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Classificação dos materiais

Prof. Dr. André G. S. Galdino


1. Objetivos:
• Após esta aula, o aluno deverá ser capaz de:
a) Entender o que é Ciência e Engenharia de
Materiais;
b) Compreender porque a Ciência e Engenharia
de Materiais é importante para as demais
engenharias;
c) Classificar os vários tipos de materiais
utilizados em engenharia.

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2. Pré-requisitos necessários para
a aula:
• Para melhor aproveitamento da aula, o aluno
precisará dos seguintes conceitos:

a) Ligações químicas;
b) Regra do octeto;
c) Tabela periódica.

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3. O que é engenharia de
materiais:
• Os materiais estão em nossas vidas desde o
início da civilização.
• A denominação popular dada à antiga era da
civilização humana é baseada no material a
partir do qual as ferramentas e armas (posses
materiais) eram fabricadas.
• Exemplos: Idade da pedra, idade do bronze,
idade do ferro, etc.

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DATA

Figura 1 – A evolução dos materiais de engenharia com o


tempo (adaptado de Shackelford, 2008).
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• A engenharia e ciência dos materiais é o
termo utilizado desde 1960 para o ramo da
engenharia que estuda os materiais.
• É a engenharia que combina vários ramos do
conhecimento, com contribuições de muitos
campos tradicionais, como metalurgia,
engenharia de cerâmica, química de
polímeros, física de matéria condensada e
físico-química.
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4. Materiais e projetos de
engenharia:
• Há, por assim dizer, mais de 50.000 materiais
disponíveis para engenharia.

• Para o projeto de uma estrutura ou de um


dispositivo, como o engenheiro ou tecnólogo
escolhe os materiais que apresentam as
melhores propriedades e características
necessárias para tal finalidade, a partir desta
vasta quantidade de materiais?

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Tabela 1.1 – Classes de propriedades (adaptado
de Ashby e Jones, 2007).
Classe de propriedades Propriedade
Preço e disponibilidade
Econômica
Reciclabilidade
Física Densidade
Módulo de elasticidade
Resistência à tração e ao escoamento
Dureza
Mecânica Tenacidade à fratura
Resistência à fadiga
Resistência à fluência
Amortecimento
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Tabela 1.1 – Classes de propriedades (adaptado
de Ashby e Jones, 2007).
Classe de propriedades Propriedades
Condutividade térmica
Térmica Calor específico
Coeficiente de expansão térmica
Resistividade
Elétrica e magnética Constante dielétrica
Permeabilidade magnética
Oxidação
Interação ambiental Corrosão
Desgaste
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Tabela 1.1 – Classes de propriedades (adaptado
de Ashby e Jones, 2007).
Classe de propriedades Propriedades
Facilidade de manufatura
Produção Junção
Acabamento
Cor
Estética Textura
Sensibilidade

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5. Classificação dos materiais:
• Não é tão simples classificar os materiais, uma
vez que muitos materiais podem ser
classificados em várias classes de materiais.

• Autores como Shackleford (2008) e Callister Jr.


(2010) classificam os materiais em metálicos,
cerâmicos, poliméricos, compósitos,
semicondutores e biomateriais.

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• De acordo com Ashby e Jones (2007), os
materiais se classificam basicamente em cinco
tipos:
a) Metálicos;
b) Cerâmicos;
c) Poliméricos;
d) Compósitos;
e) Naturais.
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• Para esse curso, será utilizada a classificação
de Ashby e Jones.

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Figura 2 - Esquema representativo dos materiais de engenharia
(adaptado de Ashby e Jones, 2007).

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Figura 3 – Como as propriedades dos materiais de engenharia
afetam o modo como os produtos são projetados (adaptado de
Ashby e Jones, 2007). CTM - Prof. Dr. André G. S. Galdino 15
5.1. Materiais metálicos:
• São normalmente combinações de elementos
metálicos.
• Eles possuem um número grande de elétrons
não localizados (os elétrons não estão ligados
a qualquer átomo em particular).
• Muitas propriedades dos metais são
atribuídas diretamente a esses elétrons.
• O tipo de ligação química é metálica.

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• Os metais são condutores extremamente bons
de eletricidade e calor, e não são
transparentes à luz visível.
• Uma superfície metálica polida possui uma
aparência lustrosa.
• Além disso, os metais são muito resistentes, e
ainda assim deformáveis, o que é responsável
pelo seu uso extenso em aplicações
estruturais.
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• Exemplos de metais: Ferro (aço e ferro
fundido), alumínio (puro e ligas), cobre (puro e
ligas – bronze, latão, etc.), titânio (puro e
ligas), etc.

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5.2. Materiais cerâmicos:
• São compostos entre os elementos metálicos
e não metálicos.
• Eles são frequentemente óxidos, nitretos e
carbetos (carbonetos).
• A grande variedade de materiais que se
enquadra nesta classificação inclui cerâmicos
que são compostos por minerais argilosos,
cimento e vidro.

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• As cerâmicas apresentam ligações iônicas e
covalentes ao mesmo tempo, o que interfere
nas suas propriedades.
• Esses materiais são tipicamente isolantes à
passagem de eletricidade e calor, e são mais
resistentes a altas temperaturas e ambientes
abrasivos do que os metais e polímeros.

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• Com relação ao comportamento mecânico, os
cerâmicos são duros, porém quebradiços.

• Exemplos de cerâmicas: argila, alumina


(Al2O3), carbeto de silício (SiC), zircônia (ZrO2),
sílica (SiO2), etc.

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5.3. Materiais poliméricos:
• Compreendem os materiais comuns de
plástico e borracha.
• Muitos deles são compostos orgânicos que
têm sua química baseada no carbono, no
hidrogênio e em outros elementos químicos
não metálicos.
• Além disso, eles possuem estruturas
moleculares muito grandes (macromoléculas).

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• As ligações químicas presentes são do tipo
covalente e pontes de hidrogênio (ligações de
Van der Waals).
• Esses materiais possuem tipicamente baixas
densidades (quando comparados com
materiais metálicos e cerâmicos) e podem ser
extremamente flexíveis.

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• Exemplos de polímeros: PET, náilon, teflon,
polietileno, poliestireno, borracha natural, etc.

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5.4. Materiais compósitos:
• São materiais que consistem em mais de um
tipo de material, e têm sido desenvolvidos
pela engenharia.
• Um compósito é projetado para mostrar uma
combinação das melhores características de
cada um dos materiais que o compõe.
• Muitos dos desenvolvimentos recentes de
materiais têm envolvido materiais compósitos.

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• Exemplos de compósitos: fibra de vidro (fibra
de vidro incorporadas no interior de um
material polimérico), polímeros reforçados
com fibra de carbono, cermets (compósitos de
cerâmica e metal, considerado um metal duro,
à base de titânio), etc.

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5.5. Materiais naturais:
• São aqueles utilizados desde a antiguidade, e
que provêm da natureza.
• Apesar das inovações dos cientistas de
materiais, suas propriedades ainda são difíceis
de superar.
• Exemplos de materiais naturais: madeira,
couro, algodão, lã, seda, osso, etc.

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6. Necessidades de materiais
modernos:
• Apesar do tremendo progresso dos materiais
ao longo das última décadas, ainda há
desafios tecnológicos, incluindo o
desenvolvimento de novos materiais ainda
mais sofisticados e especializados, bem como
considerações em relação ao impacto
ambiental da produção dos materiais.

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Heliópolis. Máquina de guerra movida à
força muscular. Fonte: PEQUINI (2000) Celerífero. Significa velocidade, marcha ou cavalo de
duas rodas. Fonte: PEQUINI (2000).

Drasiana do Barão de Von Drois. Primeira Modelo de Bradford Waugh. Fonte: ESTRATÉGIA
pedicleta dirigível que foi criada em EMPRESARIAL (2008).
madeira. Fonte: PEQUINI (2000).
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GARRAFAS DE VIDRO:
CERÂMICOS

LATAS: METAL

GARRAFAS PLÁSTICAS:
POLÍMEROS
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• Necessidades para o futuro:

a) Energia nuclear: é uma promessa, porém as


soluções de muitos problemas que ainda
persistem irão necessariamente envolver
materiais, dos combustíveis às estruturas de
contenção, até as instalações para disposição
dos rejeitos radioativos;

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Figura 4 – Usinas nucleares (adaptado de
http://envolverde.com.br/noticias/eletronuclear-investira-r-
300-milhoes-ate-2016-para-aumentar-seguranca-das-usinas-
nucleares/, 2013).
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b) Área de transporte: a redução de peso dos
veículos de transporte (automóveis,
aeronaves, trens, etc.), bem como o aumento
das temperaturas de operação dos motores,
irá melhorar a eficiência dos combustíveis.
Novos materiais estruturais de alta
resistência e baixa densidade ainda precisam
ser desenvolvidos, assim como materiais com
recursos para trabalhar em temperaturas
mais elevadas, como componentes de
motores;
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Figura 5 – Motor automotivo (adaptado de
http://centroautomotivoformiga.blogspot.com.br/2010/07/o-
motor.html/, 2013).
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Figura 6 – Evolução de carros esportivos da General Motors.
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c) Fontes de energia: necessidade de novas
fontes de energia mais econômicas, além de
usar as fontes de energia atuais de maneira
mais eficientes. Para transformar energia
solar em elétrica de forma direta, as células
solares utilizam alguns materiais de certa
forma complexos e caros, sendo necessário
desenvolvimento de novos materiais
altamente eficientes e mais baratos;
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Figura 7 – Células solares utilizadas no dia a dia.
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e) Qualidade do meio ambiente: depende da
habilidade de controlar a poluição do ar e da
água. As técnicas de controle de poluição
empregam vários materiais. Além disso, o
processamento de materiais e os métodos de
refinamento precisam ser aprimorados para
produzirem menor degradação do meio
ambiente;

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Figura 7 – Filtros antifuligem utilizados em chaminés
industriais.
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f) Materiais derivados de fontes não
renováveis: Muitos materiais utilizados são
derivados de recursos não renováveis. Esses
recursos vem se tornando gradualmente
escassos, o que exige a descoberta de
reservas adicionais, desenvolvimento de
novos materiais com propriedades
semelhantes e menor impacto ambiental,
além de maiores esforços de reciclagem e
desenvolvimento de novas técnicas de
reciclagem.
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(a)

(b)
(c)

Figura 8 – Materiais fabricados de matéria prima de recursos


não renováveis. (a) garrafas de PET; (b) moeda de alpaca (liga
de cobre-níquel); (c) panelas de cobre.
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Referências:
• CALISTER, W. D. Fundamentos da Ciência e
Engenharia de Materiais, 2ª edição. LTC, 2006.
• CHIAVERINI, V. Estrutura e Propriedades dos
Materiais. Volumes I, II, e III, 2ª edição.
Associação Brasileira de Metais, São Paulo,
2000.
• SOUSA, S. A. Ensaios Mecânicos de Materiais
Metálicos, 5ª edição. Edgard Blucher, 2006.

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• ASHBY, M. F., JONES, D. R. H., Engenharia de
materiais - uma introdução a propriedades,
aplicações e projeto, Vol. I, Rio de Janeiro:
Elsevier, 2007, 371 p.
• ASHBY, M. F., JONES, D. R. H. Engenharia de
materiais, Vol. II, Rio de Janeiro: Elsevier,
2007, 436 p.

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• VAN VLACK, L. H. Princípios de Ciência dos
Materiais, São Paulo: Edgard Blucher, 1970,
448 p.
• VAN VLACK, L. H. Princípios de Ciência e
Tecnologia dos Materiais, Rio de Janeiro:
Campus, 1984.

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• PADILHA, A. F. Materiais de Engenharia:
microestrutura e propriedades. São Paulo:
Editora Hemus, 1997.

• SHACKELFORD, J. F. Ciência dos materiais. 6ª


edição. São Paulo: Pearson Prentice Hall,
2008.

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