art. 477, § 8º, CLT, conforme a decisão consignou,
não houve atraso na quitação das verbas rescisórias. A dispensa do
reclamante se deu em 10.08.2012, e, a formalização da rescisão, em
17.08.2012 (fl. 35).
Ante o exposto, nada a deferir.
Mais uma vez não se vislumbra nas razões de embargos apresentadas
quaisquer das hipóteses previstas nos artigos 535 do CPC e 897-A da CLT
a ensejar a oposição do remédio processual em questão.
Com efeito, pretensas ausências de manifestação quanto a
determinado aspecto que a parte entende prevalecente com vistas a
acolhimento de sua tese, logicamente é matéria questionada com vistas à
reforma da decisão, ou seja, questão que não se enquadra no descrito no art.
535 do CPC.

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O que discute o embargante, portanto, é questão que não se enquadra
no descrito nos arts. 535 do CPC e 897-A da CLT.
Como já dito, a Súmula nº 297 do C. TST, quando diz que incumbe à
parte opor embargos declaratórios visando o prequestionamento da matéria,
obviamente, atua sob a ótica de ter havido omissão no julgado, o que não
ocorreu no presente caso.
Rejeito."
Constata-se que as matérias devolvidas à apreciação no recurso
ordinário foram enfrentadas no julgamento. Houve pronunciamento
expresso e específico do Colegiado a respeito, e foram indicados os
fundamentos de fato e de direito que ampararam seu convencimento
jurídico. Não se vislumbra negativa de entrega da prestação jurisdicional.
Diante da restrição imposta na Súmula 459 do Tribunal Superior do
Trabalho, não se vislumbra possível violação aos artigos 832 da
Consolidação das Leis do Trabalho, 458 do Código de
Processo Civil de 1973 e 93, inciso IX, da Constituição Federal.

Duração do Trabalho / Horas Extras.


Alegação(ões):
- contrariedade à Súmula 338, item I, do Tribunal Superior do
Trabalho.
O autor pede que se reconheça que o término da jornada aos sábados
ocorria as 17h00min e que trabalhou em domingos. Alega que deve
prevalecer a jornada apontada na inicial porque não foi comprovada a
limitação do trabalho aos sábados até as 15h00min e a ausência de trabalho
aos domingos.
Observa-se que o entendimento manifestado pela Turma está
assentado no substrato fático-probatório existente nos autos e acima
exposto. Para se concluir de forma diversa seria necessário revolver fatos e
provas, propósito insuscetível de ser alcançado nesta fase processual, à
luz da Súmula 126 do Tribunal Superior do Trabalho. As assertivas
recursais não encontram respaldo na moldura fática retratada na decisão
recorrida, o que afasta a contrariedade apontada.

Responsabilidade Civil do Empregador/Empregado / Indenização


por Dano Moral.
Alegação(ões):
O autor pede a condenação em indenização por danos morais
decorrentes de acusação de ter se apropriado indevidamente de cheque.
Afirma que na gravação de áudio do momento da dispensa o preposto da
empresa pediu desculpas; e que os trechos da gravação e do recurso
ordinário, embora solicitados, não foram transcritos no acórdão.
Não obstante os argumentos expendidos, o recurso de revista não
pode ser conhecido porque, à luz do artigo 896 da Consolidação das Leis do
Trabalho, não está fundamentado. O autor não apontou violação a

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dispositivos legais ou constitucionais, nem contrariedade a Súmula do
Tribunal Superior do Trabalho ou dissenso entre julgados sobre o tema.

Rescisão do Contrato de Trabalho / Verbas Rescisórias / Multa


do Artigo 467 da CLT.

Rescisão do Contrato de Trabalho / Verbas Rescisórias / Multa


do Artigo 477 da CLT.
Alegação(ões):
- violação da Consolidação das Leis do Trabalho, artigos 467 e 477,
"caput" e § 8º.
- divergência jurisprudencial.
O autor pede a condenação em multas dos artigos 467 e 477, § 8º, da
Consolidação das Leis do Trabalho. Afirma que o pagamento
extemporâneo das férias ensejaria o direito.
De acordo com os fundamentos adotados pelo Colegiado e acima
expostos, não se vislumbra possível violação aos dispositivos da legislação
federal invocados.
O recurso de revista não se viabiliza por divergência jurisprudencial
porque não há identidade entre a premissa fática delineada no acórdão e
aquela retratada no aresto paradigma. Aplica-se o item I da Súmula 296 do
Tribunal Superior do Trabalho.
CONCLUSÃO
Denego seguimento.

Recurso de: Plaenge Empreendimentos Ltda. e outro(s)


PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS
Recurso tempestivo (decisão publicada em 29/03/2016 - fl. 903;
recurso apresentado em 06/04/2016 - fl. 971).
Representação processual regular (fls. 189 e 190).
Preparo satisfeito (fls. 679, 749, 750, 848 e 993).

PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS

Remuneração, Verbas Indenizatórias e Benefícios /


Salário/Diferença Salarial.
Alegação(ões):
- divergência jurisprudencial.
As rés não se conformam com a condenação em diferenças salariais.
Afirmam que o autor não comprovou que houve promessa salarial na
contratação a fim de invalidar o contrato de trabalho firmado.
Fundamentos do acórdão recorrido:

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"O objeto recursal restringe-se à promessa de que, passado o período
de experiência, o salário do reclamante subiria de R$ 6.000,00 para R$
8.025,00.
As provas documentais a que se referem a sentença e o recorrente são
as correspondências eletrônicas autenticadas por ata notorial de fls. 24/28.
Consta desses documentos um e-mail de Silvano Vieira, que assina
como analista de Depto Pessoal da empresa Plaenge empreendimentos de
Londrina, nos seguintes termos:
"Venho informar que você foi aprovado para o cargo de gerente de
relacionamentos com cliente da empresa Emisa Plaenge... segue anexo
nossa proposta salarial, caso seja de seu interesse, favor entrar em contato
assim que puder.
Previsão de início: 21/02/2011
Remuneração: Salário fixo no valor de R$ 6.000,00 contratado CLT;
+ 25% de adicional de transferência R$ 1.500,00; após avaliação e
aprovação no período de experiência, o salário passará para R$ 8.025,00
por mês. (...)" (grifos nossos).
A proposta acima transcrita, anexa ao e-mail, indica como remetente
Luciana Siqueira (Gerente de Recursos Humanos).
Como já observou a sentença, foi reconhecido pelo preposto em
depoimento que os "Srs. Luciana e Silvano trabalham na ré no setor de
Recursos Humanos; que não são responsáveis pela contratação de
funcionários; que a contratação é homologada pelo gestor do setor onde a
pessoa irá trabalhar; que o setor de RH somente tem atividade da parte
burocrática da contratação, tais como: recrutamento e seleção; que os Srs.
Luciana e Silvano enviaram proposta de contratação ao autor; que as
propostas são enviadas por email".
Apesar do preposto afirmar que a proposta acima referida limita-se ao
pagamento de salário de R$ 6.000,00 mais 25% e que "não foi prometido
aumento de salário", o e-mail trazido aos autos não deixa dúvidas quanto à
promessa de aumento.
Ao contrário do que afirma a recorrente, as correspondência
eletrônicas juntadas aos autos têm valor probatório relevante,
principalmente porque verificadas e autenticadas por ata notoral, mediante
procedimento realizado em cartório.
Além disso, a prova perirical (fls. 447/491), reforça as alegações do
autor. Note-se que não houve manifestação do perito a respeito do conteúdo
da conversa, apenas transcrição do teor gravado. Consta da conversa (entre
autor, Oliveira e Luciana - fl. 455) discussão a respeito do salário do autor.
Este informa que a questão do adicional de transferência já estar computado
nos oito mil reais é uma surpresa, uma nova matemática. Luciana responde
que não é nova matemática. O autor diz que a proposta por escrito dizia seis
mil mais 25% durante os três primeiros meses de experiência, e após esse
período passa para oito. Luciana diz: oito mil... A autor diz então que isso
não ocorreu, que o salário ficou em seis e uns quebrados mais 25%.

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Luciana pergunta se ele não ganhava oito mil, o autor disse que com o
adicional ganhava e Luciana diz: mas aí você aceitou. Luciana diz ainda:
você entendeu mal, a proposta não mudou desde o início, a agente faz ela
por escrito justamente para não ter dúvidas.
Mais adiante o autor questiona se o valor não seria de oito mil reais.
Luciana responde que o autor recebia isso considerando o adicional de
25%. O autor questiona então se sem o adicional não deveria receber oito
mil e Luciana disse que "não é assim".
Pois bem. Se a gerente de recursos humanos (Luciana) afirma que a
ré faz a proposta por escrito para não haver dúvidas, inviável argumento da
ré a questionar a proposta enviada por e-mail ao reclamante, escrita pela
própria gerente.
Assim, não merece reparos a sentença que deferiu as diferenças
salariais.
Quanto ao pedido sucessivo, este carece de objeto, uma vez que a
sentença já determinou o pagamento de "diferenças salariais existentes
entre o salário que lhe pagava com o que deveria lhe pagar (R$ 8.025,00 -
oito mil e vinte e cinco reais), de modo que se houve pagamento superior a
R$ 8.025,00, não se verifica diferenças devidas.
Nada a reformar."
O aresto apresentado para confronto de teses (fl. 974) não atende ao
requisito da especificidade porque não permite aferir se parte do mesmo
pressuposto de fato em que se pautou o acórdão recorrido. Não satisfaz a
exigência da Súmula 296 do Tribunal Superior do Trabalho, indispensável
para viabilizar a admissibilidade do recurso de revista.

Férias / Indenização/Dobra/Terço Constitucional.


Alegação(ões):
As rés não se conformam com a condenação em férias. Afirmam que
o autor as usufruiu de forma regular e integral; e que a simples ausência de
assinatura em recibo não permite reconhecer a ausência de fruição.
Não obstante os argumentos expendidos, o recurso de revista não
pode ser conhecido porque, à luz do artigo 896 da Consolidação das Leis do
Trabalho, não está fundamentado. As rés não apontaram violação a
dispositivos legais ou constitucionais, nem contrariedade a Súmula do
Tribunal Superior do Trabalho ou dissenso entre julgados sobre o tema.

Duração do Trabalho / Horas Extras.


Alegação(ões):
- violação da Consolidação das Leis do Trabalho, artigo 62, inciso II.
- divergência jurisprudencial.
As rés não se conformam com a condenação em horas extras.
Sustentam que o autor exercia cargo de confiança; que trabalhava em
ambiente externo ao das empresas; e que não estava sujeito a controle de
sua jornada de trabalho.

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Fundamentos do acórdão recorrido:
"Inicialmente cabe ressaltar algumas incongruências entre
depoimentos do preposto e da testemunha do réu. Disse o preposto que "no
sobrado moravam o autor, o Sr. Jehu, Sr. Tiago, Sr. Gil, Sr. Baltazar, Sr.
Luiz Clementino, a Sra. Camila e a Sra. Josi" e que nenhuma das pessoas
que dividiam a casa com o autor, por também exercerem a função de
engenheiro, batiam cartão ponto. Ou seja, pode-se concluir que o sr. Jehu
também se enquadrava na relação de engenheiros "chefes" que não tinham
jornada. No entanto, a testemunha Luiz, indicada pelo réu, disse que o autor
era a autoridade máxima e o único que tinha poderes para admitir e
dispensar funcionários na obra de Maringá e que Jehu "estava subordinado
ao autor".
Por outro lado, as duas testemunhas ouvidas a convite do autor (Fábio
e Fabiano), confirmaram que Jehu e Oliveira eram os chefes dos demais
funcionários da obra e que inclusive o autor estava subordinado a eles.
Disseram também que o autor não tinha subordinados e não possuía poder
de advertir, admitir nem demitir. Esses depoimentos, além de coerentes
entre si, vão ao encontro das alegações do autor.
Vale ressaltar que, segundo a conversa degravada pela prova pericial
(fls. 447/491), Oliveira questiona o autor sobre sua produção como se seu
chefe fosse, dizendo: "dentro da obra eu já te falei que você deixou a
desejar".
A testemunha Luiz ainda disse que quando chegou na obra "o autor já
havia contratado técnico de segurança e algumas empreiteiras", porém não
soube informar quem, dizendo não se recordar de nomes específicos.
Ante a divergência dos depoimentos das testemunhas, incumbia ao
reclamado apresentar outras provas que demonstrassem a situação
excepcional do autor. Ainda, o réu não trouxe aos autos qualquer
comparativo de salários, a fim de demonstrar que o autor recebia pelo
menos 40% a mais para exercício da alegada função de confiança.
Tampouco trouxe o réu os cheques assinados pelo autor, estando
demonstrado pela prova oral, como destacado, que se tratava de situação
esporádica, portanto, não inserida em contexto pretendido pelo réu.
Alegando o réu a exceção do art. 62, II, da CLT, cabia a ele
comprovar que as atribuições do autor caracterizavam exercício da função
de confiança.
Ante o acima exposto, reformo para afastar o enquadramento do
reclamante na hipótese do art. 62, II da CLT."
Observa-se que o entendimento manifestado pela Turma está
assentado no substrato fático-probatório existente nos autos. Para se
concluir de forma diversa seria necessário revolver fatos e provas, propósito
insuscetível de ser alcançado nesta fase processual, à luz da Súmula 126 do
Tribunal Superior do Trabalho. As assertivas recursais não encontram
respaldo na moldura fática retratada na decisão recorrida, o que afasta as

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teses de violação ao preceito da legislação federal invocado e de
divergência jurisprudencial.

Remuneração, Verbas Indenizatórias e Benefícios /


Salário/Diferença Salarial / Salário In Natura.
Alegação(ões):
- contrariedade à Súmula 367, item I, do Tribunal Superior do
Trabalho.
- violação da Consolidação das Leis do Trabalho, artigo 458, "caput".
- divergência jurisprudencial.
As rés não se conformam com o reconhecimento da natureza salarial
de valores pagos a título de moradia. Afirmam que a moradia era essencial
para a realização do trabalho.
Fundamentos do acórdão recorrido:
"Segundo o disposto no art. 458, da CLT, "Além do pagamento em
dinheiro, compreende-se no salário, para todos os efeitos legais, a
alimentação, habitação, vestuário ou outras prestações "in natura" que a
empresa, por força do contrato ou do costume, fornecer habitualmente ao
empregado". Assim, a habitação fornecida pelo empregador a título
gratuito, se não for essencial ou imprescindível às tarefas do empregado,
integra os salários nos termos do art. 458 da CLT.
Incontroverso nos autos que o reclamante residia em propriedade
fornecida pelo reclamado, sem qualquer ônus ao obreiro. A reclamada, no
entanto, não comprovou a imprescindibilidade do fornecimento do
benefício.
Resta evidenciada, no caso, a natureza essencialmente
contraprestativa do fornecimento da moradia, como vantagem prevista
inclusive na proposta de emprego constante do e-mail de fl. 29: "É com
satisfação que formalizamos nosso convite para o cargo de gerente de
relacionamento (...) Benefícios: (...) Moradia fora de Curitiba por um ano".
Além disso, é de se reconhecer que o trabalho desenvolvido pelo
autor na obra da reclamada poderia ser realizado sem que a habitação fosse
disponibilizada pelo empregador, uma vez que localizava-se na cidade de
Maringá e, segundo o depoimento do próprio preposto, "o local da obra em
que o autor trabalhou era de fácil acesso".
Sendo assim, o imóvel não era concedido para o trabalho, e sim pelo
trabalho.
Veja-se que, se o empregador, ao contratar ou transferir um
empregado, não lhe fornece local para morar, este não pode exigi-lo.
Assim, a única conclusão possível é no sentido de que a moradia fornecida
constituía verdadeiro salário-utilidade, nos termos do artigo 458 da CLT.
(...)
Assim, REFORMO para reconhecer a natureza salarial dos valores
acima, correspondentes à moradia, determinando sua integração ao salário

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do autor e reflexos em horas extras, férias com 1/3, 13º salários, adicional
de transferência, aviso prévio, FGTS e multa rescisória."
De acordo com os fundamentos expostos no acórdão, não se
vislumbra a contrariedade apontada ou possível violação ao dispositivo da
legislação federal invocado.
O recurso de revista também não comporta processamento por
dissenso jurisprudencial, porque o único aresto indicado para o confronto
retrata tese jurídica convergente com a adotada no acórdão.
Remuneração, Verbas Indenizatórias e Benefícios / Ajuda/Tíquete
Alimentação.
Alegação(ões):
As rés pedem que se afaste a integração da alimentação ao salário.
A Lei 13.015/2014 acrescentou o § 1º-A ao artigo 896 da
Consolidação das Leis do Trabalho:
§ 1º-A. Sob pena de não conhecimento, é ônus da parte:
I - indicar o trecho da decisão recorrida que consubstancia o
prequestionamento da controvérsia objeto do recurso de revista;
II - indicar, de forma explícita e fundamentada, contrariedade a
dispositivo de lei, súmula ou orientação jurisprudencial do Tribunal
Superior do Trabalho que conflite com a decisão regional;
III - expor as razões do pedido de reforma, impugnando todos os
fundamentos jurídicos da decisão recorrida, inclusive mediante
demonstração analítica de cada dispositivo de lei, da Constituição Federal,
de súmula ou orientação jurisprudencial cuja contrariedade
aponte.
Não se viabiliza o recurso de revista, pois as rés não transcreveram o
trecho do acórdão que demonstraria o prequestionamento da controvérsia
que pretendem ver transferida à cognição do Tribunal Superior do
Trabalho.
A exigência consiste em apontar o prequestionamento, salvo vício
nascido na própria decisão, e comprová-lo com a transcrição textual e
destacada da tese adotada pela Turma. A jurisprudência predominante no
Tribunal Superior do Trabalho tem definido que o pressuposto legal não se
atende com a mera indicação da folha do trecho do acórdão, da sinopse da
decisão, da transcrição da ementa, da parte dispositiva ou do inteiro teor do
acórdão recorrido.
Nesse sentido, os seguintes precedentes do Tribunal Superior do
Trabalho: PROCESSO Nº TST-RR-18177-29.2013.5.16.0020 1ª Turma
Relator Min. Walmir Oliveira da Costa, data da publicação: 29/4/2016;
PROCESSO Nº TST-AIRR-104-15.2014.5.08.0014, 2ª Turma, Relatora
Min. Maria Helena Mallmann, data da publicação: 6/5/2016; PROCESSO
Nº TST-AIRR-10033-37.2014.5.14.0101 3ª Turma Relator Min. Alberto
Luiz Bresciani de Fontan Pereira, data da publicação: 29/4/2016;
PROCESSO Nº TST-AIRR-10982-58.2014.5.14.0005, 4ª Turma, Relator
Min. João Oreste Dalazen, data da publicação: 29/4/2016; PROCESSO Nº

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TST-AIRR-163-91.2013.5.11.0551 5ª Turma, Relator Min. João Batista
Brito Pereira, data da publicação: 22/4/2016; PROCESSO Nº
TST-AIRR-1410-22.2013.5.07.0001 6ª Turma Relator Min. Augusto César
Leite de Carvalho, data da publicação: 6/5/2016; PROCESSO Nº
TST-AIRR-11680-81.2014.5.03.0163 7ª Turma Relator Min. Cláudio
Brandão, data da publicação: 4/3/2016.
Na hipótese, é inviável o conhecimento do recurso de revista porque
as rés não atenderam o inciso I do § 1º-A do artigo 896 da Consolidação
das Leis do Trabalho.
CONCLUSÃO
Denego seguimento.”

As partes agravantes requerem o seguimento dos Recursos de


Revista, sob o argumento de que os apelos atendem aos pressupostos de
admissibilidade.
Observa-se, todavia, in casu, que os motivos apresentados
pelas partes agravantes não justificam a reforma do aludido decisum, pois
os fundamentos da decisão agravada estão corretos e merecem ser mantidos.
Nesse diapasão, afigura-se importante destacar a
possibilidade de adoção da motivação per relationem. Mediante essa
técnica, é franqueado ao julgador a possibilidade de fazer remissão
expressa a fundamentos de decisão anterior prolatada no mesmo processo.
No âmbito do Pretório Excelso, é pacífico o entendimento de que o
Magistrado pode se valer dessa técnica na prolação de suas decisões
conforme ilustram os seguintes precedentes:

“AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS CORPUS. PROCESSO


PENAL. DECISÃO MONOCRÁTICA. INEXISTÊNCIA DE
ARGUMENTAÇÃO APTA A MODIFICÁ-LA. MANDADO DE BUSCA
E APREENSÃO. FUNDAMENTAÇÃO PER RELATIONEM.
VALIDADE. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DE GRAVAME.
AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. 1. A inexistência de
argumentação apta a infirmar o julgamento monocrática conduz à
manutenção da decisão recorrida. 2. A jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal admite a chamada motivação per relationem como técnica de
fundamentação das decisões judiciais. Precedentes. 3. Não configura ofensa
ao disposto no art. 93, IX, da Constituição Federal a decisão que, ao deferir
busca e apreensão, de forma expressa, se reporta à representação da
autoridade policial e à manifestação do Parquet, que apontaram, por meio
de elementos concretos, a necessidade da diligência para a investigação.
[...]. Agravo regimental desprovido.” (HC 170762 AgR, Relator: Ministro
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Edson Fachin, Segunda Turma, julgado em 20/11/2019, DJe de
29/11/2019.)

“EMENTA AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS CORPUS.


INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA. SUBSIDIARIEDADE. ALEGADA
DEFICIÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO SUCINTA E PER
RELATIONEM. NÃO AUTUAÇÃO IMEDIATA EM AUTOS
APARTADOS. NULIDADES. NÃO OCORRÊNCIA. 1. Não há nulidade
em decisão que, embora sucinta, apresenta fundamentos essenciais para a
decretação de interceptação telefônica, ressaltando, inclusive, que „o modus
operandi dos envolvidos‟ „dificilmente‟ poderia „ser esclarecido por outros
meios‟ (HC 94.028, Relator: Ministro Cármen Lúcia, 1.ª Turma, DJe-099
29.5.2009). 2. O uso da fundamentação per relationem não se confunde
com ausência ou deficiência de fundamentação da decisão judicial, sendo
admitida pela jurisprudência majoritária desta Suprema Corte (RHC
130.542-AgR, Relator: Ministro Roberto Barroso, 1.ª Turma, DJe
25.10.2016; HC 130.860-AgR, Relator: Ministro Alexandre de Moraes, 1.ª
Turma, DJe 26.10.2017). 3. A alegação e a demonstração de prejuízo são
condições necessárias ao reconhecimento de nulidades, sejam elas absolutas
ou relativas, pois não se decreta nulidade processual por mera presunção
(HC 107.769/PR, Relator: Ministro Cármen Lúcia, 1.ª Turma, DJe
28.11.2011). Princípio pas de nullité sans grief. 4. Agravo regimental
conhecido e não provido.” (HC 127050 AgR, Relatora: Ministra ROSA
WEBER, Primeira Turma, DJe de 5/10/2018.)

Conforme orientação do Supremo Tribunal Federal, a atual


jurisprudência desta Corte Superior entende que a utilização da técnica
per relationem atende à exigência do art. 93, IX, da Lei Maior, e,
consequentemente, respeita os princípios do devido processo legal,
contraditório e ampla defesa. Nesse sentido, os seguintes precedentes:

“AGRAVO INTERNO EM EMBARGOS EM RECURSO DE


REVISTA. INTERPOSIÇÃO NA VIGÊNCIA DA LEI N.º 13.015/2014.
NÃO CONHECIMENTO DO AGRAVO INTERPOSTO PELA RÉ.
IMPUGNAÇÃO AOS FUNDAMENTOS DA DECISÃO AGRAVADA.
CONTRARIEDADE NÃO CONFIGURADA À SÚMULA N.º 422, I, DO
TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO. Não se há de falar em
contrariedade ao item I da Súmula n.º 422 do TST quando, tendo o Ministro
Relator adotado, como razões de decidir, a técnica de motivação per
relationem, a parte, no agravo, limita-se a reiterar as alegações
anteriormente suscitadas. Na hipótese, a decisão que negou seguimento ao
Recurso de Revista afastou as violações apontadas porque considerou que a
matéria objeto da controvérsia (aplicabilidade da Lei n.º 4.950-A/66) teria

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caráter interpretativo, somente sendo viável a admissibilidade do apelo
mediante demonstração de divergência jurisprudencial válida e específica.
Assim, ao reiterar as mesmas razões adotadas no Recurso de Revista,
pretendeu a parte demonstrar a viabilidade do processamento do apelo em
razão do permissivo contido na alínea „c‟ do artigo 896 da CLT. Correta a
decisão agravada, ao concluir pela inexistência de contrariedade ao citado
verbete. Agravo interno conhecido e não provido.”
(Ag-E-RR-2362-24.2011.5.02.0061, Relator: Ministro Cláudio
Mascarenhas Brandão, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais,
DEJT 31/8/2018.)

“AGRAVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE


REVISTA INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI N.º 13.015/2014.
MOTIVAÇÃO „PER RELATIONEM‟ - LEGITIMIDADE
CONSTITUCIONAL DESSA TÉCNICA DE MOTIVAÇÃO -
FUNDAMENTAÇÃO VÁLIDA. JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL E DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO.
AGRAVO MANIFESTAMENTE IMPROCEDENTE. APLICAÇÃO DE
MULTA. Impõe-se confirmar a decisão agravada, cujos fundamentos a
agravante não conseguiu desconstituir, aplicando multa pela interposição de
agravo manifestamente improcedente. Agravo a que se nega provimento.”
(Ag-AIRR-11053-76.2014.5.15.0120, 1.ª Turma, Relator: Ministro Walmir
Oliveira da Costa, DEJT 8/11/2019.)

Veja-se, no mesmo sentido, os seguintes julgados de Turmas


desta Casa: Ag-AIRR-3040-51.2013.5.02.0002, 2.ª Turma, Relatora:
Ministra Maria Helena Mallmann, DEJT 24/5/2019;
Ag-ED-AIRR-1145-23.2015.5.03.0078, 3.ª Turma, Relator: Ministro
Alexandre de Souza Agra Belmonte, DEJT 30/8/2019;
Ag-AIRR-675-09.2015.5.02.0049, 4.ª Turma, Relator: Ministro Guilherme
Augusto Caputo Bastos, DEJT 29/11/2019; Ag-AIRR-2905-59.2014.5.02.0372,
Relator: Ministro Breno Medeiros, 5.ª Turma, DEJT 19/10/2018;
TST-AIRR-10752-26.2014.5.14.0131, Relatora: Ministra Kátia Magalhães
Arruda, 6.ª Turma, DEJT 8/4/2016; Ag-AIRR-2371-31.2015.5.02.0033, 7.ª
Turma, Relator: Ministro Evandro Pereira Valadão Lopes, DEJT 22/11/2019
e TST-Ag-AIRR- 1272-57.2014.5.02.0034, Relatora: Ministra Maria
Cristina Irigoyen Peduzzi, 8.ª Turma, DEJT 2/6/2017.
Acrescento, por oportuno, que, em relação à arguição de
nulidade por negativa de prestação jurisdicional, além da indicação de
violação dos arts. 832 da CLT, 489 do CPC/2015 (458 do CPC de 1973) ou

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93, IX, da CF/1988 (Súmula n.º 459 do TST), cumpriria à parte recorrente
demonstrar claramente que o Regional não teria se manifestado sobre os
questionamentos apresentados em embargos de declaração (Súmula n.º 184
do TST), envolvendo matérias deduzidas oportunamente (arts. 141, 492 e
493 do CPC/2015), as quais seriam essenciais à adequada resolução da lide.
E na hipótese em exame, não foi o que se constatou.
Dito isso, tem-se que todas as alegações deduzidas pelas partes
nos Recursos de Revista foram examinadas pelo Regional. O cotejo das
afirmações das partes recorrentes com as razões apresentadas na decisão
objurgada evidencia a inexistência de razão para eventualmente sustentar
os recursos em apreço. Logo, as justificativas trazidas na decisão
hostilizada merecem ser mantidas, por seus próprios fundamentos, pois
demonstraram a ausência de pressupostos legais e, desse modo, ficam
incorporadas a esta decisão como razões de decidir.
Diante do exposto, nos termos dos arts. 932, III, do CPC/2015
e 118, X, do RITST, denego seguimento aos Agravos de Instrumento.
Publique-se.
Brasília, 14 de dezembro de 2020.

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LUIZ JOSÉ DEZENA DA SILVA


Ministro Relator

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