EXCELENTÍSSIMO (a) SENHOR (a) DOUTOR (a) JUIZ (a) DA 7ª
VARA DO TRABALHO DE CAXIAS DO SUL – RS
Processo: 2103245-98
Flor de Liz Belas Artes Ltda, pessoa jurídica de direito privado,
documento de identificação ou inscrita no CNPJ sob n° xxxx, endereço, telefone, e-mail, vem respeitosamente à Vossa Excelência, por seus procuradores signatários apresentar
CONTESTAÇÃO
em face da Ação Trabalhista Olga Frida Gritz, pelos fatos
e fundamentos que passa a expor:
1 – BREVE EXPOSIÇÃO DOS FATOS:
A reclamante foi floricultora na empresa em questão de
25/10/2015 a 29/02/2020 e ganhava mensalmente o valor correspondente a dois salários mínimos. A reclamante após receber a notificação do aviso prévio teve uma reação violenta, gritando e dizendo-se injustiçada com a atitude do empregador. A situação chegou a tal ponto que a segurança terceirizada precisou ser chamada para conter a trabalhadora e acompanhá-la até a porta de saída. Contudo, quando deixava o portão principal, Olga começou a correr, pegou uma pedra do chão e a arremessou violentamente contra o prédio da empresa, vindo a quebrar uma das vidraças. A empresa informa que gastou R$ 500,00 na recolocação do vidro atingido, conforme nota fiscal.
2 – DO DIREITO
2.1 – 1.1. DA INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA DA
JUSTIÇA DO TRABALHO
A reclamante requer a aplicação da penalidade cominada
no Art. 49 da CLT contra os sócios da ré. Aduz que foi obrigada a assinar um documento autorizando a subtração mensal, contra a sua vontade, para aderir ao desconto para plano de saúde. Ocorre que, nos termos do Art. 114, IX, da CF/88, compete à Justiça do Trabalho processar e julgar controvérsias decorrentes da relação de trabalho, não abrangendo penalidade criminal, sendo esta incompetente para tal. Ademais, segundo o Art. 337, II, do CPC/15, cabe ao réu, antes de discutir o mérito alegar a incompetência absoluta e relativa. Posto isto, o pedido de aplicação de penalidade criminal contra os sócios da ré não pode ser pleiteado, em razão da incompetência absoluta da Justiça do Trabalho.
2.2 – DO PLANO DE SAÚDE
A reclamante afirma que foi obrigada a aderir ao desconto
para o plano de saúde, tendo assinado na admissão, contra a sua vontade, um documento autorizando a subtração mensal. Ocorre que, no ato da admissão, a Reclamante assinou o documento autorizando o desconto de plano de saúde (doc. Anexo). Sustenta-se que é inválida a presunção de vício de consentimento resultante do fato de ter o empregado anuído expressamente com descontos salariais na oportunidade da admissão. Vale ressaltar que é de se exigir demonstração concreta do vício de vontade.
2.3 – DO ADICIONAL DE PENOSIDADE:
A reclamante pleiteia o adicional de penosidade na razão
de 30% sobre o salário base, porque alega que o exercício de sua atividade era excessivamente desgastante. Embora previsto no Art. 7º, XXIX da CF/88, o adicional de remuneração para atividades penosas, o mesmo ainda não foi regulamentado. Sendo assim, o pagamento de adicional de penosidade não deve ser acolhido, uma vez que não consta previsão na CLT e não possui regulamentação em Lei especial.
2.3 – DA MULTA DO ART. 477, § 8º DA CLT:
A Reclamante verbera que o pagamento das verbas
resilitórias extrapolou o prazo legal, que somente foi creditada na sua conta 20 dias após a comunicação do aviso prévio.
Conforme estabelece o Art. 477, § 6º da CLT, o
pagamento dos valores constantes do instrumento de rescisão ou recebido de quitação deverá ser efetuado até dez dias contados a partir do término do contrato de trabalho.
Sendo assim, é infundado o pedido de pagamento da multa
prevista no Art. 477, § 8, da CLT, vez que o pagamento das verbas devidas foi dentro do prazo legal, além de que à a comprovação do pagamento pela guia da RAIS (doc. Anexo). 3 – DOS PEDIDOS:
De acordo com os fatos e fundamentos acima
apresentados, em sede de Contestação, requer a Vossa Excelência:
1) O acolhimento da preliminar de incompetência absoluta
da Justiça do Trabalho para apreciação e condenação criminal, conforme o Art. 337, II, do CPC/15 c/c Art. 114, IX, da CF/88;
2) A produção de todas as provas admitidas em direito;
3) Por hipótese absurda, ultrapassada as preliminares
avençadas, no mérito, requer que as pretensões apresentados na exordial sejam julgadas totalmente improcedentes, com a consequente condenação da Reclamante em custas processuais e demais cominações legais;