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Jurema Sagrada - Catimbó

A JUREMA é uma árvore que floresce no agreste e na


caatinga nordestina; da casca de seu tronco e de suas raízes
se faz uma bebida mágico-sagrada que alimenta e dá força
aos encantados do “outro-mundo”. É também essa bebida
que permite aos homens entrar em contato com o mundo
espiritual e os seres que lá residem. Tal árvore se constitui enquanto símbolo
mágico-sagrado e é núcleo de várias práticas mágico-religiosas de origem
ameríndia. De fato, entre os diversos dos povos indígenas que habitaram ou
habitam o nordeste, se fazia e em alguns deles ainda se faz uso ritual desta
bebida.

Antes de tudo, a jurema é uma árvore da caatinga e do agreste que tem sua
casca utilizada para a fabricação de uma bebida mágica que concede força,
sabedoria e contato com seres do mundo espiritual. É dessa forma que o uso
da árvore desencadeia a formulação de uma experiência religiosa com mesmo
nome.

ORIGEM DO CULTO DA JUREMA NOS ANOS 1532 / 1536 E QUE É ORIGINÁRIA


DOS POVOS INDÍGENAS NORDESTINOS DA CAATINGA (QUE SIGNIFICA
MATA BRANCA, POR CAUSA DA COR DA VEGETAÇÃO).

– ESSAS ÁRVORES SÃO “PLANTADAS” OU “ACENTADAS” PELO MESTRE


JUREMEIRO QUE SE TRANSFORMAM NAS “CIDADES DA JUREMA”. ESSA
PLANTAÇÃO É FEITA PELO MESTRE JUREMEIRO, AO SEU MESTRE INVISÍVEL
QUE USA REZAS, FUMOS E VELAS, MAS SÓ APÓS O FALECIMENTO DESTE
MESTRE JUREMEIRO É QUE A “CIDADE” PASSARA A SER SAGRADA E TER
FORÇA.

– UMA CURIOSIDADE: O TERMO “JUREMA” PODE SIGNIFICAR, UMA CIDADE,


UMA CABOCLA E UMA BEBIDA…

– EXISTEM SETE CIDADES QUE SÃO: JUREMA, VAJUCÁ OU AIUCÁ, JUNÇA,


ANGICO, AROEIRA, MANACÁ E CATUCÁ.

NOTA: O CULTO A JUREMA, TAMBÉM CHAMADO DE ADJUNTO DA JUREMA,


NA ÉPOCA COLONIAL, ERA PROIBÍDO E QUEM O PRATICASSE ERA PRESO E
TORTURADO, AS VEZES ATÉ A MORTE.

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Também denominada em alguns estados de catimbó,


Jurema é um culto fitolátrico de origem indígena mesclado
a práticas de origem africana e europeia (catolicismo e
kardecismo). Por essas afinidades, insere-se, em algumas
regiões, na Umbanda – caso de alguns dos registros desse disco - e nos
Candomblés de Caboclo. Pode-se notar, contudo, a prevalência das práticas
de origem indígena no culto à Jurema, chamado por seus praticantes,
simplesmente, de “a jurema".

Essa forma de religiosidade constitui, em si, uma prática total, com doutrina,
preceitos e história próprios, inseparáveis da história das religiões no Brasil.
Especialmente no norte e no nordeste do país, onde encontra grande número
de praticantes para os quais constitui veículo de autotransformação e
desenvolvimento social, este culto se mantém tanto no interior, como no
litoral e nos centros urbanos. O culto, cujos rituais denominam-se "mesa" ou
"toque de jurema", ocorre em torno da ingestão da jurema, bebida
fermentada feita com hidromel e cascas da árvore de mesmo nome1, da
fumaça das raízes queimando no cachimbo (ou “catimbo”, expressão da qual
teria derivado o termo catimbó) e dos “pontos” ou “linhas” (cantigas),
entoados ao som dos maracás e palmas e – em alguns casos - atabaques,
xeres, agogôs e até triângulos. Conjuntamente, estes elementos produzem
alterações da consciência e propiciam o transe de encantados e de espíritos
indígenas que incorporam os juremeiros para realizar curas e resolver
problemas.

A Jurema Sagrada é considerada por muitos seguidores uma ciência. A


tradição é fruto de costumes religiosos dos índios que habitavam o litoral da
Paraíba, Rio Grande do Norte e Sertão de Pernambuco, no século XVI.

A jurema é uma árvore tipicamente nordestina, encontrada na região da


Caatinga e do Agreste, que segundo a sabedoria indígena possui poderes
milagrosos. Utilizada para preparação de bebidas alucinógenas e banhos para
afastar entidades do mal, seu culto é uma variante da Umbanda. A presença
ou não da planta como elemento sagrado estabelece a principal diferença
entre o Catimbó e a Umbanda. Existem, além disso, características do
Catolicismo, Candomblé e Espiritismo nessa tradição.

A crença diz que os banhos e bebidas feitos de jurema têm o poder medicinal
de curar doenças, afastar entidades malignas, problemas profissionais e
amorosos. As origens históricas desse pensamento têm como base um
sistema de misticismo religioso no qual ela é considerada uma árvore
sagrada.

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Na Paraíba, existem indícios de que ela já era utilizada pelos


índios nativos, os Potiguaras e Tabajaras, antes mesmo da
chegada dos portugueses ao Brasil. Foi em Alhandra,
município a poucos quilômetros de João Pessoa, que esse
culto alcançou fama. O misticismo religioso que existiu por muito tempo no
local fez com que ele passasse a ser conhecido como “A Cidade da Jurema”,
pois era comum a presença da planta nos locais onde era praticado o
Catimbó. A perseguição aos mestres da jurema na Paraíba obrigou que os
rituais fossem realizados às escondidas.

Os devotos iniciados nos rituais são chamados de juremeiros e as entidades


centrais da jurema nordestina são os mestres. Eles são praticantes falecidos
que detinham muitos conhecimentos sobre essa tradição. Para ser juremeiro
é necessário passar por um ritual. A iniciação consiste em beber o vinho da
planta e fumar cachimbos feitos com sua raiz. Acredita-se que o poder está
no efeito da fumaça dos cachimbos, fazendo com que aqueles que consomem
a bebida incorporem os espíritos dos mestres.

Ao longo do tempo, a Jurema incorporou uma série de influências que


impedem a formulação de um padrão ritualístico mais extenso. Assim,
definimos como praticantes da Jurema todos aqueles que se reúnem em
terreiros ou casas para realizarem a ingestão da bebida feita a partir da
árvore, empregando o uso de tabaco e buscando o contato com um mundo
espiritual alcançado através do transe. No mais, observamos variações que
abraçam desde os elementos da Umbanda até o Cristianismo Católico.

Nos cultos da Jurema temos a figura dos mestres que ocupam a função de
líderes, responsáveis pela incorporação de espíritos que curam e aconselham
os praticantes, mais conhecidos como “juremeiros”. Além de fornecedora de
um elo com o chamado “reino dos encantados”, a jurema é considerada
poderosa por ter, nos tempos bíblicos, escondido Jesus Cristo quando este
fugia para o Egito. Ao entrar em contato com o pé de jurema, o Salvador
teria lhe preenchido com poderes diversos.

A fabricação da bebida sagrada conta com uma mistura que leva cascas de
jurema e uma espécie de vinho preparado com álcool, mel, gengibre, hortelã,
cravo e canela. Segundo alguns pesquisadores, a ingestão oral desta mistura
não provoca nenhum tipo de transformação em quem a ingere. Dessa forma,
tudo indica que os procedimentos ritualísticos que envolvem a ingestão, são
indispensáveis para que a fórmula preparada determine o estado de transe.

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Jurema Sagrada - Catimbó
As duas entidades incorporadas em uma sessão de jurema
são os mestres que já se foram e os caboclos. O
reconhecimento dessas entidades acontece através da
observação dos gestos e falas, que o incorporado assume
assim que começa dar voz a um determinado ser do mundo
espiritual. Nesse âmbito, o mundo dos espíritos construído pela jurema era
formado por várias cidades, sendo que cada um deles tinha capacidade de
atender uma espécie de pedido.

Cercada por uma série de instrumentos, a sessão de Jurema é sonoramente


povoada pela execução da maraca (um chocalho indígena feito de cabaça) e
o ilu (uma espécie de tambor). Sem um conteúdo fixo, a jurema oferece os
seus ditos “segredos” de forma especial a cada um dos “enjuremados”.
Dispostos em uma mesma roda, os participantes deste ritual pontuam mais
uma das várias religiões que determinam a diversidade da cultura brasileira.

A Jurema Sagrada é uma prática espiritual largamente difundida na zona da


mata da Paraíba e Pernambuco, mas que tem em Alhandra (PB) uma
referência fundamental. Mas antes de seguirmos em frente, é importante
dizer que a jurema é uma árvore dos “gêneros Mimosa, Acácia e
Pithecelobium” (SANGIRARD JR., 1983, p. 191), encontrada com bastante
abundância no semiárido nordestino, e que, antes mesmo da colonização, era
cultuada como um elemento sagrado por diversas etnias indígenas da região,
por conta de suas propriedades psicoativas.

Este pequeno município de litoral sul da Paraíba está situada a cerca de 40km
da capital, João Pessoa. A cidade foi fundada a partir da instauração do
aldeamento de Arataguy, no final do século XVI, logo após a consolidação da
conquista da Paraíba, que repercutiu com a fundação da cidade de Nossa
Senhora das Neves (atual João Pessoa), em 1585. Mas como essa
religiosidade vem a ser polarizada no litoral da Paraíba, ainda não está bem
claro para os estudiosos do tema.

O que se sabe é que este agrupamento indígena criou um ambiente propício


para interação de diversas etnias distintas, que, mesmo rivais entre si,
passaram a unir-se e a vivenciar um novo fluxo cultural. Dialogando,
primeiramente, com elementos do catolicismo popular, na Jurema faz-se
presente o uso dos santos e rezas católicas, assim como as manipulações da
santíssima trindade para fins mágicos, reconfigurando alguns dos cultos
indígenas com a incorporação de signos e narrativas católicas. Nesse sentido,

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a Santidade, ainda no século XVI, foi a primeira
manifestação que evidenciou esse intercâmbio cultural, em
que o xamanismo indígena incorpora a devoção aos santos
católicos, em que “o índio, ‘mesmo católico’ não deixou de
acreditar em seus deuses, de cultuar os espíritos da floresta ou de reverenciar
seus ancestrais” (SILVA, 2005, p. 26). Segundo Cascudo, durante esse
século, colonos e mestiços confiavam “nas práticas indígenas dos pajés, indo
às reuniões escondidas, bebendo fumo, aceitando as soluções terapêuticas
dos nativos, como sopro, defumatório e sucção, para alívio dos males” (1978,
p. 192). A influência negra também se faz presente, com as nações banto
vinda de Angola, que também veneravam seus mortos e eram responsáveis
por cultos vegetalistas, que prontamente interagiram com as práticas
indígenas.

Sendo assim, é o catimbó do litoral sul da Paraíba que consegue sintetizar


parte destas práticas culturais. Herança de todo o universo mítico e da
tradição de conhecimento da Jurema Sagrada, o “catimbó é o melhor, e o
mais nítido dos exemplos desses processos de convergência afro-branco-
ameríndia. As três águas descem para a vertente comum, reconhecíveis, mas
inseparáveis, em sua corrida para o mar” (CASCUDO, 1978, p. 21). Aqui, o
catimbó poderia ter duas definições possíveis, ainda segundo Cascudo: a
primeira de que seria sinônimo de “mandiga, feitiçaria, sortilégio, casa de
feitiços, sessão ou prática de feitiçarias”. Já a segunda é o mesmo que
“cachimbo cumprido e fumarento” (idem, p. 31), fazendo referência à fumaça
exalada nos rituais catimbozeiros, responsável por fazer limpezas
energéticas. Assim, a construção do imaginário do juremeiro, como uma
pessoa associada a algo maligno, diretamente ligado à prática da feitiçaria,
ou, mais especificamente, do catimbó, tem repercutido desde a colonização.
Por conta disso, a Jurema e os adeptos do catimbó foram historicamente
perseguidos tantos pelos colonizadores portugueses, por meio da inquisidora
Igreja Católica, que a atribuiu aspectos “demoníacos”, pela polícia já no
século XX, visto que a sua prática pública era proibida pela legislação, e,
atualmente por setores evangélicos neopentecostais.

E atualmente, ainda que a Jurema esteja associada a outras religiosidades,


principalmente a Umbanda, é importante também compreendermos que ela
também se faz autônoma. Isso porque a Jurema guarda uma multiplicidade
de significados que a transcende, podendo ser entendida como: um “plano
espiritual”, ou a falange da Jurema; uma índia metafísica; a própria bebida

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feita de partes da planta – o vinho da Jurema; o lugar de
culto e oração – a mesa da Jurema; ou as Cidades da
Jurema, um lugar invisível, mas que tem suas
representações também manifestadas no espaço, a partir da
consagração rituais de árvores de jurema.

Os rituais do antigo catimbó alhandrense consistiam, fundamentalmente, na


evocação das entidades dos mestres juremeiros que se comunicam com os
participantes dos trabalhos espirituais, e são eles que possuem certa
centralidade dentro do culto. Para Vandezande (1975), “os ‘mestres’ ou
‘mestras’ são pessoas que viveram outrora, na maioria em Alhandra, que
tiveram atividade mediúnica, geralmente junto aos pés de Jurema que guarda
sempre o nome deles” (p. 166). O culto a árvore também é um elemento
basilar na cosmologia juremeira, e que nos é apresentada aqui como um lugar
transcendental: as Cidades da Jurema. Nelas, está um canal de comunicação
com os mestres, que detém o saber da ciência da Jurema.

A ciência da Jurema é um conceito central deste conhecimento que sintetiza


e organiza todo um campo semântico dos fundamentos basilares da sua
cosmologia, onde habitam seus mitos, segredos e mistérios, e só tem acesso
quem detém a experiência desse saber, os cientistas da Jurema, seja para a
utilização dos seus preceitos mágicos, na aplicação de plantas para a cura de
enfermidades, ou mesmo na solução das angústias íntimas dos sujeitos que
procuram a intervenção espiritual dos mestres juremeiros. E dentro do campo
juremeiro, ter ciência no plano material, na manipulação das ervas e das
práticas mágicas, implica, necessariamente, em ter acesso aos segredos do
mundo espiritual onde habitam os ensinamentos acumulados por inúmeros
espíritos dos mestres juremeiros, que acumularam ali todo o saber dessa
relação com o invisível, e que está por trás de uma natureza transcendente.

E essa experiência vivenciada cotidianamente não é algo somente adquirido


com o tempo. Esse potencial, segundo os juremeiros alhandrenses, também
é um “dom que vem de nascença”, e que vem a ser reconhecido pelos sujeitos
mais velhos. Diante disso, são muito comuns em Alhandra narrativas sobre
problemas psicológicos em crianças, como depressão ou comportamentos
agressivos, por exemplo, e que acontecem quando ocorrem os primeiros
sintomas da mediunidade, geralmente por volta dos 10 anos de idade. Isso
requer a intervenção de um juremeiro experiente, no sentido tanto de instruir
aquela entidade que está causando desordem na criança, como também de

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orientar os pais quanto às recomendações necessárias para
o seu devido desenvolvimento espiritual. E com um pouco
mais de idade, elas já começam a receber entidades. E, em
alguns casos, já passam a realizar consultas desde de
criança, entre outras atividades mediúnicas. Assim, o conhecimento do
juremeiro não é necessariamente adquirido, mas vem com ele desde o seu
nascimento, em que já desponta com a informação do tipo de trabalho que
ele poderá realizar.

Nascer com o dom de ter poderes mediúnicos é algo que marca, de maneira
inequívoca, as aptidões mágicas destes cientistas e o saber que o permeia, e
que vai refinando-se com o passar dos anos e com a experiência acumulada.
São eles que trabalham na ciência, operando todo um repertório de práticas
mágicas, e que fazem uma leitura diferenciada dos saberes do mundo
espiritual para as pessoas que os procuram para solucionar todo tipo de
problema. Trabalhar na ciência é uma metáfora corriqueira na região, para
dizer que determinado juremeiro experiente, e que detém notório saber
dentro do culto, tem poder de cura através das plantas e de outros preceitos
mágicos, força essa sempre atribuída aos mestres encantados, mediados pela
ação mediúnica dos cientistas, que é largamente difundido em Alhandra e
região. O valor é conferido, geralmente, com o reconhecimento de uma vida
dedicada a esse ofício, o que não exclui a atividade de pessoas mais jovens,
desde que tenham seus dotes mediúnicos identificados pelos mais velhos e
passem a se dedicar a esse trabalho espiritual. Portanto, trabalhar na ciência
é manejar a força espiritual de cura em sua máxima potência, e que traz um
entendimento mais amplo do mundo invisível.

Em relação às curas do corpo físico, numa época em que o atendimento


médico, feito pelo povo de bata branca para a população fora dos centros
urbanos, era muito precário, uma das formas de tratamento era exatamente
contar com receitas de ervas e banhos, além da fumaça exalada pelos
cachimbos dos mestres, para o tratamento das mais diversas enfermidades.
Para Cascudo, “o mestre curador, para o povo, é o depositário de segredos
seculares que os doutores ignoram e odeiam justamente por tanta ‘inveja’ a
tanta sabedoria desinteressada” (1978, p. 190). Esse tipo de atividade
espiritual tem um forte apelo popular em toda a região, até mesmo por
pessoas não ligadas ao culto, que, em certa medida, legitimam estas práticas.

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Trabalhar na ciência é um trabalho espiritual que requer
muito refino, e os juremeiros alhandrenses fazem uma
distinção interessante: entre quem “trabalha manifestado”
e quem “trabalha com o pensamento”. No primeiro caso,
temos aqui uma atividade espiritual voltada para a incorporação mediúnica,
em que os médiuns “recebem” suas entidades e são os espíritos que operam
as curas mediadas por eles. Já no segundo, temos um trabalho em torno da
concentração, no qual o cientista recebe o sujeito em um espaço reservado,
geralmente a mesa onde realiza suas consultas. Lá ele escuta seus
problemas, medita sobre ele, e, com isso, encontra uma possível solução. E
cada cientista tem a sua ciência, trabalha especificamente nela, e não chega
a compartilhá-la com outras pessoas. Também não há apenas um tipo
específico de trabalho, que se identifique como de ciência, especificamente.
Seu Inácio Gabriel (conhecido cientista de Alhandra, que chegou a ser prefeito
da cidade, e faleceu em 2009), por exemplo, costumava receitar remédios
alopáticos em suas consultas. Também os rezadores e rezadoras, que são
profundos conhecedores da espiritualidade, também têm sua atividade
associada ao trabalho de ciência no campo juremeiro de Alhandra.

E todo o conhecimento desse campo espiritual vem dos mestres, “donos dos
‘bons saberes’” (CASCUDO, 1978, p. 165), que são os verdadeiros detentores
da ciência da Jurema, e é neles que está todo o repositório de ensinamentos
que são passados aos juremeiros e aos cientistas, seja nos transes
mediúnicos, ou por meio da intuição. São eles que navegam nos mistérios do
invisível, e que trazem as mensagens do “mundo do além” para os adeptos
encarnados na Terra.

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