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UNIVERSIDADE DE FORTALEZA

CENTRO DE CIÊNCIA TECNOLÓGICA


CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

ANDRÉ TELES DE SOUSA

ESTRATÉGIA DE MEDIÇÃO E CONTROLE DE NÍVEL DE COMPATIBILIDADE


ELETROMAGNÉTICA SOB A PERSPECTIVA DO GERENCIAMENTO DE RISCO

FORTALEZA
2022
ANDRÉ TELES DE SOUSA

ESTRATÉGIA DE MEDIÇÃO E CONTROLE DE NÍVEL DE COMPATIBILIDADE


ELETROMAGNÉTICA SOB A PERSPECTIVA DO GERENCIAMENTO DE RISCO

Monografia apresentada para obtenção dos


créditos da disciplina de Trabalho de Conclusão de
Curso do Centro de Ciências Tecnológicas da
Universidade de Fortaleza como parte das
exigências para graduação no curso de Engenharia
Elétrica.

Orientador:

FORTALEZA

2022
RESUMO

O presente estudo tem o objetivo de analisar a literatura clássica da


engenharia elétrica, no que concerne à concepção da estratégia de
medição e o controle de nível de compatibilidade eletromagnética,
admitindo-se os aspectos pertinentes ao gerenciamento de risco. Nesse
ínterim, destaca-se a norma ABNT NBR IEC 61000-4-30, Parte 4-30, a
qual às técnicas de medição e ensaio. Serão dispostas três estratégias
de medição e três métodos de controle para cargas lineares e não
lineares. Será estudado a influência dos harmônicos, que também
contribuem com a má qualidade da energia no sistema elétrico, e suas
possíveis soluções, visando a isenção do pagamento de multa, além do
prolongamento da vida útil dos equipamentos, evitando assim possíveis
aquecimentos nos condutores da unidade consumidora. Será estudado
a melhor ferramenta de medição, a melhor técnica de controle de reativo
e se há necessidade da correção de harmônicos na indústria em
questão. No estudo de caso será sugerido um procedimento para a
redução do fator de potência, além de um método para realizar seu
controle. Por fim, na conclusão, haverá fechamento das ideias, além de
propor o estudo de outro fator que também interfere nos padrões
estabelecido pela Agência Nacional de Engenharia Elétrica – ANEEL,
porém não é o foco desta pesquisa.

Palavras chaves: Medição de fator de potência. Controle de fator de potência.

Excedente reativo.
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................. 13
1.1 Objetivo do trabalho......................................................................................... 14
1.2 Estrutura do trabalho........................................................................................ 14
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA......................................................... 16
2.1 Definição do fator de potência......................................................................... 16
2.2 Cobrança do excedente reativo....................................................................... 21
2.3 Medição do fator de potência.......................................................................... 22
2.3.1 Medição do fator de potência através da telemedição.................................... 23
2.3.2 Medição do fator de potência através do analisador de energia..................... 26
2.3.3 Medição do fator de potência teórica através das cargas nominais................ 28
2.4 Métodos de compensação reativas................................................................. 29
2.4.1 Aumento do consumo da energia ativa............................................................ 29
2.4.2 Máquinas síncronas......................................................................................... 30
2.4.3 Capacitores...................................................................................................... 30
2.4.3.1 Fixo................................................................................................................ 30
2.4.3.2 Programado.................................................................................................. 31
2.5 Compensação reativa em cargas não lineares.............................................. 33
2.5.1 Filtros passivos................................................................................................. 34
2.5.2 Filtros Ativos (ou compensadores eletrônicos)................................................ 35
3 ESTUDO DE CASO........................................................................... 37
3.1 Detalhamento da unidade consumidora......................................................... 37
3.2 Problema............................................................................................................ 39
3.3 Medição e dimensionamento de fator de potência........................................ 42
3.4 Controle do fator de potência.......................................................................... 43
4 CONCLUSÃO.................................................................................... 46
REFERÊNCIA........................................................................................ 48
ANEXO A – GRÁFICO COMPLETO DO FATOR DE POTÊNCIA......... 52
ANEXO B – GRÁFICO DA CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA. . 53
ANEXO C – CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA.........................54
ANEXO D – HARMÔNICOS........................................................................................................57
ANEXO E – ANALISADOR MODELO RE 7000........................................................58
ANEXO F – TENSÕES HORMÔNICAS............................................................................61
ANEXO G – CORRENTES HARMÔNICAS...................................................................64
1 INTRODUÇÃO

O Fator de potência pode ser caracterizado como a razão entre a potência


ativa e a potência aparente, podendo ser alterada quando cargas indutivas e/ou
capacitivas são adicionadas ao sistema elétrico. Embora as cargas reativas sejam
importantes para o funcionamento de transformadores, motores e geradores, o baixo
fator de potência pode acarretar na redução significativa da capacidade do sistema
elétrico, resultando em redução da vida útil dos equipamentos, aumento das perdas
nos condutores, aumento da potência aparente nos seus circuitos, e aumento da
fatura de energia causando um grande prejuízo para o cliente. (WEG AUTOMAÇÃO
S.A., 2009)
As vantagens para a correção do fator de potência são, melhor qualidade da
tensão e redução das perdas nos condutores. Os ganhos para as empresas são:
redução do custo de energia elétrica; ganhos de eficiência energética, e melhoria
nos níveis de tensão, elevação da capacidade de manobras dos equipamentos, além
de uma maior vida útil dos dispositivos. Os benefícios para a concessionária são:
redução de potência reativa no sistema de transmissão e distribuição; reduz perdas;
aumenta a capacidade do sistema para transmissão da potência ativa; aumenta a
capacidade da geração; diminui os custos da geração. (WEG AUTOMAÇÃO S.A.,
2009)
A resolução normativa Nº 414/2010, da ANEEL, estabelece os limite
adequados do fator de potência para a redução das perdas de energia por parte das
distribuidoras, de acordo com a norma a ANEEL pode penalizar financeiramente a
unidade consumidora caso o fator de potência esteja fora dos limites estabelecidos.
Visando a isenção do pagamento de multa por excedente reativo, é
necessária uma análise dos parâmetros do consumo elétrico da indústria para
realizar o dimensionamento adequado de um banco de capacitores, além de definir
sua melhor forma de operação.

14
1.1 Objetivo do trabalho

O presente trabalho tem como objetivo geral definir uma estratégia de


medição e controle do fator de potência em uma unidade consumidora industrial,
levando-se em consideração as normas e critérios estabelecidos pela Agência
Nacional de Energia elétrica – ANEEL.
Os objetivos específicos do trabalho são:
• Apresentar métodos de medição e controle do fator de potência;
• Entender a cobrança de excedente reativo;
• Analisar o perfil de consumo de uma unidade consumidora industrial;
• Estudar o melhor método de medição de reativo excedente;
• Dimensionar banco de capacitores;
• Avaliar o melhor método de controle do fator de potência;
• Construir um diagrama elétrico com a solução proposta.

1.2 Estrutura do trabalho

No capítulo um é feito uma introdução sobre o tema citando as


consequências no sistema elétrico interligado e na indústria, além de citar as
vantagens em ambos. E finalmente, comenta sobre a norma aplicada pelo órgão
regulamentador.
No capítulo dois é realizado uma breve explicação sobre os conceitos
necessários para o entendimento desta monografia tais como: Compreensão do
fator de potência; como é calculado o excedente reativo; três maneiras para medir e
três para controlar o fator de potência e, por fim, como é feita a compensação
reativas para cargas não linear.
No capítulo três é feito um estudo de caso de uma empresa com classe de
tensão de 15kV, no qual foi feita uma análise de excedente reativo e das harmônicas
através de um analisador de energia RE 7000 da Embrasul. É dimensionado o

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banco de capacitores adequado para manter o fator de potência dentro dos
parâmetros exigidos pela ANEEL, além de apresentar a melhor estratégia de
controle.
No último capítulo é apresentada a conclusão.

16
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Definição do fator de potência

A potência aparente complexa é composta por potência ativa e potência


reativa, sendo esta responsável por criar e manter os campos eletromagnéticos, ou
seja, encarregado pelo funcionamento dos motores, geradores e outros tipos de
carga indutiva. A potência ativa é encarregada pela realização do trabalho, regando
calor, luz e movimento e outros. (WEG AUTOMAÇÃO S.A., 2009)

Figura 1: Triângulo de potência

Fonte: (PETRY, 2007)

A Figura 1 mostra o conceito das potências. Percebe-se que a potência


reativa pode ser indutiva, fornecendo energia reativa para o sistema, ou capacitiva,
absorvendo energia reativa do sistema, em outras palavras, a carga indutiva é
positiva e a carga capacitiva é negativa.
Na Figura 2 é uma explicação visual de como é feito o dimensionamento do
banco de capacitores, nesta figura pode-se deduzir as equações (1),(2), (3) e (4).
(SILVA, 2009)

17
Figura 2: Correção do fator de potência

Fonte:(SILVA, 2009)

QCAPACITOR=Q−[P∗tan (θ 2 )] (1)

Sendo Q igual a:

Q=P∗tan (θ 1 ) (2)

Então é correto afirmar que:

QCAPACITOR =[ P∗tan (θ 1)−P∗tan (θ 2)] (3)

P∗[tan (θ 1 )−tan (θ 2)]=P∗[tan (arccos(Fp1 ))−tan (arccos(Fp2 ))] (4)

Sendo:
Fp1 =Fator de potência da carga;
Fp2 =Fator de potência desejado;
P =Potência Ativa (kW);
QCAPACITOR =Potência reativa do banco de capacitores(kVAr);

18
Q =Potência reativa da carga(kVAr);
θ 1 =Defasagem angular entre corrente e tensão da carga (º);
θ 2 =Defasagem angular entre corrente e tensão desejada (º).

Para sistemas trifásicos é necessário o produto da tensão e da corrente por


√ 3 , conforme a equação (5).(ALEXANDER: SADIKU, 2013)

S=√3 xU x I (5)

S=Potência aparente(kVA);
U=Tensão de linha(V);
I=Corrente de linha (A).

Para calcular a potência ativa deve-se multiplicar a potência aparente pelo


cosseno do ângulo da defasagem entre tensão e corrente eficaz, conforme a
equação (6).(ALEXANDER; SADIKU, 2013)

P=√3 xU x I x cos(Φ) (6)

P=Potência ativa(kW);
U=Tensão de linha(V);
I=Corrente de linha (A);
ɸ=Defasagem entre tensão eficaz e corrente eficaz (º).

Para calcular a potência reativa deve-se multiplicar a potência aparente pelo


seno do ângulo da defasagem entre tensão e corrente eficaz. Conforme a equação
(7).(ALEXANDER; SADIKU, 2013)

Q=√3 xU x I x sen (Φ) (7)

19
Q=Potência reativa(kVAr);
U=Tensão de linha(V);
I=Corrente de linha (A);
ɸ=Defasagem entre tensão eficaz e corrente eficaz (º).

A relação entre as potências é dada pela equação (8). (ALEXANDER;


SADIKU, 2013)

S2=P2 +Q2 (8)

Sendo:
S=Potência aparente(kVA);
P=Potência ativa(kW);
Q=Potência reativa(kVAr);

O somatório das cargas de uma indústria com vários motores elétricos, com
diferentes valores de potência ativa (P) e de potência reativa (Q), gerar-se-á novos
valores para as respectivas potência, na qual dificilmente o fator de potência
atenderá a norma. (LUCAS, 2013)
O ideal seria adicionar reativo no sistema até que iguale a potência reativa,
desta forma aumentará o fator de potência, podendo até tornar-se unitário, isto é
válido para cargas lineares. Com a evolução da tecnologia eletrônica as cargas
passaram a não possuírem linearidade na curva tensão versus corrente, com isso o
fator de potência da instalação sofreu uma alteração significativa, tornando o
sistema elétrico mais complexo e piorando a qualidade de energia no sistema
elétrico. (NDIAYE, 2006),(WEG AUTOMAÇÃO S.A., 2009)
Como pode-se observar na Figura 3, a potência aparente (S) tornou-se maior
quando incluiu as distorções harmônicas, isto pode ser explicado matematicamente
pela equação (9).(C.DUGAN et al., 2003)

S2=P2+Q2+D2 (9)

20
Sendo:
S=Potência aparente(kVA);
P=Potência ativa(kW);
Q=Potência reativa(kVAr);
D= Potência de distorção (kVA).

Figura 3: Potência com harmônicas

Fonte: (WEG AUTOMAÇÃO S.A., 2009).

Com a presença das harmônicas, a correção do fator de potência não se


limita só a conexão do banco de capacitores, torna-se mais apropriado a instalação
de filtros que também corrigem o fator de potência (como serão explicados mais a
frente), contudo o investimento é alto. Esse sistema só compensa quando há
equipamentos sensíveis. (PAREDES et al., 2007)
Umas das grandes preocupações para a presença de harmônicas no sistema
é o aumento da amplitude da corrente no sistema, sendo que medidores
convencionais não podem detectar essa distorção da corrente, desta forma, há uma
mal dimensionamento dos condutores causando um superaquecimento. Não há uma
norma para harmônicas, porém Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos
(IEEE) faz um levantamento das principais causas das distorções harmônicas e o
prejuízo que a mesma pode ocasionar no sistema, neste estudo determina que
distorções abaixo de 40% podem ser desprezadas. (SANTOS, 2007)

21
2.2 Cobrança do excedente reativo

No Brasil os consumidores dividem-se em dois tipos, grupo A e grupo B, essa


classificação é realizada de acordo com o nível de tensão em que são atendidos. Os
consumidores do grupo A são clientes cuja a tensão de fornecimento é acima de 2,3
kV, geralmente acordado diretamente com a concessionária, neste contrato é
negociado basicamente o valor da potência a ser entregue ao contratante, por outro
lado o contratado exige que o cliente não interfira na qualidade de energia da rede.
Já os consumidores do grupo B pagam somente a energia que consomem.(PROCEL
– Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica, 2011)
Segundo a resolução normativa Nº 414/2010, da ANEEL, para consumidores
que excedem os limites de reativos são submetidos ao pagamento de uma multa
que será adicionada ao faturamento regular, isto para consumidores do grupo A. Os
consumidores do grupo B paga somente a energia consumida.
Como é estabelecido pela resolução normativa Nº 414/2010, da ANEEL, os
períodos entre 00 hora 30 minutos e 6 horas 30 minutos será cobrado uma multa
pelo fator de potência inferior a 0,92 capacitivo, já no período remanescente será
cobrado uma multa pelo fator de potência inferior de 0,92 indutivo.
O excedente reativo é calculado por duas maneiras, a primeira pela demanda
– Unidade de Faturamento da Demanda Reativa (UFDR) e a outra forma é pelo
consumo – Unidade de Faturamento de Energia elétrica (UFER). (PROCEL –
Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica, 2011)
O cálculo de UFDR E UFER são que mostrados abaixo nas equações (10) e
(11) estão contidos na resolução normativa Nº 414/2010, da ANEEL.

n1 fR
UFER=∑ [ EEAMT X ( −1)] X VRERE (10)
T =1 fT

n2 fR
UFDR=[MAX (PAM T x )−PAF ( p)] xVRDRE (11)
T =1 fT

22
Sendo:
UFER : energia reativa excedente à quantidade permitida pelo fator de
potência de referência “ f R ”, no período de faturamento, em Reais (R$);
EEAMT : montante de energia elétrica ativa medida em 1 (uma) hora, T
durante o período de faturamento, em megawatt hora (MWh);
f R : fator de potência de referência;
f T : fator de potência da unidade consumidora, calculado em 1 (uma) T
hora, durante o período de faturamento;
VRERE : valor de referência equivalente à tarifa verde aplicável ao subgrupo
B1, em Reais por megawatt hora (R$/MWh);
UFDR : valor correspondente à demanda de potência reativa excedente à
quantidade permitida pelo fator de potência de referência no período de
faturamento, em Reais (R$);
PAMT : demanda de potência ativa medida no intervalo de integralização de
1 (uma) hora, em quilowatt (kW);
PAF ( p) : demanda de potência ativa faturável, em cada posto tarifário, em
quilowatt (kW);
VRDRE : valor de referência, em Reais por quilowatt (R$/kW), equivalente às
tarifas de demanda de potência - fora de ponta – modalidade tarifária horária
azul;
MAX : função que identifica o valor máximo da equação, em cada posto
tarifário;
T : indica intervalo de 1 (uma) hora;
p: indica posto tarifário ponta ou fora de ponta;
n 1 : número de intervalos de integralização para os postos tarifários ponta e
fora de ponta;
n 2 : número de intervalos de integralização.

23
2.3 Medição do fator de potência

Existem três métodos teóricos de medição do fator de potência: o primeiro é


através telemedição, o método permite o acesso aos dados do sistema em qualquer
lugar; o segundo método é através de um analisador de energia, pode ser
apropriada tanto para consumidores livre quanto para cativo, que possui uma grande
vantagem, já que além da medição do fator de potência, realiza também o
monitoramento das harmônicas; o terceiro método é por cargas nominais, oportuna
para idealizações de projetos, porém é um método teórico e pouco preciso. Nos
subitens a seguir serão explicados com mais detalhes sobre cada método.

2.3.1 Medição do fator de potência através da telemedição

A telemedição permite que a concessionária acompanhe diariamente todo o


sistema industrial, com a ajuda de sensores. Caso o cliente queira acompanha as
medições em tempo real, terá que instalar um medidor extra, visto que a
concessionária faz a leitura somente uma vez por dia, com isso a estação base
obtém informações que podem ser acessadas em qualquer lugar. Na Figura 4 é
mostrado um exemplo de telemedição.(PELICHEK, 2009)

24
Figura 4: Telemedição

Fonte: Autor

Para um caso mais amplo, o sistema pode interferir de modo independente,


ou ser acionado por um operador, para solucionar alguma anomalia encontrada nas
informações ou alguma alteração no comportamento ideal, para isso o sistema
realiza uma leitura em tempo real. É valido salientar que esse sistema só é possível
quando o cliente instala um sistema de medição independente ao sistema da
concessionária. Como é mostrado na Figura 5. (PELICHEK, 2009)

25
Figura 5: Diagrama de blocos de um sistema de telemedição

Fonte: (PELICHEK, 2009)

Na Figura 5 mostra a ideia por meios de diagrama de blocos. Em um sistema


industrial cujas tensões são elevadas gera uma grande preocupação para órgãos
regulamentadores de energia, que acompanham de perto as medições da indústria,
visto que esse complexo tem capacidade causar desordem no Sistema Interligado
Nacional (SIN). Na Figura 6 mostra, de forma sucinta, como é feito o monitoramento
da indústria. (PELICHEK, 2009)

26
Figura 6: Arquitetura do sistema de telemedição

Fonte: Adaptado-(PELICHEK, 2009)

Como a saída do medidor é baseada na interface Ethernet, basta o


roteamento destes dados para ter acesso à rede corporativa. Para uma conexão
com o celular será necessário um transceptor celular e uma unidade remota.
(PELICHEK, 2009)
As vantagens desse sistema são: redução de energia; melhora a
confiabilidade e o tempo de vida dos ativos de energia; melhora a produtividade;
otimizar o gerenciamento da instalação elétrica; previne problemas no circuito, além
da comodidade por não precisar ir a campo para obtenção dos dados. A
desvantagem é alto custo de instalação. (PELICHEK, 2009)

2.3.2 Medição do fator de potência através do analisador de energia

O analisador de energia submete o operador a coletar as medições em


campo, porém é capaz de medir a qualidade do abastecimento, intensidade e
também eventuais falhas que possam colocar em risco o fornecimento no local, além

27
de ser capaz de detectar harmônicas provocada por cargas eletrônicas, captar

elevações e queda de tensão. (TECNOGERA, 2014)

Figura 7: Diagrama de blocos de um analisador de energia

Fonte: (COSTA, 2015)

Na Figura 7 é mostrado de forma resumida um diagrama de blocos do circuito


de um analisador, onde as informações são coletadas pelo equipamento e
armazenado em uma memória externa (geralmente computador). Na figura em
questão é apresentado um barramento com duas lâmpadas LED, em sistemas
industriais, esse barramento terá vários circuitos com diferentes cargas.: (COSTA,
2015)

“O Analisador de energia RE7000 foi projetado para adquirir simultaneamente


os sinais de quatro canais de corrente e quatro de tensão, a partir de um
sistema de aquisição de 16 bits são feitas 128 amostras por ciclo de forma
simultânea nos oito canais quando em medição de grandezas RMS. E com a
frequência de 8 kHz no sistema de aquisição é possível a medição de
perturbações a partir de 130 us. Todo este sistema de amostras
é executado de forma simultânea e contínua para todas as grandezas e
eventos.” (EMBRASUL, 2015)

A citação acima refere-se ao equipamento da Figura 8.

28
Figura 8: Analisador de Energia RE7000Atende PRODIST

Fonte:(EMBRASUL, 2015)

2.3.3 Medição do fator de potência teórica através das cargas nominais

Primeiramente é válido ressaltar que esse método é usado apenas para


projetos, seja para construir uma indústria ou para ampliar, pois estimar o fator de
potência da indústria, porém não é muito preciso.
Os parâmetros analisados são: Ciclo de operação; taxa de carregamento dos
motores; características técnicas dos motores; e cronograma de expansão das
atividades produtivas. (MAMEDE FILHO, 2010)
Segundo Mamede Filho (2010) há quatro passo para projetar o fator de
potência de uma instalação industrial, são eles:
• Levantamento das cargas do projetos;
• Ciclo de operação (diário, semanal, mensal e anual);
• Determinação da demanda ativa e reativa para ciclo de cargas considerado;
• Traçado das curvas de demanda ativa e reativa.

Para estimar o fator de potência industrial, Mamede Filho (2010) determina


duas formas: através do método do ciclo de carga operacional, que consiste em

29
determinar o consumo de energia ativa e reativa considerando o ciclo de operação
diário, calculando o consumo corporativo no período de um mês (30 dias) para, por
fim, aplicar na equação (12).

Ereativa
Fator de potência=cos (arctg ( )) (12)
Eativa

Sendo:
E Reativa =Energia reativa;
Eativa =Energia ativa.

Outro método mencionado por Mamede Filho (2010) é o analítico que baseia-
se no triângulo de potência, em que consiste em calcular a demanda ativa e reativa,
com base na potência de potência nominal. Este método é empregado quando
deseja obter o fator de potência em um ponto determinado do ciclo de carga.

2.4 Métodos de compensação reativas

O controle de reativo é calculado de acordo com as características do cliente,


não existe uma forma padrão. A seguir são apresentadas algumas ideias teóricas
para aumentar o fator de potência em uma indústria.

2.4.1 Aumento do consumo da energia ativa

Este método consiste em aumentar o consumo da energia ativa, mantendo a


potência reativa constante, deste modo melhora o fator de potência no sistema
elétrico. Utilizado geralmente em linhas de transmissão. Na indústria não é

30
recomendado, visto que o aumento do consumo da energia ativa afetará
diretamente as perdas no sistema e a conta de energia. (LUCAS, 2013)

2.4.2 Máquinas síncronas

Este método é utilizado no sistema de transmissão para controle de reativo,


afinal pode ser utilizado tanto para consumir (quando subexcitado), quanto para
produzir reativo capacitivo (quando superexcitados), independente da carga
submetida ao motor. A desvantagem é um grande consumo de energia ativa ao
superexcitar a máquina. Conveniente para motores acimas de 200 CV e que
trabalhem mais que 8 horas por dia. (LUCAS, 2013)

2.4.3 Capacitores

É o recurso mais econômico, amplamente utilizado em indústrias e em redes


de distribuição, sendo aplicado na alta, média ou baixa tensão, na maioria dos casos
são bancos trifásicos, com sua ligação interna feita em delta ou em estrela. (LUCAS,
2013)
Há duas formas de controlar o fator de potência da instalação através de
capacitores: a primeira é com a instalação de capacitores operando de forma fixa e a
segunda é implantação de bancos automáticos, que por sua vez, pode ter o seu
acionamento por tempo, por disparidade de tensão ou por desconformidade no fator
de potência medido. Tais métodos serão explicados nas subseções abaixo.

31
2.4.3.1 Fixo

Este tipo de banco de capacitor é aplicado para unidades consumidoras com


baixa variação de carga, sendo necessário conhecer muito bem a operação do
sistema, para que não tenha risco da redução do fator de potência reativo
capacitivo.
Nesse sistema os capacitores se mantêm energizado, até que uma
interrupção manual ocorra, geralmente o sistema é mais simples e econômico, o
mais viável é a implantação em paralelo com a carga, ou seja, quando energizado
uma determinada carga, o capacitor também será energizado. Como podemos ver
na Figura 9. (BARRETO,2017)
Figura 9: Banco de capacitor fixo em paralelo com a carga

Fonte:(TECHNICAL APPLICATION PAPERS, 2008)

2.4.3.2 Programado

Em geral, os capacitores automáticos são projetados para sistemas globais


ou por setores, tendo em vista o alto custo desse equipamento. O controle

32
automático é feito de acordo com a necessidade do sistema, podendo atuar
ativamente no controle do fator de potência em tempo real ou estabelecer um horário
fixo para o banco de capacitor ser energizado ou desenergizado. (SILVA, 2009)

Os bancos de capacitores automatizados por tempo são apropriados para


cargas que tem pouca variação. Possuem um equipamento específico, chamado
interruptor horário, esse utensílio possui uma fácil programação, podendo ser
ajustada de forma independente com um intervalo mínimo. Contém capacidade para
armazenar programações semanais e/ou diárias. Na Figura 10 mostra o interruptor
horário. (COEL, 2017)
Figura 10: Interruptor horário

Fonte: www.coel.com.br

O controle automático por fator de potência, é atuado por um equipamento


eletrônico que monitora os níveis de reativo no ponto instalado. Ao perceber a
evasão da faixa admissível (preestabelecida), o algoritmo aciona ou desconecta o
banco capacitivo através de contatores (ou transistores).(SILVA, 2009)

33
Figura 11: Capacitores operados automaticamente

Fonte: (SILVA, 2009)

Na Figura 11 mostra um diagrama com um banco automático de capacitores


sendo seu controle instalado no secundário do transformador, nesse sistema o
banco terá que controlar todas as cargas ligadas nesse transformador.
Os bancos de capacitores automáticos dividem-se em dois subgrupos,
bancos convencionais e tiristorizados. Os convencionais são acionados por
contatores eletromecânicos, a desvantagem consiste no desgaste mecânico dos
contatores, outra desvantagem é a corrente Inrush, a qual é originada na
energização do banco, efeito similar ao de curto-circuito, isso ocorre devido à
diferença de potencial existente entre a rede e os bancos de capacitores.
(BARRETO,2017)
Os bancos Tiristorizados tem um tempo de resposta mais rápido, não há
harmônicos com grandes frequências. As desvantagens são: Alto custo, formação
de harmônicos de baixa ordem, devido ao ângulo de disparo dos tiristores que
podem ser minimizados pelo aumento do número de disparos.(BARRETO,2017)

34
2.5 Compensação reativa em cargas não lineares

São caracterizados como Cargas não lineares os equipamentos que


distorcem a corrente senoidal, promovendo a formação de harmônicos.
Essencialmente, são cargas que utilizam eletrônica de potência que no presente
momento é de fundamental importância para os setores industrial, comercial e
residencial, visto que está atrelado proporcionalmente com o desenvolvimento
tecnológico em cada setor. (FERNANDES; SILVA; OLESKOVICZ, 2010)
Para amenizar os efeitos das harmônicas são utilizados filtros que pode ser
classificados como filtros passivos ou filtros ativos.

2.5.1 Filtros passivos

Filtros passivos são dimensionados de acordo com uma frequência fixa


desejada. Esse filtro pode atuar das seguintes formas: como regulador de tensão,
para qual é preciso estabelecer uma relação fundamental entre variação de tensão e
variação de reativo; como estimativa da variação da tensão com a carga, podendo
ser estimada pela relação de tensão com a carga e a potência de curto-circuito no
ponto: como balanceador de cargas, isto se consegue mediante a associação
passiva de susceptâncias tais que, ligadas em paralelo com a carga, demandam
potência total balanceada da fonte de suprimento. (PAREDES et al., 2007)
Abaixo são listados alguns efeitos indesejados associados com a
compensação passiva.
• Sobretensões sustentadas sob cargas leves;
• Surtos de tensão transitória durante manobra;
• Ressonância sustentada em frequência harmônica.

As desvantagens para esse tipo de filtro são: As cargas não poderão ser
alterada para não perturbar o sistema de filtragem; é recomendado em projetos,

35
sendo de difícil implementação em sistemas já existentes. (SCHNEIDER ELECTRIC,
2015)

2.5.2 Filtros Ativos (ou compensadores eletrônicos)

Os filtros ativos são caracterizados por: ter uma resposta mais rápida; perdas
desprezíveis; por ter uma ampla faixa de atuação (por ser capaz de eliminar
harmônicos com ordem de até 50ª), diferente dos filtros passivos; podem ser
adaptáveis e reutilizados. Esses tipos de filtro ainda podem ser classificados em
paralelo, série e paralelo – série.(PAREDES et al., 2007) (SCHNEIDER ELECTRIC,
2015)
Em paralelo tem função de compensar harmônicos e inter-harmônicos das
correntes na carga, podendo ainda corrigir o fator de potência e equilibrar as
correntes nas três fases. Na Figura 12 pode-se ver o circuito do compensador
eletrônico paralelo.(PAREDES et al., 2007)

Figura 12: Compensador eletrônico em paralelo com a rede

Fonte: (PAREDES et al., 2007)

Compensador em série tem a finalidade de compensar as tensões na rede,


convertendo as ondas harmônicas em ondas senoidais. Na Figura 13 pode-se ver o
circuito do compensador eletrônico em série.(PAREDES et al., 2007)

36
Figura 13: Compensador eletrônico em série com a rede

Fonte: (PAREDES et al., 2007)

Por fim, o compensador série-paralelo trabalha com ambos compensadores


descritos acima, ou seja, minimiza os efeitos das harmônicas tanto na tensão quanto
na corrente. Na Figura 14 pode-se ver o circuito do compensador eletrônico em série
paralelo.(PAREDES et al., 2007)

Figura 14: Compensador eletrônico em série-paralelo com a rede

Fonte: (PAREDES et al., 2007)

As desvantagens dos filtros ativos é o custo, principalmente o compensador


série-paralelo, sendo necessário um estudo de viabilidade econômica para
implantação desses equipamentos no sistema. Apropriado para empresa cujos
equipamentos são sensíveis, ou seja, não suporta uma inesperada variação de
tensão ou corrente.

37
3 ESTUDO DE CASO

3.1 Detalhamento da unidade consumidora

O estudo de caso foi realizado em uma indústria genuinamente cearense,


localizada no município de Maracanaú-CE, fundada em 1974. Fabricante de malhas,
tecidos, entretelas tecidas e não tecidas, colarinhos, malha poliamida, malha
poliéster e malha viscose, fornecendo produtos para toda América latina.
A unidade consumidora possui classe de tensão de 15 kV, possuindo uma
subestação elétrica com potência instalada de 1000 kVA, em apenas um
transformador de força, como pode ser verificado nas Figuras 15 e 16, a subestação
também possui um disjuntor de média tensão tipo Pequeno Volume de Óleo (PVO),
com classe de tensão de 15 kV, corrente nominal de 630 A, conforme Figura 17.

Figura 15: Transformador de 1000kVA

Fonte: Autor.

38
Figura 16: Placa do transformador de 1000kVA

Fonte: Autor.

Na baixa tensão a subestação possui um quadro geral de baixa tensão


(QGBT), com um disjuntor de caixa moldada, com tensão nominal de 380 V, corrente
nominal de 1600A, e modelo T7 ABB ( acrónimo de Asea Brown Boveri ), como
mostra a Figura 17.

39
Figura 17: Quadro geral

Fonte: Autor.

3.2 Problema

Atualmente a correção do fator de potência da unidade consumidora é


realizada através da instalação de capacitores fixo, que operam junto ao QGBT, ou
seja, quando o quadro é energizado, os capacitores também são, porém quando os
motores são desligados (horário de 18:00 até as 06:00) os capacitores continuam
energizados, porém com o crescimento da unidade fabril e ampliação da carga
instalada não houve a instalação de novos capacitores e com isso existe fator de
potência horário inferior a 0,92 indutivo e 0,92 capacitivo.

40
Figura 18: Gráfico fator de potência – durante semana

Fonte: Autor.

A Figura 18 mostra o gráfico do fator de potência da indústria, em que a linha


azul representa o fator de potência na fase R, na verde a fase S, em vermelho
caracteriza a fase T, além da média das fases que é representado pela cor preto.
Outro ponto a ser realçado é que há uma linha preta, um pouco mais espessa do
que as demais, esta linha simboliza o fator de potência unitário, abaixo dela temos a
representação do fator de potência indutivo e acima corresponde ao capacitivo.

41
Figura 19: Gráfico do fator de potência - final de semana

Fonte: Autor.

A Tabela 1 expõe os valores mensurados pela média das três fases, ou seja,
pela linha preta na Figura 18. Embora a fábrica já tenha capacitores instalados, não
são o suficiente, uma vez que a tabela 1 mostra que há a necessidade de
acrescentar potência reativa capacitiva em alguns casos, para que a média do fator
de potência, mostrado pela figura 18, não ultrapasse o limite permitido de 0,92
indutivo estabelecido pela ANEEL, sendo a maior parte do tempo sugere a retirada
de reativo capacitivo.
A Figura 18 é o gráfico do fator de potência durante a semana e na Figura 19
é o a curva do fator de potência de sexta para sábado.

42
Tabela 1: Fator de potência

Fonte: Autor

3.3 Medição e dimensionamento de fator de potência

Para realizar a medição do fator de potência foi utilizado um analisador de


energia por conta da vantagem que o equipamento tem ao analisar as taxas de
distorções harmônicas.
No disjuntor de baixa tensão foi instalado um analisador de energia, Modelo
RE 7000, do fabricante Embrasul, dessa forma o equipamento armazena os
parâmetros da energia elétrica naquele ponto, dentre as grandezas podemos
verificar: tensão, corrente, fator de potência, potência ativa, reativa e aparente etc.
O equipamento foi conectado nas três fases e no neutro como é
recomendado pelo fabricante, EMBRASUL (2015). Esse tipo de ligação é
aconselhado para avaliar as fases de forma independente. Como consta na Figura
20.
.

43
Figura 20: Analisador instalado

Fonte: Autor.

3.4 Controle do fator de potência

Pela Tabela 1 pode-se determinar a potência ativa, reativa e fator de potência


médios com seus respectivos valores 217.164 kW, 92.976 kVAr e 0.919, de o fator
de potência recomendado pela resolução normativa Nº 414/2010, da ANEEL é 0.92.
Como apresentado na Figura 18 pode-se notar que uma das fases passa várias
vezes pelo limite estabelecido da concessionária, como a multa é aplicada pela
media das três fases, a indústria não é penalizada, Vale ressaltar que o tempo de
análise foi pequena, em uma amostragem maior o sistema poderá apresentar
maiores problemas, contudo para prevenir uma futura punição, e para o alívio do
sistema fabril, sugere a instalação de um banco de capacitores de 30 kVAr. A Figura
21 simula como seria a curva com o acréscimo desse reativo.

44
Figura 21: Correção do fator de potência.

Fonte: Autor.

Outro problema é o controle do banco de capacitores na fábrica. Na Figura 21


pode – se perceber que ao acrescentar 30kVAr capacitivo, para controle de reativo
quando a indústria está em funcionamento, agrava o outro problema, ou seja,
aumenta o excedente reativo capacitivo quando os equipamentos não estão em
funcionamento. Para esse problema o mais recomendado é coordenar o banco com
temporizador para desligar a noite e energizar no horário de funcionamento da
indústria.

45
Figura 22: Topologia

Fonte: Autor

O esquema da Figura 22 mostra uma sugestão para solucionar o problema.


Na parte de força é instalado de um banco de capacitores trifásico com potência
reativa de 30 kVAr ligado em delta. O acionamento ficará a cargo do contator C1,
geralmente utilizado para acionar banco de capacitores por ter resistores de pré-
carga instalado nele, para suportar altas correntes, o condutor utilizado é 16 mm² em
cada fase. Na fase T deriva o circuito de comando contendo um temporizador,
conhecido também como relé horário. Esse temporizador é programado pelo usuário
para comutar o relé interno, desta forma aciona a bobina do contator C1, submetida
a uma tensão de 220 v, Energizando o banco. Nesse sistema há também disjuntores

46
para a proteção desse contator, como a corrente é menor, a “bitola” também é
menor, sendo 1,5mm².
Na análise foi medida harmônicas de corrente de 3ª,5ª,7ª,9ª e 11ª ordens, é
oportuno afirmar que este evento ocorre uma vez por dia, como observa-se no
gráfico do anexo D, em consequência do acionamento de alguma carga não linear.
Os valores medidos pelo analisador não são preocupantes, visto que não apresenta
amplitudes superiores a 40%, como pode-se ver na Tabela 2.

Tabela 2: Harmônicos

Fonte: Autor

47
4 CONCLUSÃO

Este trabalho de conclusão de curso, teve como objetivo realizar o estudo


sobre o fator de potência em uma unidade consumidora industrial com classe de
tensão de 15 kV, tendo como foco principal realizar a medição e o controle do fator
de potência.
O método para realizar a medição foi através de um analisador de energia do
fabricante Embrasul, modelo RE 7000, sendo considerado como a melhor opção
entre as citadas nesta monografia, uma vez que o equipamento é capaz de
identificar possíveis distorções harmônicas presentes da unidade consumidora,
nesse trabalho visualizamos a baixa existência da tal, além de ser possível realizar a
simulação da inserção de capacitores no sistema, parâmetros estes não existentes
na telemedição, e nem por memória de massa, ambos fornecidos pela distribuidora
local.
O equipamento ficou instalado da indústria por cinco dias, esse período
mostrou a curva o fator de potência e o gráfico de distorção de harmônicas da
indústria.
A Indústria apresentava ultrapassagem do limite de reativo capacitivo no final
de semana, uma vez que quando os motores estavam desligados, os capacitores
continuavam ligados, tal fato acontecia por que o banco de capacitor estava ligado
diretamente no QGBT, enquanto um disjuntor fazia a conexão entres os motores e o
quadro esse problema pode ser solucionado por um relé horário no acionamento do
banco capacitor, ligando o equipamento as 06:00 e desligando as 18:00, horário em
que a fábrica está encerrando suas atividades produtivas. Foi encontrado algumas
distorções harmônicas na indústria, porém nenhuma delas ultrapassa 40%, este
valor é a amplitude máxima permitida.
Outro cenário encontrado é que foi medido uma ultrapassagem do limite
tolerado do fator de potência indutivo, estabelecido pela resolução normativa Nº
414/2010, da ANEEL, por mais que esses valores não sejam o suficiente para
indústria pagar por excedente reativo indutivo foi instalado de um banco de capacitor
de 30 kVAr, para alívio do sistema e para uma possível ultrapassagem de excedente

48
reativo indutivo. É valide ressaltar que o período de análise foi curta, desta forma é
possível que o sistema em uma amostragem maior apresente excedente reativo
indutivo.
Essa estratégia de medição e controle permitirá que a fábrica continue em
operação sem multas por excedente reativo na atual condição produtiva, além disso
pode gerar outros benefícios como evitar a sobrecarga dos condutores, além de
melhorar o desempenho dos equipamento, visto que irá melhorará a qualidade de
energia do sistema.
O projeto futuro para esta indústria seria estudar as interferências de
harmônicos no sistema. O que poderá impactar no sistema após a implantação de
banco de capacitores e do relé horário.

49
REFERÊNCIA

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ENERGIA ELÉTRICA: Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no
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53
ANEXO A – GRÁFICO COMPLETO DO FATOR DE POTÊNCIA

54
ANEXO B – GRÁFICO DA CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA

55
ANEXO C – CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA

56
57
58
ANEXO D – HARMÔNICOS

59
ANEXO E – ANALISADOR MODELO RE 7000

60
61
62
ANEXO F – TENSÕES HORMÔNICAS

63
64
65
ANEXO G – CORRENTES HARMÔNICAS

66

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