orienta.
o Observe-se que o Direito, em
razão de seu natural caráter
autoritário, constitui-se no meio
mais eficiente para a justificação
de uma ideologia ou interesse.
• Escolas
o Partindo-se do pressuposto de
o No Direito, chamamos que a norma jurídica nada diz,
hermenêutica o campo do pois seu significado é construído
conhecimento que se preocupa e reconstruído pelo hermeneuta,
em descrever as diversas formas se estes dispõem de uma
(Escolas) de interpretação da sistematização de métodos que
norma jurídica, cada uma delas direciona a aplicação do direito à
relacionada há um particular suas conveniências, verá seus
modo de se tomar contato com o interesses satisfeitos.
discurso legal. o Eis aqui a lógica da
o Já interpretação significa sistematização dos
depreender do texto seu sentido procedimentos, que
e alcance por meio de utilização caracterizam as Escolas
de determinada técnica. Hermenêuticas.
Dependendo da escola • Sistemas ou Escola
hermenêutica que segue o Hermenêuticas
intérprete, diversa será a o Os sistemas ou Escolas
determinação do limite e alcance Hermenêuticas podem ser
da norma. classificados em quatro grupos
Na lição de Carlos Maximiliano principais, a saber:
o “Do exposto ressalta o erro dos I. Escola Dogmática ou
que pretendem substituir uma Exegética ou da Exegese
palavra pela outra; almejam, ao II. Escola Histórica
invés de Hermenêutica, III. Escola da Livre Pesquisa
interpretação. Esta é a aplicação ou Livre Criação do
daquela; a primeira descobre e Direito ou Livre
fixa os princípios que regem a Interpretação
segunda. A Hermenêutica é a arte IV. Escola do Jusnaturalismo
de interpretar”. o Porém, existem outros sistemas,
Escola Hermenêuticas quais sejam: Escola Sociológica,
o Os diversos métodos, técnicas ou Escola Pandectista e Escola
elementos de interpretação do Teleológica. Além de outras
Direito deram origem às Escolas, escolas/ sistemas.
que propuseram um sistema de • Escola Exegética (França, séc.
interpretação, o qual constitui uma XIX)
organização dos procedimentos o Parte do pressuposto de que o
do intérprete ligados à intérprete é escravo da lei. Prega
interpretação, de acordo com uma o culto desmedido aos códigos,
inadmitindo qualquer lacuna. O
símbolo maior dessa escola foi o clara e que, portanto,
código civil francês de 1804 seus termos
(Código de Napoleão). correspondem ao
o Este código era considerado obra pensamento do
completa e acabada, expressão legislador.
da filosofia liberal e individualista II. Escola Exegética
que triunfou com a Revolução Moderada : aqui há a
Francesa. De acordo com essa recomendação da
Escola, os códigos não deixam consulta às fontes que
nada ao arbítrio do juiz, propiciaram o texto ao
competindo-lhe por meio da legislador, o exame dos
interpretação gramatical (literal) trabalhos preparatórios, a
extrair o sentido do texto legal. ponderação das
o Observa-se aqui um positivismo consequências das
exacerbado, sob o influxo da interpretações possíveis,
separação das funções estatais, e finalmente a indagação
pugnando pela não interferência do espírito da lei.
do judiciário no campo do • Escola Histórica ( Alemanha,
Legislativo, por meio de outro séc. XIX)
método interpretativo que não o o Aqui há uma insurgência contra o
literal. positivismo exacerbado. Esta
o Outra manifestação do Escola entende que o Direito é um
positivismo encontra-se na Escola produto histórico que surge
dos pandectistas alemães, que espontaneamente das convicções
elaboraram um sistema de do povo. Assim, cada estado tem
normas baseado no Direito seu próprio direito, proveniente do
Romano, por meio de um estudo “espírito do povo” (Volksgeist), e
Corpus Iuris Civilis. afirma que qualquer legislação
o Estes interpretavam o texto legal deveria ser interpretada em
considerando a intenção do consonância com os costumes
legislador à época da feitura do vigentes.
texto (influxo da corrente o Savigny admitia as interpretações
subjetivista do referencial gramatical, lógica, sistemática,
adotado). Dentre as histórica, sociológica e
manifestações positivas há ainda teleológica. Sua maior pretensão
Escola Analítica de Jurisprudência seria introduzir o método
segundo a qual o Direito tempo de hermenêutico na dogmática
objetivo as leis positivas, sendo jurídica, elevando o direito ao
irrelevantes os valores ou patamar da ciência. A dogmática
conteúdo ético que as inspiram. hermenêutica é a Ciência do
o Dentro da Escola Exegética Direito encarada na perspectiva
podemos proceder a distinção de da teoria da interpretação.
duas orientações. • A Escola subdivide-se em:
I. Escola Exegética I. Escola histórico-
Extremada : aqui dogmática: teve como
pressuposto geral é representante maior
sempre de que a lei é Savigny, e preconizava
que o intérprete não I. Escola Científica Francesa:
deveria se limitar ao texto prega que o Direito não está todo
legal para solucionar os contido na norma legal, embora
conflitos, mas utilizar-se a considere como a mais
também do elemento importante das fontes. Logo, o
sistemático. Logo, caso a intérprete deverá preencher
intenção do legislador essas lacunas com as demais
conflitasse com a fontes do Direito. Ex: LINDB, art.
manifestação da 4°, CLT,art.8°.
consciência coletiva, o II. Escola do Direito Livre: proposto
intérprete deveria optar pela Escola Alemã (1916),
por esta última. apresenta uma reação contra o
II. Escola Histórico- princípio da plenitude do direito
evolutiva: teve como positivo. Entende que o Direito
representante maior não emana sempre da vontade
Saleilles, que entendia do Estado, devendo o intérprete
que o intérprete deveria submeter-se à lei e também aos
não só considerar o que o estudos sociológicos, quando os
legislador quis, mas o que textos não oferecerem uma
quereria se vivesse à solução adequada e justa.
época da aplicação da lei. 1. Aqui
Saleilles sustentava que vislumbram-
as normas jurídicas se duas
sujeitavam-se à lei geral tendências:
da evolução. II.I. Extremada:
III. Escola Teleológica: teve também conhecida
como fundador Rudolf como Escola do
Von Ihering. Essa Direito Justo,
vertente vê o Direito como recomenda ao juiz
um organismo vivo, aplicar a lei só
produto da luta dos quando ela fosse
povos, das classes justa, e caso fosse
sociais, dos governos e injusta, decidiria de
dos indivíduos. Sua acordo com os
finalidade é a proteção de critérios da
interesses, que, se consciência. Essa
opostos, devem ser Escola é criticada
conciliados, com a pela ameaça que
predominância dos representa à
interesse sociais. segurança jurídica,
pois as decisões
• Escola da Livre Criação do
dependeriam
Direito
unicamente da
o Prega uma maior subjetividade do
liberdade de juiz.
interpretação. Subdivide- II.II. Moderada:
se em: autoriza a criação
de norma jurídica Napoleão, afirma em sua
pelo intérprete introdução.
apenas quando se “Existe um direito universal,
deparasse com imutável, fonte de todas as leis
uma lacuna, após positivas e que não é mais do
esgotadas todas quer a razão natural enquanto
as fontes do diretora de todos os povos da
Direito; só após terra”
esse esgotamento o Segundo essa escala, a norma de
o juiz estaria Direito deve ser interpretada de
“legitimado” a criar acordo com os seguintes
uma norma mais PRINCÍPIOS :
justa. 1. Princípio do Direito à vida;
o Escola do Direito Natural ou 2. Princípio do Direito à
do Jusnaturalismo (XVII e liberdade;
XVIII) 3. Princípio do Direito à
o Nos séculos XVII e XVIII teve participação na vida social;
início a Escola do Direito Natural, 4. Princípio do Direito à união
a qual teve sua grande entre os seres (para a
inspiração no holandês Huig Van criação da prole);
Der Groot, cujo nome foi 5. Princípio do Direito à
alatinado para Hugo Grotius. igualdade;
o Opondo-se às doutrinas 6. Princípio do Direito à
teleológicas do feudalismo, oportunidade;
Gratius afirmava que o o Para os seguidores da Escola do
fundamento do Direito reside na Jusnaturalismo, a interpretação
própria natureza humana. do Direito leva em consideração
o A ideia era a de que para além as características do direito
da legislação positiva havia um natural: eternidade, imutabilidade
Direito ideal, formado por e universalidade.
princípios imutáveis e o Seu declínio se deu a partir da
verdadeiros em qualquer lugar, e ascensão da Escola Histórica do
que o homem o descobre graças Direito, para a qual este não é um
a sua razão. produto da razão pura, nem uma
o O objetivo do legislador, então criação arbitrária do legislador.
era adaptar sua lei ( princípios o Na medida em que as condições
secundários) à lei eterna da vida social vão se alterando, o
(princípios primários), como faz Direito deve se adaptar às novas
o operário que reproduz no situações.
mármore o original do artista. o Observa-se que a ideia do direito
o Referida Escola exerceu notável natural diverge dentro do
influência nas grandes pensamento jurídico de acordo
codificações do início do século com os estudos sobre a sua
XIX, bastando lembrar que o origem e a sua fundamentação .
código civil francês de 1804 ( Por esta razão existem duas
Código de Napoleão), por ter correntes:
sido encomendado pela próprio
1. Corrente do estoicismo cuja aplicação é prevista na lei
helênico, que foi uma (Código Civil em vigência).
escola fisiológica o No entanto, restaria afastada a
fundamentada por Zenon possibilidade de aplicação do
de Cítio, que defende a direito praeter legem, ou seja,
tese da origem e da na lacuna da lei, e
fundamentação do direito especialmente a aplicação do
natural a partir de uma costume contra a legem, isto é,
natureza cósmica. que contraria a previsão legal.
2. Corrente do pensamento • Escola Pandectista
teológico medieval, que o Surgiu na Alemanha uma
defende a ideia da origem e disciplina jurídica influenciada
fundamentos do direito pelos glosadores da Idade
natural a partir da vontade Média, cuja atividade
divina. fundamental era realizar uma
• Escola Sociológica do Direito análise atenta das disposições
o A Escola Sociológica do Direito legais que organizavam a vida
tem uma postura mais radical, social na antiga Roma.
busca nos fatos sociais a fonte o O levantamento da legislação
direta, o direito aplicável ao romana, no período Justiniano,
caso, uma vez que entende que deu vida ao Corpus Juris Civilis,
o ordenamento jurídico positivo é dividido nos Digestos ou
insuficiente para a solução dos Pandectas, Institutas Codex e
litígios levados ao judiciário. Novelas.
o Como Geny, Eugen Enrlich o Os Digestos ou Pandectas eram
afasta a interpretação do direito a compilação dos pareceres dos
da aplicação de pensamento renomados juristas romanos a
silogístico, ressaltando o caráter respeito dos temas de interesse
ficcional deste tipo de atividade. para o Direito, é o que ficou
A partir dessa perspectiva, o legado para a posteridade como
direito passa a ser visto como “Tribunal dos Mortos” composto
fato social, inaugurando uma por Gaio, Papiniano, Ulpiano,
frente de pensamento jurídico Paulo e Modestino, daí a Escola
que compreende o direito chamada Pandectista, serão
positivo apenas como uma estes autores e os responsáveis
tecnologia condicionada ao ramo pela elaboração do Código Civil
da sociologia jurídica. Alemão de 1896, que passa a
o Ressurge na prática forense a viger em 1900, destacando-se
aplicação dos costumes jurídicos os trabalhos de Windscheid.
fontes do direito, bem como de • Escola Teleológica (Alemanha)
método de integração do o Criada por Rudolf Von Ihering,
ordenamento jurídico, sempre segundo a qual, para se chegar
que houver lacuna na lei. ao espírito da lei, seria
o Na Escola Tradicional haveria a necessário buscar a finalidade
possibilidade de aplicação do legislador ao editar
apenas do costume secundum determinada norma jurídica,
legem, ou seja, aquele segundo considerando que a
interpretação histórica não seria o Assim, a fim de sintetizar a
capaz de intuir a vontade do interpretação da norma,
legislador, a mens legis caberia surgiram pensadores
ao intérprete, para além da renomados que desenvolveram
análise dos projetos de lei e sua trabalhos doutrinários seguindo
contextualização em os ideais das Escolas
determinado período, a tarefa Hermenêuticas, o principal autor
fundamental de extrair o que é Carlos Maximiliano.
pretendia de fato o legislador ao
criar norma.
o Segundo Perelman, o direito é
um meio do qual se serve o
legislador para atingir seus fins,
promover certos valores. Logo o
Juiz deve remontar do texto à
intenção que guiou sua redação,
à vontade do legislador,
interpreta o texto em
conformidade com essa
vontade, pois o que conta, acima
de tudo, é o fim perseguido, mais
o espírito do que a letra da lei .
o Considera-se tudo aquilo que
causa a maior quantidade de
prazer para o maior número de
pessoas possível.
o Atualmente, ainda se utiliza a
tradição dogmática no meio
jurídico, haja vista que alguns
juristas, contrariando as ligações
históricas e sociológicas mais
adotadas, afirmam que o direito
é a lei. A Escola Exegese foi a
que mais influenciou o Brasil.
o Vale ressaltar que apenas a
partir de 1824 teve início
produção jurídica no Brasil, com
a Constituição do Império e a
Constituição Republicana de
1891, além de ter consolidado
sua Independência sobre o
Império da lei com o Código
Comercial e Penal, trilhando os
passos da tradição francesa.
Mais tarde surgiu o Código Civil
de 1916, fruto dos trabalhos de
Clóvis Bevilacqua.