Você está na página 1de 20

DIREITO EMPRESARIAL – AULA 02

1. CONTRATOS

O Código Civil, não disciplina de maneira específica os contratos empresariais, mas os


contratos em geral, como os contratos de compra e venda, locação, mútuo, depósito, os quais o
empresário utiliza para o exercício de sua atividade empresarial, ao lado de contratos empresariais
que têm tratamento em leis especiais, como a Lei n. 4.886/1965, a Lei n. 6.729/1979, a Lei n.
8.955/1994 e a Lei n. 8.245/1991, que disciplinam, respectivamente, a representação comercial, a
concessão mercantil, a franquia e a locação comercial.
O objetivo dos contratos é garantir a segurança jurídica das partes, uma vez que, por meio de
um contrato, são elencados todos os elementos do negócio pactuado, desde o objeto, as obrigações,
os valores devidos, até às hipóteses de rescisão ou suspensão, penalidades, entre outras. Assim, eles
servem para garantir que as partes cumprirão com as cláusulas acordadas, dentro da legislação vigente
que servirá de base para a negociação.
O traço distintivo entre os contratos empresariais e civis é o fato de serem celebrados por
empresários, em função de sua atividade empresarial, ainda que sejam utilizadas as regras do Código
Civil. Assim, a empresa, enquanto agente econômica, celebra contrato de todos os tipos, com todo o
tipo de pessoa. Nem todos esses contratos podem ser chamados de empresariais - em relação à
Natureza dos contratos celebrados pelo empresário, os contratos empresariais NÃO são aqueles
contratos celebrados pela empresa para organização de sua atividade econômica! A empresa,
enquanto agente econômica, celebra contrato de todos os tipos, com todo o tipo de pessoa.

REQUISITOS DE VALIDADE dos Contratos em Geral:


• Capacidade das partes.
• Objeto lícito.
• Forma prescrita ou não defesa em lei: ex.: determinados contratos exigem que tenham
prazo determinado ou vigência de 5 anos.
• Consentimento recíproco entre os contratantes.

PRINCÍPIOS DOS CONTRATOS EMPRESARIAIS


1. Princípio da autonomia da vontade: livre vontade das partes em celebrar um contrato e
capacidade jurídica das empresas de poderem realizar uma negociação, sem impedimentos,
conforme sua vontade, assumindo obrigações e direitos de acordo com a lei
2. Princípio da obrigatoriedade dos contratos: uma vez realizado um contrato, ele se torna lei
entre as partes.
3. Princípio da relatividade dos efeitos do contrato: uma vez firmado, produz efeito apenas
entre os envolvidos, aqueles que expressaram sua vontade em contratos. Com exceção dos
sucessores, os efeitos de um contrato não vinculam nem atingem terceiros.
4. Princípio da função social do contrato: é um limitador da autonomia das partes. Contrato deve
possuir uma função social (a coletividade também é atingida), indo além da individualidade
das partes.
5. Princípio da boa-fé objetiva: espera que ambas as partes cumpram suas obrigações e suas
responsabilidades, agindo com ética e dentro da lei.
6. Princípio do equilíbrio econômico-financeiro do contrato: as partes devem buscar um
equilíbrio econômico-financeiro enquanto for vigente o negócio pactuado. Com isso,
possibilita-se a revisão de cláusulas contratuais, quando se estiver diante de uma obrigação
excessivamente onerosa para um dos envolvidos.

ESPÉCIES DE CONTRATOS EMPRESARIAIS


1. COMPRA E VENDA MERCANTIL (ARTS. 481 A 532)
Um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro a pagar-lhe o
preço certo em dinheiro (CC, art. 481).
Nessa espécie de Compra e venda Mercantil, ambos os contratantes devem ser empresários,
nos termos do art. 966 do CC.
Elementos essenciais à sua caracterização: consentimento, coisa e preço (CC, art. 482).
▪ Consentimento – livre e espontâneo, sob pena de anulação.
▪ Objeto ou coisa – pode ser um bem móvel ou imóvel ou referir-se a bens
corpóreos ou incorpóreos. Pode se tratar de uma coisa atual ou futura (art. 483).
▪ Regras: quando a venda se realiza por amostras, o vendedor deve assegurar as
mesmas qualidades para a coisa objeto do contrato (art. 484, CC).
▪ Preço – estipulado pelas partes (art. 485). Regras específicas nos arts. 485, 486,
487, 488 e 491.
Art. 481. Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir o
domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro.
Art. 482. A compra e venda, quando pura, considerar-se-á obrigatória e perfeita, desde que as
partes acordarem no objeto e no preço.
Art. 483. A compra e venda pode ter por objeto coisa atual ou futura. Neste caso, ficará sem
efeito o contrato se esta não vier a existir, salvo se a intenção das partes era de concluir
contrato aleatório.
Art. 484. Se a venda se realizar à vista de amostras, protótipos ou modelos, entender-se-á que
o vendedor assegura ter a coisa as qualidades que a elas correspondem.
Parágrafo único. Prevalece a amostra, o protótipo ou o modelo, se houver contradição ou
diferença com a maneira pela qual se descreveu a coisa no contrato.

CLÁUSULAS ESPECIAIS DA COMPRA E VENDA:


A. Com pacto de retrovenda: cláusula acessória (ou pacto adjeto), aplicável aos contratos de
compra e venda de bem imóvel, que funciona como cláusula resolutiva expressa de
desfazimento do negócio.
Assegura ao vendedor, o direito de recomprar o bem vendido no prazo máximo de 3 anos após
a venda, mediante reembolso do principal, mais as despesas do comprador (CC, art. 505 a 508).
B. Venda à contento: cláusula adjeta (cláusula ad gustum) ao contrato de compra e venda que
SUSPENDE sua eficácia até que o comprador goste do que lhe tenha sido entregue pelo
vendedor (CC, art. 509). Enquanto não os aceita, o comprador é comodatário dos bens (art.
511). Cláusula de venda com condição suspensiva, que é o agrado do comprador.
C. Preempção, preferência ou prelação: assegura ao vendedor o chamado direito de prelação.
Sempre que o comprador quiser vender ou dar em pagamento o bem que adquiriu do
vendedor, tem que oferecê-lo a este, nas mesmas condições de preço (art. 513). Prazo é de
180 dias se a coisa for móvel e de 2 anos se imóvel (arts. 513 a 520).
D. Venda com reserva de domínio (arts. 521 a 528): trata-se de compra e venda de bem móvel,
em que o vendedor reserva para si a propriedade do bem até que o preço seja integralmente
pago (CC, art. 521). O comprador só recebe a posse, correndo por sua conta os riscos da coisa
(art. 524). Parte da doutrina sustenta que esta cláusula também pode valer para bens imóveis.
Deve estar expressamente prevista em contrato, além de ser registrada no cartório (art. 522).
E. Venda sobre documentos: a tradição da coisa é substituída pela entrega de seu título
representativo e de outros documentos exigidos pelo contrato ou, no silêncio deste, pelos usos
(CC, art. 529 a 532).
2. COMISSÃO MERCANTIL
CC, arts. 693 a 709.
É o contrato de mandato relativo a negócios (objeto: negócios) mercantis em que o comissário
obriga-se a contratar, em seu próprio nome, por conta e risco do comitente.
PARTES: comitente e comissário.
RESPONSABILIDADE: é do comissário; assume a responsabilidade perante terceiros com quem
contrata (CC, art. 694), sem que estes tenham ação contra o comitente, nem este contra elas, salvo se
o comissário fizer cessão de seus direitos a favor de uma das partes.
Diferencia-se do MANDATO: o mandatário age em nome do mandante, enquanto o comissário
age em nome próprio.
Comissão = mandato sem representação.
Exemplos: negociações na Bolsa de Valores e contratos realizados por grandes empresários.
Aplica-se subsidiariamente regras do mandato (CC, art. 709).
Aceitando o mandato, expressa ou tacitamente, o comissário é obrigado a cumpri-lo conforme
ordens do comitente. Na falta destas, poderá executar o mandato, agindo como faria em negócio
próprio, conformando-se com os usos comerciais em casos semelhantes (CC, art. 695).
Comissário = exerce atividades seguindo instruções do comitente = devem ser detalhadas
(contrato).
Comissário pode ser responsabilizado por prejuízos, quer por ação ou omissão, causados ao
comitente, SALVO por motivo de força maior (CC, art. 696).
Quando se afastar das instruções recebidas, responderá por perdas e danos.

3. REPRESENTAÇÃO COMERCIAL OU AGÊNCIA


Lei n. 4.886/1965 alterada pela Lei n. 8.420/1992. 
Arts. 710 a 721 do CC (agência), expressão adotada pelo CC. 
Agência: contrato firmado com pessoa que exerça a intermediação com habitualidade.
Exemplo: agentes de atletas ou artistas.
PARTES: representante (obtém pedidos de compra e venda para os produtos comercializados)
e representado (empresário que coloca seus produtos à venda).
Representante se obriga, mediante remuneração, SEM vínculos de subordinação, a angariar
negócios mercantis ao representado.
Não se confunde com o MANDATO = representante não age em nome do representado.
Negocia as mercadorias do representado, cabendo exclusivamente a este a conclusão do negócio.
Não caracteriza relação empregatícia entre representante e representado. = SUBORDINAÇÃO
EMPRESARIAL e não pessoal.
PRAZO: determinado ou indeterminado. Contrato por prazo determinado – só pode ser
inferior a 6 meses. Uma vez prorrogado torna-se a prazo indeterminado (art. 27). Regra protetiva ao
representante.
Vedada inserção da cláusula del credere: (art. 43) o representante não pode ter
responsabilidade solidária com os compradores dos produtos. A responsabilidade de aceitação da
venda é toda do representado.
O representante comercial age dentro de determinada zona geográfica (região, Município,
Estado etc.) e deve ser registrado no Conselho Regional de Representantes Comerciais e na Junta
Comercial, se for pessoa jurídica.
EXCLUSIVIDADE: A exclusividade possui duas conotações. (art. 31). Pode ser:  Exclusividade
de zona geográfica: implícita nos contratos.  Exclusividade de representação: não é implícita nos
contratos.
DEVERES DO REPRESENTANTE: art. 28 e ss.
• Fornecer informações detalhadas sobre o andamento dos negócios;
• Dedicar-se à representação;
• Expandir os negócios do representado e promover os produtos;
• Não conceder abatimentos, descontos em desacordo com as instruções do
representado.
DEVERES DO REPRESENTADO:
• Pagar a comissão do representante
• Respeitar a cláusula de exclusividade de zona.

4. CONCESSÃO MERCANTIL
Trata-se de contrato atípico em que determinado empresário (concessionário) se obriga a
comercializar, com ou sem exclusividade, com ou sem cláusula de territorialidade, os produtos
fabricados por outro empresário (concedente), nas condições estipuladas pelo último.
Contrato ATÍPICO, com exceção da concessão comercial de veículos automotores terrestres,
que é um contrato típico, disciplinada pela Lei n. 6.729/ 1979 (Lei Ferrari).
A CLÁUSULA DE EXCLUSIVIDADE se reflete no dever assumido pelo concessionário de não
comercializar produtos diversos dos fabricados pelo concedente.
A CLÁUSULA DE TERRITORIALIDADE se reflete na proibição de o concedente comercializar,
direta ou indiretamente, na área de atuação reservada ao concessionário.
Ex.: CONCESSÃO DE AUTOMÓVEIS, venda de passagens aéreas por meio de agências de
viagens - As agências são comissárias e realizam negócios por conta do comitente, recebendo
comissão por isso.

5. FRANQUIA (FRANCHISING)  Lei n. 8.955/1994.


Franquia empresarial é o sistema pelo qual um franqueador cede ao franqueado o DIREITO DE
USO de marca ou patente, associado ao direito de distribuição exclusiva ou semi-exclusiva de produtos
ou serviços e, eventualmente, também ao direito de uso de tecnologia de implantação e administração
de negócio ou sistema operacional desenvolvidos ou detidos pelo franqueador, mediante
REMUNERAÇÃO direta ou indireta, sem que, no entanto, fique caracterizado vínculo empregatício (art.
2º)

Art. 2º Franquia empresarial é o sistema pelo qual um franqueador cede ao franqueado o


direito de uso de marca ou patente, associado ao direito de distribuição exclusiva ou semi-exclusiva de
produtos ou serviços e, eventualmente, também ao direito de uso de tecnologia de implantação e
administração de negócio ou sistema operacional desenvolvidos ou detidos pelo franqueador,
mediante remuneração direta ou indireta, sem que, no entanto, fique caracterizado vínculo
empregatício.

É um CONTRATO ATÍPICO (nem a lei nem o CC definem direitos e deveres do franqueador e do


franqueado), envolvendo características de outros contratos: cessão do uso de marca ou patente +
distribuição de produtos ou serviços.
FRANQUEADOR presta ao franqueado serviços de organização empresarial, que se desdobram
em 3 contratos de orientação:
• Engineering – do processo de montagem e planejamento do estabelecimento;
• Management – no treinamento da equipe de funcionários e gerência;
• Marketing - procedimento de divulgação e promoção dos produtos comercializados.

Subordinação EMPRESARIAL do franqueado em relação ao franqueador, sem que exista


vínculo empregatício - subordinação da organização da atividade do franqueado.

CARACTERÍSTICAS:
• Contrato bilateral, oneroso, de execução continuada, atípico e para obter efeito em
relação a terceiros, exige forma escrita e registro especial.
• Autonomia jurídica, administrativa e financeira do franqueado como empresário, que
não está ligado ao franqueador por qualquer vínculo de subordinação (não há relação
empregatícia), devendo apenas obedecer às regras e limitações impostas como
padronização da comercialização do produto (por ex.: preços, promoções, layout da
loja, etc.).
• O franqueado pagará remuneração (royalties) ao franqueador.
• Não se pode invocar a aplicação do CDC, apesar de haver certa hipossuficiência do
franqueado em relação ao franqueador.
• Licença de uso de direitos de propriedade industrial eventualmente cumulada com
serviços de tecnologia de administração e organização de empresa.

Observação: CONTRATOS BANCÁRIOS: Submissão ao Código de Defesa do Consumidor,


conforme o STJ, Súmula 297. O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições financeiras.
Incluindo:
A) DESCONTO BANCÁRIO (Consiste na antecipação de pagamento ao cliente, que em troca
cede ao banco um determinado crédito, ainda que não vencido, contra ele mesmo ou contra terceiro.),
B) ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA EM GARANTIA (É um contrato por meio do qual alguém (devedor-
fiduciante) obtém financiamento para a aquisição de bem durável de uma instituição financeira
(credor-fiduciário). A garantia do financiamento será o próprio bem, pois o devedor aliena-o
fiduciariamente ao credor),
C) ARRENDAMENTO MERCANTIL OU LEASING O contrato deve garantir ao arrendatário o
direito de pose e usufruto do ativo em questão durante o período estipulado. Portanto, o leasing
garante ao locatário a utilização do ativo. Esse contrato também garante ao locador, o proprietário do
imóvel, pagamentos regulares do locatário por um determinado número de meses ou anos.)
D) FOMENTO MERCANTIL OU FACTORING (O empresário transfere a uma instituição (não é um
banco) as atribuições atinentes à administração do seu crédito),
E) CARTÃO DE CRÉDITO (Uma instituição financeira (emissor) permite aos seus clientes a
compra de bens e serviços em estabelecimentos comerciais cadastrados, que receberão os valores das
compras diretamente da operadora (bandeira ou marca) para intermediar pagamentos
eletronicamente ou financiar saldo de produtos, serviços ou antecipar recebíveis (valor de eventuais
vendas futuras) por meio de uma rede credenciadora a que se filiem os conveniados (fornecedores).
O mesmo ocorre para o Contrato em SHOPPING CENTER (“é o complexo empresarial em que
se oferecem aos consumidores produtos e serviços conforme o plano de distribuição racional
organizado pelo seu empreendedor”.)

CICLO DE VIDA DO CONTRATO


1. Negociação
Também chamada de pré-contratação, a etapa da negociação é aquela em que as partes se
reúnem para discutir sobre as cláusulas do contrato, desde o objeto, até valores, formas de pagamento
e de execução.
Nesse momento, todos os aspectos técnicos da contratação são levados em conta. Além disso,
podem ser estipulados documentos, certidões e autorizações necessárias para viabilizar o negócio
jurídico (como certidões negativas, por exemplo).
Ao final desta fase, uma minuta do contrato é redigida e encaminhada aos envolvidos.
Observação: Minuta: são esboços das cláusulas que vão reger um negócio jurídico. Elas são
realizadas no início das tratativas e compõem a primeira versão do contrato. É na minuta de contrato
que serão colocadas todas as condições negociadas entre a empresa e a outra parte envolvida, desde
as questões de valores, formas de pagamento, os objetos e sua entrega, formas de quebra contratual,
entre outras.
2. Aprovação
Depois de receberem a minuta do contrato empresarial, as partes devem analisá-la e confirmar se
as cláusulas estão de acordo com o que haviam negociado anteriormente. Caso haja alguma alteração,
ela deverá ser realizada. Somente após os envolvidos estarem de acordo com o contrato, é que ocorre
sua aprovação.
3. Assinatura
Esse é o momento em que a negociação é, finalmente, formalizada por meio do aceite das partes.
A assinatura pode ser realizada de diferentes formas - física, a digital, a eletrônica ou a híbrida. Vale
destacar que a assinatura digital tem validade legal igual àquela realizada em cartório e, portanto,
confere segurança jurídica ao documento, além de ser mais prática e acessível para as partes.
4. Pré-execução
Após a assinatura do contrato, passa-se para a fase de pré-execução. Esse momento ocorre até
que se inicie a execução do contrato. Nessa etapa, são analisadas as atividades necessárias que
deverão ser executadas para cumprir o contrato, como, por exemplo, quais equipamentos serão
utilizados, qual o veículo que realizará a entrega, quais as preparações que deverão ser feitas no local
de entrega.
Essa etapa consiste em um verdadeiro planejamento de como o cumprimento do contrato será
realizado.
5. Execução
Normalmente, essa fase tem maior duração, uma vez que é nela em que o objeto contratual é
cumprido, seja ele a entrega de bens, insumos ou uma prestação de serviços. Deve haver a fiscalização
recíproca das partes para que a execução tenha seu andamento normal e que a entrega ou prestação
seja realizada dentro das especificidades pactuadas.
Nessa fase, também é averiguada a necessidade de eventual prorrogação de prazo, de uma
renovação ou do encerramento do negócio jurídico.
6. Encerramento
Um contrato empresarial só pode ser encerrado assim que todas as cláusulas e obrigações forem
cumpridas. Por isso, nesta etapa são reanalisadas todas as cláusulas, a fim de verificar se todas foram
executadas corretamente. Sendo positiva a execução, o contrato será encerrado e arquivado de
acordo com os procedimentos internos da empresa.

EXTINÇÃO DO CONTRATO
1. Adimplemento das Obrigações: o contrato deve prever os direitos e obrigações das partes
que o firmaram. Satisfeitas as condições estabelecidas falam-se que as partes adimpliram as
suas obrigações e que o contrato está resolvido.
2. Advento do termo contratual: Todo contrato deve ter uma cláusula que estipule o prazo de
sua validade, chamada da cláusula de vigência contratual. Nesta cláusula deve se estabelecer,
além do prazo de vigência, a possibilidade e a forma de renovação/prorrogação da mesma.
Uma das formas de extinção do contrato é o advento do termo contratual, ou seja, quando é
alcançado o prazo e/ou a data previstos na cláusula de vigência.
3. Por vontade das partes: As partes, de comum acordo, e observadas as condições estabelecidas
no contrato, podem resolvê-lo mediante comunicação prévia. Este distrato ocorrerá sempre
nas mesmas condições e seguindo as mesmas formalidades que foram necessárias para a
formalização do contrato.
4. Por situações alheias à vontade das partes:
• Resilição unilateral: condições previamente estabelecidas pela lei ou pelo contrato
que propiciam à parte lesada o direito de, mediante notificação à parte inadimplente,
extinguir o contrato
• Da exceção de contrato não cumprido: só tem o direito de exigir o cumprimento da
obrigação, aquele que cumpriu a sua. O descumprimento desmotivado da obrigação
pode ter o condão de liberar a outra parte de adimplir a sua
• Resolução por onerosidade excessiva: trata-se de situação na qual a prestação de uma
das partes se torna excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra.
Para que isto ocorra tem-se de considerar que a origem deste acontecimento deve ter
sido motivada por algo extraordinário, imprevisível ou de consequências imprevisíveis,
a chamada álea econômica extraordinária. Em sendo provada esta situação, a parte
prejudicada pode pedir a resolução do contrato, podendo esta ser evitada pela
modificação equitativa do contrato de forma a se restabelecer o equilíbrio-
econômico-financeiro do mesmo. É o meio de dissolução do contrato em caso de
inadimplemento culposo ou fortuito. Quando há descumprimento do contrato, ele
deve ser tecnicamente resolvido.
• Morte de um dos contratantes: só ocorre se a obrigação for personalíssima.
DISSOLUÇÃO DAS SOCIEDADES
A dissolução de sociedade é a deliberação dos sócios pela extinção da empresa, que pode ser
parcial ou total e pode ocorrer por diversas razões, tanto de comum acordo entre os sócios, pela
vontade de um sócio, se for ocorrer a dissolução parcial, por término do prazo da empresa, pelo
falecimento ou impossibilidade de um sócio continuar na sociedade ou por requerimento judicial de
qualquer sócio.
Nenhum sócio pode ser impedido de se retirar da sociedade, o art. 1.029 prevê expressamente
que qualquer sócio pode retirar-se da sociedade por prazo indeterminado, mediante notificação aos
demais sócios, com antecedência mínima de 60 dias ou prazo diverso se previsto no Contrato Social e
se de prazo determinado, provando judicialmente a justa causa para a retirada antes do prazo. Depois
que o sócio retirante notificar os demais, em 30 dias, podem decidir pela dissolução da sociedade,
parcial ou total.

Motivos para a dissolução de sociedades


1. A dissolução das sociedades pode ocorrer por diversos motivos, mas o principal é a quebra
do affectio societatis – intenção de contraírem sociedade - havendo o desinteresse de um
ou dos sócios em continuar na sociedade ou de comum acordo entre os sócios.
2. Mas pode ocorrer a dissolução parcial por morte, exclusão e até separação judicial, caso
o(a) cônjuge tenha direito sobre a participação societária e não seja aceito(a) na sociedade,
seja por decisão dos demais sócios ou por expressa vedação no contrato social.
3. A dissolução total também pode ocorrer em decorrência de pedido ou decretação de
falência da empresa ou insolvência civil de seus sócios.

Tipos de dissolução de sociedades


A dissolução total de uma empresa ocorre por vontade dos sócios, ocasião em que a sociedade
será extinta, sendo necessário, neste caso, realizar a liquidação total da empresa - apurados os haveres
ou deveres que os sócios terão de acordo com a participação de cada um no capital social.
Se a dissolução for parcial, apenas a parte do sócio retirante é que será suprimida da
sociedade, que pode continuar com suas atividades com os demais sócios.

Os tipos de sociedades e sua dissolução


A dissolução de sociedades pode ocorrer em diversos tipos de empresas, basicamente todas
as que têm dois sócios ou mais, exceto as S/A de capital aberto.
Nas empresas em que se exige mais de um sócio para sua composição, pode ocorrer a
dissolução parcial, já que nenhum sócio é obrigado a se manter na sociedade se não quiser.
RECUPERAÇÃO DAS EMPRESAS E FALÊNCIA
Quando uma empresa se encontra com o passivo maior do que o ativo, ou seja, com dívidas que
não podem ser pagas com o faturamento, existem duas saídas: a recuperação (judicial ou
extrajudicial) e a falência.
A Recuperação Judicial e Extrajudicial é regida pela Lei nº 11.101/2005 e alterações posteriores
(LFR).
Deve-se buscar a PRESERVAÇÃO DA EMPRESA. A recuperação judicial e extrajudicial objetiva
viabilizar a superação de uma crise econômico-financeira do devedor, de forma a permitir a
manutenção da fonte produtora, do emprego dos seus colaboradores e dos interesses dos credores,
promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica.
(art. 47 da LFR).
A recuperação judicial e a extrajudicial são recomendáveis nos casos em que os negócios têm de
ser viáveis, mas que passam por dificuldades momentâneas, precisam de um fôlego para sobreviver.
E é justamente por essa razão é que o empresário não deve esperar muito para decidir se entra ou não
em recuperação pois, em tempos difíceis, cada dia pode ser fatal para a sobrevivência do negócio. Não
sendo economicamente viável, o caminho é a falência.
Essas duas espécies de recuperação não têm como finalidade a dilação das dívidas, mas solucionar
as causas que levaram a crise econômico-financeira da empresa, resolvendo de maneira satisfatória
seus débitos e evitando assim uma eventual liquidação.

• Na Recuperação judicial: o seu processamento é feito através de uma ação judicial proposta
pela empresa perante o Juízo de Falência e Recuperação Judicial, sem que haja a concordância
ou participação prévia de credores.
Créditos contemplados: O compromisso estabelecido nesse tipo de recuperação não pode
incluir créditos de natureza tributária. Também não contempla pagamento antecipado de
dívidas e tratamento desfavorável aos credores. Feito o acordo, o cumprimento se torna
obrigatório para todas as partes.

Possibilidade de inclusão do credor trabalhista: O parágrafo 1º. do artigo 161 da lei


11.101/2005 vedava expressamente a inclusão do crédito trabalhista no plano de recuperação
extrajudicial. A lei 14.112/20 modificou essa norma, permitindo a inclusão do crédito
trabalhista e por acidente de trabalho na recuperação extrajudicial, desde que haja negociação
coletiva com o sindicato da respectiva categoria profissional. Alteração na remuneração dos
trabalhadores é possível, desde que prevista em convenção ou acordo coletivo, na forma do
disposto no artigo 7, VI da Constituição da República.

• Na Recuperação Extrajudicial: a empresa e os credores, que podem ter os seus créditos


incluídos dentro de determinadas regras, promovem uma negociação prévia que,
posteriormente, pode ou não ser homologada pelo Judiciário.
Créditos Contemplados: Essa modalidade de recuperação é, em sua essência, uma
renegociação das dívidas empresariais fora das vias judiciais. Através da recuperação
extrajudicial, o devedor pode negociar diretamente com seus credores e elaborar um acordo
que poderá ou não ser homologado pelo juiz.
O compromisso estabelecido nesse tipo de recuperação não pode incluir créditos de natureza
tributária, tampouco aqueles derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidente
do trabalho. Também não contempla pagamento antecipado de dívidas e tratamento
desfavorável aos credores. Feito o acordo, o cumprimento se torna obrigatório para todas as
partes.

RECUPERAÇÃO JUDICIAL
Como dispõe o art. 47da Lei n 11.101/2005 in verbis “a recuperação judicial tem como objetivo de
viabilizar a superação da situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a
manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores
promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo a atividade econômica”.

Quem pode pedir recuperação judicial?


A recuperação judicial pode ser requerida pela sociedade empresária ou empresário individual
que exerça regularmente suas atividades há mais de 2 anos, não seja falido (ou, caso seja, que as
responsabilidades tenham sido extintas), não tenha cometido crime falimentar e que não tenha se
socorrido desta medida nos últimos 5 anos.
O artigo 48, da Lei 11.101/05, determina que:
Art. 48. Poderá requerer recuperação judicial o devedor que, no momento do pedido, exerça
regularmente suas atividades há mais de 2 (dois) anos e que atenda aos seguintes requisitos,
cumulativamente:
I – Não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença transitada em julgado,
as responsabilidades daí decorrentes;
II – Não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial;
III – não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial com base
no plano especial de que trata a Seção V deste Capítulo;
IV – Não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio controlador, pessoa
condenada por qualquer dos crimes previstos nesta Lei.
Como é possível observar, a recuperação judicial pode ser requerida pelo devedor que exerce
atividade regular há mais de dois anos, desde que:
• Não tenha falido ou cujas obrigações já tenham sido extintas por sentença transitada em
julgado;
• Não tenha obtido concessão normal ou com base no plano especial para Microempresa – ME
ou Empresa de Pequeno Porte – EPP há menos de cinco anos;
• Não tenha sido condenado, pessoalmente ou como administrador ou sócio controlador, por
crime falimentar previsto na Lei 11.101/05.
Vale mencionar que a recuperação judicial também poderá ser requerida pelo cônjuge
sobrevivente, herdeiros do devedor, inventariante ou sócio remanescente.
Além disso, deve-se ter em mente que o devedor que está em situação irregular poderá ter
sua falência decretada, mas não poderá se valer do procedimento de recuperação judicial.

Conforme expressamente determina a Lei 11.101/05, não poderão se socorrer do instituto da


recuperação judicial as:
· Empresas Públicas e Sociedade de Economia Mista;
· Instituições financeiras públicas ou privadas, cooperativas de crédito, consórcios, entidades
de previdência complementar, sociedades operadoras de planos de assistência à saúde, sociedades
seguradoras, sociedades de capitalização e outras entidades legalmente equiparadas às anteriores.

Portanto, para ser possível o pedido de recuperação judicial, devem ser atendidos alguns
requisitos legais (art. 48):
• Não ser empresa falida ou, se foi, estejam extintas as obrigações da falência decretada;
• não ter obtido a recuperação judicial em prazo inferior a 5 anos anteriores ao pedido;
• não ter obtido a recuperação judicial no prazo inferior a 5 anos, se for plano especial para
microempresas e empresas de pequeno porte;
• não ter sido condenada por crime ou não ter administrador judicial condenado por crime
previsto na Lei de Falências e Recuperação.
Visando justamente possibilitar o restabelecimento da empresa em crise, o legislador, ao
elencar quais os meios poderiam ser utilizados para a empresa se recuperar, o fez de maneira não
exaustiva, conforme a redação do artigo 50 da Lei 11.101/2005. Vejamos a redação do artigo:
Art. 50. Constituem meios de recuperação judicial, observada a legislação pertinente a cada
caso, dentre outros:
I – concessão de prazos e condições especiais para pagamento das obrigações vencidas ou
vincendas;
II – cisão, incorporação, fusão ou transformação de sociedade, constituição de subsidiária
integral, ou cessão de cotas ou ações, respeitados os direitos dos sócios, nos termos da
legislação vigente;
III – alteração do controle societário;
IV – substituição total ou parcial dos administradores do devedor ou modificação de seus
órgãos administrativos;
V – concessão aos credores de direito de eleição em separado de administradores e de poder
de veto em relação às matérias que o plano especificar;
VI – aumento de capital social;
VII – trespasse ou arrendamento de estabelecimento, inclusive à sociedade constituída pelos
próprios empregados;
VIII – redução salarial, compensação de horários e redução da jornada, mediante acordo ou
convenção coletiva;
IX – dação em pagamento ou novação de dívidas do passivo, com ou sem constituição de
garantia própria ou de terceiro;
X – constituição de sociedade de credores;
XI – venda parcial dos bens;
XII – equalização de encargos financeiros relativos a débitos de qualquer natureza, tendo como
termo inicial a data da distribuição do pedido de recuperação judicial, aplicando-se inclusive
aos contratos de crédito rural, sem prejuízo do disposto em legislação específica;
XIII – usufruto da empresa;
XIV – administração compartilhada;
XV – emissão de valores mobiliários;
XVI – constituição de sociedade de propósito específico para adjudicar, em pagamento dos
créditos, os ativos do devedor.
Dentre os dezesseis incisos elencados de forma não exaustiva pelo legislador no artigo 50
acima reproduzido, estes meios são apresentados através do Plano de Recuperação Judicial, que é
submetido à deliberação da Geral de Credores. E uma vez aprovado o plano de recuperação judicial
pelos credores, significa que as dívidas anteriores foram extintas (através do instituto da novação),
sendo que os créditos serão satisfeitos nas condições então aprovadas.
Lembre-se que é faculdade dos credores aceitarem ou não o plano de recuperação judicial.
Uma vez aceito, o plano obriga a todos os credores, inclusive aqueles dissonantes.
Observe-se que o Poder Judiciário não tem qualquer ingerência na aprovação do plano de
recuperação judicial. Seu papel é relegado à verificação dos requisitos legais para o processamento da
recuperação judicial (art. 51 e os demais procedimentais) e a concessão da recuperação, uma vez
aprovado o plano pelos credores.
Além disso, determina o artigo 53, da Lei 11.101/05, que o PLANO de recuperação judicial deve
conter:
I – Discriminação pormenorizada dos meios de recuperação a ser empregados, conforme o art.
50 desta Lei, e seu resumo;
II – Demonstração de sua viabilidade econômica; e
III – Laudo econômico-financeiro e de avaliação dos bens e ativos do devedor, subscrito por
profissional legalmente habilitado ou empresa especializada.
Com a recente reforma da Lei de recuperação judicial - Lei 14.112/2020 -, os credores podem
propor o próprio plano, desde que rejeitado o plano proposto pelo devedor ou esgotado o prazo para
votação.

Dessa forma, o processo de recuperação judicial pode ser dividido em quatro fases:
• Requerimento: O devedor deve reunir documentos de natureza contábil, comercial, societária e
judicial, e apresentá-los ao juízo da Comarca onde está localizado seu principal estabelecimento. Deve,
também, relatar as razões da crise que atravessa e informar sua situação patrimonial.
• Deferimento: Caso os documentos apresentados estiverem de acordo com a lei, o juiz autorizará a
empresa a entrar em recuperação judicial, oportunidade na qual nomeará o administrador judicial
que fiscalizará o processo, suspenderá as ações e execuções contra o devedor por 180 dias, dispensará
a apresentação de Certidão Negativa de Débitos Fiscais, determinará a publicação de edital contendo
a relação de credores, e abrirá o prazo de 60 dias para que o plano de reestruturação seja apresentado.
• Assembleia Geral de Credores: Uma vez apresentado o plano de reestruturação pelo devedor, os
credores serão convocados a se reunirem em uma assembleia para deliberarem acerca da aprovação
ou rejeição da proposta. Se aprovada, a proposta será levada ao juiz para homologação. Se rejeitada,
a falência da empresa será decretada.
• Encerramento: Cumpridas todas as obrigações que se vencerem nos 2 anos seguintes à
homologação, o juiz encerrará a recuperação judicial, ainda que o plano de reestruturação aprovado
pelos credores contemple um prazo maior para o pagamento do passivo.

Pagamentos na recuperação judicial


Segundo o artigo 41 da Lei 11.101/05, os créditos submetidos à Recuperação Judicial são
divididos em quatro classes de credores:
Classe I – Créditos derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidentes de
trabalho;
Classe II – Créditos com garantia real até o limite do valor do bem gravado;
Classe III – Créditos quirografários, com privilégio especial, com privilégio geral ou
subordinados;
Classe IV – Créditos enquadrados como microempresa ou empresa de pequeno porte.
Diferentemente dos processos de falência, a Recuperação Judicial não apresenta uma ordem
de pagamento aos credores, podendo ser deliberado entre credores e devedor, através do Plano de
Recuperação Judicial, que será votado em Assembleia Geral de Credores.
Além disso, a empresa em processo de recuperação judicial pode demitir funcionários, uma
vez que é peça essencial para o equilíbrio empresarial e a preservação da atividade.

FALÊNCIA
A falência está regulamentada na Lei nº 11.101/2005, podendo ser conceituada como o
procedimento jurídico que visa o encerramento das atividades empresariais da pessoa jurídica
devedora, de forma que os credores sejam devidamente pagos, proporcionalmente ao crédito de
cada um ou para que sejam reduzidos ao máximo os prejuízos.
A massa falida é o acervo de bens e direitos do falido, compreendendo, assim, o ativo (bens e
créditos) e o passivo (débito) do falido, dessa forma ele pode ser administrado e representado pelo
administrador judicial.

Para decretar a falência, não é necessário que a empresa esteja em recuperação judicial. Ou seja,
os credores podem requerer a falência da empresa, caso existente qualquer das hipóteses previstas
no art. 94 da Lei:
• Sem relevante razão de direito, não paga obrigação líquida materializada em título ou títulos
executivos protestados cuja soma ultrapasse o equivalente a 40 (quarenta) salários-mínimos;
• Executado por qualquer quantia líquida, não paga, não deposita e não nomeia à penhora bens
suficientes dentro do prazo legal;
• Pratica atos como (i) a liquidação de seus ativos; (ii) negócio jurídico simulado para a
transferência do estabelecimento comercial; (iii) ausenta-se sem deixar representante com
recursos suficientes para pagar credores; (iv) abandona o estabelecimento ou tenta ocultar-se
de seu domicílio, dentre outros atos.

A empresa devedora realiza por meio de um processo, representada por um advogado, o


pedido de declaração de falência, expondo os fatos que levaram à impossibilidade de continuar com
as atividades empresariais, apresentando documentos comprobatórios.
Não é somente o devedor que pode requerer sua falência, haja vista que a lei permite que o
pedido seja feito pelos próprios credores, desde que a dívida seja superior a 40 salários mínimos, para
o fim de obterem os respectivos créditos.
Assim, o juiz que receber o pedido irá analisar e, se estiver com os requisitos cumpridos,
decretará a falência.
É importante destacar que, quando os sócios forem ilimitadamente responsáveis, ao decretar
a falência da empresa, também se considera falido o sócio nesta hipótese.
Na sequência, devem ser habilitados os créditos dos credores para que seja estabelecida a
ordem de classificação, conforme prevê a lei, e se procedam aos devidos pagamentos com o
patrimônio restante do devedor.
O processo se encerra quando o patrimônio se esgotar e os credores tiverem seus créditos
satisfeitos de acordo com a capacidade de pagamento da Massa Falida.

Existem 3 figuras importantes no processo falimentar:


• Administrador judicial, que é nomeado pelo juiz para conduzir o processo e tem competência
para praticar os atos de ofício com supervisão do juiz e dos credores.
• Comitê de credores: é um órgão facultativo e tem o objetivo de supervisionar o administrador
judicial. Não havendo, a sua função será desempenhada pelo juiz e pelos credores.
• Assembleia de credores: que possui 2 funções: eleger os membros do comitê de credores e
decidir sobre a forma de alienação dos bens na falência.

Resumidamente, o processo falimentar percorrerá por três etapas.


• Pedido de falência: consiste a partir do pedido protocolado ao juízo competente com as razões de
fato e documentos comprobatórios.
• Decretação da falência: a partir da sentença declaratória da falência se inicia o processo para
satisfação do passivo.
• Pós falência: após o cumprimento das obrigações pelo devedor, será proferida sentença de
extinção das obrigações decorrentes do pedido de falência.

Podem pedir a falência:


• o próprio devedor;
• cônjuge sobrevivente ou qualquer herdeiro do devedor ou o próprio inventariante;
• acionista ou cotista do devedor nos termos da Lei ou por ato constitutivo;
• qualquer credor

A decisão que decretar falência dá início ao processo falimentar, implicando em:


• nomeação do administrador judicial, responsável por enviar relatórios, discriminar os
credores e classificação dos créditos, apresentar os respectivos balanços patrimoniais,
dentre outras funções
• levantamento de bens e direitos da massa falida;
• alienação dos bens para satisfação do passivo;
• pagamento dos credores

As consequências da falência são diversas, mas as principais são:


• o afastamento do devedor das atividades empresariais, que serão repassadas ao
administrador judicial nomeado;
• a empresa falida fica impossibilitada de exercer qualquer atividade empresarial;
• as ações e execuções em face do devedor ficam suspensas, assim como o prazo de prescrição
de ações em face do devedor

Ordem de preferência dos créditos


Todos os colaboradores vinculados à empresa que passa pelo processo de falência têm seus
direitos trabalhistas garantidos.
Assim, mesmo em falência, os trabalhadores devem receber o salário, benefícios, indenizações
eventuais pelos danos causados por atraso de pagamento e, na hipótese de demissão, as demais
verbas também são devidas, como 13º salário, FGTS, aviso indenizado e outras, devendo, entretanto,
ser observado a ordem de pagamento prevista pelo art. 83 da Lei 11.101/2005.
Nos termos expostos rapidamente, existe uma ordem de preferência dos créditos e os trabalhistas são
privilegiados. O art. 83, da Lei de Falência, dispõe a classificação dos créditos da seguinte forma:
I – os créditos derivados da legislação do trabalho, limitados a 150 (cento e cinqüenta) salários-
mínimos por credor, e os decorrentes de acidentes de trabalho;
II – créditos com garantia real até o limite do valor do bem gravado;
III – créditos tributários, independentemente da sua natureza e tempo de constituição, excetuadas as
multas tributárias;
IV – créditos com privilégio especial;
V – créditos com privilégio geral;
VI – créditos quirografários;
VII – as multas contratuais e as penas pecuniárias por infração das leis penais ou administrativas,
inclusive as multas tributárias;
VIII – créditos subordinados, a saber: a) os assim previstos em lei ou em contrato; b) os créditos dos
sócios e dos administradores sem vínculo empregatício.

Você também pode gostar