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Brincar e Seus Benefícios

Acadêmico: Pâmela César Michels Costa¹


Tutor Externo: Pablo Rodrigo Bes Oliveira²

1. INTRODUÇÃO

A infância é considerada uma das melhores fases da vida, senão a melhor, pois nela
podemos imaginar, brincar, aprender, descobrir e fazer atividades sem medo de errar.
Quando trabalhamos com crianças pequenas, precisamos aprender a lidar com as diferentes
linguagens que elas possuem, como o choro, a birra, as expressões, gestos, movimentos,
desenhos, escrita, música, arte e, também, no brincar. Para François (2006), partimos da
compreensão de que a linguagem não se restringe apenas ao uso da fala pela criança, mas a
todas às formas de comunicação e expressão que carregam sentidos, ou que se constituem de
signos, como a linguagem do corpo, das imagens, dentre outras.
Durante as brincadeiras os pequenos entram em contato com objetos diferentes,
aprendem a conviver em grupos, a compartilhar, a respeitar regras, incentivando a motricidade
e, principalmente, a imaginação, onde eles podem avançar e voltar no tempo, ser o que e quem
desejar, durante o tempo que optar.
Sendo assim, o professor em suas práticas pedagógicas deve explorar todas essas formas
de comunicação que notoriamente precisam ser observadas diariamente no contexto de ações
individuais e conjuntas.
Agora vamos entender um pouco mais sobre essa linguagem com tantas possibilidades e
o que é o brincar.

1 Nome dos acadêmicos


2 Nome do Professor tutor externo
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI - Pedagogia (FLX 1050) – Prática do Módulo I - 07/12/2019
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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Rubem Alves (1993) sabiamente diz:

Coisa gostosa é brincar! Brinquedos dão alegria: bonecas, pipas, piões, bolas, petecas,
balanços, escorregadores... Os brinquedos podem ser feitos com os mais diferentes
materiais: madeira, plástico, metal, pano, papel. Mas há brinquedos que são feitos com
algo que a gente não pode nem tocar e nem pegar: brinquedos que são feitos com
palavras.

Temos uma fonte muito rica de aprendizagem para as crianças que é o brincar. Podemos
afirmar que o brincar abre múltiplas janelas de interpretações, compreensão e ação sobre a
realidade para a criança. Através dele, a criança consegue reproduzir situações reais, modificar
coisas e objetos, inventar e realizar ações e interações com a ajuda dos gestos, expressões e
palavras.
Quando a criança está brincando, ela não está apenas expressando e se comunicando suas
experiências, mas se reelaborando, se reconhecendo como sujeito pertencente a um grupo social
e a um contexto cultural, onde representa as relações sociais e os significados culturais ali
presentes.
Desta forma a brincadeira é um fenômeno cultural, pois se configura junto a um conjunto
de práticas e conhecimentos produzidos, construído e acumulado ao longo do tempo; exemplo
disso, e que ainda podemos observar crianças brincando de amarelinha, passa o anel, ciranda,
bolinha de gude e outras brincadeiras que seus avós brincavam, quando eram crianças.
Em uma entrevista para o site Educando Tudo Muda, a pedagoga e especialista em
Educação Infantil, Raquel Franzim (2019) disse que “O essencial na educação infantil é a
possibilidade da criança interagir com uma comunidade maior que suas próprias famílias.
Ampliar os horizontes sociais e culturais. Se sentir pertencente a uma comunidade, participando
ativamente dela...”, e continuou dizendo que “O brincar, na primeira infância, não é apenas uma
forma da criança aprender o mundo. É especialmente sua principal linguagem e meio de criação
e reinvenção da vida. Não há fase na vida com tamanha intensidade como essa.” Pois ao brincar
é desencadeado todo um processo de magia, cores e movimentos que auxiliam no
desenvolvimento integral do indivíduo.
As crianças necessitam de oportunidade para que possam explorar o mundo, investigar,
entender o momento de brincar, desenvolvendo suas capacidades motora, emocionais,
cognitivas, enfim, desenvolve-se integralmente. O brincar se revela imprescindível na ação
pedagógica, gerando o prazer de aprender apontado no Referencial Nacional para a Educação
Infantil (BRASIL, 1998).

[...] o brincar é, portanto, experiência de cultura, através da qual valores, habilidade,


conhecimentos e formas de participação social são constituídos e reinventados pela ação coletiva
das crianças. Borba (2006, p.47)

Por meio das brincadeiras, os professores podem observar e constituir uma visão dos
processos de desenvolvimento das crianças em conjunto e de cada uma em particular,
registrando suas capacidades de uso das linguagens, assim como de suas capacidades
sociais e dos recursos afetivos e emocionai que dispõem (BRASIL, 1998, p.28).
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Para Sarmento, (1997) as culturas da infância exprimem a cultura da sociedade em que se


inserem, mas fazem-no de maneira distinta das culturas adultas, ao mesmo tempo que veiculam
formas especificamente infantis de inteligibilidade, representação e simbolização do mundo.
Continua ainda o autor a ressaltar que existem quatro eixos estruturadores das culturas da
infância: a interatividade, a ludicidade, a fantasia do real e a reiteração. Aqui está seu
posicionamento quanto a ludicidade.
A ludicidade constitui um traço fundamental das culturas infantis. Brincar não é
exclusivo das crianças, é próprio do homem e uma das suas actividades sociais mais
significativas. Porém, as crianças brincam, continua e abnegadamente... Contrariamente
aos adultos, entre brincar e fazer coisas sérias não há distinção, sendo o brincar muito
do que as crianças fazem de mais sério. (SARMENTO,1997, p.12).

Para a criança brincar é viver, e viver é muito sério. Essa é a forma que deveria ser
entendido por todos, pois é por meio da brincadeira que a criança desenvolve potencialidades e
experimenta novas habilidades, descobre e recria papéis sociais, conhecem seus limites,
formando conceitos pessoais e avança para novas etapas de domínio de si e do mundo que a
cerca. A criança se empenha durante as suas atividades do brincar da mesma maneira que se
esforça para engatinhar, a andar, a correr, a falar, a comer, ou seja, a viver intensamente os
momentos.
O Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (1998, v.2) apresenta concepções
acerca do brincar:
Brincar é uma das atividades fundamentais para o desenvolvimento da identidade e da
autonomia. O fato de a criança, desde muito cedo, poder se comunicar por meio de
gestos, sons e mais tarde representar determinado papel na brincadeira faz com que ela
desenvolva sua imaginação. Nas brincadeiras as crianças podem desenvolver algumas
capacidades importantes, tais como a atenção, a imitação, a memória, a imaginação.
Amadurecem também algumas capacidades de socialização, por meio da interação e da
utilização e experimentação de regras e papéis sociais. (BRASIL, 1998, v.2, p.23).

Todas as atividades brincantes desenvolvidas com as crianças, bem como, a organização


dos ambientes e dos brinquedos devem ter como premissa viabilizar momentos que instiguem a
descoberta, a superação de desafiosas relações, possibilitando o amplo desenvolvimento da
criança. Vygotsky (1988) afirma a importância do brinquedo registrada a seguir: “Para a criança
com menos de três anos, o brinquedo é coisa muito séria, pois ela não separa a situação
imaginária da real. Dessa forma, o brinquedo tem grande importância no desenvolvimento, pois
cria novas relações entre situações no pensamento e situações reais.” (VYGOTSKY, 1988, apud
KISHIMOTO, 1999, p. 63).
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3. MATERIAIS E MÉTODOS

Este paper utilizou-se da pesquisa bibliográfica em artigos, revistas e livros de autores os


quais tratavam sobre a influência do brincar no desenvolvimento intelectual e social das crianças.
Após decidirmos qual linguagem seria utilizada para a realização do artigo, foram
pesquisados projetos que se encaixariam nesta descrição sobre a aprendizagem utilizando o
brincar.
Há poucos dias, foi realizado um projeto chamado “Rua”, junto aos alunos da Educação
Infantil do Colégio Adventista. Onde as crianças confeccionaram, juntamente da família,
automóveis com caixas grandes de papelão, para que eles conseguissem dirigir dentro de seu
próprio carro artesanal. Também foi convidado um agente de trânsito do município para mostrar,
e falar aos pequenos sobre a importância das regras e placas existentes no trânsito.
O projeto teve como objetivo a ampliação do conhecimento sobre a organização de ruas e
bairros, da importância de obedecer a regras de trânsito preestabelecidas, vivenciar noções de
distância e adquirir noções de direção. E, assim foram desenvolvidas algumas ações com os
alunos: a consciência no trânsito, a importância do uso da cadeirinha, o significado das placas
que mais aparecem e o semáforo.
Figura 1. Projeto “Rua”

Fonte: Acervo da autora.


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Essa imagem foi escolhida, pois ela retrata as crianças brincando de forma descontraída e
lúdica com seus carrinhos artesanais, aguardando o comando do agente de trânsito para
prosseguir a brincadeira, vivenciando assim, a aprendizagem de forma significativa. Brincar e
aprender são dois processos interligados que proporcionam a criança bem-estar e
desenvolvimento das habilidades físicas, intelectuais e emocionais.
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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A criança no espaço escolar, certamente, vivenciará questões bem mais desafiadoras do


que se estivesse fora dele. Isso acontece, porque a escola é o local formal, social e culturalmente
destinado ao desenvolvimento de todas as dimensões da criança, seja em âmbito intelectual,
social, afetivo e emocional, pois a ação educativa das crianças na escola confere ao professor a
responsabilidade de ensiná-las a adquirir novos conhecimentos.
Na Educação Infantil é necessário que a professora, ao realizar os planejamentos das
atividades que serão desenvolvidas, contemplem as múltiplas linguagens, uma vez que que estas
dinamizam e impulsionam o desenvolvimento e a aprendizagem da criança, e não apenas servem
ao preenchimento o tempo, dentro da rotina escolar, como comumente se observa em práticas
educativas deste nível de educação. É papel da professora da Educação Infantil, proporcionar e
acompanhar atividades que favoreçam e desenvolvas as múltiplas linguagens das crianças,
respeitando suas limitações, sua cultura e o ritmo de desenvolvimento.
As crianças auxiliadas, sistematicamente, por adultos desenvolvem bem mais seu
intelecto do que sozinhas, por isso são feitos projetos de brincadeiras e aprendizagens orientadas
de forma integrada e que contribuem para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação
interpessoal, de ser e estar com os outros em atitude de aceitação, respeito e confiança, e a
entrada, pelas crianças, aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural.
Enquanto brincavam, os pequenos puderam aprender a partir da exposição oral do agente
de trânsito, bem como, desenvolver sua coordenação motora, habilidade de concentração, a
noção de espaço (para passar entre um carro e outro), a paciência e imaginação. Assim, a partir
do jogo simbólico proposto, e ainda, unindo a ludicidade na experiência prática, os alunos
puderam construir uma aprendizagem significativa. Isso resulta em estudantes e futuros
motoristas mais conscientes, formando cidadãos que obedecem às regras estipuladas dentro do
trânsito, entendendo significado de placas e o motivo do uso da cadeirinha.
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5. CONCLUSÃO

A criança desde o momento do seu nascimento é envolvida por um universo de


linguagens para se comunicar, transmitir o que está sentindo e interagir. É necessário que essas
linguagens sejam contempladas nas práticas docentes escolares, através de um planejamento
sério e sistemático, para que espaços significativos de desenvolvimento e aprendizagem sejam
construídos para a criança, pois o brincar, juntamente com outras linguagens aparece no
Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Isto destaca o caráter de importância
deste tipo de pesquisa para a área da educação.
Ao brincar, a criança busca parceria e, na exploração de objetos, interage com seus pares
e se expressa através de múltiplas linguagens. Ao interagir e se expressar a criança descobre as
regras da brincadeira e toma decisões. Por isso, o brinquedo é peça fundamental e é cenário no
desenvolvimento infantil. Através das brincadeiras e dos jogos, a criança constrói e reconstrói a
consciência da realidade, priorizando o entrosamento das relações e fatos sociais reais. O papel
do professor é mostrar as diversas possibilidades em relação às brincadeiras e aos jogos,
adequando a imaginação à realidade, através do diálogo.
Acredita-se que, por meio de atividades lúdicas significativas, as crianças tenham
oportunidade de assimilar melhor o conteúdo trabalhado pela escola, além de adquirirem
independência, autonomia, espontaneidade e outras habilidades essenciais para sua formação. O
brincar é uma atividade primordial no crescimento da identidade e da autonomia da criança,
pois desenvolve a imaginação, a fantasia, a memória e a atenção, ou seja, desenvolve o
indivíduo como um todo, desta forma os professores que atuam na Educação Infantil, devem
considerar o lúdico como estratégia para atuar no desenvolvimento e na aprendizagem da
criança. Portanto, é responsabilidade do professor preparar-se para ensinar seu aluno por meio
de formas mais dinâmicas e prazerosas, e assim, proporcionar uma educação de qualidade,
oportunizando a brincadeira, a fantasia desenvolvendo a aprendizagem.
Para a minha formação acadêmica, ter realizado a escrita deste paper, relacionando todos
os itens abordados e com meu olhar reflexivo, conclui que eles contribuíram não só para a
educação, mas também na minha forma de pensar, de ter uma visão mais ampla com relação ao
processo de aquisição da linguagem e refletir sobre as formas de educação nos dias atuais,
colaborando na minha formação acadêmica, na minha profissão e na minha vida.
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REFERÊNCIAS

ALVES, Rubem Azevedo. Estórias de quem gosta de ensinar. 6. ed. São Paulo: Cortez, 1993.

BORBA, Ângela Meyer. A brincadeira como experiência de cultura. O cotidiano na Educação


Infantil. Boletim 23, novembro, 2006. P. 46-55.

BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial


Curricular Nacional para Educação Infantil. Brasília: MEC/SEF, v. 3. 1998.

BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial


Curricular Nacional para Educação Infantil/Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de
Educação Fundamental. - Brasília: MEC/SEF, 1998, volume: 1 e 2.

EDUCANDO TUDO MUDA. Educação Infantil e as Cem Linguagens da Criança. Disponível


em: <http://www.educandotudomuda.com.br/educacao-infantil-e-as-cem-linguagens-da-crianca/>
Acesso em: 02 Dez. 2019.

SARMENTO, Manuel Jacinto. As culturas da infância nas encruzilhadas da 2a. Modernidade.


Braga. Centro de Estudos da Criança da Universidade do Minho: 1997.

VYGOTSKY, L. S. A formação Social da Mente, 6º ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

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