Uma pessoa no Brasil gera, por dia, aproximadamente 1 kg de resíduo sólido, segundo a
CETESB. O potencial estimado para a reciclagem é a metade, segundo Ministério do Meio
Ambiente, ou seja, 0,5 kg/ hab/ dia. Em Itajaí/ SC, cidade que conta com uma população 223.112
habitantes em 2020, segundo estimativa do IBGE, este número corresponde a um total de mais de
111 toneladas de material passíveis de serem reciclados diariamente. Porém, de acordo com dados
do Plano Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), podemos dizer que apenas 5% do total de resíduos
gerados, o que equivale a pouco mais de 11 toneladas, é o que se recicla hoje, ou seja, estão sendo
desperdiçadas outras 100 toneladas de resíduos/dia em potencial.
A matemática da reciclagem é fácil, quanto maior a quantidade, maior o valor. A coleta seletiva
no Brasil é realizada de maneira informal há muitos anos, através dos catadores autônomos. Estes
foram os primeiros a perceber que havia valor no “lixo”. Atualmente, em muitos municípios do país,
os catadores já se organizam em cooperativas, que recebem os resíduos, fazem a separação
adequada, e os encaminham a empresas recicladoras dos materiais (Recicloteca, 2016).
Os benefícios de um programa que venha a colaborar com um cenário mais positivo para este
setor são incalculáveis, pois melhora as condições de trabalho de muitas pessoas. O sentido desta
campanha é de tentar sensibilizar a população de Itajaí para que, de alguma forma, venha a se
conscientizar tanto da importância de si para o outro como da importância do outro para si mesmo e
de ambos para o meio.
A propaganda deveria ser veiculada através desta frase (slogan), ditada acima. O veículo
principal de propagação, os próprios catadores autônomos que atuam pela cidade. Precisamente,
seria necessária a confecção das camisetas e a estamparia com a frase em destaque e,
posteriormente, a sua distribuição a todos ou ao maior número de catadores possíveis para que
possam propagar esta ideia. Caso alguém que queira aderir ao movimento se aproxime do catador
“uniformizado” ele apenas precisaria informar que o material reciclado só precisa ser limpo, seco e
separado, sendo que se for somente separado já é de grande ajuda. Lembrando que, apenas, uma
pequena quantidade de água é o suficiente para a lavagem das embalagens. Também a estrutura
de coleta seletiva da prefeitura poderia adotar o slogan, além da sua sinalização em PEVs – Postos
de Entrega Voluntária, Outdoors e afins, anunciando a campanha em forma de atração (não de
promoção). Esta pretende ser uma campanha em caráter permanente (não temporário) de um
Programa de Coleta Seletiva de Materiais Recicláveis para a cidade de Itajaí – SC.
Fundamentação Teórica
A mudança de hábitos e costumes é algo muito difícil mesmo quando ficamos conscientes de
que estamos fazendo algo “errado”. Muitas vezes continuamos fazendo simplesmente, porque
estarmos já a fazer aquilo há muito tempo e daquela mesma maneira ou porque ainda não nos
sentimos tão mal fazendo aquilo, a ponto de tentar modificar.
Esta campanha visa sensibilizar a população trazendo um novo olhar para a importância de
separar o “lixo”, já que se utilizaria dos próprios catadores, que estão na linha de frente desse
serviço, hoje, como num grande movimento, o que chamaria à atenção do restante da população
para esse sentido, trazendo o seu interesse em saber sobre e, claro, talvez até aderir.
O hábito de separar o lixo seco (reciclável) do lixo úmido (orgânico) não requer conhecimentos
profundos de composição de materiais, basta apenas não misturar aquilo que pode ser reciclado do
que é realmente lixo, ajudando no processo de triagem para reciclagem e também o trabalho das
famílias e cooperativas que dependem economicamente desta atividade.
A ideia é muito simples: ter dois tipos de “cestos de lixo” em casa, sendo um para tudo aquilo
que é considerado úmido ou orgânico, a ser coletado como lixo pela coleta domiciliar normal, e outro
para tudo o que é material passível de reciclagem, que é o material “seco” ou inorgânico.
Parece muito simples, mas a maioria ainda não faz.
O ideal de início é que os materiais sejam separados, apenas. Mas, na sequência, com o
andamento do processo e a efetiva conscientização das pessoas espera-se que os materiais
recicláveis venham ainda a ser limpos e secos, na sua fonte geradora. Mas, bem sabemos que é
sempre mais fácil começar a fazer a coisa certa do esperar que se possa fazê-la corretamente.
Para mim, hoje já não faz muita diferença lavar um copo e lavar também um pote de margarina,
mas para outros sim, ainda faz.
Úmidos
Restos de alimentos, cascas de frutas, legumes e ovos.
Flores e caules.
Folhas de árvores e hortaliças.
Sacos de chá e café.
Aparas de madeira (em pequenos volumes).
Cinzas.
Resíduos de banheiro (papel higiênico, toalha de papel, preservativos e absorventes usados).
Guardanapo sujo.
Fio dental.
Canudinho.
Esponja de aço.
Panos velhos.
Palitos.
Secos
Papéis: Papelão, jornais, revistas, cadernos e embalagens tipo longa vida.
Metais: alumínio, bronze, cobre, sucatas de ferro, latas, panelas, fios e correntes.
Plásticos: Copos descartáveis, sacos, sacolas, caixas, garrafas, embalagens, tubos de PVC,
vasilhames de produtos de higiene e limpeza, brinquedos e utensílios quebrados.
Vidros: Copos, potes, jarros, frascos de perfume, garrafas, vasilhames de produtos de higiene
e limpeza.
Especificamente, cada material tem a sua vantagem de ser reciclado.
PAPEL
A cada 28 toneladas de papel reciclado evita-se o corte de 1 hectare de floresta (1 tonelada
evita o corte de 30 ou mais árvores);
A produção de uma tonelada de papel novo consome de 50 a 60 eucaliptos, 100 mil litros de
água e 5 mil KW/h de energia. Já uma tonelada de papel reciclado consome 1.200 Kg de papel
velho, 2 mililitros de água e 1.000 a 2.500 KW/h de energia;
A produção de papel reciclado dispensa processos químicos e evita a poluição ambiental:
reduz em 74% os poluentes liberados no ar e em 35% os despejados na água, além de poupar
árvores;
A reciclagem de uma tonelada de jornais evita a emissão de 2,5 toneladas de dióxido de
carbono na atmosfera;
O papel-jornal produzido a partir das aparas requer 25% a 60% menos energia elétrica do que
a necessária para obter papel da polpa da madeira.
METAL
A reciclagem de 1 tonelada de aço economiza 1.140 Kg de minério de ferro, 155 Kg de carvão
e 18 Kg de cal;
Na reciclagem de 1 tonelada de alumínio economiza-se 95% de energia (são 17.600 kwh para
fabricar alumínio a partir de matéria-prima virgem, contra 750 kwh a partir de alumínio reciclado) e 5
toneladas de bauxita, além de evitar a poluição causada pelo processo convencional, reduzindo 85%
da poluição do ar e 76% do consumo de água;
Uma tonelada de latinhas de alumínio, quando recicladas, economiza 200 metros cúbicos de
aterros sanitários;
Vale lembrar que 96% das latas no Brasil são recicladas, superando os índices de países
como o Japão, Inglaterra, Alemanha, Itália, Espanha e Portugal. Entretanto, este número pode
chegar próximo a 100% dependendo de suas atitudes!
VIDRO
O vidro é 100% reciclável, portanto não é lixo: 1 kg de vidro reciclado produz 1 kg de vidro
novo;
As propriedades do vidro se mantêm mesmo depois de sucessivos processos de reciclagem,
ao contrário do papel, que vai perdendo qualidade ao longo de algumas reciclagens;
O vidro não se degrada facilmente, então não deve ser despejado no solo;
O vidro, em seu processo de reciclagem, requer menos temperatura para ser fundido,
economizando aproximadamente 70% de energia e permitindo maior durabilidade dos fornos;
Uma tonelada de vidro reciclado evita a extração de 1,3 tonelada de areia, economiza 22% no
consumo de barrilha (material importado) e 50% no consumo de água.
PLÁSTICO
Todos os plásticos são derivados do petróleo, um recurso natural não renovável e altamente
poluente;
A reciclagem do plástico economiza até 90% de energia e gera mão-de-obra pela implantação
de pequenas e médias indústrias;
100 toneladas de plástico reciclado evitam a extração de 1 tonelada de petróleo.
Referências:
OLIVEIRA, Artur Santos Dias de. Método para viabilização de implantação de Plano de
Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos: o caso do município do Rio Grande - RS.
Florianópolis, 2002: Tese de Doutorado – Engenharia de Produção. Universidade Federal de
Santa Catarina.
https://www.wwf.org.br/?14001/
https://cidades.ibge.gov.br/brasil/sc/itajai/panorama
http://www.recicloteca.org.br/noticias/coleta-seletiva-de-residuos-no-brasil/
https://vivamaisverde.com.br/2009/10/secos-e-molhados/