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1. CONTRATOS
4. CONCESSÃO MERCANTIL
Trata-se de contrato atípico em que determinado empresário (concessionário) se obriga a
comercializar, com ou sem exclusividade, com ou sem cláusula de territorialidade, os produtos
fabricados por outro empresário (concedente), nas condições estipuladas pelo último.
Contrato ATÍPICO, com exceção da concessão comercial de veículos automotores terrestres,
que é um contrato típico, disciplinada pela Lei n. 6.729/ 1979 (Lei Ferrari).
A CLÁUSULA DE EXCLUSIVIDADE se reflete no dever assumido pelo concessionário de não
comercializar produtos diversos dos fabricados pelo concedente.
A CLÁUSULA DE TERRITORIALIDADE se reflete na proibição de o concedente comercializar,
direta ou indiretamente, na área de atuação reservada ao concessionário.
Ex.: CONCESSÃO DE AUTOMÓVEIS, venda de passagens aéreas por meio de agências de
viagens - As agências são comissárias e realizam negócios por conta do comitente, recebendo
comissão por isso.
CARACTERÍSTICAS:
• Contrato bilateral, oneroso, de execução continuada, atípico e para obter efeito em
relação a terceiros, exige forma escrita e registro especial.
• Autonomia jurídica, administrativa e financeira do franqueado como empresário, que
não está ligado ao franqueador por qualquer vínculo de subordinação (não há relação
empregatícia), devendo apenas obedecer às regras e limitações impostas como
padronização da comercialização do produto (por ex.: preços, promoções, layout da
loja, etc.).
• O franqueado pagará remuneração (royalties) ao franqueador.
• Não se pode invocar a aplicação do CDC, apesar de haver certa hipossuficiência do
franqueado em relação ao franqueador.
• Licença de uso de direitos de propriedade industrial eventualmente cumulada com
serviços de tecnologia de administração e organização de empresa.
EXTINÇÃO DO CONTRATO
1. Adimplemento das Obrigações: o contrato deve prever os direitos e obrigações das partes
que o firmaram. Satisfeitas as condições estabelecidas falam-se que as partes adimpliram as
suas obrigações e que o contrato está resolvido.
2. Advento do termo contratual: Todo contrato deve ter uma cláusula que estipule o prazo de
sua validade, chamada da cláusula de vigência contratual. Nesta cláusula deve se estabelecer,
além do prazo de vigência, a possibilidade e a forma de renovação/prorrogação da mesma.
Uma das formas de extinção do contrato é o advento do termo contratual, ou seja, quando é
alcançado o prazo e/ou a data previstos na cláusula de vigência.
3. Por vontade das partes: As partes, de comum acordo, e observadas as condições estabelecidas
no contrato, podem resolvê-lo mediante comunicação prévia. Este distrato ocorrerá sempre
nas mesmas condições e seguindo as mesmas formalidades que foram necessárias para a
formalização do contrato.
4. Por situações alheias à vontade das partes:
• Resilição unilateral: condições previamente estabelecidas pela lei ou pelo contrato
que propiciam à parte lesada o direito de, mediante notificação à parte inadimplente,
extinguir o contrato
• Da exceção de contrato não cumprido: só tem o direito de exigir o cumprimento da
obrigação, aquele que cumpriu a sua. O descumprimento desmotivado da obrigação
pode ter o condão de liberar a outra parte de adimplir a sua
• Resolução por onerosidade excessiva: trata-se de situação na qual a prestação de uma
das partes se torna excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra.
Para que isto ocorra tem-se de considerar que a origem deste acontecimento deve ter
sido motivada por algo extraordinário, imprevisível ou de consequências imprevisíveis,
a chamada álea econômica extraordinária. Em sendo provada esta situação, a parte
prejudicada pode pedir a resolução do contrato, podendo esta ser evitada pela
modificação equitativa do contrato de forma a se restabelecer o equilíbrio-
econômico-financeiro do mesmo. É o meio de dissolução do contrato em caso de
inadimplemento culposo ou fortuito. Quando há descumprimento do contrato, ele
deve ser tecnicamente resolvido.
• Morte de um dos contratantes: só ocorre se a obrigação for personalíssima.
DISSOLUÇÃO DAS SOCIEDADES
A dissolução de sociedade é a deliberação dos sócios pela extinção da empresa, que pode ser
parcial ou total e pode ocorrer por diversas razões, tanto de comum acordo entre os sócios, pela
vontade de um sócio, se for ocorrer a dissolução parcial, por término do prazo da empresa, pelo
falecimento ou impossibilidade de um sócio continuar na sociedade ou por requerimento judicial de
qualquer sócio.
Nenhum sócio pode ser impedido de se retirar da sociedade, o art. 1.029 prevê expressamente
que qualquer sócio pode retirar-se da sociedade por prazo indeterminado, mediante notificação aos
demais sócios, com antecedência mínima de 60 dias ou prazo diverso se previsto no Contrato Social e
se de prazo determinado, provando judicialmente a justa causa para a retirada antes do prazo. Depois
que o sócio retirante notificar os demais, em 30 dias, podem decidir pela dissolução da sociedade,
parcial ou total.
• Na Recuperação judicial: o seu processamento é feito através de uma ação judicial proposta
pela empresa perante o Juízo de Falência e Recuperação Judicial, sem que haja a concordância
ou participação prévia de credores.
Créditos contemplados: O compromisso estabelecido nesse tipo de recuperação não pode
incluir créditos de natureza tributária. Também não contempla pagamento antecipado de
dívidas e tratamento desfavorável aos credores. Feito o acordo, o cumprimento se torna
obrigatório para todas as partes.
RECUPERAÇÃO JUDICIAL
Como dispõe o art. 47da Lei n 11.101/2005 in verbis “a recuperação judicial tem como objetivo de
viabilizar a superação da situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a
manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores
promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo a atividade econômica”.
Portanto, para ser possível o pedido de recuperação judicial, devem ser atendidos alguns
requisitos legais (art. 48):
• Não ser empresa falida ou, se foi, estejam extintas as obrigações da falência decretada;
• não ter obtido a recuperação judicial em prazo inferior a 5 anos anteriores ao pedido;
• não ter obtido a recuperação judicial no prazo inferior a 5 anos, se for plano especial para
microempresas e empresas de pequeno porte;
• não ter sido condenada por crime ou não ter administrador judicial condenado por crime
previsto na Lei de Falências e Recuperação.
Visando justamente possibilitar o restabelecimento da empresa em crise, o legislador, ao
elencar quais os meios poderiam ser utilizados para a empresa se recuperar, o fez de maneira não
exaustiva, conforme a redação do artigo 50 da Lei 11.101/2005. Vejamos a redação do artigo:
Art. 50. Constituem meios de recuperação judicial, observada a legislação pertinente a cada
caso, dentre outros:
I – concessão de prazos e condições especiais para pagamento das obrigações vencidas ou
vincendas;
II – cisão, incorporação, fusão ou transformação de sociedade, constituição de subsidiária
integral, ou cessão de cotas ou ações, respeitados os direitos dos sócios, nos termos da
legislação vigente;
III – alteração do controle societário;
IV – substituição total ou parcial dos administradores do devedor ou modificação de seus
órgãos administrativos;
V – concessão aos credores de direito de eleição em separado de administradores e de poder
de veto em relação às matérias que o plano especificar;
VI – aumento de capital social;
VII – trespasse ou arrendamento de estabelecimento, inclusive à sociedade constituída pelos
próprios empregados;
VIII – redução salarial, compensação de horários e redução da jornada, mediante acordo ou
convenção coletiva;
IX – dação em pagamento ou novação de dívidas do passivo, com ou sem constituição de
garantia própria ou de terceiro;
X – constituição de sociedade de credores;
XI – venda parcial dos bens;
XII – equalização de encargos financeiros relativos a débitos de qualquer natureza, tendo como
termo inicial a data da distribuição do pedido de recuperação judicial, aplicando-se inclusive
aos contratos de crédito rural, sem prejuízo do disposto em legislação específica;
XIII – usufruto da empresa;
XIV – administração compartilhada;
XV – emissão de valores mobiliários;
XVI – constituição de sociedade de propósito específico para adjudicar, em pagamento dos
créditos, os ativos do devedor.
Dentre os dezesseis incisos elencados de forma não exaustiva pelo legislador no artigo 50
acima reproduzido, estes meios são apresentados através do Plano de Recuperação Judicial, que é
submetido à deliberação da Geral de Credores. E uma vez aprovado o plano de recuperação judicial
pelos credores, significa que as dívidas anteriores foram extintas (através do instituto da novação),
sendo que os créditos serão satisfeitos nas condições então aprovadas.
Lembre-se que é faculdade dos credores aceitarem ou não o plano de recuperação judicial.
Uma vez aceito, o plano obriga a todos os credores, inclusive aqueles dissonantes.
Observe-se que o Poder Judiciário não tem qualquer ingerência na aprovação do plano de
recuperação judicial. Seu papel é relegado à verificação dos requisitos legais para o processamento da
recuperação judicial (art. 51 e os demais procedimentais) e a concessão da recuperação, uma vez
aprovado o plano pelos credores.
Além disso, determina o artigo 53, da Lei 11.101/05, que o PLANO de recuperação judicial deve
conter:
I – Discriminação pormenorizada dos meios de recuperação a ser empregados, conforme o art.
50 desta Lei, e seu resumo;
II – Demonstração de sua viabilidade econômica; e
III – Laudo econômico-financeiro e de avaliação dos bens e ativos do devedor, subscrito por
profissional legalmente habilitado ou empresa especializada.
Com a recente reforma da Lei de recuperação judicial - Lei 14.112/2020 -, os credores podem
propor o próprio plano, desde que rejeitado o plano proposto pelo devedor ou esgotado o prazo para
votação.
Dessa forma, o processo de recuperação judicial pode ser dividido em quatro fases:
• Requerimento: O devedor deve reunir documentos de natureza contábil, comercial, societária e
judicial, e apresentá-los ao juízo da Comarca onde está localizado seu principal estabelecimento. Deve,
também, relatar as razões da crise que atravessa e informar sua situação patrimonial.
• Deferimento: Caso os documentos apresentados estiverem de acordo com a lei, o juiz autorizará a
empresa a entrar em recuperação judicial, oportunidade na qual nomeará o administrador judicial
que fiscalizará o processo, suspenderá as ações e execuções contra o devedor por 180 dias, dispensará
a apresentação de Certidão Negativa de Débitos Fiscais, determinará a publicação de edital contendo
a relação de credores, e abrirá o prazo de 60 dias para que o plano de reestruturação seja apresentado.
• Assembleia Geral de Credores: Uma vez apresentado o plano de reestruturação pelo devedor, os
credores serão convocados a se reunirem em uma assembleia para deliberarem acerca da aprovação
ou rejeição da proposta. Se aprovada, a proposta será levada ao juiz para homologação. Se rejeitada,
a falência da empresa será decretada.
• Encerramento: Cumpridas todas as obrigações que se vencerem nos 2 anos seguintes à
homologação, o juiz encerrará a recuperação judicial, ainda que o plano de reestruturação aprovado
pelos credores contemple um prazo maior para o pagamento do passivo.
FALÊNCIA
A falência está regulamentada na Lei nº 11.101/2005, podendo ser conceituada como o
procedimento jurídico que visa o encerramento das atividades empresariais da pessoa jurídica
devedora, de forma que os credores sejam devidamente pagos, proporcionalmente ao crédito de
cada um ou para que sejam reduzidos ao máximo os prejuízos.
A massa falida é o acervo de bens e direitos do falido, compreendendo, assim, o ativo (bens e
créditos) e o passivo (débito) do falido, dessa forma ele pode ser administrado e representado pelo
administrador judicial.
Para decretar a falência, não é necessário que a empresa esteja em recuperação judicial. Ou seja,
os credores podem requerer a falência da empresa, caso existente qualquer das hipóteses previstas
no art. 94 da Lei:
• Sem relevante razão de direito, não paga obrigação líquida materializada em título ou títulos
executivos protestados cuja soma ultrapasse o equivalente a 40 (quarenta) salários-mínimos;
• Executado por qualquer quantia líquida, não paga, não deposita e não nomeia à penhora bens
suficientes dentro do prazo legal;
• Pratica atos como (i) a liquidação de seus ativos; (ii) negócio jurídico simulado para a
transferência do estabelecimento comercial; (iii) ausenta-se sem deixar representante com
recursos suficientes para pagar credores; (iv) abandona o estabelecimento ou tenta ocultar-se
de seu domicílio, dentre outros atos.