Você está na página 1de 2

Platão (427-347 A.

C)
(Prof. Léo/Filosofia/IFF Macaé)

1- Platão
1.1- Curiosidades
O mais renomado discípulo de Sócrates, Platão é considerado por muitos o maior
filósofo da história. Fundou uma importante instituição de ensino em Atenas, a Academia.
1.2- A teoria dos dois mundos
Dois pensadores pré-socráticos foram determinantes para a filosofia platônica:
Heráclito e Parmênides. O primeiro dizia que a característica central da realidade é o
movimento, pois tudo no mundo sofre incessante transformação. Tudo passa, tudo flui, tudo
se move (os astros fazem seus percursos, a terra gira, há o ciclo natural da vida, etc.).
Parmênides defendia justamente o oposto. Para ele, a característica principal do mundo são as
essências, isto é, aquilo que não muda nas coisas. Por exemplo, a água pode existir em três
estados, mas ela não deixa jamais de ser água. Sua essência se conserva a mesma. O ser
humano pode ser branco ou negro, alto ou baixo, rico ou pobre, etc., mas não pode deixar de
ser humano, pois esta é sua essência.
Esse dilema filosófico (movimento x essência) perdurou anos, até que Platão, a partir
dos dois conceitos acima, criou a sua própria teoria e, com ela, impactou o mundo para
sempre.
Segundo Platão, existem dois mundos, duas dimensões completamente distintas: o
mundo sensível e o mundo ideal. O mundo sensível é este plano material em que vivemos.
Aqui, tudo passa, tudo se movimenta (dia e noite, estações do ano, vida e morte, etc.). O
filósofo disse que o nosso mundo é passageiro e marcado pela imperfeição, pois as coisas que
mudam não são perfeitas (se fossem perfeitas, não haveria necessidade de mudança!).
O mundo ideal, por sua vez, é uma realidade além da nossa, que não pode ser
percebida pelos sentidos humanos, mas unicamente pela razão. Esta é a dimensão das
essências, das coisas que permanecem sempre as mesmas. Para comprovar sua tese, ele diz
que só conhecemos exemplos de beleza, coragem, respeito, etc., porque, antes de tudo,
existem A beleza, A coragem e O respeito. Entre as ideias (ou essências), Platão classifica o
bem, a justiça e a verdade como as principais. Ainda, este é o mundo em que tudo é perfeito,
imutável e eterno, visto que não se acha sujeito à transformação (as essências não mudam!). O
mundo sensível não passa de uma cópia imperfeita do mundo ideal.
1.3- A ética
Profundamente influenciado pelo seu mestre Sócrates, Platão defende uma noção de
ética baseada em valores absolutos. Tendo como pano de fundo a teoria dos dois mundos, ele
diz que há princípios absolutos (como bondade, justiça e verdade) pelos quais se deve viver.
Tais valores são próprios do mundo ideal. No entanto, há vícios que pertencem ao nosso
mundo, e que devem ser evitados com toda a força, como riquezas, fama, status, etc. Estes são
passageiros, ilusórios e não acrescentam nenhum valor à alma humana.
1.4- A alma
Platão é um ardoroso defensor da imortalidade da alma. Inclusive, ele diz que nossas
almas foram criadas puras e existiam no mundo ideal. No entanto, por causa de um evento
obscuro (que ele não explicou!), fomos condenados a viver em corpos mortais, aqui no mundo
sensível. O filósofo ensinou que quem viver de acordo com o bem, a justiça, a verdade, etc.,
ao morrer, deixará o mundo sensível e viverá eternamente no mundo ideal (nos “Campos
Elíseos”, onde terá paz e alegria). Quem, por sua vez, gastar a vida em ganância, depravação,
orgulho, etc., ao morrer, irá para o sofrimento do “Tártaro”.
Platão divide a alma humana em três partes: concupiscente (instintos mais baixos),
irascível (emoções) e racional (intelecto). O sujeito ideal é aquele no qual a parte racional
comanda as outras duas.
1.5- A educação
A educação é vista por Platão como um instrumento de crescimento do indivíduo,
enquanto ser humano. Herdeiro direto de Sócrates, Platão entende que a educação deve
libertar o sujeito da ignorância e da alienação, estimulando sua reflexão e consciência crítica.
O método educacional de Platão é a dialética (diálogo, debate fundamentado na razão).
1.6- A política
Em seu mais famoso livro, “A república”, Platão expõe o que considera uma
sociedade ideal. Ele a divide em três grupos sociais: artesãos (classe mais baixa, composta por
lavradores, pedreiros, carpinteiros, etc.), guardiões (os soldados) e governantes (os
dirigentes). Nesta sociedade, os dirigentes comandam as outras duas classes. Detalhe: para
Platão, os governantes devem ser os filósofos! Porque, segundo ele, os filósofos são os que
buscam pensar e, assim, poderiam comandar através de boas ideias, pensamentos corretos e
reflexões úteis para toda a sociedade.

Você também pode gostar