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1 LITISCONSÓRCIO

NOÇÕES GERAIS

Princípio da dualidade de partes

O processo civil é concebido sobre o princípio da dualidade partes. Os partícipes no


processo,
encontram-se sempre numa posição antagônica: de um lado aquele, cuja iniciativa levou
ao processo, de outro lado, aquele contra quem a iniciativa foi dirigida. O primeiro
representa a face ativa, o segundo a face passiva dessa relação. A relação processual,
dessa forma, é determinada, pelas pessoas singulares do autor e do réu.

Pluralidade de partes

A pluralidade de partes quer significar, que diversas pessoas se encontram na situação


de autores ou
de réus, como partes processuais. Isto não necessariamente quer dizer, que se deva
aqui conceber a expressão processo, como sendo um único. Todo processo é, ao
mesmo tempo, eis que essa sua natureza, uma relação jurídica processual, isto é, a
relação jurídica unitária, que abrange a totalidade das relações processuais existentes,
de um lado, entre o juízo e as partes e, de outro lado, entre as partes entre si.
Embora ao lado de cada uma das partes, possam figurar diversas pessoas e, assim,
tornarem-se
litisconsortes, todas estas pessoas aparecem sempre na relação entre si apenas como
duas partes antagônicas. Um processo, que contenha diversas partes compreende, na
verdade, tantos processos, quantos forem as relações jurídicas processuais
instauradas. Na realidade, a figura da pluralidade de partes, representa uma pluralidade
de relações processuais, portanto, de processos, no âmbito de um apenas
exteriormente unitário processo. Com o litisconsórcio tornam-se comuns o procedimento
e a produção de provas; há, portanto, pluralidade de processos com atos processuais
comuns num só procedimento.

Conceito de litisconsórcio

O princípio da dualidade das partes, como visto, não implica dizer que na polarização,
necessariamente haja de figurar apenas uma pessoa em cada posição. Existindo mais
de uma pessoa neste ou naquele pólo, o processo guarda ainda assim sua estrutura
dual, eis que na relação jurídica processual permanecem apenas duas partes
antagônicas. Numa hipótese dessas, em que existem mais partícipes nos polos ativo e
passivo, é que se dá a cumulação subjetiva ou litisconsórcio.

CLASSIFICAÇÕES

O litisconsórcio costuma ser classificado quanto à posição processual dos sujeitos,


quanto ao aspecto
cronológico de sua formação, quanto à natureza da ligação entre os litisconsortes e
quanto à sentença a ser nele proferida.

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Quanto à posição processual

Conforme se encontre pluralidade de sujeitos no pólo ativo ou no pólo passivo do


processo, será o
litisconsórcio denominado. Havendo pluralidade de autores o litisconsórcio será ativo.
Se há pluralidade de réus, trata-se litisconsórcio passivo. Apresentando ambos os polos
do processo pluralidade de figurantes, tratar-se-á de litisconsórcio misto.

Quanto ao aspecto cronológico de sua formação

A união das relações jurídicas processuais pode constituir-se já com processo, desde o
seu início,
através de demanda conjunta, ou, posteriormente, através do ingresso de outros
demandantes ou da inclusão de outros demandados, ou, ainda, através da reunião de
processos pendentes no mesmo juízo, por ordem deste. Sobre a questão de enquadrar-
se na figura de litisconsórcio ulterior o litisconsórcio necessário, na hipótese prevista no
artigo 47, parágrafo único, formado por determinação do juiz, quando não presente na
demanda inicial consorte necessário, há opiniões divergentes.
Partindo-se da ideia de diversidade de relações jurídicas processuais, ou seja de
diversidade de
processos, no litisconsórcio, unidos num só procedimento comum, sendo o litisconsórcio
necessário, a relação jurídica processual que se forma em consequência de
determinação do juiz e que se há de se ligar à existente, constituirá certamente
litisconsórcio ulterior, visto que já iniciado o procedimento que lhes será comum.
É ulterior, ainda, o litisconsórcio, como já se disse acima, quando se constitui por força
do
chamamento ao processo por iniciativa do réu. Na denunciação da lide, todavia, mesmo
se o denunciado comparece em juízo para integrar o processo ao lado do denunciante
(art. 127 do CPC), não se constitui o litisconsórcio.
A posição do denunciado, a despeito do texto legal, seguida por parte da doutrina, é a
de assistente
do denunciante. É que, como bem ressaltam aqueles que enxergam na posição do
denunciado a de assistente, não é ele parte no processo. Não tem ele qualquer relação
jurídica com o adversário do denunciante, daí que carecedor de legitimidade para a
causa.
Ademais, tem ele interesse jurídico em que o denunciante vença a demanda,
desobrigando-se,
assim, de indenizá-lo em ação de regresso. Portanto, se o terceiro ingressa no processo
como denunciado, sua posição em relação às partes não é outra senão a de assistente
e como tal é tratado. Suas prerrogativas se pautam paradigmaticamente, por aquelas
que dizem respeito ao assistente. O seu ingresso no processo, não faz dele parte, visto
não ser ali nem autor nem réu. Logo, não o sendo nem um nem outro não pode ser
litisconsorte.
Há a formação de litisconsórcio ulterior ainda, reitere-se, quando o juiz, a pedido da
parte ou de
ofício, nas hipóteses de conexão ou continência, ordena a reunião de processos no juízo
pendentes (art. 57 do CPC).

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Quanto à natureza de sua formação

A regra no processo civil é a da dualidade das partes, que se apresentam singularmente


em posições
antagônicas como autor e réu. Sendo assim, a conjunção de mais figurantes num dos
polos do processo não fica ao alvedrio dos interessados na pluralização. A formação do
litígio em comunhão de partícipes, só é possível quando preenchidos certos
pressupostos autorizadores da união. A formação do litisconsórcio, portanto, pressupõe
sempre a autorização ou a exigência da lei. Fora das hipóteses declinadas na lei é
inadmissível o litisconsórcio. O Código de Processo Civil trata das hipóteses
autorizativas do litígio conjunto no artigo 113, estabelecendo sua exigência no artigo
114.
Se há a autorização legal, mas não a obrigatoriedade quanto à sua formação, o
litisconsórcio será
facultativo. No litisconsórcio facultativo, os processos se acham somente reunidos de tal
forma, a permitir que cada um preserve sua independência jurídica dos demais. Trata-
se de uma reunião de relações jurídicas processuais autônomas.
Por isso, os pressupostos processuais são analisados com relação a cada um dos
litisconsortes
individualmente. Faltando pressupostos processuais, apenas a relação viciada é
inadmitida. Há que se distinguir os pressupostos processuais dos pressupostos do
litisconsórcio.
Em regra, na ausência de quaisquer dos pressupostos do litisconsórcio, a consequência
não é a
decretação da extinção do processo, mas a dissolução do mesmo. A união de processos
pode ser desfeita a qualquer tempo, pelo juízo, eis que o litisconsórcio não constitui um
único processo.
São exemplos de litisconsórcio facultativo: (com base no inciso II do art. 113 do CPC,
conexão pelo
objeto ou pela causa de pedir) a ação da vítima contra os responsáveis pelo fato
delituoso; a demanda do credor contra os devedores solidários; a demanda em conjunto
de vários credores contra devedor comum; a demanda da vítima de acidente de
veículos, em que há culpa de motorista de empresa, contra o mesmo e a empresa
proprietária do veículo etc.... (Com base no inciso III do art. 113 do CPC, afinidade de
questões por um ponto comum de fato ou de direito) ação de repetição de indébito contra
a Fazenda Pública, pela cobrança de tributo tido por inconstitucional, promovida por
vários contribuintes etc...
Se é indispensável que a ação seja proposta por diversos autores ou contra diversos
réus, seja pela
natureza da relação jurídica, seja por a lei assim o exigir, o litisconsórcio será
necessário.
O litisconsórcio necessário pode se dar tanto por razões legais, quanto em função da
natureza da
relação jurídica de direito material. A necessariedade por motivos processuais se dá em
função da economia processual e da segurança das decisões, para evitar sejam elas
contraditórias.
Constituem exemplos de litisconsórcio necessário por disposição da lei: o de marido e
mulher, nas
demandas versando sobre direitos reais imobiliárias, tanto como autores (Art. 73, CPC),
quanto como réus (art. 73, § 1º, CPC); o de todos os condôminos, na demanda de

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divisão de terras (arts. 569, II e 572, §1º, CPC); o de todos os confinantes, nas
demandas de demarcação de terras (arts. 569).
Há litisconsórcio necessário em razão da relação jurídica de direito material, sempre que
não seja
possível a cisão da mesma ou que a legitimação para a causa seja conjunta, isto é
sempre que para o exercício da pretensão se exija a participação de todos os sujeitos
da relação jurídica.
São exemplos de litisconsórcio necessário, face a natureza da relação jurídica
controvertida (una e
não cindível): as demandas de partilha, onde serão citados todos os quinhoneiros; a
ação de nulidade de casamento, pelo Ministério Público, com a citação obrigatória dos
cônjuges; a ação de dissolução de sociedade, com a citação obrigatória de todos os
sócios; etc...

Quanto à decisão a ser proferida

Os dois regimes legais, que explicitam a natureza do litisconsórcio separam as hipóteses


entre o
litisconsórcio unitário e o litisconsórcio simples ou comum.

Litisconsórcio simples ou comum

O chamado litisconsórcio simples ou comum, caracteriza-se como uma pluralidade de


processos, que
por motivos finalísticos, são unidos com vistas à uma instrução comum e, não
necessariamente, uma única sentença. Há de aí a possibilidade de decisões divergentes
em relação à cada uma das relações jurídicas processuais litisconsorciadas.

Litisconsórcio unitário

Diversamente do litisconsórcio simples, no litisconsórcio unitário é a intensidade do


vínculo de
ligação entre as relações jurídicas processuais o que o caracteriza. É que, em razão da
unitariedade da relação jurídica no plano material, no litisconsórcio unitário só será
possível uma decisão uniforme para todos os litisconsortes. Enquanto no litisconsórcio
simples há união de processos, que guardam sua independência jurídica, no necessário
a decisão sobre os objetos litigiosos da união de processos há de ser uniforme. É o caso
da ação de anulação de casamento proposta pelo Ministério Público (art. 208, parágrafo
único, nº II, do Código Civil), em que necessariamente se forma o litisconsórcio em face
de ambos os cônjuges e onde a decisão, diante da impossibilidade da cisão da relação
jurídica, há de ser uniforme para ambos, não podendo ser declarado nulo o casamento
para um e válido para o outro.
Em regra o litisconsórcio unitário é necessário. Mas só em princípio, posto que o que se
verifica é que
nem sempre é necessário. Ilustrativos são os casos de condôminos que reivindicam a
coisa comum e de credores solidários com relação à dívida comum. Ajam eles em
conjunto ou separadamente, a decisão será sempre uniforme para todos os
interessados, a despeito, pois, de não ser necessário o litisconsórcio.
Mas há também casos em que o litisconsórcio é necessário sem que seja unitário, como
são as

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hipóteses do concurso de credores do devedor insolvente e das ações divisórias e
demarcatórias, onde as partes são obrigatórias, mas a decisão das pretensões de uns
e de outros pode ser diferente.
No litisconsórcio simples, faltando pressuposto processual com relação a um
litisconsorte ativo ou
com relação a um litisconsorte passivo, somente em relação a estes é declarada a
inadmissbilidade, prosseguindo o processo com relação aos demais litisconsortes. No
litisconsórcio unitário, ao contrário, a ausência de pressuposto processual unitário torna
inadmissível a apreciação do mérito da causa em relação a todos os litisconsortes. Dado
que no litisconsórcio necessário unitário há a unitariedade do objeto do processo,
decorrente da relação jurídica no plano material, a pressupor a legitimação conjunta dos
litisconsortes, a ausência de pressuposto processual com relação a um dos
litisconsortes, se estende aos demais.

Regime jurídico do litisconsórcio

A regra geral que rege o litisconsórcio é a da independência dos


litisconsortes. O artigo 117, do Código de Processo Civil prevê que os litisconsortes
serão considerados em suas relações com a parte adversa, como litigantes distintos.
Mas o dispositivo prevê também exceções à regra, ao estabelecer no início da redação
que salvo disposição em contrário a autonomia dos litisconsortes entre si e em relação
à parte contrária é garantida.
Em relação ao litisconsórcio simples o princípio da autonomia é quase irrestrito. Os
litisconsortes
simples são considerados litigantes distintos e independentes uns dos outros. É que no
litisconsórcio simples, vale lembrar, a decisão a ser ali exarada não será
necessariamente uniforme em relação a todos os litisconsortes. Por isso, ali, em razão
da possibilidade de cisão dos atos de cada um dos litisconsortes, os atos de um ou de
outro não aproveitam nem beneficiam aos demais. Assim é que, atos de disposição de
direito, como a confissão, a renúncia, reconhecimento jurídico do pedido, transação etc.,
aproveitam com validade e eficácia somente a quem os praticou.
A regra não se aplica ao litisconsórcio unitário, onde a decisão a ser exarada há de ser
uniforme em
relação a todos os litisconsortes. A despeito da existência de várias relações jurídicas
processuais no litisconsórcio, acham-se elas envolvidas por um procedimento. No
litisconsórcio unitário essa caracterizadora unidade procedimental é a nota mais
acentuada. Em razão da impossibilidade de cisão na sorte dos litisconsortes no plano
do direito material, a independência da atividade dos litisconsortes no litisconsórcio
unitário é muito restrita. Assim, o reconhecimento do pedido, a renúncia e confissão
praticados por apenas um dos litisconsortes é ineficaz, enquanto não convalidados por
todos os litisconsortes unitários. No entanto em razão da incindibilidade da relação
jurídica no litisconsórcio unitário, a exigir decisão uniforme para todos os litisconsortes,
os atos benéficos praticados por um deles aproveita aos demais, ao passo que os
prejudiciais não.

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2 INTERVENÇÃO DE TERCEIROS

Conceito de terceiros
Por terceiros hão que ser entendidos todos aqueles, que não figuram como partes em
um processo
pendente. Essas pessoas, pois, que em virtude de um interesse que tenham na
demanda alheia pendente, é que, na qualidade de terceiros, podem nela intervir.
Parece claro que a participação de terceiros num processo alheio, não possa dar-se
sem o
estabelecimento de requisitos a serem satisfeitos. O terceiro deverá demonstrar
legitimidade para poder ingressar em lide que não é sua. Há de existir por parte do
terceiro um interesse no deslinde da contenda. Não basta, todavia, um interesse
qualquer. Este deve revestir-se de uma substancialidade, que justifique a participação
de um estranho no processo. Somente quando a decisão a ser ali exarada possa vir a
prejudicar o terceiro, ou possa vir a influenciar uma decisão outra sobre direito seu,
estará para ele caracterizado um interesse legítimo a que lhe seja assegurada a
possibilidade de ingressar em contenda estranha, para, ali cooperando, poder
influenciar seu resultado, ou defender direito seu.

Intervenções Espontâneas X Intervenções Provocadas

Antes de se analisar as modalidades de Intervenção de Terceiros, é interessante trazer


à tela a
presente divisão doutrinária das Intervenções.
Por Intervenções Espontâneas, entende-se que são àquelas de iniciativa de um terceiro
que não faz
parte da relação processual, sendo o caso da Assistência e do Amicus Curiae.
Já as Intervenções Provocadas ocorrem quando uma parte do processo chama um
terceiro estranho
à relação para integra-la, sendo, portanto, o que ocorre na Denunciação da Lide,
Chamamento ao Processo, Incidente de Desconsideração de Personalidade Jurídica e
também no Amicus Curiae, sendo este portanto uma figura híbrida.

Classificação

A Intervenção de Terceiros no CPC/2015 tem as seguintes modalidades:

• Assistência;
• Denunciação da Lide;
• Chamamento ao Processo;
• Incidente de Desconsideração da Personalidade Jurídica; Amicus Curiae.

Da Assistência

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A Assistência pode ser entendida como a modalidade de Intervenção de Terceiros
Espontânea, cuja
finalidade é que um terceiro estranho a relação processual auxilie a parte em uma causa
em que tenha interesse jurídico.
Tal modalidade poderá ser admitida em qualquer procedimento e em todos os graus de
jurisdição.
Feito o pedido de assistência, as partes terão o prazo de 15 dias para impugna-lo, onde
havendo a
impugnação, o juiz decidirá o incidente sem suspender o processo.
Não sendo realizada a impugnação neste prazo, ou não sendo o caso de rejeição liminar
(quando
faltar ao terceiro interesse jurídico) o pedido será deferido e o assistente ingressará no
processo, recebendo-o no estado em que se encontre, ou seja, não haverá novamente
a prática de atos já realizados quando do seu ingresso na demanda.

Assistência pode se dar de duas formas: simples e litisconsorcial.

Da Assistência Simples
A Assistência Simples é aquela realizada por terceiro que pretende, apenas, auxiliar
uma das partes
da vitória do feito, estando disciplinada nos artigos 121 à 123 do NCPC.
O assistente simples exercerá os mesmos poderes e estará sujeito aos mesmos ônus
processuais que
o assistido, ou seja, não poderá exercer os atos praticados pelo assistido, por exemplo,
caso o assistido não recorra de determinada decisão, o assistente não poderá recorrer.
Todavia, ressalta-se que, embora a atuação do assistente esteja adstrita aos atos
praticados pelo
assistido, poderá o assistente ser considerado o substituto processual do assistido caso
este seja revel ou omisso.
Além disso, ainda que haja a Assistência simples, a parte principal poderá reconhecer
a procedência
do pedido, desistir da ação ou renunciar ao direito que se funda a ação ou transigir sobre
direitos incontroversos.
Por fim, havendo o trânsito em julgado da sentença do processo em que o assistente
interviu, este
não poderá discutir a justiça da decisão em processo posterior salvo se alegar e provar
que, foi impedido de produzir provas suscetíveis de influir na sentença em decorrência
do estado em que recebeu o processo ou pelas declarações e pelos atos do assistido e
no caso de provar que desconhecia a existência de alegações ou de provas das quais
o assistido, por dolo ou culpa, não se valeu.

Da Assistência Litisconsorsial

Disposta no artigo 124 do NCPC, a Assistência Litisconsoricial restará configurada


quando o terceiro

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intervir no processo com a intenção de formar um litisconsórcio ulterior, sempre que a
sentença irá influir na relação jurídica entre ele e o adversário do assistido.
Isto ocorre, pois o assistente litisconsorcial tem relação direta com a parte adversa do
assistido. Neste caso o assistente defende direito seu em juízo, em litisconsórcio com o
assistido.
É a clássica situação de uma ação de despejo entre locador e locatário, e que ainda há
um contrato
de sublocação. Neste caso, o sublocatário poderá intervir como assistente litisconsorcial
do locatário, já que será influenciado pelo resultado da sentença a ser proferida na
demanda.

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3 DENUNCIAÇÃO DA LIDE

Noções gerais

O assistente intervém no processo, por seu próprio interesse, para auxiliar a parte a
tornar-se
vencedora. Nem sempre, todavia, o terceiro intervém como assistente num processo
estranho, visto que a possibilidade do ingresso constitui faculdade que é sua.
A par de seu interesse na vitória da parte assistida é, sem dúvida, importante que ele
venha a tomar
conhecimento do feito, para que possa fazer valer sua faculdade de ingresso em
processo estranho como assistente.
Por outro lado, pode também haver uma exigência legal, ou um destacado interesse por
parte do
autor e do réu, na participação de terceiro no processo, sobre o qual por qualquer
circunstância pretendem fazer incidir a eficácia da intervenção.
À possibilidade do autor ou do réu de dar conhecimento da lide a terceiro e além disso
de fazer
extensível a ele a eficácia da intervenção, recebe a denominação legal de denunciação
da lide. A denunciação da lide é, assim, a cientificação formal de um terceiro sobre
pendência de uma processo, provocada por iniciativa do autor ou do réu, possibilitando-
lhe a o ingresso no processo em que demandam.
A denunciação da lide constitui demanda secundária de natureza condenatória, ajuizada
simultaneamente ou no curso de outra ação condenatória. É, pois, o ato pelo qual o
autor ou o réu chamam a juízo uma terceira pessoa, a que se liguem por uma relação
que o obriga numa ação de regresso a ressarcir os prejuízos que possam vir a ter, caso
sejam vencidos na demanda ajuizada.
Deste modo evidencia-se não existir a obrigatoriedade da denunciação, o que há é um
ônus imposto
à parte que, se não o faz, suporta as desvantagens da sua omissão, ou seja a perda do
direito de regresso contra aquele que é garante do seu direito discutido em juízo. Por se
tratar da perda do direito material, inadmissível será também a ação autônoma daquele
que foi parte em ação onde deveria ter ocorrido a denunciação.

Conceito

A denunciação da lide é a cientificação formal de um terceiro sobre a pendência de uma


processo,
provocada por iniciativa do autor ou do réu, possibilitando-lhe a o ingresso no processo
em que demandam. É, pois, o ato pelo qual o autor ou o réu chamam a juízo uma terceira
pessoa, a que se liguem por uma relação que o obriga numa ação de regresso, a
ressarcir os prejuízos que possam vir a ter, caso sejam vencidos na demanda ajuizada.
A denunciação da lide constitui demanda secundária de natureza condenatória, ajuizada
simultaneamente ou no curso de outra ação condenatória.
Tratada nos artigos 125 ao 129 do CPC, a Denunciação da Lide é a modalidade de
intervenção

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provocada onde o Autor e Réu pretendem resolver demanda regressiva contra um
terceiro, onde aquele que eventualmente perder a demanda já aciona um terceiro para
que este o indenize em ação de regresso. Simplificadamente, pode-se dizer que a
Denunciação da Lide nada mais é do que uma ação de regresso incidente a um
processo já existente.
O CPC inova nesta modalidade ao deixar de torna-la obrigatória, e sendo cabível apenas
em duas
hipóteses:
• ao alienante imediato, no processo relativo à coisa cujo domínio foi transferido ao
denunciante, a fim de que possa exercer os direitos que da evicção lhe resultam, sendo
permitida, neste caso, uma única denunciação sucessiva, promovida pelo denunciado,
contra seu antecessor imediato da cadeia dominial ou quem seja responsável por
indenizá-lo, não podendo o denunciado sucessivo promover nova denunciação;
• àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva, o
prejuízo de quem for vencido no processo.
O CPC ainda inova ao trazer que, caso a denunciação da lide seja indeferida, deixe de
ser promovida
ou não for permitida, o direito regressivo poderá ser exercido por ação autônoma, que,
inclusive, poderá ser distribuída por dependência.
Poderá o direito de regresso também ser discutido em ação autônoma quando, na
denunciação
sucessiva, no caso do denunciado sucessivo, quer não pode promover nova
denunciação.

No tocante a citação do denunciado, esta deverá ser requerida na petição inicial, sendo
o
denunciante o autor ou na contestação no caso do denunciante ser o réu, sendo este o
momento processual para exercer exerce-la.
Sendo deferido, o juiz, de ofício, mandará proceder a respectiva anotação pelo
distribuidor nos
termos do parágrafo único do artigo 286 do CPC.
No caso da denunciação ser feita pelo autor, o denunciado poderá assumir a posição
de litisconsorte
do denunciante e acrescentar novos argumentos à petição inicial, devendo, desta forma,
ser procedida à citação do réu.
Porém sendo ela feita pelo réu, o artigo 128 do CPC, traz 3 consequências que podem
ocorrer:
• Denunciado contestar o pedido do Autor: nesta hipótese, o processo prosseguirá,
formando na ação principal um litisconsórcio entre o denunciante e denunciado;
• Denunciado for revel: ocorrendo tal situação, o denunciante poderá deixar de prosseguir
com sua defesa, eventualmente oferecida, bem como abster-se de recorrer, restringindo
sua atuação à ação regressiva;
• Denunciado confessar os fatos alegados pelo autor na ação principal: neste caso, o
denunciante poderá prosseguir com sua defesa ou, aderindo a tal reconhecimento, pedir
apenas a procedência da ação de regresso. Todavia, pontua-se que a que a confissão
do denunciado não prejudica a defesa do denunciante (réu) na ação contra o autor

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O julgamento da demanda principal será conjunto com a denunciação à lide, e, sendo o
pedido da
ação principal julgado procedente, poderá o autor requerer o cumprimento da sentença
também contra o denunciado, nos limites da condenação deste na ação regressiva.
A denunciação da lide, embora seja ação autônoma, possui dependência em relação à
ação principal,
ou seja, só haverá necessidade de julgar a denunciação se a ação principal for julgada
contra o denunciante, situação em que o juiz terá que analisar o direito de regresso do
denunciante e, relação ao denunciado.
Em relação a sucumbência, se a ação principal foi improcedente, então significa que a
denunciação
da lide foi desnecessária e assim o denunciante pagará as verbas de sucumbência em
relação ao denunciado.
Por fim, pontua-se que, com o CPC, não é mais cabível a denunciação per saltum, ou
seja, quando o
adquirente, denominado evicto, quiser exercer os direitos resultantes da evicção, poderá
notificar qualquer componente da cadeia negocial, ou seja, o alienante imediato ou
alienantes mediatos, demandando assim em face daquele que não possui qualquer
relação jurídica de direito material, admitida na sistemática do CPC/1973 por força do
artigo 456 do Código Civil, que foi revogado pelo artigo 1072 do CPC.

Do Chamamento ao Processo

Tratado nos artigos 130 ao 132 do CPC, Trata-se de direito do réu de chamar, para
ingressar no polo
passivo da demanda, os corresponsáveis por determinada obrigação.
Diferencia-se da denunciação da lide, uma vez que nesta se tem a ação de regresso e
deve-se
demonstrar que o denunciado é que deverá responder pela condenação, no
chamamento ao processo a condenação é automática, estando, portanto, ligado a ideia
de solidariedade.
Não é uma modalidade de intervenção obrigatória, podendo ser feito apenas pelo Réu,
tendo por fim
a economia processual, visto que não seria necessário um novo processo de cognição
exauriente para regular a corresponsabilidade.
Tem cabimento nas seguintes hipóteses:
• Do afiançado, na ação em que o fiador for réu;
• Dos demais fiadores, na ação proposta contra um ou alguns deles;
• Dos demais devedores solidários, quando o credor exigir de um ou de alguns o
pagamento da dívida comum.
O chamamento ao processo deve ser realizado pelo réu no ato da contestação, sob
pena de
preclusão. Se não realizar o pedido na contestação, em caso de sucumbência, terá que
ajuizar nova ação contra os corresponsáveis.
Além disso, a citação deverá ser promovida em 30 dias sob pena de ficar sem efeito o
chamamento,

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sendo tal prazo é peremptório, portanto, e corre a partir do despacho do juiz que deferir
a citação dos corresponsáveis. O prazo de 30 (trinta) dias, todavia, não é para a
realização do ato em si, mas sim para que o réu implemente as condições necessárias
a realização da citação, como pagamento de custas, cópias, endereços e etc.
Por fim, a sentença de procedência valerá como título executivo em favor do réu que
satisfizer a
dívida, a fim de que possa exigi-la, por inteiro, do devedor principal, ou, de cada um dos
codevedores, na proporção da sua quota.

Do Incidente de Desconsideração da Personalidade Jurídica

A desconsideração da personalidade jurídica é instituto previsto no


Código de Defesa do Consumidor (art. 28) e no Código Civil (art. 50), que autoriza
imputar ao patrimônio particular dos sócios, obrigações assumidas pela sociedade,
quando e se a pessoa jurídica houver sido utilizada abusivamente, como no caso de
desvio de finalidade, confusão patrimonial, liquidação irregular, dentre outros.
O instituto contempla, também, a chamada desconsideração inversa, em que se imputa
ao
patrimônio da sociedade o cumprimento de obrigações pessoais do sócio.
Tal incidente é cabível em todas as fases do processo de conhecimento, no
cumprimento de
sentença e na execução de título extrajudicial, sendo instaurado a pedido da parte ou
do Ministério Público, nos casos em que lhe couber intervir no processo, devendo haver
para tanto, a observância dos requisitos legais dos artigos 28 do CDC e/ou 50 do Código
Civil.
Uma vez instaurado, o incidente deverá ser imediatamente comunicado ao distribuidor
para as
anotações devidas, sendo que, qualquer alienação feita após isso, será considerada
fraude à execução.
Vale ressaltar que tal modalidade de intervenção terá grande impacto na área
empresarial,
sobretudo na recuperação judicial, pois em havendo o concurso de credores, aquele
que pedir por primeiro o incidente também terá a preferência sobre os bens encontrados.
Outro ponto que merece ser destacado é que, embora o Novo CPC não traga isso de
forma expressa,
no incidente de desconsideração é cabível o pedido das tutelas provisórias de urgência,
isso porque como estas estão dispostas na parte geral do Código, têm aplicabilidade a
todas as fases e procedimentos do Diploma, contanto que preenchidos seus requisitos
para ser concedida, devendo apenas o pedido ser feito.
A instauração do incidente será dispensada se a desconsideração da personalidade
jurídica for
requerida na petição inicial, hipótese em que o sócio ou pessoa jurídica será citado.
Por outro lado, uma vez instaurado o incidente, o sócio ou pessoa jurídica será citado
para
manifestar-se e requerer as provas cabíveis no prazo de 15 dias. Aqui pontua-se uma
observação: para se evitar problemas, como a possível dilapidação do patrimônio ou a
ocultação de bens, com o contraditório prévio trazido pelo artigo 135, é recomendável

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já se pedir juntamente com o incidente a tutela antecipada, por exemplo, no pedido do
incidente já pedir em sede de tutela de urgência o bloqueio on-line dos bens.
Sendo citado, o sócio ou pessoa jurídica será parte no processo, não podendo se
defender por meio
de Embargos de Terceiro, mas tão apenas pela manifestação a que diz respeito o artigo
135 do NCPC, onde poderá se defender tanto demonstrando que não estão presentes
os requisitos para a desconsideração, manifestando-se no sentido de obter provimento
jurisdicional favorável ao responsável originário, bem como em nome dos princípios do
contraditório, ampla defesa e devido processo legal, alegar outras matérias afetas ao
mérito do incidente, tais como excesso de execução, cálculos incorretos, dentre outros.
Finda a instrução o incidente será resolvido, em regra, por decisão interlocutória que
pode ser
recorrida mediante o recurso de Agravo de Instrumento, nos termos do artigo 1015 do
NCPC. Porém caso a decisão que resolver o incidente for proferida pelo relator, caberá
o recurso de Agravo Interno.
Finalmente, uma vez acolhido o pedido de desconsideração, a alienação ou oneração
de bens, havida
em fraude á execução, será ineficaz em relação ao requerente.

Do Amicus Curiae

Outra inovação trazida pelo CPC/2015, o Amicus Curiae é uma modalidade de


intervenção, tanto
espontânea quanto provocada, onde um terceiro, sem interesse jurídico, irá instruir o
poder judiciário para que a decisão por este proferida seja mais qualificada, motivada.
Ou seja. O Amicus Curiae irá qualificar o contraditório trazendo mais subsídios para a
decisão do juiz, apresentando dados proveitosos à apreciação da demanda,
defendendo, para tanto, uma posição institucional.
A partir do Novo Código, tal intervenção poderá ser aplicada em todos os graus de
jurisdição.
Ressalta-se que o Amicus Curiae não pode ter interesse jurídico na causa, apenas
institucional, pois
se assim fosse, estaríamos diante de outra modalidade de intervenção, a Assistência.
Será admitido pelo juiz ou relator, considerando a relevância da matéria, a
especificidade do tema
objeto da demanda ou a repercussão social da controvérsia, de ofício ou a requerimento
das partes, mediante decisão irrecorrível, cabendo ao juiz ou relator definir os poderes
do Amicus Curiae.

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