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Iº Ano
TEMA
Abdul Zacarias
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Índice
INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 3
PARA QUE SERVEM AS ELEIÇÕES ........................................................................... 3
O papel Genérico das Eleições ..................................................................................... 4
O Papel das Eleições no Caso dos países da CPLP ...................................................... 4
Alicerces do Sistema Eleitoral nos PALOP .................................................................. 6
Composição das assembleias dos Países Africanos de Língual Oficial Portuguesa
(PALOP) e algumas constatações ................................................................................. 6
CONCLUSÃO ................................................................................................................ 11
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 12
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INTRODUÇÃO
Este artigo, tem como propósito discutir o processo eleitoral nos países africanos de
língua oficial portuguesa (PALOP) A escolha desta questão prende pelo facto de, das
quatro questões colocadas nomeadamente: 1. Qual é o tipo de governação de que os
PALOP precisam hoje para o seu bom funcionamento? 2. O que eleger e para quê? 3.
Qual é o papel da politica num país democrático? 4. Que leitura podemos fazer com
vista às eleições gerais, legislativas e presidenciais?
Ao nível da Ciência Política, é de suma importância estudar eleições dado que, esta área
de saber, a “grosso modo” interessa-se em compreender as actividades que visam
conquistar, exercer e manter o poder, portanto, nos estados democráticos como dos
PALOP, as eleições constituem o veículo para o alcance do poder político.
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significa que na impossibilidade de todo o povo governar, surge a alternativa de se
eleger representantes do povo, a chamada democracia representativa. Esta, numa
concepção marxista serviria apenas para camuflar a tomada do poder por certas classes
sociais, concretamente a classe burguesa, ou seja, as eleições são o mecanismo através
do qual se permite aos oprimidos manter ou alterar os opressores. É esta última
concepção das eleições que mais se adequa para compreender o papel das eleições em
Moçambique.
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dos PALOP, primeiro porque nestes, está subjacente a ideia de que os eleitores recebem
os manifestos eleitorais dos diversos candidatos ou partidos políticos, analisam-nos e
finalmente escolhem o candidato ou partido político que apresenta o melhor manifesto,
este que posteriormente seria transformado num programa de governação.
Votar na base do programa significa que os eleitores votam no candidato ou partido que
apresenta um programa que melhor satisfaz os seus interesses.
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fim uma série de problemas que inclui o mau provimento de bens e serviços básicos à
população.
Este postulado é problemático dado que embora existam esses problemas, verifica-se
que o mesmo muitos desses países são governados por partidos libertadores, isso é,
desde que adquiriram a independência, nunca outro partido que governou. Este
fenómeno não só é observável em todos esses paises dos PALOP africanos, e também
noutros países africanos como constatado por Wall (2003), ao avançar que um padrão
marcante das transições africanas tem sido a ausência de alternância, portanto, o ex
partido único que conseguiu sobreviver à mudança para a política multipartidária com
seu poder intacto, foi capaz de usar todos os seus recursos para marginalizar a oposição
e reconsolidar o poder em todas eleições multipartidárias.
Muitas das vezes a lei eleitoral destes países não assenta numa base estratégica, ficando
vulnerável à alterações circunstanciais na base de interesses dos “grandes partidos” e
nas constatações de cada eleição. Outro aspecto não menos importante relaciona-se com
a composição das Comissões de Eleições que tendem cada vez mais a partidarizar-se
comprometendo a profissionalização da mesma. Uma outro dilema relaciona-se com os
círculos eleitorais que são muito grandes as vezes com uma densidade populacional
muito baixa.
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representação proporcional. Aos partidos políticos cabe a exclusividade de apresentação
de candidaturas. Na eleição das autarquias é usado o mesmo sistema eleitoral.
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eleitoral nacional (método integral); 3 – a comunidade angolana no exterior elege 3
deputados. A complexidade e as razões da adopção deste complexo sistema eleitoral
serão analisados nesta Conferência, numa outra comunicação que terei a honra de
apresentar.
A apresentação deste pequeno quadro dos sistemas eleitorais nos PALOP leva-se a
questionar quais as razões que levaram a que, de forma coincidente, todos eles
adoptassem os mesmos critérios de eleição dos titulares dos cargos políticos. As razões
podem ser várias mas parece-nos que se podem sintetizar nas seguintes:
1. Todos eles têm uma história comum de colonização e de luta pelas
independências;
2. Os Cinco conheceram os mesmos sistemas de governo pós-independência,
monopartidário e de orientação socialista;
3. Os processos de transição democrática foram feitos nos mesmos períodos de
tempo, sofrendo todos eles as mesmas influências resultantes da perestroika e da
glassnot, na ex- URSS e do final da guerra fria;
4. De forma mais ou menos directa todos estes países sofreram influências do
sistema político e eleitoral de Portugal, que de antiga potência colonial passou a
principal colaboradora nos processos de democratização destes países,
particularmente, no que diz respeito à elaboração da legislação constitucional e
de democratização.
Estes vários factores conduziram a que, sem que tivesse havido qualquer decisão de
ordem política, houvesse uma clara coincidência nas opções seguidas nas escolhas quer
dos sistemas eleitorais quer dos sistemas de governo.
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a realização de eleições gerais, e se esquece, por vezes, dos pressupostos subjacentes a
um estado de direito.
Os sistemas eleitorais enquanto formas de expressão da vontade eleitoral são a
manifestação da soberania do povo que confere aos eleitos o direito de governar em seu
nome e de acordo com a sua vontade.
No dizer de Jean Jacques Rosseau o processo eleitoral resulta de um contrato social
entre os cidadãos, titulares da soberania, e os governantes em que estes têm o direito de
exercer o poder em nome do povo e em seu benefício e o povo tem o direito de depor os
governantes se estes não corresponderem às suas expectativas. Apesar do caracter
polémico desta afirmação não deixa de ser justo afirmar que os governantes devem ser
titulares do que se chama de legitimidade de título e de legitimidade de exercício, isto é,
devem exercer o poder de acordo
com a vontade do povo expresso no pleito eleitoral e, simultaneamente, devem governar
de acordo com as aspirações e a vontade da maioria da população.
Ora, se é certo que deve ser através da luta política pacífica e por via das eleições que se
deve fazer o jogo político democrático, de alternância ou confirmação do poder pelas
forças políticas também é incontroverso afirmar que os eleitos não devem nem podem,
após os processos eleitorais, agirem como se tivesse havido uma transmissão plena da
titularidade da soberania do povo para eles, na base de como que um pacto de sujeição,
à semelhança do que se defendia nos finais do século XVIII, com a chamada teoria do
poder popular alienável.
Infelizmente vimos constatando que a experiência de democratização nos PALOP não é
uniforme e que apesar de quase todos, com excepção de Angola, já terem realizado mais
de uma eleição para escolha dos titulares para os cargos de Presidente da República e de
Deputados aos parlamentos, em alguns países a convivência com a democracia não tem
sido liquida e tranquila. Só assim se pode compreender os atropelos às respectivas leis
fundamentais que em alguns países estão a conduzir a situações de instabilidade política
e social.
Um outro aspecto a considerar na apreciação dos sistemas eleitorais dos PALOP é o de
que todos estes países optaram por sistemas eleitorais em que predomina o princípio da
maioria.
De acordo com este princípio o povo elege os seus representantes de acordo com o
critério da maioria e, uma vez eleitos, estes governam e decidem de acordo com esta
mesma regra. A maioria é sem dúvida o critério da democracia uma vez que sendo os
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cidadãos iguais, com os mesmos direitos e o mesmo grau de participação política na
vida pública a vontade política do maior número entre iguais converte-se em vontade
geral e esta fica juridicamente imputada ao Estado. A maioria resulta da
autodeterminação dos membros da comunidade política e deve assentar num
fundamento axiológico: sem ele não se explicam nem o consentimento nem a própria
obrigatoriedade da decisão decorrente do voto. E ele encontra-se na conjugação da
igualdade e liberdade, pelo que a regra da maioria deve ser o corolário ou uma exigência
de uma igualdade livre ou de uma liberdade igual para todos.
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CONCLUSÃO
O papel das eleições em países dos PALOP, pode se dizer em viva voz que elas não
servem para escolher boas políticas, nem para premiar ou sancionar os governante, mas
sim para intitular o regime de democrático e permitir aos oprimidos manter os
opressores.
A esmagadora maioria dos eleitores não vota para maximizar os seus ganhos, pelo
contrário, existe uma multiplicidade de factores que leva esses paises a votarem e que
esses factores não são uniformes podendo variar de região para outra, de etnia para
outra, de grau de instrução dos indivíduos portanto pode variar de indivíduo para outro,
assim sendo, os determinantes do comportamento eleitoral nos PALOP encontram suas
raízes na paz, na guerra, na historia local, na pobreza, no analfabetismo, na etnia, no
clientalismo, nas campanhas eleitorais, no desempenho político de um partido, raras
vezes no programa de um partido, no carisma do líder, etc. o que significa que a
geografia política é tão diversa e que o peso de cada factor parece relativo e nenhum
deles absolutamente é dominante.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Araújo, R.(2000), Os sistemas de governo de transição democrática nos PALOP,
Coimbra Editora, Coimbra.
Bourdier, P. (1989). “A representação política: elementos para uma teoria do campo
político.” In O Poder simbólico, translated by Fernando Tomaz, 162–203. Lisboa: Difel.
Brennan, G., & Lomasky L. (1993). Democracy & Decision: The Pure Theory of
Electoral Preference. Cambridge: Cambridge University Press.
Wall, N. van de. (2003). “Presidentialism and Clientelism in Africa‟s Emerging Party
System.” Journal of Modern African Studies 2: 108–21.
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