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• NARCISISMO

• Narcisismo: qualidade daqueles que se narcisam. O estado em que a libido é


dirigida ao próprio ego; amor excessivo a si mesmo. Autoadmiração e
autocontemplação.

• Narciso: personagem famoso pela admiração a sua própria beleza. Homem


muito vaidoso, enamorado de si mesmo.

• DICIONÁRIO AURÉLIO

• NARCISISMO: Por referência ao mito, é o amor pela imagem de si mesmo.

Vocabulário de Psicanálise
Laplanche e Pontalis

• MITO

• Narciso era um belo rapaz indiferente ao amor, filho do deus do rio Céfiso e
da ninfa Liríope. Por ocasião de seu nascimento os pais perguntaram ao
adivinho Tirésias qual seria o destino do menino, pois ficaram muito
assustados com a sua beleza rara e jamais vista. A resposta foi que ele teria
vida longa se não visse a própria face. Muitas moças e ninfas apaixonaram-
se por Narciso quando ele chegou à fase adulta, mas o belo jovem não se
interessou por nenhuma delas.

• A ninfa Eco, uma das apaixonadas, não se conformando com a indiferença


de Narciso, afastou-se amargurada para um lugar deserto onde definhou até
a morte e restaram somente seus gemidos. As moças desprezadas pediram
aos deuses que a vingasse. Nêmesis apiedou-se delas e induziu Narciso,
depois de uma caçada num dia muito quente, a se debruçar na fonte de
Téspias para beber água.
• Nessa posição ele viu seu rosto refletido na água e se apaixonou pela própria
imagem. Descuidando-se de tudo o mais, ele permaneceu imóvel na
contemplação ininterrupta de sua face refletida e assim morreu. No local de
sua morte apareceu uma flor que recebeu seu nome, dotada também de uma
beleza singular, porém narcótica e estéril.
“No período de 1910-15 esta fase é localizada entre a do autoerotismo primitivo e
a do amor de objeto, e parece contemporânea do aparecimento de uma primeira
unificação do sujeito, de um ego.”

“Fase intermediária, na evolução sexual, entre o auto erotismo e o amor de


objeto.”

Vocabulário de Psicanálise
Laplanche e Pontalis

“O sujeito começa a tomar a si mesmo, ao seu próprio corpo, como objeto de


amor... O que permite uma primeira unificação das pulsões.”
Freud

“Depois, a distinção entre autoerotismo e narcisismo é suprimida”

Vocabulário de Psicanálise
Laplanche e Pontalis

Com o caso Schreber Freud inicia a descoberta da existência de uma fase


intermediária entre o auto erotismo e o amor objetal

Mas fez um estudo especial no texto: “Sobre o Narcisismo: uma Introdução” 1914

Considerou os investimentos libidinais a partir da psicose

Vocabulário de Psicanálise
Laplanche e Pontalis

“K. Abraham em 1908 disse sobre a demência precoce: ‘A característica


psicossexual da demência precoce é o retorno do paciente ao auto erotismo [...] O
doente mental transfere para si só, como seu exclusivo objeto sexual, a totalidade
da libido, que a pessoal normal orienta para todos os objetos animados ou
inanimados que a rodeiam”

Vocabulário de Psicanálise
Laplanche e Pontalis

“Freud acrescenta a ideia que permite especificar o narcisismo com o auto


erotismo: ‘o ego não existe de início como uma unidade e que exige, para se
constituir, uma nova ação psíquica’.”

Vocabulário de Psicanálise
Laplanche e Pontalis

• “O narcisismo já não surge como um a fase evolutiva, mas como um estado


da libido que nenhum investimento de objeto permite ultrapassar”

Vocabulário de Psicanálise
Laplanche e Pontalis

• Freud faz o estudo do narcisismo no texto “Sobre o Narcisismo: uma


Introdução” 1914.

NARCISISMO PRIMÁRIO

NARCISISMO SECUNDÁRIO

• Na obra de Freud e na literatura psicanalítica há acepções muito diversas


sobre o conceito do narcisismo.

• Os conceitos de narcisismo primário e secundário mudam de autor para


autor.

• Assim, não há uma definição unívoca e exata.

Vocabulário de Psicanálise
Laplanche e Pontalis

• Narcisismo primário designa um estado precoce em que a criança investe


toda sua libido em si mesma.
• Narcisismo secundário designa um retorno ao ego da libido retirada dos
seus investimentos objetais.

Vocabulário de Psicanálise
Laplanche e Pontalis

No plano econômico , os investimentos de objeto não suprem os investimentos do


ego, antes existe um verdadeiro equilíbrio energético entre estas duas espécies de
investimentos.

Equilíbrio entre libido do ego e libido objetal - “Quanto mais uma absorve, mais a
outra se empobrece” Freud

Vocabulário de Psicanálise
Laplanche e Pontalis

• No Plano tópico, o ideal do ego representa uma formação narcísica que


nunca é abandonada.

Vocabulário de Psicanálise
Laplanche e Pontalis

“Em Freud, o narcisismo primário designa de um modo geral o primeiro


narcisismo, o da criança que toma a si mesma como objeto de amor, antes de
escolher objetos exteriores. Este estado corresponderia à crença da criança na
onipotência de seus pensamentos.”

Vocabulário de Psicanálise
Laplanche e Pontalis

“A última acepção do narcisismo primário prevalece um estado rigorosamente


‘indiferenciado’, sem clivagem entre um sujeito e um mundo exterior.”

“Essa acepção perde de vista a referência a uma imagem a si mesmo, a uma


relação especular.”

Vocabulário de Psicanálise
Laplanche e Pontalis

“Freud considerou uma fase necessária na evolução que vai do funcionamento


anárquico, auto erótico, das pulsões parciais, à escolha de objeto.”

Vocabulário de Psicanálise
Laplanche e Pontalis

“O narcisismo primário é uma fase precoce que se caracteriza pelo aparecimento


simultâneo de um primeiro esboço do ego e pelo seu investimento pela libido, o
que não implica que este narcisismo seja o primeiro estado do ser humano, nem
que, do ponto de vista econômico, esta predominância do amor de si mesmo
exclua qualquer investimento objetal.”

Vocabulário de Psicanálise
Laplanche e Pontalis

• Genericamente considera-se o ego como uma unidade psíquica,


correlativamente à constituição do esquema corporal.

• Essa unidade é precipitada por uma determinada imagem que o sujeito


adquire de si mesmo segundo o modelo do outro, e que é precisamente o
ego.

• O narcisismo seria a captação amorosa do sujeito por essa imagem.

• Lacan relacionou esse primeiro momento da formação do ego com a


experiência narcísica fundamental – estadio do espelho.
Vocabulário de Psicanálise
Laplanche e Pontalis

• Narcisismo é a formação do ego por identificação (alienação) com outrem.

• Na última teorização de Freud este é o narcisismo secundário e não mais o


primário:

“A libido que aflui ao ego pelas identificações [...] representa o seu narcisismo
secundário.”
Freud
Vocabulário de Psicanálise
Laplanche e Pontalis

“O narcisismo do ego é um narcisismo secundário retirado aos objetos”


Freud
Freud entendeu que houve uma evolução do ego e que agora ele é capaz de
investir libido nos objetos

• Para Freud o narcisismo secundário levanta menos dificuldades do que o


primário.

• O narcisismo secundário não designa apenas certos estados extremos de


regressão; é também uma estrutura permanente do sujeito.

Vocabulário de Psicanálise
Laplanche e Pontalis

• O narcisismo não é só amor a si próprio, como se toma comumente, mas


também é uma investida sexual, no sentido que há um objeto. Não é amar a
si próprio, mas tomar a si próprio como objeto sexual. “O eu que ama o eu”;
O primeiro eu é o ego, pulsão sexual, sujeito que investe no outro eu que é
um objeto de amor.

JULIA KRISTEVA

• Há fases que podemos diferenciar, como o narcisismo. Primário e o


secundário, que influenciam, ambos, na constituição do sujeito, são
estruturantes.

JULIA KRISTEVA

• Portanto há também dois momentos distintos de identificações, em relação


ao processo de identificação: Identificação primária e secundária.
JULIA KRISTEVA

• Num primeiro momento a criança percebe a ausência da mãe, a sua própria


incompletude, há um estado de desamparo, de desespero, caos, terror, é
quando torna-se necessário um movimento de saída disso tudo. Ele, o
narcisismo, é um movimento inicial do sujeito, forçosamente, em defesa de si
próprio e ao mesmo tempo uma percepção de um vazio, de uma não
completude na relação dual que tinha primeiramente com a mãe. O
narcisismo funciona como um terceiro na relação simbiótica da criança com a
mãe.

JULIA KRISTEVA

• Isso é um movimento elementar, uma experiência comum, marcando etapas


de desenvolvimento, não do ponto de vista cronológico, mas sim do ponto de
vista da constituição e, a forma como cada sujeito se coloca nessa trajetória é
determinante na sua estruturação, a partir desse momento inaugural se
delineia a sua (personalidade) existência.
JULIA KRISTEVA

• O narcisismo além de saudável é necessário para o sujeito ter possibilidades


de vivenciar outros momentos, não se fixando ou se restringindo á este, faz-
se importante também porque como coloca Kristeva: “O narcisismo proteje o
vazio, assegura uma separação elementar” sic pág. 45.

• JULIA KRISTEVA

• Numa estrutura rudimentar, a criança está num estado de indiferenciação,


num movimento simbiótico com a mãe. Quando ela percebe o outro
diferenciado, o outro como um objeto e não mais como parte dela, tenta
imediatamente se identificar, se fundir, num estado quase hipnótico; não
propriamente uma identificação, mas sim uma alienação, uma loucura
amorosa, na tentativa de voltar a ser um só. É uma identificação arcaica,
primária.
JULIA KRISTEVA
• A identificação primária ignora o investimento libidinal, o sujeito não
reconhece o objeto, essa identificação é em última análise uma cópia, uma
alienação, não há ligação da pulsão com um objeto, é uma ligação pulsional
dissociada de sentido, mas há instauração de traços mnêmicos. Esse
exercício vai fundando o Ideal do ego e permitirá ao sujeito, mais tarde fazer
suas escolhas objetais.
JULIA KRISTEVA

• Os objetos eleitos no decorrer da história, são antes de mais nada, escolhas


auto eróticas, escolhas narcísicas, pois procura-se nos objetos a imagem e
semelhança da figuras parentais e consequentemente de si mesmo. Os
objetos, no espaço psíquico, são reintegradores do eu, integram através do
simbólico e do imaginário, a imagem do eu.

JULIA KRISTEVA

• Só tem capacidade de amar aquele que foi interditado, intermediado pelo


Outro, pelo terceiro. O auto erótico não se deixa amar e ama, somente
substitutos maternos que lhe grudem simbioticamente, faz escolhas objetais,
contudo escolhe objetos de ódio, alienantes. Diferentemente do autismo que
não elege objetos.

JULIA KRISTEVA

• Lacan, diferentemente de Freud, trata da sintomatologia a partir da


linguagem, situa a identificação no campo do desejo e no campo simbólico,
retirando a influencia do narcisismo e da relação materna arcaica. Diz que a
palavra com sentido possibilita a metaforização.
JULIA KRISTEVA

• A identificação primária é imediata e absoluta. A criança se coloca como


objeto do desejo da mãe e esta que vai inserir o significante do nome do pai,
seja ele qual for, (do pai da criança ou da mãe?). Esse se faz traço
inconsciente, mnêmico, necessário. A partir de então, a criança busca no
Outro um reconhecimento, não mais um conhecimento. Essa busca se dá
sem qualquer investimento objetal, se dá através do Ideal de ego, é
narcísico.
JULIA KRISTEVA
SOBRE O NARCISISMO: UMA INTRODUÇÃO
1914

• O termo narcisismo deriva da descrição clínica de Paul Nacke (1899) e


denota a “atitude de uma pessoa que trata seu próprio corpo da mesmo
forma pela qual o corpo de um objeto sexual é comumente tratado – que o
contempla, vale dizer, o afaga e o acaricia até obter satisfação completa
dessas atividades.”

• “O narcisismo não seria uma perversão, mas o complemento libidinal do


egoismo do instinto de autopreservação”

• “Há um narcisismo primário e normal”

• Diferentemente do curso narcísico que há nas psicoses”

• NARCISISMO PRIMÁRIO: investimento libidinal no ego

• NARCISISMO SECUNDÁRIO: o investimento libidinal no ego é induzido para


o mundo externo, superposto a um narcisismo primário que é obscurecido.
Catexial libidinal original do ego que posteriormente é transmitido aos
objetos
Antítese

• NARCISISMO PRIMÁRIO: libido do ego

• NARCISISMO SECUNDÁRIO: libido objetal

“Quanto mais uma é empregada, mais a outra se esvazia”


“Somente quando há uma catexia objetal é que é possível discriminar uma energia
sexual – a libido – de uma energia dos intitntos do ego”
p. 92

• Nas psicoses as características principais são a megalomania e desvios de


seu interesse do mundo externo – pessoas e coisas.
• Retira sua libido de pessoas e coisas do mundo externo sem substituí-las por
outras na fantasia.

• Na neurose, para obtenção de seus objetivos e satisfação, renuncia a


atividade motora e retira a libido das coisas e pessoas do mundo externo,
mas retém na fantasia, isto é, ele substitui ou mistura objeto reais com os da
fantasia.

Psicose – no caso Schreber, Freud se refere que “uma introversão da libido


sexualis conduz a uma catexia do “ego”, e que possivelmente é isso que produz o
resultado de uma perda da realidade.”

p. 97
“Não é possível erradicar todos os traços de interesse sexual...
Ele pode ter desviado inteiramente seu interesse sexual dos seres humanos;
contudo, pode tê-lo sublimado num interesse elevado pelo divino, pela natureza,
ou pelo reino animal, sem que a libido tenha sofrido introversão até suas fantasias
ou retorno ao seu ego.”

p. 97

Lembrando

“A teoria da libido, está longe de repousar, inteiramente, numa base biológica,


extraindo seu principal apoio da biologia”
Pulsões do ego e sexuais.
p. 94
Lembrando

- Catexia energia psíquica indiferenciada

- Libido energia psíquica com objeto (energia sexual)

“A energia psíquica indiferente que só se torna libido através do ato de


catexização de um objeto.”

p. 94
DISTRIBUIÇÃO DA LIBIDO:
Aparelho mental dispositivo para dominar as excitações:

1) Na doença orgânica o homem enfermo retira suas catexias libidinais de volta


para o seu próprio ego, e as põe para fora novamente quando se recupera. O
homem enquanto sobre deixa de amar.
p. 98
DISTRIBUIÇÃO DA LIBIDO:

2) Na condição do sono ocorre a mesma coisa, há uma retirada narcisista das


posições da libido em prol do único desejo de dormir.
p. 99
DISTRIBUIÇÃO DA LIBIDO:

3) A hipocondria, da mesma forma que a doença orgânica. O hipocondríaco retira


tanto o interesse quanto a libido dos objetos do mundo externo, concentrando
ambos no órgão que lhe prende a atenção.
p. 99

• “O mecanismo de adoecer e da formação dos sintomas nas neuroses de


transferência ficam, ambos, vinculados a um represamento da libido”

• O represamento da libido, quando excede uma quantidade, é experimentado


como desprazer: expressão de um grau mais elevado da libido

• P.101

• “... Devemos começar a amar a fim de não adoecer, e estamos


destinados a cair doentes se, em consequência da frustração, formos
incapazes de amar.”

3 formas para abordar o narcisismo:


• P.101

• 1) parafrenias – a libido é retirada dos objetos e voltada para o ego e não


ligada aos objetos na fantasia como faz a neurose.

• 2) Hipocondria – o processo mórbido ou um orgão em especial recebe toda a


libido retirada dos objetos internos.

• 3) Na vida infantil há, antes de tudo, satisfações sexuais auto-eróticas


(pulsões de auto-preservação – do ego ) posteriormente liga-se a objetos
externos.
HÁ UM NARCISISMO PRIMÁRIO A TODOS
O NARCISIMO SECUNDÁRIO É RESULTADO DE INVESTIMENTO REITADO
ORIGINALMENTO DO EGO E PODEM TER 2 TIPOS DE OBJETOS:

• NARCISISTA – escolhe o objeto sexual como a si mesmo e não como a


mãe (homosexuais e pervertidos)

• ANACLÍTICO – escolhe objeto como a mãe.

• Diferença entre homem e mulher na escolha objetal.

• A mulher narcisista ama a si mesma, sua necessidade é de serem amadas e


não de amar.

• Ou, ama o filho: a criança concretizará os sonhos dourados que os pais


jamais realizaram (o narcisismo dos pais renascido). Assim ,os pais atribuem
aos filhos toas as perfeições e ocultam todas as deficiências pela
embriaguez narcisista
COMPLEXO DE CASTRAÇÃO E REPRESSÃO

• (nos meninos, a ansiedade em relação ao pênis; Nas meninas a inveja do


pênis) tratado em conexão com o efeito da coerção inicial da atividade
sexual. (repressão).

• Repressão: impulsos libidinais sofrem vicissitudes da repressão se entram


em conflito com as ideias culturais e éticas do indivíduo.

• Repressão provém do ego, com exatidão, provém do amor-próprio do ego

COMPLEXO DE CASTRAÇÃO E REPRESSÃO


• P. 110

• Não há qualquer neurose que não se encontre o complexo de castração.

• P. 110

• Eu ideal e ideal do eu

• Eu ideal e ideal do eu
• “A formação de um ideal aumenta as exigências do ego, constituindo o fator
mais poderoso a favor da repressão; a sublimação é uma saída, uma
maneira pela qual essas exigências podem ser atendidas sem envolver
repressão”

• “Para o ego, a formação de um ideal seria o fator condicionante da


repressão”

• P. 112

• Eu ideal e ideal do eu

• Eu ideal ou ego ideal = substituto do narcisismo primário.

• O eu ideal não renuncia à perfeição narcisista

• O eu ideal é o alvo de amor de si mesmo desfrutado na infância pelo ego real


(se acha possuído de toda a perfeição da infância)

• Idealização de si mesmo, o sujeito projeto diante de si mesmo o seu ideal.

• P. 111

• Eu ideal e ideal do eu

• Ideal do eu – SY – herdeiro do complexo de castração – censura que impõe


severas condições à satisfação da libido, julga se a libido é incompatível.

• Sentimento de culpa proveniente da ansiedade social (ideal de família, classe


ou de uma nação) – ideal imposto de fora.

• Originalmente esse sentimento de culpa era o temor de punição pelos pais


ou, mais corretamente, medo de perder o seu amor; mais tarde os pais são
substituídos por um número indefinido de pessoas

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