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SÃO PAULO
2003
DIVISÃO DE PSICOLOGIA
INSTITUTO CENTRAL DO HOSPITAL DAS CLÍNICAS – FMUSP
SÃO PAULO
2003
DIVISÃO DE PSICOLOGIA
INSTITUTO CENTRAL DO HOSPITAL DAS CLÍNICAS – FMUSP
_____________________________________________
_____________________________________________
CEPSIC – Centro de Estudos Psico-Cirúrgicos da Divisão
de Psicologia do Instituto Central do HC - FMUSP
“ Dizem que o que todos procuramos é um sentido
para a vida. Não penso que seja assim. Penso que o
que estamos procurando é uma experiência de estar
vivos, de modo que nossas experiências de vida, no
plano puramente físico, tenham ressonância no
interior do nosso ser e da nossa realidade mais
íntimos, de modo que realmente sintamos o enlevo
de estar vivos”.
(JOSEPH CAMPBELL)
Agradecimentos
... Ao Professor Dr. José Atta, por sua disposição e interesse em acolher a proposta da
realização deste trabalho.
... À Srta. Rosilene Carvalho Botelho de Arruda, pela disposição constante em prestar
informações e viabilizar a operacionalidade desta pesquisa.
... Aos médicos residentes, especialmente aos que aceitaram participar desta pesquisa,
permitindo-me conhecer um pouco de suas dificuldades e potencialidades.
... À Professora Dra. Ana Rosa Sancovski pelo acompanhamento e orientação incessantes.
... Aos meus pais, Eliette e Luis, pela doçura enérgica com que me conduziram e me
inspiraram sempre; e a Coll Frederic pelo apoio, pela paciência e pelo amor demonstrados
nos momentos de maior aflição.
... Aos meus mestres, Prof. Ms. Joana d’Arc Sakai e Dr. Helladio Francisco Capisano,
modelos inspiradores para meu desenvolvimento pessoal e profissional.
Resumo
Abstract
Apresentação...................................................................................................................................01
Introdução.......................................................................................................................................04
Revisão de Literatura .....................................................................................................................08
1. A Medicina.......................................................................................................................08
1.1. Escolha Profissional..................................................................................................20
1.2. Residência Médica ....................................................................................................26
1.3. Ética e Onipotência ...................................................................................................35
1.4. A Relação Médico-Paciente e o Médico enquanto Paciente .......................................43
1.5. A Morte ....................................................................................................................56
2. Ansiedade e Depressão .....................................................................................................60
3. Qualidade de Vida ............................................................................................................66
4. Medidas Preventivas .........................................................................................................70
Objetivos ..............................................................................................................................75
Casuística e Método ........................................................................................................................77
1. População estudada...........................................................................................................77
1.1. Grupos do estudo ......................................................................................................78
1.2. Critérios de inclusão na amostra ................................................................................78
1.3. Caracterização da amostra.........................................................................................78
1.4. Aspectos éticos .........................................................................................................79
2. Instrumentos .....................................................................................................................80
2.1. BAI (Beck Anxiety Inventory) ..................................................................................80
2.2. BDI (Beck Depression Inventory) .............................................................................81
2.3. WHOQOL-BREF (World Health Organization Quality of Life – versão abreviada)...82
3. Técnica de aplicação.........................................................................................................83
Resultados .......................................................................................................................................85
Discussão ....................................................................................................................................... 105
Conclusões..................................................................................................................................... 114
Autorização para reprodução / divulgação do documento .......................................................... 117
Referências Bibliográficas ............................................................................................................ 118
Anexos ........................................................................................................................................... 121
I – Carta convide de participação na pesquisa
II – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
III - BAI (Beck Anxiety Inventory)
IV - BDI (Beck Depression Inventory)
V - WHOQOL-BREF (World Health Organization Quality of Life – versão abreviada)
Resumo
DOMINGUES, Maura Vaz. Anxiety, depression and life quality in the residents of the
General and Didactic Clinic of Clinics’ Hospital – University of São Paulo– exploratory
study. 2003, 149 p. Monograph presented in the course of Specialization in Hospital
Psychology – Psychology Division of the HC-FMUSP.
In this study about anxiety, depression and life quality in the residents of the General and
Didactic Clinic of the General Medical Clinic of the HC-FMUSP, the purpose was to evaluate
the anxiety and depression’s levels in the referred sample, as well as the levels of life quality.
22 subjects were invited, and 20 accepted to participate in the study. The results collected
through the instruments BAI (Beck Anxiety Inventory), BDI (Beck Depression Inventory)
and WHOQOL - BREF (World Health Organization Quality of Life) were analyzed
quantitatively and qualitatively. Quantitatively, it was looked for to evaluate the scores,
according to the instructions of the own instruments, as well as the correlation among them.
Qualitatively, it was looked for to apprehend the meaning of the anxiety symptoms,
depression and the aspects of life quality that seemed to highlight, especially in relation to the
discoveries in the literature. The doctors are exposed to intense conditions and, a lot of times,
poisonous in the professional practice, deserving growing attention for the worrying results of
studies in this area. There are external and internal demands and, in the middle of those, there
is a professional that, in different scales, abdicate of his/her humanity to support the contact
with the pains and frustrations - own and of the other ones. The present study had modest
quantitative proportions, but qualitatively allowed important reflections and questioning about
the medical practice and the human nature.
que eu poderia fazer ali. Levando em consideração que minha formação até então preconizava
respondendo a essa minha pergunta, minha perplexidade persistia. Até que, finalmente, pude
entender que não era “O QUE FAZER” que me incomodava, mas sim “O QUANTO HÁ
PARA SER FEITO” no hospital pelo psicólogo! E essa nova perspectiva me assustou.
previnem, outras que tardiamente remediam. Encontramos pessoas que entregam suas vidas
nas mãos dos médicos, outras que se entregam ao desespero ou à desesperança. Outras, ainda,
e de suas crenças – alguns se agarram à religião como uma ligação a Deus, na esperança do
2
alívio de suas dores ou de um milagre, outros se submetem aos médicos como se esses fossem
Condições das quais “(...) pacientes e médicos são igualmente vítimas” (RODRIGUES,
1998).
Ter contato com as dores do outro implica em ver abertas as próprias chagas e tentar
criação, confiar na vida e compactuar com ela. Por outro lado, esse mesmo movimento pode
quem trabalha em um ambiente como o hospital, em que os limites são ora concretos e
previsíveis, ora inexplicáveis e incompreensíveis pelas ciências médicas. Afinal, ali estão
corpos que abrigam almas, com razões que a própria razão desconhece.
Sem perder de vista as tantas possibilidades de inserção para o meu trabalho – junto ao
paciente, junto à equipe, junto à instituição, optei por resgatar a perplexidade do primeiro
vida e, ao mesmo tempo reconhecendo com humildade meus limites, me darei por satisfeita se
puder contribuir com a presente reflexão: como lidam os médicos com as próprias dores?
Como estão suas emoções e como se organizam psiquicamente no contato com os pacientes –
Inspirado nesse contexto, o presente trabalho foi desenvolvido a partir do convívio com
Medicina da Universidade de São Paulo. Trata-se de uma tentativa de conhecer como estão
médicos. Nesse sentido, discussões e reflexões têm sido empreendidas por pesquisadores de
diversas áreas - úteis para compreender as dificuldades que envolvem a profissão médica e
Os médicos também adoecem. E, segundo Meleiros (1999), eles são os pacientes mais
difíceis. Parece difícil conciliar a imagem de “aquele que cuida” e a emergência de “preciso
impossibilitando que o ser por detrás da máscara se mostre humano, portanto suscetível a
médica sobre a necessidade de priorizar a saúde mental entre médicos, no que diz respeito aos
membro do comitê científico da AFSP, não há fonte de dados segura sobre a prevalência de
transtornos mentais entre médicos, especialmente porque não é comum que os médicos
5
declarem ou busquem ajuda para dificuldades dessa ordem. Até mesmo os casos de suicídio
terminam por ser registrados de outra forma. A resistência em buscar ajuda psiquiátrica leva,
muitas vezes, ao abuso de drogas como o álcool para aliviar os sintomas depressivos. O
número de ocorrências de depressão entre mulheres parece mais elevado, mas Silverman
que os homens.
Silverman acredita ser pouco provável a presença de transtornos como a esquizofrenia, pois
seus portadores não suportariam o rigor das exigências do processo de formação. Mas nos
estar compatíveis com os apresentados pela população em geral. Assim, a preocupação refere-
conduta.
Reconhecer que precisa de ajuda e buscá-la está associado ao medo de ser afastado do
conseqüentemente, perda financeira. Nesse sentido, Silverman adverte que se faz necessário
pacientes, as expectativas frustradas e a realidade financeira parecem ser alguns dos fatores
Egan (2003) relata sua experiência no artigo “Even Interns Get the Blues”. Segundo ele,
realidade do contato com a fragilidade humana e sua finitude” (1). Explica que a velocidade
de ação e decisão o fazia sentir-se mal, pois mesmo diante de coisas novas “esperava já
saber” o que fazer. Além disso, comparava-se e sentia-se “invejoso” em relação a colegas que
trabalhavam menos e ganhavam mais dinheiro, ao mesmo tempo em que não tinha dúvidas
sobre sua escolha profissional. A carga horária de trabalho dificulta a vida social e,
tensão relacionadas ao surgimento desses sintomas, verificaram que 18,7% dos entrevistados
Entre 1998 e 2000 o Professor Luiz Roberto Tenório (apud Martins – 2002), da
Universidade Estadual do Rio de Janeiro, realizou pesquisa com cerca de 300 médicos do
Hospital Universitário Pedro Ernesto constatando que 72,7% dos entrevistados apresentaram
algum distúrbio psíquico. Em outra pesquisa do mesmo autor, com 200 médicos plantonistas,
“60% disseram sofrer de insônia, 40% afirmaram tomar tranqüilizantes e 38% contaram que
1. A Medicina
que significa “cuidar de” e a palavra PACIENTE, segundo Goldin (1999), significa
“aquele que sofre”. Fica implícita a relação entre aquele que tem para oferecer e aquele
que espera receber; entre aquele que está bem e aquele que não está; entre aquele que
permaneciam, muitas vezes sem dizer nada, aguardando a orientação dos deuses.
médicos adotam entre si e com o paciente, muitas vezes – incompreensível para estes
9
comparados, pelo autor, com os rituais antigos como, por exemplo, a purificação pelo
fogo ou pela água benta. Os médicos são comparados a sacerdotes, portadores do saber
baseada em poderes mágicos em uma medicina dita racional. Antes disso, os cuidados
das dores e feridas – do próprio doente, portanto. E o adoecer recebia uma conotação
Segundo Gallian (2000), a medicina ocidental, com raízes gregas, era uma ciência
essencialmente humanista. Via o homem como corpo e espírito – base holística. Assim,
não se deveria buscar as causas das doenças tão somente no órgão, e sim na alma. “O
que era (...) Ele era também aquele que, frente aos
limites e impossibilidades médicas, sabia
acompanhar o enfermo e seus familiares, ajudando-
os no sofrimento e na preparação para a morte,
além de intervir como orientador nos assuntos mais
diversos, tais como o despertar da sexualidade nos
adolescentes, os problemas de relacionamento do
casal e inúmeras outras questões da vida familiar
(GALLIAN, 2000).
O mesmo autor explica que foi na segunda metade do século XIX, com as
que o modelo humanista sofreu forte crise. Grandes avanços no campo do diagnóstico
esmaecimento das ciências humanas dentro da medicina nessa época. Para Gallian
em detrimento das ciências humanas e, portanto, do ser humano como um todo. Ele
questão inadiável.
Segundo De Marco, 1994 (apud Millan e cols., 1999, p. 41), diante da ênfase
“sujeito-objeto”.
Para Millan e cols. (1999, p. 27), as buscas pelo “prolongamento eterno” das
Mas, se por um lado, a longevidade (quantidade) tem sido ampliada, o mesmo não
tem acontecido com a qualidade de vida, que não deve ser entendida tão somente como
o bem estar físico, ficando esvaziada pela ausência das contribuições das ciências
humanas na medicina.
Gallian (2002) acrescenta que o saber humanista tem suas bases na “na literatura, na
O mesmo autor argumenta que a arte tem um poder mobilizador - criar empatia,
seja para o médico, para o estudante de medicina, ou para quem for. Isso porque,
segundo Afonso López Quintás (apud Gallian, 2002), uma obra de arte não é apenas um
única e pessoal. Assim, é preciso tomar cuidado para não confundir o humanismo com
simples erudição ou o que o autor chamou de “enciclopedismo”. Também não pode ser
Martins (apud Botega, 2002) destaca que a mídia tem enfatizado as dificuldades
da assistência médica no Brasil e que, por seu caráter sensacionalista, colabora para uma
novos recursos passam a ser desejados e buscados pelos pacientes e familiares embora
transplantes de órgãos”.
profissionais que devem optar por uma atuação clínica generalista ou por uma clínica de
especialidade. Algumas vezes se tem a impressão que se sabe cada vez mais sobre as
13
técnicas e cada vez menos sobre o sujeito – e aqui se incluem médico e paciente. Além
informações, restando pouco tempo para ter curiosidade, levantar hipóteses, confrontar
informações e então questioná-las. Ou, como afirmou Joseph Campbell (1990, p. 10):
“... o que estamos aprendendo em nossas escolas não é sabedoria de vida. Estamos
– a consciência social;
E declara:
limitador para o poder médico sobre o paciente (que a ele se entrega sem reservas),
assim como o juramento médico hindu "não cause danos ao paciente nem mesmo em
pensamento". Segundo ele, o princípio de não causar prejuízo ao paciente era mais
14
exames clínicos e recursos terapêuticos. Mas com os avanços tecnológicos das últimas
décadas, os riscos iatrogênicos têm crescido paralelamente aos benefícios que esses
Também para Meleiros (1999), praticar a medicina nunca foi tão difícil quanto
1) Quantidade de conhecimentos;
2) Exigências técnicas;
3) Perfeccionismo tecnológico;
5) Exigências sociais;
sofrido mudanças. A relação de trabalho tem imposto aos profissionais condições que
comprometem a sua própria subsistência. E se, por um lado, a tecnologia médica tem
buscado e alcançado condições para uma população mais saudável, por outro, os
médicos têm agido contra esses mesmos princípios. Ela faz menção às seguintes fontes
de pesquisa:
Zimerman, 1992 (apud Millan e cols., 1999, p. 23), descreve o que, em sua
Capacidade de comunicação.
50% dos médicos têm médicos na família e há uma correlação estreita entre
escolha matrimonial e as profissões de saúde;
14% 12%
8%
6%
4%
a
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De Marco (apud Millan e cols., 1999, p. 207), em entrevista com alguns expoentes
da medicina nos dias atuais, como Adib Domingos Jatene, Carlos da Silva Lacaz,
18
Eduardo Marcondes, Milton de Arruda Martins, Paulo Corrêa Vaz de Arruda e Thales
inconscientes, que só depois de muita reflexão poderão se tornar claros para cada
identidade, de seu ego. Assim, para Millan e cols. (1999, p.21), durante as
eles, como uma necessidade de distanciar-se dos desejos dos mesmos. Ao mesmo
21
diferentes. Segundo Erikson, 1950, (apud Millan e cols, 1999, p.22), essa pode ser
uma defesa contra o risco de autodifusão. Este não é, portanto, o momento para a
fase, quando ainda se encontram, sem saber, no ‘reino das fantasias’, pode torná-
corresponde a desejos infantis, pois a ele está autorizado tudo que a outros é
proibido: “(...) ver mulher nua, conhecer a diferença dos sexos, examinar os
genitais, saber como nascem as crianças, lidar com as fezes, urina, etc”. No
Capisano (1969) destaca que a escolha pela profissão médica pode estar
ele atribuídas para esse fim. Segundo Meleiros, esse é um dos aspectos que
22
identificação com esse ser onipotente que, na realidade da prática médica, será
fatalmente frustrado.
Dessa forma, poderá viver um sonho atual. Precisa acreditar que pode voltar a
sonhar e que o sonho de agora não é o mesmo sonho adolescente, mas uma nova
versão. Afinal, “(...) sonhar é preciso”. O seu trabalho pode se tornar uma ponte
para seus sonhos, mas o autor adverte sobre o perigo de que “a ponte se
Também para Millan e cols. (1999), a escolha pela profissão médica pode se
dar muito cedo, ainda na infância, quando a criança brinca de cuidar, manipular,
1991, refere que uma das motivações dos estudantes de medicina para a escolha
básicos:
“Dar aos outros aquilo que eles gostariam de ter dado” (impotência).
profissional:
1º) compreender
2º) ver
amigos. Ele nutre a expectativa de que seus esforços serão recompensados, com o
primeiro meses, que a sua formação será árdua e cheia de conflitos. Segundo
Millan e cols., diante desse quadro, ou o estudante consegue expressar e lidar com
Ricoeur, 1971 (apud Millan e cols, 1999, p. 43), sobre o ambiente de ensino
pensar que o outro sabe nada e que a passagem da ignorância ao saber está
embora passem 1/3 de suas vidas se preparando para a profissão médica, além do
(1)
Hipocondria: Conjunto de preocupações obsessivas em relação ao estado de saúde do próprio indivíduo que se sente preso de sensações
subjetivas a respeito de distúrbios orgânicos inexistentes (Biagioni).
29
Residência Médica:
30
Quantidade de pacientes
Dilemas éticos
estresse na carreira médica o contato com emoções muito intensas, tais como:
Mas pode ser também um motivo para evitá-lo ou adiar sua consulta,
a) Exaustão emocional
b) Despersonalização
No nível fisiológico...
cefaléia
taquicardia
tensão muscular
anorexia
insônia.
No nível psicológico...
devaneios
cinismo quando lhes é oferecida ajuda. Justificam seu mal estar dizendo estarem
35
(Fonte: http://usuarios.cultura.com.br/jmrezende)
36
medicina tardiamente.
ser chamado de Hermes Trimegisto (três vezes grande). Entre os séculos III a.C. e
caduceu como símbolo. Essa literatura, tida como esotérica, versava sobre
suíço chamado Johan Froebe, utilizou o caduceu como símbolo para obras
clássicas em medicina, tendo sido imitado por outros editores britânicos, o que
do Olimpo”.
caduceu se cruza com uma âncora, cujo simbolismo estava ligado ao comércio
marítimo.
Fonte: http://usuarios.cultura.com.br/jmrezende
coloca dentro de si, “torna-se um deus; tem a palavra final, pode tudo e conhece
tudo”.
Fada e a Bruxa, Deus e Diabo, entre outros. “É um uso primitivo desta função que
esconde-se sob uma aparência onipotente. E adverte que “essa é a armadilha que
sentimentos”.
40
imbuídos dos seus respectivos papéis acabam por apresentar as falhas humanas”.
A mesma autora explica que a escolha por medicina pode não estar clara
aos avanços tecnológicos, cada vez mais se faz necessária a observação ao código
41
Além disso, não deve esquecer que o objetivo da medicina é o bem estar do
necessário eticamente.
paciente”.
Castillo destaca outro princípio hipocrático, que diz respeito ao sigilo das
Para Kant (apud Castillo, 2002), “(...) todo e qualquer ser humano é um fim
cuidado (e, portanto, a dor) do outro (paciente). Como se, segundo Hoirish (apud
corpo com o qual se defronta é um corpo sem vida, o cadáver – muitas vezes com
poços de formol.
Como aquela pessoa chegou ali? Qual a história impressa naqueles vincos
Haveria alguém que se importasse com essa pessoa? A despeito desses e de outros
lado podem protegê-lo, por outro lado podem desumanizá-lo se houver a sua
44
sentimentos de culpa.
contratransferência.
situações conflitivas antigas que são revividas em novos moldes, agora na sua
procura de um filho pelo pai (mãe, irmão, ou outra figura significativa para ele),
e aborrecimento pelo médico. Separar essas duas forças confere alguma segurança
mesmo objeto).
preciso que o médico esteja atento para não fixar no corpo o que é da mente,
positivos e negativos.
negando seus aspectos agressivos. Ou, como apontou Durval Marcondes (apud
Capisano, 1969), a compaixão constitui alívio para o médico. Por outro lado, o
pelo que existe no plano profundo da relação, pode repetir situações que o
laboratório, o estudante passa a lidar com seres humanos que se queixam. Quando
cuidar, servir. Assim, explica Sancovski, para ser terapêutico, o médico deve “(...)
ter apreço pelo paciente, precisando algo mais do que fazer-lhe perguntas,
cols., 1999, pg. 44) acrescenta dizendo que “O aluno se forma mais à imagem do
fugaz”.
curso de medicina:
51
Georgetown/EEUU):
(2)
- Paternalismo é a colocação de limites à autonomia individual, com o objetivo de beneficiar uma pessoa, cuja autonomia esteja limitada,
ou prevenir um dano (Godim, 1999).
(3)
– Baixo envolvimento ocorre quando o médico assistente ou outro profissional responsável pela condução do processo decide sozinho,
sem consultar qualquer outra pessoa relacionada a situação, inclusive o paciente. Este processo pode ser adequado em situações de
atendimentos de urgência, com risco de morte iminente associado. Outra situação possível é quando o médico assistente ou o profissional
responsável opta por uma alternativa entre diferentes abordagens possíveis, enquanto que a equipe, o paciente ou seus familiares se dividem
entre duas ou mais opções (Godim, 1999).
52
(4)
– Alto envolvimento é aquele que ocorre quando todos os envolvidos participam de forma ativa e democrática. O médico assistente ou
outro profissional responsável estabelece os parâmetros, mas a responsabilidade pela decisão é compartilhada entre todos os envolvidos. O
ideal é quando a decisão é tomada por consenso. Este processo pode ser útil no estabelecimento de alternativas de tratamentos de longo prazo
ou em situações limites, onde o paciente ou seus familiares, quando este está incapacitado para tomar decisões, solicitam a interrupção ou a
não adoção de novas medidas (Goldim, 1999).
(5)
- tomada de decisão de médio envolvimento o médico assistente ou profissional responsável compartilham suas opções com o paciente e
outros membros da equipe ou familiares, preservando a sua autoridade técnica. A decisão é tomada pelo profissional levando em conta as
opiniões, restrições e questões levantadas durante a discussão com os demais envolvidos. É o processo de tomada de decisão adequado a
situações usuais de atendimento em saúde, onde o paciente participa ativamente mas não existe a perda do reconhecimento da autoridade do
profissional. O paciente busca o atendimento justamente por reconhecer no profissional uma autoridade capacitada para auxiliá-lo a lidar
com um problema que lhe está afligindo (Goldim, 1999).
53
conduta “mais médica”. Isto é, que tenha por objetivo o bem estar do ser humano
paciente. Isso abre ainda mais lacunas para a desconfiança do paciente, tornando-o
assistência ao paciente.
Condições de alta;
Procedimentos cirúrgicos;
Funções cognitivas;
Hábito de automedicar-se;
ou familiar. Isso pode mostrar que estar doente não é sentido pelo médico como
também na perda do papel daquele que cura. Tem grande dificuldade em sair da
1.5. A Morte
morte.
como um fim, tão somente, que se impõe, muitas vezes, antes das realizações
seu. Sugere que a morte é o fim de uma etapa, um objetivo a ser atingido.
(6)
Materialismo: Doutrina que reduz toda a realidade à matéria. Nega a existência da alma, bem como a realidade do mundo espiritual
(Biagioni)
57
Para o autor, a ânsia pela vida constitui, em si, o que chamou de impulso
E acrescenta:
De Marco (1999, p.240) argumenta que aquele que escolhe ser médico se
arremessado para a morte (ainda que em vida). Assim, “(...) a escolha dessa
inspirar desde o desespero, pois remete aos limites dos recursos disponíveis e à
própria finitude; até o acalento, pois até no momento final mostra-se a importância
morte.
60
2. Ansiedade e Depressão
As fontes de estresse na vida cotidiana são muitas. Para quem atua no hospital,
essas fontes são incrementadas pelo contato com o paciente, a doença, a dor, a morte, o
(1999, p. 243), muitas vezes se confunde com a culpa de ter tomado tal ou qual decisão.
esvaziamento da auto-estima.
Segundo Fenichel (1997, p.370), a depressão é uma perda total ou parcial da auto-
apenas punição.
superego.
ninguém se mata sem ter, antes, pensado em matar outrem, mas voltando o ataque para
si mesmo. Aqui, a perda da auto-estima é tão completa que não restam esperanças de
recuperá-la.
(7)
Superego: Em psicanálise, instância psíquica que representa o grupo de motivações e ações formado pela identificação da criança com seus
pais e que incita o ego a defender-se dos impulsos instintivos (id) (Biagioni, 1996).
62
Outro ato suicida, segundo o autor, de caráter muito mais ativo são os atos de
rebeldia, ou seja, de assassinato, como a dizer “vejam o que fizeram; agora, têm de ser
(masoquismo).
Carla Fine (apud Lehmann, 2000), viúva de Harry Reiss (urologista em Nova
Iorque que cometeu suicídio em 1989), autora do livro “No Time to Say Goodbye”
(1997), declara que não se acredita que o outro tenha a capacidade de tirar a própria
vida até que isso aconteça e fala sobre o trágico fato de que seu então marido poderia ter
Leave Behind”. Para ele, os médicos tendem a ser rígidos e perfeccionistas, por isso
Assim, o autor defende que os psiquiatras, apesar das dificuldades em atender colegas
prática profissional, por licença médica e que não lhes seja permitido o retorno
63
prematuro. Sobre o retorno ao trabalho, recomenda que trabalhem meio período, com
atribuições bem definidas, sem chamadas de emergência que interrompam seu ciclo de
sono e que não fiquem isolados no trabalho. Além disso, que sejam monitorados nas
podemos nos identificar mais com médicos e nos pegarmos pensando que isso poderia
Vaillant e col. (apud Martins, 1996), em estudo prospectivo contando com grupo
assinalam que:
Em relação aos mecanismos para lidar com situações de crise, os médicos têm
tipo de formação reativa) também apareceu em uma proporção duas vezes superior à do
grupo controle.
Modlin & Montes (apud Martins, 1996), em estudo realizado em de 1964 com
(8)
– Formação reativa: tentativa de negar ou reprimir um impulso; atitudes tolhidas e rígidas, que obstam a expressão de impulsos contrários,
os quais, no entanto, de vem em quando, irrompem por diversos modos (Fenichel, 1997).
65
sentimentos intensos de revolta contra os pais, sendo que mais de 50% dos pais eram
relação às mães.
infelicidade, sendo que 75% tinham sérias dificuldades sexuais com as esposas.
11.5% afirmaram ter sentido, em algum momento, que a vida não tinha
sentido;
3. Qualidade de Vida
Para Forattini, 1996 (apud Rodrigues, 1998), "No que concerne à condição
família ou população".
o traço pessoal.
O mesmo autor acrescenta que, assim como os conceitos de bem estar e felicidade
Rodrigues, 1998):
dimensão de bem estar humano. Daí o empenho das ciências médicas em compreender
princípios “biopsicossociais”:
Segundo Fleck e cols. (1998), a expressão qualidade de vida foi empregada pela
primeira vez em 1964, por Lyndon Johnson, então presidente dos Estados Unidos, ao
referir que: “os objetivos não podem ser medidos através do balanço dos bancos. Eles
subjetivo de saúde.
competentes”.
contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus
profissão constitui um dos principais aspectos da relação do indivíduo com a vida. Isso
externas. Uma das expectativas internas é a de “tornar melhor” a vida de outrem e, com
isso, ser reconhecido e valorizado pelas pessoas. Acontece que, freqüentemente, essas
Enquanto expectativas externas, o autor destaca o poder aquisitivo, na ilusão de que ter
cada vez mais “coisas” represente melhor qualidade de vida. No entanto, acaba por
perceber que “algo está faltando”. Além disso, a saúde e o médico têm sido tratados
Sobre os longos períodos de trabalho a que se sujeita a maioria dos médicos, fato
muito prejudicial para as relações familiares, Cuschnir1 (1994, p. 34) argumenta que o
Para Sancovski (2002, p. 28), um dos maiores temores dos alunos de Medicina é o
verdade, eles se defrontam com muitas perdas como o tempo para o lazer e cultura, para
4. Medidas Preventivas
Sobre a formação dos futuros médicos, Martins (apud Botega, 2002) recomenda:
Capisano (1969) defende que, desde os primeiros anos de sua formação, o médico
deve ter contato com o paciente e receber orientações sobre os aspectos psicológicos das
relações, a fim de “(...) não ser traído por seus problemas pessoais”.
72
Marcondes, 1994 (apud Millan e cols., 1999, p. 35), aponta algumas deficiências
suas implicações para o estudante de medicina deve merecer maior atenção por
profissional e que contribui para elevar nosso tipo de vida”. Atenta para as
seguintes necessidades:
1. Objetivos Gerais
2. Objetivo Específico
desempenho profissional nem sempre favorecido pela realidade e o contato com os pacientes,
seus familiares, suas dores e as dores próprias possam atuar na intensificação de sintomas de
ansiedade e de depressão, com reflexos em sua qualidade de vida, tendo em vista que eles
1. População Estudada
A população alvo deste estudo foi composta por médicos residentes que atuam no
R1 - 10 médicos
R2 - 28 médicos
Mas esta atenção não pôde ser atendida, pois há uma desproporção no número de
14 homens
06 mulheres
vias. Uma delas foi entregue ao sujeito da pesquisa e a outra ficou sob
responsabilidade do pesquisador.
80
2. Instrumentos
ansiedade.
Indicado para sujeitos entre 17 e 80 anos, o BAI foi criado por Beck et al.,
Nervoso; 11. Sensação de sufocação; 12. Tremores nas mãos; 13. Trêmulo; 14.
Medo de perder o controle; 15. Dificuldade de respirar; 16. Medo de respirar; 17.
escores individuais são avaliados pelo sujeito, tendo em vista a última semana,
pacientes psiquiátricos:
00 a 11 Ansiedade mínima
12 a 19 Ansiedade leve
20 a 35 Ansiedade moderada
36 a 63 Ansiedade grave
Indicado para sujeitos entre 17 e 80 anos, o BDI foi criado por Beck, Ward,
Mendelson, Mock e Erbaugh, em 1961, e revisado por Beck, Rush Shaw e Emery
Dificuldade de trabalhar; 16. Insônia; 17. Fadigabilidade; 18. Perda de apetite; 19.
escores individuais são avaliados pelo sujeito, tendo em vista a última semana,
pacientes psiquiátricos:
00 a 10 Depressão mínima
11 a 19 Depressão leve
20 a 30 Depressão moderada
31 a 63 Depressão grave
originalmente composto por 100 itens. O presente trabalho fez uso de sua forma
Físico
Psicológico
Relações sociais
Meio-ambiente
Cada questão deve ser avaliada pelo sujeito, tendo em vista as 2 últimas
26 têm seus valores invertidos, isto é 1=5; 2=4; 3=3; 4=2 e 5=1.
3. Técnica de aplicação
envelopes eram entregues aos sujeitos que, dentro do prazo determinado no convite,
A tabela 1 apresenta os resultados obtidos para cada um dos sujeitos em relação aos três
português das escalas de Beck (Cunha, 2001). Para o WHOQOL, a pontuação de cada fator
foi transformada em uma escala de 0 a 100, sendo que o maior escore indica condições
Tabela 1 - Média (m), desvio padrão (dp) e escore individual para Depressão
(Beck Depression Inventory), Ansiedade (Beck Anxiety Inventory) e
Qualidade de Vida (WHOQOL) segundo os fatores Ambiente, Físico,
Psicológico e Social
Sujeito BDI BAI Ambiente Físico Psicológico Social Saúde Geral 4F (m)
01 0 0 88 89 96 83 75 100 89
02 2 4 69 79 75 100 50 75 81
03 12 7 44 46 42 58 75 75 48
04 3 0 50 79 71 50 75 75 62
05 9 13 66 64 71 50 50 75 63
06 5 6 59 43 63 42 75 75 52
07 8 3 72 79 67 75 25 75 73
08 5 8 63 75 79 75 75 75 73
09 5 2 69 71 67 83 75 75 73
10 1 6 56 71 67 67 75 50 65
11 20 5 66 61 50 50 50 50 57
12 2 6 47 86 71 58 75 50 65
13 15 6 56 68 50 67 75 50 60
14 1 2 72 86 71 67 50 50 74
15 3 4 63 82 67 75 75 50 72
16 7 4 63 79 50 58 100 50 62
17 3 3 53 68 63 50 75 50 58
18 1 4 63 79 67 42 50 25 62
19 19 14 47 68 50 33 25 25 50
20 15 3 53 43 46 42 50 25 46
M 6,8 5,0 60,8 70,7 64,0 61,3 63,8 58,8 64,2
dp 6,2 3,6 10,5 13,7 13,0 17,2 19,0 20,3 11,2
87
BAI – Ansiedade
f %
Escores Nível
00 a 10 Mínimo 18 90,0
11 a 19 Leve 2 10,0
20 a 30 Moderado 0 0,0
31 a 63 Grave 0 0,0
Total 20 100,0
Item Conteúdo 0 1 2 3 m dp
1 Dormência ou formigamento 18 2 0 0 0,10 0,31
2 Sensação de calor 16 4 0 0 0,20 0,41
3 Tremores nas pernas 18 1 1 0 0,15 0,49
4 Incapaz de relaxar 5 13 2 0 0,85 0,59
5 Medo que aconteça o pior 8 10 2 0 0,70 0,66
6 Atordoado ou tonto 17 3 0 0 0,15 0,37
7 Palpitação ou aceleração do coração 16 4 0 0 0,20 0,41
8 Sem equilíbrio 20 0 0 0 0,00 0,00
9 Aterrorizado 18 2 0 0 0,10 0,31
10 Nervoso 8 8 4 0 0,80 0,77
11 Sensação de sufocação 18 2 0 0 0,10 0,31
Continua...
88
Conclusão
Item Conteúdo 0 1 2 3 m dp
12 Tremores nas mãos 16 3 1 0 0,25 0,55
13 Trêmulo 18 2 0 0 0,10 0,31
14 Medo de perder o controle 14 6 0 0 0,30 0,47
15 Dificuldade de respirar 19 1 0 0 0,05 0,22
16 Medo de morrer 19 0 1 0 0,10 0,45
17 Assustado 18 2 0 0 0,10 0,31
18 Indigestão ou desconforto no abdômen 11 7 2 0 0,55 0,69
19 Sensação de desmaio 20 0 0 0 0,00 0,00
20 Rosto afogueado 19 1 0 0 0,05 0,22
21 Suor (não devido ao calor) 17 3 0 0 0,15 0,37
Conforme pode ser visto na tabela 1, a média obtida para a intensidade da ansiedade
para a amostra pesquisada foi de 5,0, com um desvio padrão de 3,6. Este resultado está de
acordo com o obtido por Cunha (2001), que pesquisou 74 funcionários de hospital geral
10,0% apresentaram nível leve e nenhum deles apresentou níveis moderado ou grave em
Leve
Mínimo
10%
90%
89
Pela tabela 3, nota-se que a maioria dos sujeitos assinalou a presença de algum sintoma
terem sofrido moderadamente. Pela validade fatorial do BAI, esses 3 itens fazem parte da
subescala autonômica, também teve uma média relativamente alta – 35,0% assinalaram terem
BDI – Depressão
f %
Escores Nível
00 a 11 Mínimo 15 75,0
12 a 19 Leve 4 20,0
20 a 35 Moderado 1 5,0
36 a 63 Grave 0 0,0
Total 20 100,0
Item Conteúdo 0 1 2 3 m dp
1 Tristeza 13 6 1 0 0,40 0,60
2 Pessimismo 13 7 0 0 0,35 0,49
3 Sentimento de fracasso 17 3 0 0 0,15 0,37
4 Insatisfação 16 4 0 0 0,20 0,41
5 Culpa 15 5 0 0 0,25 0,44
6 Punição 16 4 0 0 0,20 0,41
7 Auto-aversão 17 3 0 0 0,15 0,37
8 Auto-acusações 3 16 1 0 0,90 0,45
9 Idéias suicidas 20 0 0 0 0,00 0,00
10 Choro 15 4 0 1 0,35 0,75
11 Irritabilidade 9 10 0 1 0,65 0,75
12 Retraimento social 13 5 2 0 0,45 0,69
13 Indecisão 12 8 0 0 0,40 0,50
14 Mudança na auto-imagem 14 3 1 2 0,55 1,00
15 Dificuldade de trabalhar 13 7 0 0 0,35 0,49
16 Insônia 16 3 1 0 0,25 0,55
17 Fatigabilidade 12 7 1 0 0,45 0,60
18 Perda de apetite 18 2 0 0 0,10 0,31
19 Perda de peso 19 0 0 1 0,15 0,67
20 Preocupações somáticas 14 6 0 0 0,30 0,47
21 Perda da libido 16 4 0 0 0,20 0,41
Conforme pode ser visto na tabela 1, a média obtida para a intensidade da depressão
para a amostra pesquisada foi de 6,8, com um desvio padrão de 6,2. Este resultado está de
acordo com o obtido por Cunha (2001), que pesquisou 74 funcionários de hospital geral
20,0% apresentaram níveis leves, 5,0% apresentaram níveis moderados e nenhum deles
escores elevados (especialmente os sujeitos 1709 e 503) possuem algum grau de depressão ou
Leve
20%
Minimo
75%
Moderado
5%
Pela tabela 5, nota-se que a maioria dos sujeitos assinalou algum dos sintomas de
depressão. No item 8 (“Auto-acusações”), 80,0% dos sujeitos assinalaram “Sou crítico em
relação a mim por minhas fraquezas ou erros” (escore 1), enquanto 5% assinalaram “Eu
me culpo sempre por minhas falhas” (escore 2). No item 11 (“Irritabilidade”), 50,0%
assinalaram “Fico aborrecido ou irritado mais facilmente do que costumava” (escore 1),
enquanto 5,0% assinalaram “Não me irrito mais com coisas que costumavam me irritar”
(escore 3). Porém, para o item 9 (“Idéias suicidas”), 100% dos sujeitos assinalaram “Não
tenho quaisquer idéias de me matar”.
92
WHOQOL – Ambiente
f %
Escore Qualidade de Vida
00 a 24 Muito Ruim 0 0,0
25 a 49 Ruim 3 15,0
50 a 64 Regular 10 50,0
65 a 79 Bom 6 30,0
80 a 100 Muito Bom 1 5,0
Total 20 100,0
Para a qualidade de vida, a média obtida para o fator Ambiente foi de 60,8 (regular),
Na tabela 6, observa-se que a maioria dos sujeitos (65,0%) possui uma qualidade de
vida de ruim a regular, em relação ao fator Ambiente. Para este mesmo fator, nenhum sujeito
apresentou qualidade de vida Muito Ruim e 35,0% possuem qualidade de vida bom a muito
bom.
Pela análise qualitativa dos itens que compõem o fator Ambiente de qualidade de vida,
observa-se que os itens que mais contribuem para a sua diminuição são os itens Q9
atividades de lazer”). No item Q9, 50% dos sujeitos consideram seu ambiente físico mais ou
menos saudável e 35% consideram muito pouco saudável. Para o item Q14, 50% dos
93
percentuais (%), em relação ao escore obtido para a qualidade de vida referente ao fator
Físico.
WHOQOL – Físico
F %
Escore Qualidade de Vida
00 a 24 Muito Ruim 0 0,0
25 a 49 Ruim 3 15,0
50 a 64 Regular 2 10,0
65 a 79 Bom 11 55,0
80 a 100 Muito Bom 4 20,0
Total 20 100,0
Para a qualidade de vida, a média obtida para o fator Físico foi de 70,7 (bom), com um
Na tabela 7, observa-se que a maioria dos sujeitos (75,0%) possui uma qualidade de
vida de bom a muito bom, em relação ao fator Físico. Para este mesmo fator, nenhum sujeito
apresentou qualidade de vida muito ruim e 25,0% possuem uma qualidade de vida regular ou
ruim.
94
percentuais (%), em relação ao escore obtido para a qualidade de vida referente ao fator
Psicológico.
WHOQOL – Psicológico
f %
Escore Qualidade de Vida
00 a 24 Muito Ruim 0 0,0
25 a 49 Ruim 2 10,0
50 a 64 Regular 6 30,0
65 a 79 Bom 11 55,0
80 a 100 Muito Bom 1 5,0
Total 20 100,0
Para a qualidade de vida, a média obtida para o fator Psicológico foi de 64,0 (regular),
Na tabela 8, observa-se que a 60,0% dos sujeitos possuem uma qualidade de vida de
bom a muito bom, em relação ao fator Psicológico. Para este mesmo fator, nenhum sujeito
apresentou qualidade de vida muito ruim. 40,0% possuem uma qualidade de vida ruim a
regular.
percentuais (%), em relação ao escore obtido para a qualidade de vida referente ao fator
Social.
95
WHOQOL – Social
f %
Escore Qualidade de Vida
00 a 24 Muito Ruim 0 0,0
25 a 49 Ruim 4 20,0
50 a 64 Regular 7 35,0
65 a 79 Bom 6 30,0
80 a 100 Muito Bom 3 15,0
Total 20 100,0
Para a qualidade de vida, a média obtida para o fator Social foi de 61,3 (regular), com
Na tabela 9, observa-se que 55,0% dos sujeitos possuem uma qualidade de vida de
ruim a regular, em relação ao fator Social. Para este mesmo fator, nenhum sujeito apresentou
qualidade de vida muito ruim e 45,0% possuem uma qualidade de vida de bom a muito bom.
percentuais (%), em relação ao escore obtido para a qualidade de vida referente ao fator Saúde
(autopercepção).
WHOQOL – Saúde
f %
Escore Qualidade de Vida
00 a 24 Muito Ruim 0 0,0
25 a 49 Ruim 2 10,0
50 a 64 Regular 6 30,0
65 a 79 Bom 11 55,0
80 a 100 Muito Bom 1 5,0
Total 20 100,0
96
Para a qualidade de vida, a média obtida para o fator Saúde (autopercepção) foi de 63,8
(regular), com um desvio padrão de 19,0, conforme pode ser visto na tabela 1.
Na tabela 10, observa-se que 40,0% dos sujeitos possuem uma qualidade de vida de
ruim a regular, na sua autopercepção do fator Saúde. Para este mesmo fator, nenhum sujeito
apresentou qualidade de vida muito ruim e 60,0% possuem uma qualidade de vida de bom a
muito bom.
percentuais (%), em relação ao escore obtido para a qualidade de vida referente ao fator Geral
(autopercepção).
WHOQOL – Geral
f %
Escore Qualidade de Vida
00 a 24 Muito Ruim 0 0,0
25 a 49 Ruim 3 15,0
50 a 64 Regular 8 40,0
65 a 79 Bom 8 40,0
80 a 100 Muito Bom 1 5,0
Total 20 100,0
Para a qualidade de vida, a média obtida para o fator Geral (autopercepção) foi de 58,8
(regular), com um desvio padrão de 20,3, conforme pode ser visto na tabela 1.
Na tabela 11, observa-se que 55,0% dos sujeitos possuem uma qualidade de vida de
ruim a regular, na sua autopercepção do fator Geral. Para este mesmo fator, nenhum sujeito
97
apresentou qualidade de vida muito ruim e 45,0% possuem uma qualidade de vida de bom a
muito bom.
fatores, variando de r=0,45 (entre Ambiente e Físico) a r=0,66 (entre Físico e Psicológico).
Esses resultados estão de acordo com os obtidos em estudos sobre propriedades psicométricas
vida, isto é, quanto menor a pontuação em um dos fatores, menor a pontuação nos outros três
Na Tabela 12, chama a atenção o fato da autopercepção sobre a condição de saúde não
possuir correlação significante com os 4 fatores do WHOQOL. Isso indica que alguns sujeitos
98
subestimam a avaliação da condição de sua Saúde, uma vez que obtém escores de Regular a
sujeitos superestimam essa avaliação, embora continuem com escores regulares (escores
Para o BDI, foram verificadas correlações significantes com o fator Físico (r=–0,58) e com o
fator Psicológico (r=–0,75). As correlações entre o BDI e os fatores Ambiente e Social não
obtidos para as correlações entre o BDI e os 4 fatores de qualidade de vida são compatíveis
WHOQOL.
é positiva e moderada. Esse valor está em acordo com o obtido por Cunha (2001), que
99
22
20
18
16
14
12
BDI
10
8
6
4
2
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
BAI
vida é negativa e moderada. A figura 2 mostra o diagrama de dispersão entre o fator Físico e
qualidade de vida é negativa e alta. A figura 3 mostra o diagrama de dispersão entre o fator
Psicológico e o BDI.
qualidade de vida no fator Físico, menor a possibilidade de níveis altos de depressão. Essa
22
20
18
16
14
12
BDI 10
8
6
4
2
0
40 50 60 70 80 90 100
FÍSICO
22
20
18
16
14
12
BDI
10
8
6
4
2
0
40 50 60 70 80 90 100
PSICOLÓGICO
Questão 1 2 3 4 5 Média
grupal